Como a droga de festas Ketamina combate a depressão.

A popular droga de festa ketamina — ou ‘Special K’ — também é um antidepressivo de rápida ação, mas seu funcionamento tem iludido os cientistas. Agora um time relata na Nature que o efeito elevador de humor pode não ser causado pela droga em si, mas por um dos produtos formados quando o corpo quebra a droga em moléculas menores.

Se os achados, de um estudo em ratos, permanecerem válidos em humanos, eles podem sugerir um caminho para fornecer um alívio rápido para pessoas com depressão — sem que os pacientes tenham que experimentar a onda da ketamina. Tal droga seria uma notícia bem vinda para muitas pessoas com depressão profunda que não encontram alívio nos antidepressivos disponíveis atualmente. Ketamina também alivia a depressão em questão de horas, enquanto as outras drogas demoram semanas para atingirem a totalidade de seus efeitos.

“O campo todo se interessou na ketamina,” diz Todd Gould, um neurocientista na Escola de Medicina da Universidade de Maryland em Baltimore que liderou o estudo. “Ela faz algo diferente nos pacientes do que qualquer outra droga que nós temos disponíveis.”

Mas a Ketamina tem seus inconvenientes: algumas pessoas são desligadas pela onda — uma sensação de dissociação e distorção sensorial que dura por cerca de uma hora. Para outros, o efeito é um incentivo para o mal uso da droga. Ketamina ainda não foi aprovada para tratar depressão nos Estados Unidos, mas clínicas de ketamina floresceram por todo país para que seja administrada off-label (N.T. forma de administração de medicamento diferente daquela recomenda na bula)

Pesquisadores têm corrido para encontrar outras drogas que produzem o efeito antidepressivo da ketamina sem sua onda, mas têm encontrado dificuldades para faze-lo sem possuírem uma ideia clara sobre como a ketamina combate a depressão. Muitos desses esforços têm se concentrado em drogas que possuem como alvo os receptores celulares no cérebro chamados receptores NMDA. Eles eram tidos com o alvo da ketamina, mas os estudos clínicos que também visavam atingir esses receptores com outras drogas tiveram efeitos amplamente decepcionantes na depressão, diz Gould.

Elevação Metabólica

“A ketamina provavelmente representa um novo capítulo no tratamento da depressão,” diz Roberto Malinow, um neurocientista na Universidade da Califórnia, San Diego. “Mas têm havido algumas grandes questões à respeito de como ela funciona.”

Gould se juntou a clínicos, químicos analistas e neurofisiologistas para preencher as lacunas na compreensão. Gould e seus colegas usaram uma bateria de testes comportamentais em ratos para demonstrar que um dos produtos gerado pela quebra da ketamina — um composto chamado (2R,6R)-hydroxynorketamine — é responsável por muito dos efeitos antidepressivos da droga.

E para surpresa de Gould, o metabolito não causou efeitos colaterais em ratos mesmo em doses cerca de 40x maiores que a dose antidepressiva de ketamina. Os ratos também não tenderam a apertar a alavanca para receber o metabolito quando dada a opção de auto-administração.

Os pesquisadores planejam recolher dados sobre a segurança necessários para levar o metabolito para os testes clínicos em humanos, um processo que, alerta Gould, pode ainda levar anos.

Mas Husseini Manji, chefe de pesquisa e desenvolvimento neurocientífico na Janssen Pharmaceutical Companies em Titusville, Nova Jersey, alerta sobre presumir que os resultados em ratos irão se repetir em humanos. “Nós temos que nos lembrar que os dados clínicos são de roedores“, ele diz. Janssen desenvolveu uma forma especifica de ketamina, chamada esketamina, que estão sendo testada em cinco grandes estudos clínicos.

Alvos Receptivos

O estudo de Goul em ratos apresentou uma outra surpresa: o metabolito que é ativo nos ratos não agiram pelos receptores NMDA. O grupo não encontrou seu alvo direto, mas encontraram evidências que ele estimula outro grupo de receptores chamados receptores AMPA. Se o mesmo resultado se repetir com humanos, ele poderá fornecer uma explicação do porque drogas que possuem como alvo os receptores NMDA falharam ao capturas todos os efeitos da ketamina. “Isso pode balançar as janelas e abalar as paredes dessas companhias que vêem colocando muito dinheiro nessa pesquisa”, diz Malinow.

Manji, que descreve o estudo como elegante, não está pronto para abrir mão dos receptores NMDA até os resultados forem confirmados em estudos humanos. Mas ele está junto com outros pesquisadores que acreditam que os receptores AMPA podem sem igualmente importantes. Janssen e outros têm considerados esses receptores e proteínas associadas à eles como alvos de drogas em potenciais. “Esse estudo nós dá ainda mais impeto para ir atrás deles,” diz Manji.


Texto escrito por Heidi Ledford em 04/05/2016 na Nature.

 

Usos Espirituais do MDMA nas Religiões Tradicionais

A maioria dos professores espirituais são fortemente contra o uso de qualquer droga. Alguns alertam que as drogas irão desfazer anos de progresso árduo em direção a iluminação, enquanto outros dizem que o estado induzido pela droga pode parecer o mesmo, mas está em um nível inferior, e isso pode induzir as pessoas ao erro. Alguns poucos acreditam que um verdadeiro estado místico possa ser induzido por drogas, mas pensam que seu resultado é diminuído.

Entretanto, existem alguns professores que acreditam no valor do MDMA, tanto para a iluminação pessoal, quanto para o treinamento de outros. Eu entrevistei quatro: um monge Beneditino, um rabino, um monge Rinzai Zen e um monge Soto Zen. Também obtive comentários de outro monge Beneditino. Esses são lideres religiosos ativos que escrevem livros espirituais, ensinam prática espirituais e dão palestras públicas sobre assuntos espirituais, mas, exceto pelo último, nunca admitiram publicamente suas visões sobre o valor espiritual do MDMA. O monge Soto Zen, Pari, concorda que “Drogas não combinam com meditação. ” Entretanto, ele diz “Meditação combina maravilhosamente bem com drogas. ” Não há contradição: drogas perturbam padrões adquiridos na meditação, mas sob o efeito de MDMA é fácil meditar. “Ficar quieto enquanto toma MDMA te ajuda a aprender a sentar, provendo um conhecimento experiencial. ” Mas é um bom método para aprender? “É como um remédio. Se olharmos para o nosso estado mental e do planeta, devemos ser gratos por quaisquer meios que possam ajudar. Entretanto, assim como todo bom medicamento, também pode ser mal-usado. ” Todos eles acreditam que se beneficiaram do uso do MDMA, que pode ajudar a produzir uma experiência mística válida, não causa dano a mente e é útil para ensinar os estudantes. A razão para que eles não promovam seu uso é que eles devem seguir as politicas de suas ordens religiosas, e essas naturalmente obedecem a lei. Eu achei fascinante ouvir o quão similar suas experiências eram, ainda que diferentes para qualquer outra pessoa. Quando perguntei sobre o que eles achavam sobre o uso de MDMA por ravers, suas opiniões divergiram. O Beneditino sente que é profano pessoas tomarem drogas ao não ser que sejam espiritualmente orientadas, enquanto o rabino pensa que o sentimento de unidade e enxergar a vida por uma nova perspectiva é uma experiência igualmente válida para os ravers.

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Eu levei Bertrand, o monge Rinzai Zen, para uma festa rave onde ele tomou MDMA—anteriormente ele só havia tomado enquanto meditava. Quando sentiu o efeito, ele brilhou e anunciou “Isso é meditação! ” Longe de ser estranho para a sua experiência, ele viu que todos estavam totalmente absortos em suas danças sem consciência própria ou dialogo interno, e isso era a verdadeira essência da meditação.

O rabino não estava apenas ciente de que dançar sob o efeito do MDMA podia ser uma experiência espiritual, mas também que o misticismo estava agora mais prontamente disponível nas pistas de dança do que em igrejas, mesquitas ou sinagogas. Ele sugeriu que se sacerdotes experimentassem a droga, eles não somente apreciariam seu valor espiritual, mas seriam capazes de entender melhor os jovens. Pari fez a seguinte analogia: “É como um escalador andando pelas montanhas que está perdido na névoa e impedido de ver o pico que se dispôs a escalar. De repente a névoa se dissipa e ele experiência a realidade do pico, e ganha senso de direção. Mesmo que a névoa surja outra vez, e ainda que o caminho seja longo e árduo, o vislumbre é geralmente uma enorme ajuda e encorajamento.

Entrevista com um monge Beneditino

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Irmão Bartholemew é um monge que usou MDMA cerca de 25 vezes num período de 10 anos como ajuda para sua experiência religiosa. Normalmente ele toma sozinho, mas também tomou junto a um pequeno grupo de pessoas com objetivos semelhantes. Ele descreve o efeito como uma abertura de uma ligação direta com Deus. Enquanto usando o MDMA, ele experienciou uma compreensão muito profunda da compaixão divina. Ele nunca perdeu a claridade deste insight, e permanece como um reservatório onde ele pode recorrer. Outro beneficio de seu uso de MDMA foi que a experiência da presença divina lhe vinha sem esforço. O efeito se manifestava em sua forma elemental na respiração, o sopro divino. Após seu despertar, ele começou a descobrir a validade de todas as outras grandes experiências religiosas.

Ele acredita que a “ferramenta” do MDMA pode ser usada em níveis diferentes como uma ferramenta de pesquisa ou espiritual. Quando usado apropriadamente, é quase um sacramento. Tem a capacidade de lhe colocar no caminho certo para a união divina com ênfase no amor, amor vertical, num sentido de ascendência. Entretanto, esse ganho só é possível quando se olha na direção correta. Não deveria ser usado ao não ser que esteja realmente a procura de Deus, e não é apropriado para hedonistas ravers adolescentes. O lugar onde é ingerido deve ser quieto e sereno. Deve haver também uma ligação intima entre aqueles que compartilham a experiência. A experiência deve ser perseguida com uma certa dose de supervisão porque o MDMA produz uma tendência de que sua atenção se disperse. Existe também o perigo de delapidar a experiência ao ficar preso em sentimentos de euforia, ao invés de alcançar o reino espiritual. Entretanto, embora possa ser inestimável, não deve se tornar necessário, uma vez que a necessidade de uma droga lhe nega a liberdade.

[ Eu enviei ao Irmão Bartholemew uma cópia do texto acima para sua provação, e ele adicionou o seguinte: ]

Um elemento que você pode querer adicionar é o da intimidade da voz na conversação. MDMA sempre me empurra em um espaço de intimidade na conversação. Existe uma qualidade especial nela. Você sente uma sensação de peso, uma sensação de peso nesta conversação, de algo profundo, tão sério quanto a própria vida. É um espaço interno onde não há máscaras, sem pretensões, absolutamente aberto e honesto. Não é uma intimidade erótica, mas sim filosófica e mística. Isso faz algum sentido? Você tem consciência de que se trata de uma comunicação interna raramente alcançada na conversa comum. Realmente não há palavras adequadas para descrever esse estado de percepção, bastando dizer que é essencial em minha experiência.

Entrevista com o rabino na Sinagoga Oeste de Londres

Após uma conversa que tocou na necessidade da preparação para a morte, eu perguntei ao rabino uma questão sobre o valor do MDMA para os pacientes terminais (referência ao estudo do Dr. Charles Grob em Los Angeles.) Ele respondeu que o MDMA possui tanto valor para os moribundos, quanto aos ravers, permitindo assim a sensação de unidade, possibilitando ver a vida de uma nova perspectiva. A proibição não é a melhor maneira de se lidar com uma substância que pode ser sacramental da mesma forma como a comunhão do vinho. Essas substâncias podem despertar sensações estranhas que podem ser desconfortáveis, mas são essenciais para uma compreensão mais profunda de nós mesmos. Entretanto, existem outros métodos para alcançar esses sentimentos, como aqueles descritos em um livro chamado Mind Aerobics.

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No final, o rabino me chamou para vir para o palco. Ele me levou em uma escada da saída de incêndio, fora dos ouvidos de sua comitiva, e me disse que ele não podia arcar com o risco de prejudicar o seu projeto, apoiando publicamente o uso de drogas ilegais, mas que ele tinha o meu livro (ele o elogiou.) Ele acreditava que o MDMA e outros psicodélicos poderiam ser usados para um imenso beneficio, não apenas para a consciência pessoal, mas pelo bem de Gaia e o bem-estar cósmico do planeta. Ele deu a entender que a experiência com MDMA possuía a mesma qualidade e valor potencial que outras experiências místicas, e sugeriu que os sacerdotes experimentassem a droga, tanto para entender os jovens, como para validar as experiências espirituais produzidas por drogas. Ele se referiu à conclusão de Abraham Maslow a respeito das “experiências de pico”: que tomar uma droga é como atingir o topo da montanha por um teleférico ao invés da labuta da escalada—pode ser visto como trapaça, mas te leva ao mesmo lugar. Ele finalizou me dando um grande abraço e me encorajando em meu trabalho.

Visita ao monge e professor Rinzai Zen

Bertrand é um monge Zen budista e professor de meditação na casa dos 70 anos. Seguindo uma carreira convencional, ele teve uma experiência de despertar com mescalina quando ele tinha 47 que o fez reavaliar sua e buscar um caminho espiritual. Isso o levou a encarar o Rinzai Zen com um mestre japonês rigoroso. Embora tenha achado o treino extremamente difícil, ele eventualmente se tornou o abade de um monastério Zen.

Bertrand tomou MDMA cerca de 25 vezes nos últimos 10 anos. Ele geralmente usou-o no segundo dia de uma meditação de sete dias, e descobriu que a droga permitiu que ele prestasse atenção de todo coração, sem qualquer distração. Como estudante, ele também usou uma vez quando praticava um exercício Zen chamado Koan. Durante os Koans, o mestre nomeia a tarefa que o aluno deve contemplar, como o clássico “compreender o som de um bater de palmas. ” O estudante tem de demonstrar compreensão, normalmente após um tempo considerável, e muitas vezes é lhe dito para tentar de novo.

Sob efeito do MDMA, Bertrand atravessou por entre os Koans com uma impressionante facilidade. Ele, inclusive, se sentiu iluminado em duas ocasiões, apesar dele não confiar que essas experiências sejam do nível mais alto. Ele também conhece um monge Zen suíço que usa MDMA, mas ele nunca contou ao seu mestre. Ele sente que a experiência seria de grande valor para alguns de seus devotos e rígidos companheiros monges Zen, embora ele conheça apenas um outro monge Zen que faça uso de MDMA.

Perguntado se a experiência com MDMA tinha igual valor quanto chegar “lá” da maneira difícil, ele respondeu que o MDMA simplesmente permite que usuário foque, de todo coração, em sua tarefa atual, e o resultado é real em todos os aspectos porque são os mesmos. De fato, o MDMA permitiu que ele fosse mais longe do que ele era capaz sem a substância. Eu o pressionei para descobrir os aspectos negativos, e ele me disse que uma vez ele cometeu o erro de tomar o MDMA pouco antes de liderar uma meditação. Isso abriu seus olhos para o quão tensos e necessitados seus alunos eram. Ele expressou aquilo que sentia muito livremente: que eles pareciam como cadáveres, todos alinhados com seus chales negros! Isso era inapropriado, e ele não usou novamente o MDMA quanto ensinava. Ele sentiu que seu erro estava em não respeitar que seus alunos se encontravam em um espaço diferente.

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Entretanto, Bertrand acredita que o MDMA seria uma ferramenta extremamente útil para ensinar os estudantes que também estivessem sob efeito. Na verdade, ele se perguntou se viveria o bastante para poder usa-lo legalmente. Pressionado sobre os possíveis problemas, ele disse que sempre haverá pessoas que chegam querendo a iluminação em uma bandeja, e a notícia de que existe uma nova técnica usando uma droga atrairia aqueles que esperam que “seja feito por eles”. A festa rave foi a primeira vez que Bertrando tomou MDMA exceto quando estava meditando, e ele foi surpreendido pelo quão diferente a experiência era. De antemão, ele disse que mal suportava ao barulho e volume do som. Depois que o MDMA fez efeito, ele pode ver o valor do volume ao “afogar” as distrações. A batida monótona era semelhante a algumas cerimônias de índios americanos que também fornecem a sensação de união tribal pelo uso de uma droga—embora tenha sentido que a rave perdeu a estrutura cultural e foco dos indígenas. (Bertrand já foi convidado de um ritual Indigena Americano, embora não tenha tomado nenhuma droga.) Ele podia ver o valor dessa nova experiência para o Budismo como expansiva — meditação era contrativa, mas ambos foram essenciais.

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Sua primeira reação após o MDMA começar a fazer efeito foi tristeza por sua posição como parte de uma instituição de uma religião restritiva, e a realização de que o treinamento Zen não era adequado para os ocidentais em sua presente forma. Mais tarde, ele entrou na dança. Conforme sua face mudava de severa para feliz, ele exclamou: “Isso é meditação — estar realmente no presente e não em sua cabeça”. No dia seguinte, ele disse que sentiu como se a experiência havia deixado uma impressão em sua vida, e ele não tinha certeza onde isso o levaria. Enfatizou o que ele já sabia: que seus estudantes eram muito contraídos, e essa experiência expansiva da rave era o que eles precisavam, e era uma pena que ele não poderia advogar sobre isso em sua posição.
No dia seguinte, ele me disse que isso podia ser um ponto de virada muito importante em sua vida. Ele tinha que passar um tempo para digerir o que havia aprendido, mas sua resposta imediata era que ele não podia continuar sendo parte de uma instituição de sua escola na sua presente forma. Ele podia ver que o aspecto contrativo do treino havia sido muito enfatizado em sua escola, na crença de que os ocidentais já eram muito expansivos. Na verdade, aqueles que buscavam mestres Zen no Oeste realmente precisavam da habilidade de ser expansivos — e a rave proporcionava isso. Um mês depois, Bertrand me telefonou para dizer que ele acabará de ministrar um retiro de uma semana, que foi mais leve e positivo, quase como uma sensação de alegria. Ele atribuiu isso ao efeito da experiencia da rave, que por sua vez afetou os participantes. Também, ele se sentiu muito mais jovem e mais flexível. De fato, um problema de coluna que havia lhe causado dores por anos parecia estar completamente curado, o que fez ele suspeitar que especificamente esse problema na coluna era causado pela mente. Eu enviei os rascunho das entrevistas com o rabino e o monge Beneditino à Bertrand. Ele comentou que sua experiência se assemelhava com a do rabino sobre estar em um estado mental aberto. Divergia com o Beneditino, que dizia que o MDMA lhe permitia focar totalmente sem distração, e com atenção prolongada. Ele sentiu que a base do estado mental era enfatizada. Perguntei como ele sugeria usar o MDMA. Ele recomendou meditação após a abertura como uma forma de canalizar a energia liberada. Bertrando descreveu o MDMA como uma “experiência nutridora”

Visita a um monge e professor Soto Zen

Pari tomou LSD na universidade. Na verdade, ele mudou-se para uma comuna que tomava LSD em rituais semanais regulares, porém mais tarde essa busca por conhecimento o levou para longe das drogas para a Yoga, a qual ele praticou por muitos anos. Entã ele viajou e se envolveu com o Zen, vivendo em uma comunidade Soto Zen por 10 aos até ser ordenado monge. Ele havia sido feito desde então Abade pelo seu mestre; isso é, lhe é dado o poder para ordenar novos monges Zen. Ele agora vive em uma bela e tranquila casa Vitoriana na cidade com sua esposa e filho, onde ele tem um pequeno zendo (sala de meditação). Ele também tem um centro de retiro nas montanhas. Ele divide seu tempo entre o Budismo e ativismo social/ecológico. Nos últimos 5 anos, Pariu tomou MDMA cerca de 15 vezes, geralmente sozinho ou com sua esposa e amigos íntimos. Aquilo lhe fornecia uma grande clareza e tranquilidade, muito parecido com seshin— prática que dura 1 semana — quando tudo se torna mais claro, mais desperto.

Tradicionalmente, ensinamentos orientais são fortemente contra às drogas. Mas sua tradição em particular possui uma exceção a essa regra, e seu professor no Japão havia usado peyote, LSD e MDMA. Certa vez Pari irritou o professor Budista vietnamita Thich Nhat Hanh por apontar que a maioria dos estudantes ocidentais o procuravam pelas experiências com as drogas, então não era certo para ele ter uma posição forte contrária ao uso de drogas, especialmente já que ele não havia experimentado por si mesmo.

Ele havia usado MDMA para ensinar com alguns estudantes, incluindo um que já fora sido ordenado monge. Esse era um homem extremamente intenso e colocava um esforço tremendo para fazer o seu melhor na meditação. O MDMA o ajudou a ver que o tentar em si era o seu principal obstáculo. Outro estudante era um homem de negócios bem sucedido e mão de ferro. MDMA simplesmente o parou — ele mudou dramaticamente em uma pessoa calorosa e satisfeita que apenas queria se sentar tranquilamente no zendo.

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Quando perguntei se o sucesso com o MDMA era válido tanto quanto sem, ele respondeu : “É a experiência que importa, não como você chega lá. Olhe para a história das grande religiões. Muitos dos seus fundadores e santos tiveram uniões místicas durante febre causada por ferimentos, durante o qual, como sabemos hoje, o corpo produz substâncias psicodélicas. Um bom exemplo seria Inácio de Loyola, fundador da ordem Jesuíta.

Eu perguntei a Pari se pensava que haviam alguns tipos de pessoas que não se beneficiariam ou seriam enganados pelo MDMA. “Pode ser um problema para aqueles que não estão suficientemente aterrados, aqueles com tendencia a flutuar em outros mundos facilmente, de qualquer modo. Entretanto, a maioria de nós somos muito ligados a terra, presos demais nessa realidade em particular e uma pequena ajuda de um amigo pode ser de grande valor.” Ao contrário do LSD e outras drogas, o MDMA age em termos de relacionamentos — consigo, Deus, natureza. Ele ainda abre um terreno comum com outras pessoas as quais ainda não conhece.

Eu perguntei se havia algum motivo para usar o MDMA uma vez a iluminação ter sido atingida. “Atingir a iluminação para a maioria de nós é transitório e raro. Depois de um tempo, a experiência direta é substituída pela lembrança dela e uma experiência direta de tempos em tempos ajuda e revigora.” Mas, eu perguntei, a experiência induzida pela droga era realmente a mesma? Após certa hesitação Pari respondeu, “Sim, o estado da mente é idêntico, ainda assim há uma diferença sútil, talvez em razão dos efeitos físicos da droga no corpo. Sem a droga, há apenas um fator a menos. Isso é simples, e talvez implique em ser melhor. O valor desse estado é o mesmo: poder olhar para trás e ver o estado da mente “normal” com uma perspectiva clara mas diferente.

Qual a situação ideal? “Para um iniciante, um amigo confiável e mais experiente é altamente recomendável. Você deve criar um ambiente que ache convidativo. Faça a prática espiritual que você tiver. Para alguns pode ser cantar, rezar, pintar, meditar ou sentar em uma catedral; para outros é andar sozinho pelas montanhas.” Porém, ele alertou que nem toda tentativa é positiva. Ele sentiu mal e tremulo em sua última experiência com MDMA, embora depois de uma hora ele vomitou e então se sentiu melhor.

Texto publicado originalmente por Nicholas Saunders na Newsletter MAPS – Volume 6 Número 1 de 1995

O que o LSD pode nos ensinar sobre a natureza humana.

Eu estava em São Francisco semana passada, visitando meu irmão e revisitando os anos que passei lá quando jovem. Nós andamos pelo parque Golden Gate, dois caras na casa dos 60, admirando as gigantes sequoias, jardins exóticos, e as pastagens verde-douradas em cascata ao oeste, em direção ao oceano. E relembramos a nossa viagem de ácido épica em 1969, neste mesmo lugar, quando estávamos preparados para aventura e autodescoberta.

Nós éramos em quatro. Cada um de nós engoliu nossos pequenos comprimidos roxo — Feliz aterrizagem, pessoal!” — então começamos andar em direção ao oeste pelo parque. Cerca de meia hora depois vieram os surtos de energia em nossos estômagos, antecipação de algo enorme prestes a acontecer, entusiasmo e medo como se aproximar à beira de uma cachoeira desconhecida. O parque estava tão bonito. O canto dos pássaros estava por toda parte, com mais nuances do que havia alguma vez percebido.

E então o mundo se transformou. Os padrões dos galhos, o aroma do eucalipto, a confusão das outras pessoas, cachorros latindo, pássaros cantando, misturado e desintegrado ao mesmo tempo. Meu senso de “Eu” esticou, estendendo os limites da minha percepção como um desabrochar de um bouquet. Perdi a noção de quem eu era, onde estava, onde eu terminava e o mundo exterior começava… e então tudo isso se desintegrando, reconvergindo e se embaralhando de alguma formou se colapsou em uma sonora unicidade, o zumbido ensurdecedor de um universo totalmente pacífico.

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LSD era assustador, belo, e incompreensivelmente, transformador de vidas —  você pode dizer “educacional” com um sorriso irônico — para os não iniciados. Não apenas isso. Juntamente com outras drogas psicodélicas que formaram nossa subcultura, tornou-se símbolo de um momento e lugar únicos. Era um farol para um bando de crianças com intenção de descobrir algo verdadeiro e universal subjacente aos absurdos políticos e sociais da sociedade mainstream, Nixon, a guerra do Vietnã, e todo o resto.

O que nós procuramos no LSD era o que os humanos sempre haviam procurado — o significado oculto por trás da estupidez transitória dos esforços humanos que não levam a nada. O que buscávamos era a iluminação que Buda ansiava em nos mostrar, e que por milhares de anos permaneceu tão elusiva.

Era isso apenas uma loucura idealista, uma febre de droga? Temos nossas cabeças enfiadas até nossos traseiros, imaginando a beleza suprema porque estávamos tão completamente no escuro, tão narcisistamente especializados, tão sem inspiração pelos desafios que nossos pais e mentores desejavam que nós enfrentássemos?

 

“O BÓSON DE HIGGS DA NEUROCIÊNCIA”

Quando cheguei em casa novamente, três dias atrás, alguns experimentos neurocientíficos haviam sido publicados em dois jornais simultaneamente, alegando mostrar exatamente o que ocorria no cérebro quando alguém toma LSD. Em dois dias, essas descobertas migraram de publicações cientificas para jornais e mídia pelo mundo, incluindo o The Guardian. Um dos autores líderes da pesquisa, David Nutt, um respeitado neurofarmacologista, foi citado dizendo “Isso foi para a neurociência o que o bóson de Higgs foi para a física de partículas. ”

Embora isso possa exagerar seu caso, nós podemos perdoar o entusiasmo de Nutt: os achados são, de fato, extraordinários. Voluntários saudáveis foram injetados com LSD enquanto deitavam em um scanner MRI, e submetidos a diversos outros métodos de neuroimagem ao mesmo tempo. Isso somou um arsenal de medidas que os pesquisadores psicodélicos de décadas passadas podiam apenas sonhar. Com certeza não era o parque Golden Gate, mas deitados naquela câmara magnética, com os seus olhos fechados e cérebros abertos, com fluxos de números espirrando de seus lobos em arquivos de dados que logo seriam traduzidos em imagens, esses indivíduos observaram intrincadas alucinações do LSD se desdobrarem por trás de suas pálpebras. E ao mesmo tempo reportaram experiências de “dissolução do ego” muito parecida com aquela que experimentamos no parque.

O que foi mais notável sobre a pesquisa foi que o nível de dissolução de ego relatada pelos participantes se correlacionava com uma transformação neural especifica. Para enfrentar o dia-a-dia pragmático e as demandas da sobrevivência, a atividade cerebral naturalmente se diferencia em diversas redes distintas, cada uma responsável por uma função cognitiva particular.

As três redes mais intimamente examinadas por esses cientistas incluem a rede que presta atenção no que é mais notável, a rede para solução de problemas, e a rede para refletir sobre o próprio passado e futuro. Existe também uma segregação natural entre área de cognição de alto nível (abstrato) e área de percepção baixo nível (concreto), mais notavelmente no córtex visual. Essas distinções são tidas como um design essencial de um cérebro humano funcional.

O impacto do LSD era para diminuir a conexão dentro de cada uma dessas redes, relaxando os laços que as mantinha intactas e distintas, enquanto aumenta a conversa cruzada entre elas. Em outras palavras, a etiqueta normal do cérebro requer segregação entre as redes que possuem diferentes funções, e essa etiqueta foi explodida em pedaços.

Agora a maioria das partes do cérebro estavam se comunicando com a maioria das outras partes do cérebro. Experiências sensoriais completas, como a visão, misturadas com a cognição abstrata, e as abstrações cognitivas reformulou as imagens visuais. Talvez seja isso que explique o intrincado padrão fractal que as pessoas enxergam nos galhos de um arbusto quando estão viajando no ácido. A percepção de relevância e o refinamento do senso de “eu” foram misturadas juntas como batatas e molho. O cérebro e seu proprietário não mais distinguiam o que era mais importante, como realizar tarefas, e quem de fato julga a importância daquilo que precisa ser feito.

 

Os cérebros dos participantes permanecendo despertos com os olhos fechados, sob um placebo, esquerda, e a droga LSD, direita, visualizadas usando MRI funcional. Foto: Imperial College London-The Beckley Foundation/Reuters

RELIGIÃO VS. PSICODÉLICOS

Há alguns milhares de anos, o Buda definiu a personalidade humana como um ciclo recursivo de hábitos — hábitos de aquisição, de desejo e apego. Eles levam à busca de prazeres que temos certeza que vão evanescer-se e a evitar o sofrimento que não pode ser evitado num ciclo de vida, envelhecimento e morte. Em resposta, seus seguidores escolheram o asceticismo, a prática de excesso de controle. Dos monges Budistas que se livraram do conforto e os sadhus Hindus com seus rituais de auto-mortificação novas religiões evoluíram.

Houve intermináveis listas de editais Judeus, Muçulmanos, e Cristãos que ainda impõe-se: o que não era permitido fazer, em quais dias, quais as consequências de seu fracasso. Nossas tentativas de libertar-se do hábito, da universalidade do costume local, verdade da ilusão, de modo geral juntaram-se a um conjunto de regras para aumentar o controle, particionar e segregar, desenhar hierarquias e obedecer códigos.

Parece que nossos cérebros, com sua tendência intrínseca para analisar e segregar, foram projetados para inclinar-se em direção ao controle excessivo em resposta às dificuldades da existência. Ou, mais precisamente, nós temos a tendência de ter controle excessivo, porque se manifesta como um principio fundamental do design cerebral.

Mas a natureza nos proveu com diferente antídotos para o isolamento e irrelevância. LSD foi criado em um laboratório na Suíça em 1930. Mas outros químicos com as mesmas propriedades psicodélicas habitam a carne de cactos por toda a America do Norte (mescalina), cogumelos encontrados na maior parte do hemisfério norte (psilocibina), e a vinha da Amazônia (DMT-ayahuasca). Esses compostos químicos evoluídos desfaz as travas que nossos cérebros constroem para nos manter limitados, buscando vitórias de curto prazo sobre fracassos inevitáveis. Os humanos se reuniram, cultivaram, destilaram, e produziram todo tipo de drogas por milhares de anos. Algumas delas aliviam a dor e conferem conforto. Outras fornecem energia que as vezes precisamos pra completar nossas tarefas. E nosso velho amigo álcool nos ajuda a relaxar e se divertir. Mas os psicodélicos não contribuem em nada para o nosso funcionamento diário. Pelo contrário, nós usamos para enxergar o quadro maior, para conectar-se com uma realidade que é difícil de ver usando nosso cérebro em funcionamento normal. Nós somos literalmente “mentes-pequena” na maior parte do tempo. E embora meditação e mindfulness (atenção plena) no coloca em direção à abertura, aceitação e abandono de nossos egos, os humanos continuam a se voltar para os psicodélicos para despertar-nos para as possibilidades de uma perspectiva universal.

Nem todas as drogas são criadas iguais, e eu nunca vou encorajar ninguém a aliviar seu desconforto existencial com heroína ou anfetaminas, ambas as quais eu já tomei. Mas os psicodélicos possuem um valor que não posso evitar de admirar. E agora nós entendemos mais sobre como eles fazem o que fazem. Um simples código libera os portões em nossos cérebros, portões que normalmente agem como muralhas.

Eu espero que essas descobertas dissipem apenas o suficiente para encorajar-nos a continuar explorando.


Matéria escrita originalmente por Marc Lewis para o The Guardian em 15/04/2016

Além de Não Prejudiciais, Psicodélicos podem Ser Benéficos

Mais um estudo falhou em demonstrar uma ligação entre a dietilamida do ácido lisérgico (LSD) ou outras drogas psicodélicas e a depressão, ansiedade e pensamentos ou comportamentos suicidas. Na verdade, os pesquisadores descobriram uma ligação entre psicodélicos e uma diminuição no tratamento psiquiátrico em regime de internamento.

Estes resultados são semelhantes aos de outros estudos recentes e soma-se a um crescente corpo de literatura indicando que as drogas psicodélicas podem não ser apenas seguras, mas na verdade serem terapêuticas quando se trata de saúde mental.

“A pesquisa sugere que os psiquiatras não devem ser preconceituosos contra as drogas psicodélicas e que, se eles têm pacientes que utilizam essas substâncias, não é necessariamente ruim para eles”, disse ao Medscape Medical News a investigadora do estudo Teri Suzanne Krebs, estudante de PhD e colega pesquisadora no Departamento de Neurociências da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, em Trondheim.

“Os médicos devem saber que é possível prescrever drogas psicodélicas agora, hoje, embora possa haver alguma papelada envolvida”, acrescentou.

Isso, acrescentou, está escrito na Convenção das Nações Unidas de 1971 sobre Substâncias Psicotrópicas.

O novo estudo foi publicado online 05 de março no Journal of Psychopharmacology.

SEM LIGAÇÃO COM DOENÇAS MENTAIS

Para o estudo, Krebs trabalhou com Pål-Ørjan Johansen, de EmmaSofia, uma empresa sem fins lucrativos com o objetivo de aumentar o acesso ao 3,4-metilenodioxi-metanfetamina (MDMA) e psicodélicos.

Os pesquisadores utilizaram o anual National Survey on Drug Use and Health (NSDUH — Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde), que recolhe dados sobre o uso de substâncias e saúde mental de uma amostra aleatória representativa da população civil não institucionalizada dos Estados Unidos. Eles reuniram dados de entrevistados com idade superior a 18 anos das pesquisas dos anos 2008 até 2011.

A amostra foi composta por 135.095 entrevistados, dos quais 19.299 (13,6% ponderada) relataram uso durante vida de uma substância psicodélica — incluindo LSD, psilocibina, mescalina ou peyote. Estes são todos psicodélicos serotoninérgicos clássicos cujo mecanismo de ação principal é a do receptor 5-HT2A.

Os pesquisadores examinaram autorrelatos de 11 indicadores de problemas de saúde mental dos últimos 12 meses, incluindo depressão, transtornos de ansiedade e pensamentos, planos e tentativas suicidas.

O estudo descobriu que os usuários de psicodélicos eram mais propensos que os não usuários a serem mais jovens, do sexo masculino, brancos, solteiros, a realizarem atividades de risco, e de terem usado outras drogas. Eles também foram mais propensos a relatarem um episódio depressivo antes dos 18 anos. É possível, disse Krebs, que a depressão infantil motive algumas pessoas a experimentar substâncias psicodélicas.

O uso vitalício de psicodélicos não foi associado com qualquer um dos indicadores de problemas de saúde mental (adjusted odds ratio [aOR] gama, 0,7–1,1), Em vez disso, o uso vitalício de psicodélicos foi associado a uma menor probabilidade de internação para tratamento da saúde mental nos últimos 12 meses (aOR , 0,8; 95% intervalo de confiança, 0,6–0,9; P = 0,01).

Os investigadores também encontraram níveis mais baixos de comportamento suicida entre os usuários de drogas psicodélicas, mas isso não foi estatisticamente significativo, disse Krebs.

Olhando para drogas psicodélicas individualmente, o estudo mostrou uma associação estatisticamente significativa entre o uso de psilocibina e uma menor probabilidade de grave distúrbio psicológico, internação hospitalar para saúde mental e prescrição de medicamentos psiquiátricos (AOR, 0,9; P = 0,007).

Uso de LSD nos últimos 12 meses foi associado a uma menor probabilidade de grave distúrbio psicológico (AOR, 0,8; P = 0,04).

No entanto, o uso de mescalina ou peyote foi associado a uma maior probabilidade de um grande episódio depressivo nos últimos 12 meses.

“Quando você está usando um monte de diferentes comparações estatísticas como esta, você espera encontrar algumas coisas apenas por acaso”, explicou Krebs. Ela observou que a significância estatística foi muito fraca e que o tamanho do efeito foi pequeno.

Assim, ela acrescentou, o uso da mescalina ou peyote não foi associado a um diagnóstico médico de depressão.

Estratificando por idade, sexo, uso de drogas ilícitas nos últimos 12 meses, ou episódio depressivo na infância não se alterou substancialmente os resultados das análises.

“FLASHBACKS” DESMASCARADOS

Os autores também discutiram o conceito de “flashbacks”. Na década de 1960, usuários de LSD relataram ter experiências psicodélicas recorrentes. Mas verificou-se que os pacientes que alegam sofrer dos chamados flashbacks foram diagnosticados com esquizofrenia e já estavam obcecados com sua experiência das drogas.

“A investigação não suporta os flashbacks; não é um fenômeno real”, disse Krebs.

Ela também disse que o conceito de Transtorno Perceptual Persistente por Alucinógenos (HPPD, em inglês), em que os sintomas visuais são vinculados ingestão de psicodélicos, estava errado.

“Se você olhar para isso de perto, é, na verdade, um fenômeno ótico comum que qualquer um poderia ter”, disse ela. “Por exemplo, se você olhar para o céu ou ir de um quarto escuro para um quarto iluminado, pode haver todos os tipos de efeitos visuais. Nunca foi demonstrado que estes sintomas são maiores em pessoas que usam drogas psicodélicas em relação àqueles que não o fazem.

É importante, disse Krebs, não confiar em anedotas, relatos de caso e perspectivas tendenciosas e para visualizar dados sobre o uso de psicodélicos do ponto de vista estatístico.

O que é bem documentada, porém, é que os psicodélicos provocam experiências espirituais e que os usuários relatam conseguir mais compreensão e aceitação de si mesmos.

Os autores citaram um recente estudo controlado e randomizado de psilocibina em que 67% dos participantes consideraram a experiência como um dos momentos pessoais mais significativos de suas vidas, e 64% relataram melhoria no bem-estar ou satisfação com a vida.

Psicodélicos provavelmente, não apenas não causam mal, mas parecem ser menos arriscados do que outras drogas e comportamentos. Na Holanda, onde os cogumelos psicodélicos são vendidos em lojas a qualquer pessoa maior de 18 anos, ambas as autoridades de saúde e policial relatam pouquíssimos problemas associados ao seu uso, disse Krebs.

“Os especialistas estimam que lá existe uma hospitalização ou ferimento grave a cada 100.000 porções de cogumelos consumidos a cada ano na Holanda”, disse Krebs.

2


MITO DO VÍCIO

Krebs salientou que os psicodélicos não são viciantes e não levam ao uso compulsivo ou dependência. “Esta é a incompreensão pública mais comum sobre psicodélicos”, disse ela. “As pessoas pensam que por serem substâncias controladas, devem ser viciantes, o que não é verdade.”

Nos Estados Unidos, drogas psicodélicas são classificadas com Nïvel I (Schedule I — ver nota do tradutor no final da matéria) pela Administração do Combate às Drogas (DEA, Drug Enforcement Administration em inglês). Essas substâncias são consideradas sem nenhum valor médico e com um alto potencial de abuso.

Mas este potencial de abuso é apenas um dos mitos que continuam a cercar drogas psicodélicas, disse Krebs. Ela destacou que “abuso” não é definido, e que de acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, o LSD não é considerado uma droga que vicia, pois não produz o comportamento compulsivo em busca de drogas.

“E se você olhar para o texto norte-americano de 1970 da Lei de Substâncias Controladas [CSA, Controlled Substances Act em inglês], não diz nada sobre o vício / dependência.”

Uma cláusula do CSA permite que drogas sejam classificadas de qualquer maneira sem qualquer critério. “Isto foi o que aconteceu com MDMA/Ecstasy. Ele foi colocado como Nïvel I apesar de um juiz do DEA julgar que o MDMA deve ser Nível III (Schedule III) ou sem classificação”, explicou.

De acordo com Krebs, os médicos podem não estar cientes de que, segundo a Convenção de 1971 das Nações Unidas sobre Substâncias Psicotrópicas, é permitido o uso de drogas nível 1 não só para fins científicos, mas também para “fins médicos muito limitados. “Por exemplo, uma clínica licenciada na Suíça na década de 1990 forneceu LSD para mais de 100 pacientes, sem a execução de um estudo clínico formal. ”

Outro equívoco é que o uso de psicodélicos é raro. Estima-se que nos Estados Unidos, cerca de 1 em 6 adultos com menos de 65 anos usaram alguma droga psicodélica, de acordo com Krebs. As pesquisas sugerem que, assim como na década de 60, um número semelhante de pessoas tomam essas drogas nos dias de hoje, disse ela.

No entanto, outro mito que tem atormentado o campo de substâncias psicodélicas é a ideia de que há um risco maior de tentativas de suicídio e morte ou lesão sob o efeito de uma droga psicodélica, disse Krebs. “Com base em outros dados, sabemos que isso é extremamente raro.

Parece haver um interesse renovado na utilização terapêutica de drogas psicodélicas. Krebs citou um estudo aberto no Novo México que descobriu que entre os nove pacientes dependentes de álcool que tomaram duas doses de psilocibina, o consumo de álcool foi reduzido à metade após 6 meses. Estas substâncias também estão sendo estudadas para determinar seu papel na cessação do tabagismo e dependência de cocaína.

Mas alguns no campo estão preocupados com a falta de apoio da indústria farmacêutica. As empresas farmacêuticas não estão muito interessadas ​​em agentes com patentes que expiraram a muito tempo e que não são administrados diariamente.

Talvez por isso alguns pesquisadores se voltaram para o financiamento público para pagar a pesquisa psicodélica. No Reino Unido, esta tática está sendo usada para arrecadar dinheiro para um estudo de imagem cerebral com LSD. Kregs e seu co-pesquisador Johansen também estão realizando uma campanha de crowd-funding para ajudar a financiar sua pesquisa.

Embora o estudo atual não tenha encontrado uma associação estatisticamente significativa entre o uso de psicodélico e aumento da probabilidade de pensamentos, planos ou tentativas suicidas nos últimos 12 meses, um outro estudo recente fez.

Ambos os estudos usaram dados do NSDUH e abordaram questões muito semelhantes, mas o estudo anterior (Hendricks PS et al. J Psychopharmacol. Publicado on-line 13 de janeiro de 2015) incluiu cerca de 60.000 participantes e um ano adicional de análise.

“Nós encontramos um efeito estatisticamente significativo para redução de danos, e eles não o fizeram simplesmente porque tínhamos mais poder estatístico, pelo contrário, nossos odds ratios foram semelhantes e os nossos resultados são consistentes”, comentou o principal autor desse estudo anterior, Peter Hendricks, PhD, professor assistente do Departamento de Saúde Comportamental da Universidade de Alabama em Birmingham.

O Estudo do Dr. Hendricks focou principalmente no suicídio, ao passo que o estudo Krebs olhou para 11 resultados diferentes.

NOVA PESQUISA

Comentando o estudo para o Medscape Medical News, o Dr. Hendricks disse que era “muito bem feito” e “sólido”.

“Foi um estudo bem conduzido. Esta é a equipe de pesquisa que produziu algumas das pesquisas mais novas e rigorosas no passado

Embora ele veja a onda de novas pesquisas com psicodélicos como um “renascimento”, ele acredita que poderia muito bem ser uma explosão de novas pesquisas se os fundos fossem mais prontamente disponíveis. No entanto, observou ele, isso significaria a remoção de drogas psicodélicas da classificação Nível 1 do DEA.

O aparente aumento recente dos financiamentos públicos para pesquisas sobre psicodélicos reforça o fato de que a obtenção de financiamento de pesquisa de “agências endinheiradas como o NIH” ainda é um desafio, disse o Dr. Hendricks.

Grande parte da pesquisa que foi financiada parece apontar para a utilidade das drogas psicodélicas no campo de dependência, disse o Dr. Hendricks. Ele acredita que, enquanto terapias medicamentosas como a reposição de nicotina tem como alvo mecanismos específicos, os psicodélicos focam nos processos de ordem superior. “Estamos oferecendo o que pensamos ser uma experiência espiritual significativa que pode fornecer um compromisso com a abstinência, a motivação para deixar que poderia funcionar independentemente da substância específica de abuso.”

Teri Suzanne Kregs é líder de conselho e Pal-Ørjan Johansen é um membro do conselho de EmmaSofia. Dr. Hendricks relata nenhuma relação financeira relevante.

J Psychopharmacol. Publicado on-line 05 de março de 2015. Texto completo.


Nota do Tradutor — Sistema de classificação de substâncias controladas em vigência nos EUA.

  • Nível/Schedule 1: substâncias com alto potencial de abuso; sem valor medicinal; sem níveis seguros para utilização com supervisão médica. São elas -> Maconha, DMT, LSD, MDMA, Psilocibina, Peyote, Mescalina, Heroína e outras.
  • Nível/Schedule 2: substâncias com alto potencial de abuso; possuem valor medicinal; seu abuso pode levar a dependência física e psíquica severas. São elas -> Cocaína, Anfetaminas, Oxicodona, Metadona, Ópio, Morfina e outras.
  • Nível/Schedule 3: substâncias com menor potencial viciante em comparação com as substâncias da Classificação 1 e 2; possui valor medicinal; seu abuso pode levar a dependência física leve à moderada e a dependência psíquica elevada. São elas -> Esteroides Anabolizantes, Ketamina, Marinol, Di-hidrocodeína e outras.
  • Nível/Schedule 4: substâncias com baixo potencial viciante em comparação com as substâncias da Classificação 3; possuí valor medicinal; seu abuso pode levar a dependência física e psíquica leve em comparação com as substâncias da Classificação 3. São elas as benzodiazepinas como Alprazolam, Clonazepam e Diazepam, análogos Benzodiazepínicos (Droga Z) como Zolpidem e Zopiclone e outras.

Texto postado originalmente em medscape.com em 12 de março de 2.015.

Desapegando das experiências espirituais.

Pare de se agarrar aos momentos de pico e abra-se para a verdadeira compreensão.

Experiências e Compreensões Espirituais

Haverá todo tipo de experiências no caminho espiritual. Períodos positivos de desenvolvimento — aqueles que são encorajadores e reconfortantes — são uma parte importante do processo. É importante compreender, entretanto, que até mesmo experiências positivas irão flutuar. Nós raramente, ou nunca, percebemos um desenvolvimento estável delas, precisamente porque as experiências são inconstantes por natureza. Desfrutar de uma série de boas experiências não garante que elas continuarão indefinidamente; elas podem cessar de súbito. Ainda assim, elas permanecem com uma parte importante da prática espiritual, pois elas ajudam a manter a nossa motivação para continuar praticando.

face1O modo que essas experiências surgem também varia enormemente. Você pode ter algumas experiências incrivelmente comoventes, algo como um despertar espiritual que parece surgir do nada. Na verdade, essas experiências realmente não surgem do nada; condições psíquicas sempre as precederão, embora pareçam independentes para nossa experiência consciente. Elas também podem desaparecer tão rapidamente como aparecem. Em outras ocasiões, certas experiências vão crescer ao longo de um período de tempo, atingirão o pico, e então gradualmente desaparecerão novamente.

Como praticantes espirituais, somos instruídos a não atribuir demasiada importância a estas experiências. O conselho é resistir à tentação de se fixar sobre as próprias experiências. Elas vêm e vão. É necessário abrir mão delas, ou a mente irá simplesmente se fechar e se fixar na experiência, deixando pouco ou nenhum espaço para novas experiências a surgirem. Isto porque a sua fixação incentivará preocupações e dúvidas que surgem na mente e interferirão com o processo de desenvolvimento. Se não houver fixação envolvida no processo, experiências espirituais positivas irão começar a levá-lo para compreensões espirituais.

No Budismo, podemos distinguir entre experiências espirituais e compreensões espirituais. As experiências espirituais são geralmente mais vivas e intensas do que as compreensões, porque elas são geralmente acompanhadas por mudanças fisiológicas e psicológicas. Compreensões, por outro lado, podem ser sentidas, mas sua experiência é menos pronunciada. Compreensão é sobre a aquisição de insight. Portanto, enquanto compreensões surgem de nossas experiências espirituais, elas não são idênticas. Compreensões espirituais são consideradas muito mais importantes, porque elas não podem flutuar.

A distinção entre experiências e compreensões espirituais é continuamente enfatizada no pensamento budista. Se evitarmos excessivamente fixar-se em nossas experiências, estaremos sob menos stress em nossa prática. Sem esse esforço, seremos mais capazes de lidar com qualquer coisa que surja, a possibilidade de sofrer de distúrbios psíquicos será bastante reduzida, e iremos notar uma mudança significativa na textura fundamental da nossa experiência.

Há muitos relatos na literatura budista tibetana de como podem surgir perturbações espirituais, mas tudo aponta para a fixação em experiências como a causa. Fixação em nossas experiências é visto como uma outra variação de fixação no self.

No contexto geral da jornada espiritual, é importante lembrar que a autotransformação é um processo contínuo, não um evento único. Não se pode dizer, “Eu costumava ser uma pessoa não espiritual, mas agora eu fui transformado em uma pessoa espiritual. Meu velho homem está morto. ” Estamos constantemente sendo transformado quando viajamos no caminho. Embora possamos ser a mesma pessoa em um nível, em outro nível que somos diferentes. Há sempre continuidade, e ainda em cada grande momento decisivo na jornada nós nos tornamos transformados porque abandonamos certos hábitos. A jornada espiritual é dinâmica e tende sempre para a frente, porque não estamos a fixar-se nas coisas.

Desapegando-se

A jornada espiritual, então, é uma jornada de desprendimento, um processo de aprender a desapegar. Todos os nossos problemas, misérias, e infelicidades são causados pela fixação — prendendo-nos em coisas e não sendo capazes de libera-las. Primeiro temos que nós desprender de coisas materiais. Isso não significa, necessariamente, descartar todas as nossas posses materiais, mas isso implica que não devemos olhar para as coisas materiais atrás da felicidade duradoura. Normalmente, a nossa posição na vida, nossa família, nossa posição na comunidade, e assim por diante, são percebidos como a fonte de nossa felicidade. Esta perspectiva tem de ser invertida, de acordo com os ensinamentos espirituais, abrindo mão de nossa fixação em coisas materiais.

Abrir mão da fixação é efetivamente um processo de aprender a ser livre, porque cada vez que deixamos algo ir, ficamos livres dele. O que quer que nós fixamos irá nos limitar porque a fixação nos torna dependentes de algo além de nós mesmos. Cada vez que abrimos mão de algo, nós experimentamos um outro nível de liberdade.

Eventualmente, a fim de sermos totalmente livres, aprendemos a abrir mão dos conceitos. Em última análise, precisamos abandonar nossa fixação na reificação de conceitos, de as coisas serem “isto” ou “aquilo”. Pensar nisso e naquilo nós prende a um modo particular de experimentar as coisas. Mesmo experiências espirituais não serão dadas como completas, espontâneas, sem intermédios, enquanto o tipo mais sutil de distinção conceitual estiver presente. A experiência ainda vai ser mediada, adulterada, e manchada por todos os tipos de conteúdo psíquico quando fazemos discriminações. Portanto, ele permanecerá sempre impossível de ser verdadeiramente livre.

O passo final no processo de desapego é abandonar a ideia de que a corrupção material e de liberdade espiritual são inequivocamente opostos um ao outro e que nós temos que abrir mão do primeiro para alcançar o último. Enquanto isso é uma distinção importante a observar no início da jornada espiritual, temos que superar essa dualidade. Temos que transcender tanto a sedução do prazer samsárico (N.T. Samsara, do sânscrito-devanagari: संसार: perambulação; pode ser descrito como o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos) — que acaba por ser tão ilusória — e a sedução de nosso objetivo espiritual que parece estar oferecendo a felicidade eterna. Uma vez que a atração entre estes dois polos esteja harmonizada e transcendida, estamos prontos para voltar para casa.

O desfrute do Caminho Espiritual

O objetivo final da jornada espiritual é compreender a união de sua mente e realidade final. Você descobre finalmente não apenas que você está na realidade, mas que você também incorpora essa realidade. Seu corpo comum torna-se o corpo de um buda (N.T. refere-se a palavra em sânscrito que significa “O Desperto” “O Iluminado”,e não propriamente a figura histórica, Siddharta Gautama, conhecido como O Buda), o seu discurso comum torna-se o discurso de um buda, e sua mente comum torna-se a mente de um buda. Esta é a grande transição que você tem que fazer, abandonando a sua fixação sobre a separação dos seres samsáricos e budas. Quando podemos falar sobre eles como sendo essencialmente os mesmos, quando essa transformação real ocorre dentro de um indivíduo, é verdadeiramente um grande acontecimento. É notável porque um ser comum, confuso, ainda mantém a preexistência contínua entre um ser comum e um ser iluminado, no sentido de que o que você se torna é o que você sempre foi. No final da jornada, você está simplesmente voltando para casa.

No entanto, a jornada em si era absolutamente necessária. Era necessário deixar o seu ambiente familiar e se aventurar através de vários testes e atribulações. Era necessário lidar com muitas coisas inesperadas, lutar com as suas forças demoníacas interiores. Era necessário seguir através da luta espiritual e se envolver em disciplinas vigorosas. A batalha espiritual é valiosa para a purificação da mente. Sua mente tem de purificar-se dos delírios e emoções conflitantes que são o produto de seu karma, o produto dos pensamentos e ações negativas que se acumularam em seu fluxo mental durante um longo período de tempo.

Depois de um ponto, no entanto, você tem que se afastar dessa luta. Conforme o progresso é feito no caminho, as qualidades positivas exigidas para um maior avanço se tornarão parte de você, e você vai gradualmente aprender a assimilar e se tornar essas qualidades positivas, ao invés de considerá-las como algo a ser atingido e possuído. Assim, após o foco inicial em aprender a substituir vícios com virtudes, devemos aprender a desapegarmos de nossa fixação em virtudes. Temos de parar de pensar em acumular virtudes, qualidades espirituais, experiências e compreensões como se fossem uma forma de riqueza. Nós não necessitamos de riqueza espiritual; além disso, a riqueza espiritual só pode ser acumulada pela não fixação. Todas as fixações só levam a todos os tipos de problemas — inveja, possessividade, e egoísmo, por exemplo. É então realmente que nós extraviamos e desviamos do caminho espiritual.

Conforme nossas qualidades virtuosas de amor, compaixão, alegria, coragem, determinação, resolução, mindfulness, consciência e sabedoria desenvolvem-se, nós progredimos ao longo do caminho. Em algum momento, nós temos que realizar um ato final de desapego, que é deixar de reificar todos os conceitos. Mesmo os conceitos de virtude e vício, redenção, karma e libertação tem que ser abandonados. A título de ilustração, eu gostaria de compartilhar uma história da tradição Zen.

Não é incomum para os alunos de meditação Zen manter-se em contato regular com os seus professores relativo ao seu progresso espiritual. Nesta história particular, um estudante Zen tem uma propensão para a escrever mensalmente para seu professor mensal com um relato de seu desenvolvimento. Suas cartas começaram a tomar um rumo místico, quando escreveu: “Eu estou experimentando uma unidade com o universo. ” Quando seu professor recebeu esta carta, ele apenas olhou e jogou fora. No mês seguinte, o aluno escreveu: “Descobri que o divino está presente em tudo. ” Seu professor usou essa carta para iniciar o fogo. Um mês depois, o estudante havia se tornado ainda mais em êxtase e escreveu: “O mistério do Um e Muitos se revelou para o meu espanto, ” em que seu professor bocejou. No mês seguinte, outra carta chegou, que simplesmente disse: “Não há nenhum self, ninguém nasce, e ninguém morre. ” Nesta, seu professor ergue as mãos em desespero. Após a quarta carta, o estudante parou de escrever para seu professor, e depois que um ano se passou, o professor começou a se sentir preocupado e escreveu a seu aluno, pedindo para ser mantido informado de seu progresso espiritual. O aluno escreveu de volta com as palavras “Quem se importa? ” Quando o professor leu isto, sorriu e disse: “Finalmente! Ele finalmente entendeu! ”

No final da jornada, você será capaz de se envolver em tudo, tanto o os planos materiais e espirituais, sem ser contaminado por eles, porque um ser espiritualmente compreendido não é mais afetado pelo mundo da mesma forma uma pessoa comum é. Sem passar pelos testes e tribulações desta jornada, no entanto, você nunca vai encontrar a sua casa. Você não pode simplesmente ficar em casa e dizer: “Eu já estou onde eu quero estar. ” É apenas a jornada que fará você perceber o seu verdadeiro potencial, e só no final da jornada você vai entender que o objetivo não é se separar do ponto de partida. Essa é a obtenção do estado de Buda, o estado natural de sua própria mente.


Texto escrito por Traleg Kaybgon Rinponche, presidente e diretor espiritual do Kagyu E-Vam Buddhist Institute, com sede em Melbourne Austrália. Retirado de Mind At Ease: Self-Liberation Through Mahamudra Meditation, © 2004 de Traleg Kyabgon.

Autismo e LSD-25

 LIBERTANDO MENTES APRISIONADAS?

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PESQUISA DA DÉCADA DE 60 SOBRE LSD E AUTISMO

Traduzido do original de Robin Rymarczuk, em erowid.org

No início dos anos sessenta, uma série de investigações clínicas controversas foram publicadas envolvendo a administração de LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico) para crianças pequenas diagnosticadas com formas graves de autismo ou esquizofrenia de início na infância (COS em inglês), que eram então consideradas intimamente relacionadas [1]. O motivo para a realização de estudos com crianças pequenas foi a semelhança entre o autismo e o suposto COS. Seguindo na direção dos resultados aparentes de estudos realizados com pacientes adultos catatônicos e mudos, tratados com LSD-25 por Cholden, Kurland, e Savage (1955), as hipóteses foram construídas para pesquisar uma possível utilidade terapêutica. “O objetivo desses esforços terapêuticos”, como disse Bender em um artigo publicado em Avanços Recentes em Psiquiatria Biológica (1962), “tem sido a de modificar a sintomatologia secundária associada ao comportamento deficiente, regressivo e perturbado de crianças”. A maior parte das crianças tratadas com LSD nestes estudos tinham entre seis e dez anos de idade e eram completamente indiferentes a todas as outras formas de tratamento. O fato de que as crianças não poderiam ser tratadas por outros meios serviu, em parte, para a justificação da utilização de uma poderosa substância psicoativa em experiências infantis. Certamente esta decisão teria sido criticada pela comissão ética hoje.

A intervenção farmacológica por meio do LSD era na intenção de dito para “cutucar a maturação atrasada” (Bender, 1962) em um padrão de desenvolvimento (relativamente) normal. Como exatamente a administração de LSD iria realizar a “libertação das mentes aprisionadas” ainda era desconhecido (Mogar & Aldrich, 1969). Do LSD era esperado o seu sucesso em “romper os bloqueios do autista” (Bender, 1963), e desta forma ser excepcionalmente útil em “áreas que estão intimamente relacionados com o processo de psicoterapia” (Simmons et al., 1966). Alguns acreditavam que o LSD era especialmente útil para ajudar os pacientes a “desbloquear” o material subconsciente reprimido através de outros métodos psicoterapêuticos (Cohen, 1959). Terapeutas tomaram LSD para estabelecer uma conexão com a experiência de esquizofrenia. “Durante a fase de”modelo de psicose” da pesquisa LSD quando o estado psicodélico foi considerado uma ‘esquizofrenia’ quimicamente induzida”, diz o pesquisador pioneiro do LSD Stanislav Grof (1980), “sessões de LSD foram recomendados como viagens reversíveis para o mundo experiencial de psicóticos que tiveram um significado didático exclusivo “.

Alguns pesquisadores, como Freedman et al. (1963), estudavam o LSD por suas supostas propriedades psicotomiméticas, significando que a droga imitasse os sintomas de psicose, incluindo delírios e/ou delusões, ao contrário de apenas alucinações (Sewell et al., 2009). Uma exacerbação dos sintomas “típicos” significava uma oportunidade para estudar a condição esquizofrênica (em crianças). Outros pesquisadores (Bender et al, 1963;.. Rolo, et al, 1965), consideravam o mecanismo neurológico por trás do efeito de LSD, que na época ainda eram muito obscuro, como mais importante do que seu papel de facilitador do processo terapêutico. Por exemplo, o LSD atraiu interesse teórico como um inibidor da serotonina e um estimulante do sistema nervoso autônomo. Bender et al. (1963) concluiu que “LSD-25 administrado diariamente em doses orais de 100 mcg [2] para crianças (na pré puberdade) autistas esquizofrênicos parecia ser um estimulante eficaz do sistema nervoso autônomo e central”, e que essas mudanças “pareciam ser crônicas com administração contínua da substância”. A administração contínua consistia na administração diária ao longo de períodos prolongados de tempo, variando de dias a várias semanas. Os efeitos mais persistentes da terapia com LSD-25 que foram publicados incluíam comportamento de melhora na fala, o aumento da capacidade de resposta emocional, o humor positivo (risos), e uma diminuição de compulsões.

 

OS VELHOS RESULTADOS ESTÃO, EM MAIOR PARTE, INVÁLIDOS

Mas, infelizmente, por mais interessante e atraente que estes resultados pareciam ser – a evidência não colou. Estudos atuais sobre a relação de LSD e autismo não estão sendo realizados e os resultados antigos que foram produzidos são considerados como altamente controversos, se não são completamente repudiados. Isso foi em parte porque, em retrospecto, os estudos eram muito falhos. Os pesquisadores pareciam querer se livrar da controvérsia conceitual muito rapidamente, escolhendo “não lidar com as questões polêmicas relativas às definições e fatores etiológicos da esquizofrenia infantil (1) ou o padrão de reação autista (2)” (Bender et al., 1962). O debate sobre o lugar correto do diagnóstico de autismo (infantil) no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) continua a ser problemático até o dia de hoje (DSM-V), mas o autismo tem saído debaixo do guarda-chuva da esquizofrenia. Embora ambos os transtornos compartilhem características clínicas, psicólogos e psiquiatras consideram o autismo como uma entidade separada da esquizofrenia. E porque LSD fora usado como uma droga para “intensificar a pré-existente sintomatologia” da esquizofrenia (Bender et al., 1962), um destacamento conceitual de autismo teria perturbado o fundamento dos resultados.

Autism-Research-and-EducationMesmo que os investigadores tivessem escolhido ‘lidar com a controvérsia “, em retrospectiva, a amostragem teria sido ainda mais problemática. As crianças tratadas eram demograficamente variadas e de ampla faixa etária. Uma significância conflitante é dada à relação entre a idade e a resposta à substância, mas Bender observou que “em contraste com pré-adolescentes, crianças mais jovens manifestaram consistentemente diferentes reações” (1962). Em contraste, Fisher e Castela concluiram que “as crianças mais velhas eram melhores candidatos para terapia psicodélica, pois a comunicação verbal era possível e também porque elas tendiam a ser menos “afastados”, mais esquizofrênicos que autistas, e a exibir sintomatologia mais flagrante” (Mogar & Aldrich, 1969) . Além da idade, também os sintomas das crianças tratadas foram heterogêneos e não foram corrigidos severamente. Não houve randomização, e a maioria dos estudos sofria de frequência de administração e dosagem flutuante. Por último, o “set & setting” dos experimentos variaram muito.

APESAR DAS FALHAS DE PESQUISA, ALGUMA UTILIDADE PODE EXISTIR

Embora os estudos realizados na década de sessenta tivessem grandes falhas a partir de um ponto de vista experimental e, portanto, não resistem a uma análise científica, Mogar e Aldrich argumentam, em um artigo publicado na Neuropsiquiatria Comportamental (1969) que os resultados considerados como um todo apontam para uma utilitade em administrar LSD para crianças autistas. “O significado dos resultados aparentemente contraditórios”, dizem Mogar e Aldrich, “tem sido muitas vezes obscurecidos pela busca persistente por reações estáticas específicas sobre LSD”. Este é um ponto interessante; apesar de os resultados não indicarem significância num sentido experimental, poderá haver ainda uma utilidade terapêutica. Mogar e Aldrich relatam que o maior benefício terapêutico estaria relacionada ao “(A) o grau de envolvimento ativo do terapeuta com o paciente; (B) a oportunidade de experimentar objetos significativos e atividades interpessoais, e (C) as configurações adequadas ​​que eram razoavelmente livres de artificialidade, restrições experimentais ou médicas e procedimentos administrados mecanicamente “(1969). Na prática, a terapia clínica está geralmente muito longe de teoria. Poderia ser que, testar LSD, sendo ele próprio uma droga altamente imprevisível, em combinação com a terapia dinâmica é algo muito difícil de substanciar. Mogar e Aldrich concluiram que “a administração de LSD está intrinsecamente inserida em um processo psicossocial maior, que deve ser otimizado de acordo com determinados objetivos do tratamento”.

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NOVOS ESTUDOS USAM MDMA EM AUTISTAS ADULTOS

350MdmaConsiderando o recente crescimento do interesse nessa área de pesquisa, estes estudos mais antigos e bastante obscuros merecem ser escavados a partir da literatura da pesquisa psicodélica. Pesquisadores da LA BioMed (Los Angeles Biomedical Research Institute) estão agora construindo um estudo dito para testar a relação terapêutica anedótica já estabelecida entre MDMA (3,4-metilenodioxi-N-metilamfetamina) e de ansiedade social em adultos autistas. Em contraste com muitos dos pesquisadores oldschool do LSD, esses pesquisadores não estão à procura de uma “cura”, mas procuraram desenvolver uma terapia psicodélica-assistida para reduzir a ansiedade social, auxiliar de uma abordagem de tratamento mais amplo. Ansiedade social reduzida é um dos efeitos mais pronunciados que a população geral de usuários de MDMA relatam e, estes resultados sugerem que ele pode ser extrapolados para os autistas. O estudo é o mais recente de um programa de expansão de pesquisas sobre o uso terapêutico do MDMA financiado pela Associação Multidisciplinar (sem fins lucrativos) para o Estudo de Psicodélicos (MAPS). “Este novo estudo vai nos dar uma chance”, diz Charles Grob principal pesquisador da LA BioMed (2014) “, de determinar os efeitos reais de doses de medicação que sabemos com certeza ser puro MDMA em adultos sob o espectro do autismo. Se os resultados do presente estudo ganharem uma investigação mais aprofundada, os dados poderão ser utilizados para projetar ensaios clínicos adicionais “. Agora que as limitações para investigação sobre a experiência psicodélica e seus efeitos terapêuticos estão sendo removidos e o LSD é mais uma vez um objeto de estudo, estes resultados publicados anteriormente poderiam servir para a produção de novas hipóteses para investigar a terapia psicodélica-assistida.

Postado originalmente por Danyel em 28 de fevereiro, 2015

Notas

  1. (Abramson, 1960; Bender, et al., 1962; Bender, et al., 1963; Fisher & Castile, 1963; Freedman, et al., 1962; Rolo, et al., 1965; Simmons, et al., 1966).

  2. A common psychedelic dosage of LSD ranges from 100 to 200 mcg, a strong dose being 200 to 600 mcg.

Referências

  1. Abramson, H.A. (Ed.) (1960). The Use of LSD in Psychotherapy. New York: Josiah Macy Foundation.

  2. Bender L, Faretra G, Cobrinik L. (1963). LSD and UM-L treatment of hospitalized disturbed children. Recent Advances in Biological Psychiatry, 5, 84-92.

  3. Bender L, Goldschmidt L, Sankar SDV. (1962). Treatment of autistic schizophrenic children with LSD-25 and UML-491. Recent Advances in Biological Psychiatry, 4, 170-177.

  4. Cholden L, Kurland A, Savage C. (1955). Clinical reactions and tolerance to LSD in chronic schizophrenia. Journal of Nervous and Mental Disease, 122, 211-216.

  5. Cohen S, Eisner BG. (1959). Use of lysergic acid diethylamide in a psychotherapeutic setting. AMA Archives of Neurology & Psychiatry, 81(5), 615-619.

  6. Freedman AM, Ebin EV, & Wilson, E.A. (1962). Autistic schizophrenic children: An experiment in the use of d-lysergic acid diethylamide (LSD-25). Archives of General Psychiatry, 6, 203-213.

James Fadiman: Abrindo as Portas da Percepção

Taduzido do original de James Fadiman

fadimanA data é no início de 1966. Quatro de nós estão sentados em torno de uma mesa, chamados para fora da sala de sessão por um momento para responder ao conteúdo de uma carta de entrega especial. De volta ao quarto, quatro homens estão deitados em sofás e almofadas, de óculos escuros para bloquear a luz do dia, ouvindo um quarteto de cordas de Beethoven em fones de ouvido estéreo. Cada homem, um cientista sênior, havia tomado 25 microgramas de LSD-25 – uma dose muito baixa – cerca duas horas antes. Dois desses homens estão trabalhando em projetos diferentes para o Instituto de Pesquisa de Stanford, outro para a Hewlett Packard, e o último é um arquiteto. Eles são altamente qualificados, altamente respeitados e altamente motivados para resolver problemas técnicos. Cada um deles trouxe a esta sessão vários problemas que ele têm encontrado nos seus trabalhos, pelo menos nos últimos três meses e tinham sido incapazes de resolver. Nenhum deles tinha qualquer experiência anterior com psicodélicos. Nas próximas duas horas, o plano é levantar seus óculos de sol, tirar seus fones de ouvido, desligar a música, e oferecer-lhes tira-gostos e salgadinhos, que eles provavelmente nem vão tocar. Vamos ajudá-los a concentrar-se nos problemas que eles vieram para resolver. Eles são o quinto ou sexto grupo que temos realizado. O governo federal aprovou este estudo. É um uso experimental de uma “nova droga”, uma droga ainda em análise e não comercialmente disponível.

Em 1966, havia cerca de 60 projetos em todo o país investigando ativamente LSD-25. Alguns eram estudos terapêuticos: um na UCLA mostrou notável sucesso permitindo que crianças autistas se comunicassem novamente; outros estavam trabalhando com animais de macacos a ratos, de peixes até mesmo insetos.

Teias feitas por aranhas sob efeito do LSD, Mescalina, Haxixe e Cafeína

Sobre as aranhas, descobriu-se que faziam arquiteturas radicalmente diferentes de teia quando dado diferentes psicodélicos. Um ou dois anos antes tinha havido uma experiência desastrosa quando psiquiatra Jolly West deu a um elefante uma dose de LSD suficiente, é justo dizer, para matar um elefante. E matou. A dose foi de centenas de milhares de vezes maior do que qualquer ser humano já tinha tomado nem sequer tomaria. Uma breve repercussão midiática deste caso na mídia não pareceu parar a investigação e as pesquisas em curso em todo o mundo. A Sandoz Farmacêutica em Basel na Suíça, o desenvolvedor do LSD- 25, tinha feito recentemente resumos disponíveis dos primeiros 1000 estudos humanos. LSD-25 foi a droga psicoativa mais estudados no mundo. Era notável em duas maneiras. Uma delas, que era eficaz em doses muito baixas, microgramas (milionésimos de grama). Isso a tornava uma das substâncias conhecidas mais potentes já descobertos. Dois, ele parecia ter o efeito de mudar radicalmente a percepção, a consciência, e a cognição, mas não de qualquer maneira previsível. Estes resultados parecem ser dependente não só dos efeitos da substância, mas igualmente da situação do sujeito – o que lhes havia sido dito sobre a droga que estavam indo experimentar e, ainda mais interessante para a ciência, a mentalidade de pesquisador, se ela comunicou ou não um ponto de vista para os sujeitos em determinado estudo.

first-lucid-dreamEm resumo, tínhamos aqui uma substância cujos efeitos dependiam, em parte, das expectativas mentais de ambos, sujeito e pesquisador. Muitas vezes as pessoas nos estudos tiveram experiências que pareciam ser profundamente terapêuticas, abençoadas, transformadoras, de conteúdo religioso ou místico, mas eles também podiam ter experiências que eram profundamente perturbadoras, confusas ou aterrorizantes. Os efeitos posteriores da experiência pareciam mais com um aprendizado do que simplesmente a passagem de um produto químico através do cérebro e do corpo. O LSD era o gênio da garrafa e havia garrafas do mesmo em todo o país e um número crescente fora laboratórios e instituições de pesquisa também.

Quando a carta especial da FDA (Food and Drug Administration) chegou, nenhum de nós sabia ainda que muitas das primeiras conferências de pesquisadores do LSD tinham sido patrocinadas por fundações que foram secretamente financiadas pela CIA, ou que o Exército dos Estados Unidos vinha dando substâncias psicoativas aos membros corajosos do corpo militar, prisioneiros, até mesmo alguns dos seus próprios funcionários. Também não sabíamos que cada projeto no país, exceto aqueles executados pelas agências militares ou de inteligência, tinham recebido uma carta semelhante, no mesmo dia. Sentado em Menlo Park, nos escritórios da Fundação Internacional de Estudos Avançados, nós quatro, mais uma pequena equipe de apoio estávamos executando o único estudo projetado para testar a hipótese de que esse material pode melhorar o funcionamento do racional e as partes analíticas da mente . Estávamos tentando descobrir se, em vez de ser desviado para a paisagem interior incrível de cores e formas ou nas aventuras de exploração mística ou terror psicopatológico, LSD-25 poderia ser usado para melhorar a criatividade pessoal de uma forma que pudesse ser medida.

Houve uma série de estudos de muito sucesso no Canadá que mostraram que, o LSD administrado em um ambiente seguro e com apoio, levou a uma alta taxa de abandono da bebida em alcoólatras de longo prazo ». Outros estudos realizados no sul da Califórnia, por Oscar Janniger, mostraram que o trabalho dos artistas mudou radicalmente durante uma sessão de LSD e muitas vezes foi alterado de forma permanente. No entanto, havia muita discussão no mundo da arte e o mundo da ciência, se essa arte era de fato “melhor”.

A carta da FDA foi breve. Nos informou que ao momento da recepção da presente carta, a nossa permissão de uso desses materiais, o nosso protocolo de pesquisa, e nossa habilitação para trabalhar com estes materiais de qualquer forma, ou método foi encerrada.

Eu era, de longe, o mais novo membro da equipe de pesquisa, um estudante de pós-graduação na Universidade de Stanford em um departamento de psicologia que não tinha me informado sobre esta pesquisa. Dois dos outros eram professores catedráticos de engenharia na Universidade de Stanford em dois departamentos diferentes, e o quarto foi o fundador e diretor da fundação, um cientista em seu próprio direito de se aposentar cedo e criar um instituto sem fins lucrativos, para entender melhor a interação entre a consciência, as profundas experiências pessoais e espirituais, e estas substâncias.

Human hand with medicine pill. Horizontal.Muito em breve teríamos de voltar para aquela sala onde os quatro homens estavam, literalmente, com suas mentes em expansão. Eu disse: “Eu acho que nós precisamos concordar que recebemos esta carta amanhã.” E Voltamos para os nossos assuntos, que agora eram o último grupo de pessoas que seria permitido o privilégio de trabalhar com estes materiais sob sua livre escolha, com o apoio legal e supervisão do governo legal, pelo menos pelos próximos 40 anos.

Um exemplo dos tipos de resultados que estávamos vendo, veio da última sessão. O arquiteto trabalhava um projeto para construir um pequeno centro comercial. O cliente não tinha gostado de seus projetos anteriores e ele estava de mãos atadas. Na sessão, ele viu o projeto, concluído, e sua mente era capaz não apenas de imaginar isso, mas de andar dentro dele, para ver o tamanho e formas de parafusos, para contar o número de lugares de estacionamento, etc. O design ele elaborou foi aprovado pelo seu cliente e ele passou as próximas semanas fazendo os desenhos que correspondiam ao projeto que ele já tinha visto em seu estado final.

Como eu cheguei a estar naquela sala da Fundação Internacional de Estudos Avançados, quando apenas alguns anos antes eu tinha sido um escritor, vivendo em Paris no sexto andar (de escadas), vivendo com tão pouco quanto possível, dormindo nas estações de trem e albergues quando viajava e ficando com quem quiser me abrigar e alimentar? Como foi dito de muitas das nossas vidas, foi uma longa e estranha viagem.

O que me enviou de Paris para Stanford e de cabeça para a pesquisa psicodélica não foi apenas uma visita de meu professor da faculdade favorito, Richard Alpert (mais tarde conhecido como Ram Dass) e seu amigo, Timothy Leary, mas também uma nota cordial do Serviço de Alistamento perguntando sobre meu paradeiro. Percebi que havia uma M-1 me esperando para abraçá-la, e meus cotovelos rastejavam na lama e vegetação úmida no Vietnã enquanto projéteis e balas estavam sendo disparados em ambos os sentidos, me dando a chance de morrer por fogo inimigo ou amigo. Na minha mente, nenhuma dessas escolhas fazia sentido, então voltei para os Estados Unidos, para o abrigo do projeto de adiamento da pós-graduação.

Para o bem dos militares e para a nação, eu estava seguro, e ainda estou, de que me manter fora foi a melhor alternativa. Quando você tem um longa histórico no ensino fundamental e do ensino médio de ser escolhido por último para esportes de equipe, não pense que você vai prosperar na infantaria, e muito menos despertará maior aptidão e competência necessária no combate real. Eu vi minha parceria com o governo em estudar a psicologia. Era melhor para os militares manter-me para fora do que lidar com quaisquer riscos potenciais para os outros e para mim.

Por que eu mergulhado em pesquisa psicodélica, no entanto, teve início com a visita de Alpert e a primeira noite que gastamos juntos.

Richard Alpert (Ram Dass)
Richard Alpert (Ram Dass)

Paris, 1961. Estou sentado à noite, em um café no Boulevard St. Michael, observando todas as pessoas que por sua vez, me observam de volta. Tenho vinte e um e acabei de tomar psilocibina, pela primeira vez, e eu não tenho nenhuma idéia o que é ou faz, mas eu sei que o homem sentado ao meu lado é meu professor favorito, Dr. Richard Alpert, que me deu a substância como um presente. As cores estão ficando mais brilhantes, os olhos das pessoas estão piscando em luz quando eles olham para mim, há um ruído dentro de mim como uma transmissão multi-canal. Eu digo, tão regularmente quanto a minha voz trêmula permite, “É um pouco demais para mim.” Richard Alpert sorri para mim do outro lado da pequena mesa de vidro redonda. “Pra mim também, e eu não tomei nada.

Voltamos para o meu apartamento a poucos quarteirões de distância. O hotel exibe uma placa ao lado da porta da frente que diz que Freud se hospedou ali. Eu estou escrevendo um romance e, por vezes imagino que, no futuro, eles vão adicionar uma segunda placa ali. Mas não esta noite.

Deito-me na minha cama, Alpert toma uma cadeira . (Que consome o espaço da sala.) Eu vejo minha mente descobrindo novos aspectos de si mesma. Alpert continua me dizendo que tudo o que minha mente está fazendo é seguro e que tudo está bem. Parte de mim não tem certeza sobre o que ele está falando, outra parte sabe o quão profundamente certo ele está, uma outra parte de mim espera que ele esteja.

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Richard Alpert e Timothy Leary

Uma semana depois, eu deixei Paris e segui Alpert e Leary para Amsterdã, onde eles se juntaram Aldous Huxley para apresentar em conjunto um artigo para um congresso internacional. Leary e Alpert estavam trabalhando juntos ensinando psicologia em Harvard e já estavam em meio a polêmica sobre dar psicodélicos para estudantes de graduação e de outros membros da comunidade acadêmica. Seis semanas após a sua conferência, eu estava voando para a Califórnia para começar o trabalho de pós-graduação em psicologia.

Quando estava na Universidade de Stanford, eu tinha três vidas. Na primeira vida, eu usava um casaco esporte e gravata, e eu tinha que comparecer todos os dias no departamento de psicologia, visivelmente um estudante fazendo o que podia para aprender com os lábios dos mestres. Na minha segunda vida, dois dias por semana, eu era um assistente de pesquisa na Fundação Internacional de Estudos Avançados (extra campus). Lá eu participei de um dia inteiro, de sessões terapêuticas (legais) de alta dosagem de LSD. Cada participante tinha, pelo menos, duas pessoas que auxiliavam em sua experiência durante o dia. Um homem e uma mulher ficaram com cada participante (energia masculina e feminina parecia útil), além disso, havia um médico que participava da sessão de vez em quando, e estava lá, se necessário. Não me lembro quando nós tivemos quaisquer necessidades médicas, mas isso agregava ao sentimento de total apoio e confiança que fazia as sessões de LSD mais benéficas. Além disso, um psicanalista freudiano se reunia com cada cliente na primeira vez que ele ou ela se oferecesse para o nosso programa, para determinar quais pessoas selecionadas estavam mais susceptíveis a se beneficiar e quais mais prováveis de terem problemas que iriam além da sua capacidade de lidar. Dada postura arisca do governo na época, o analista nos disse que precisávamos de ter perto de uma taxa de cura de 100%, algo que não era alcançado por qualquer outra terapia. Minha terceira vida foi gasta com as pessoas que giravam em torno de Ken Kesey. Eles usavam psicodélicos de todos os tipos, assim como estimulantes, calmantes, maconha, até mesmo álcool e cigarros. Um membro trabalhava para uma cadeia farmacêutica e chegava em qualquer evento com os bolsos recheados de amostras.

Ken Kesey

Era um grupo de foras-da-lei, mas não como criminosos, mais como destruidores de paradigma. O LSD e muitos dos outros medicamentos não eram ilegais no início dos 60, mas a sua utilização, especialmente fora de qualquer contexto de investigação ou médico, não era socialmente aceitável. Esses exploradores do espaço interior estavam fazendo pesquisa de campo, explorando com livre acesso a estes medicamentos fora de qualquer controle ou restrição, exceto a autopreservação. Durante estes tempos, quando essas drogas iam abrindo portas por toda a mente,  Kesey e seu grupo usavam psicodélicos enquanto jogavam, cantavam, desenhavam, viam televisão, cozinhavam, comiam, faziam amor, olhando o giro e a dança das estrelas, e perguntando em voz alta todos os tipos de perguntas que suas experiências traziam:

  • Quem somos nós, realmente?

  • É a alma, mortal ou imortal?

  • O que Blake, Van Gogh ou Platão realmente experimentaram?

  • É a minha identidade dentro do meu corpo ou será que se interpenetram o meu corpo e seu?

  • O que é comum à minha mente e à árvore pau-brasil mais próxima?

  • Tempo e espaço são subjetivos?

  • O que foi corrigido? O que mudou?

  • O que permaneceu constante de sessão para sessão (isto é, o que foi lembrado)?

  • O que aconteceu em um grupo onde todas as mentes se abriram, francamente ligadas, e aparentemente em comunicação telepática com o outro? Quando alguém em tal grupo fica aterrorizado, não é o resto do grupo sugado para essa onda ruim? Ou pode o peso combinado das outras mentes trazer de volta aquele que caiu?

 

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Estas e outras questões estiveram no centro da experiência do grupo de Kesey. Não foras da lei, mas fora das linhas. Melhor pensar neles não como os ícones culturais que eventualmente se tornaram, mas como pessoas que tinham transcendido as limitações das leis e desenvolviam furiosamente um conjunto maior de leis para trazer ordem à sua própria esfera maior de comportamento e experiência. Isso soa filosófico e era, mas também tinha todo o imediatismo cru de colocar o seu braço ao redor da garganta de um afogado para que ele ou ela não entre em pânico, e te arraste para debaixo d’água, matando os dois.

Para mim, um momento crítico aconteceu a uma manhã à beira do lixão da cidade Pescadero. Pescadero é uma pequena cidade a duas milhas da costa da Califórnia cerca de 15 quilômetros de Stanford. O lixão é uma encosta, cuja base estava cheia, mas o topo e as laterais foram cobertas com trepadeiras ostentando pequenas manchas de flores silvestres. Numa madrugada Eu fui lá com Ken Kesey e sua namorada na época, Dorothy, uma mulher que se tornaria mais tarde a minha esposa (após 40 anos de casamento, pensamos que provavelmente deve durar). Na noite anterior, ela tinha tomado LSD (“tinha dropado ácido”, para dizer na forma como foi) e estava em um estado de admiração encantado com as descobertas pessoais que ela estava fazendo sobre sua própria consciência e como ela formava e reformulava seu mundo. Ken tinha nos levado para Pescadero, porque era um lugar maravilhoso para assistir ao amanhecer. É correto dizer que ele levou Dorothy lá, mas porque eu vinha guiando-a através de partes da noite, ela me queria por perto.

Eu não estava no círculo interno do mundo de Kesey. Eu era muito certinho e muito indisposto a tomar medicamentos com qualquer um. Nenhuma das mulheres no grupo estava interessada em mim, e eu não tinha muito em comum com qualquer um dos homens. No entanto, como eu trabalhava com LSD durante o dia e legalmente, eu era bem-vindo como um ornamento estranho; como alguém pra se ter por perto que treinava tigres ou mastigava vidro quebrado.

Dorothy lembrou que o momento decisivo quando o amanhecer veio, ela estava prestes a pisar em uma pequena flor. Em vez disso, ela se deitou no caminho e olhou para a flor. Sugeri que ela deixasse a flor fazer a comunicação. Eis que ela viu – não pensou ou contemplou, mas viu, tal era o poder curioso do LSD – a flor se abrir totalmente para cima, ir através do seu ciclo e murchar, mas ela também assistiu a flor reverter esse mesmo fluxo, se recuperando de seu estado seco, reflorescendo e voltando a ser um broto. Ela podia vê-lo ir em ambas as direções, para frente e para trás no tempo, dançando seu próprio nascimento e sua própria morte. Quando ela disse o que estava vendo, eu confirmei que sua experiência foi como os outros tinham compartilhado. Aliviada, ela voltou para sua contemplação da planta.

Ela olhou para o Ken – bonito, robusto, talentoso, um líder natural, possuidor de uma enorme energia e poder. Também casado. Ken tinha dois filhos; ele estava totalmente comprometido com o casamento mas também a tê-lo aberto a outros parceiros. Dorothy olhou para mim. Eu estava comprometido, mas minha noiva estava a 6000 km de distância, na Escócia. O que ela viu foi que eu parecia muito experiente, confortável até, sobre o seu mundo interior recém-descoberto. A partir do momento do encontro com a flor, seu giroscópio começou a girar para longe de Ken e voltar-se para mim. Nosso namoro e casamento não acontecem neste momento do tempo, mas como se pode traçar um rio de volta para uma pequena nascente que vem de uma fenda na rocha em uma montanha, as nossas três vidas mudaram naquele dia através das lições que surgiram a partir do encontro de Dorothy com uma única flor.

E quanto a minha pesquisa legal? Como foi a experiência de fazer investigação legal de drogas? Desde os anos sessenta, na maioria dos campi universitários, não é difícil encontrar uma droga psicodélica, tomá-la, ter um passeio selvagem, e se perguntar sobre tudo. Ministrar às pessoas em um ambiente tão favorável que 80% dos nossos participantes relataram que era o evento mais importante de suas vidas, ah, isso era um tempo diferente. Por mais de dois anos, enquanto os experimentos foram acontecendo, eu escapava das aulas de Stanford quando eu podia e sentava-me com as pessoas que estavam tendo sua introdução aos psicodélicos e, através dos psicodélicos, a outros níveis de consciência, e talvez a outros níveis da realidade.

Uma vez que eu era geralmente apresentado como “um estudante de graduação que estará conosco hoje”, eu não era o principal responsável pela realização da sessão. Eu era um colaborador e podia observar, por vezes, ajudar, e às vezes gravar o que as pessoas relatavam sobre como eles passavam os acontecimentos do dia. Às vezes eu só iria aparecer no final da tarde, e levava uma pessoa para a casa à noite. Descobrimos que, enquanto os efeitos do LSD iam desaparecendo depois de 8 horas, a capacidade recém-descoberta de uma pessoa para entrar e sair de diferentes realidades ia diminuindo, mas não paravam até que o participante estivesse cansado demais para ficar acordado. Eu sempre tive o prazer de estar com as pessoas enquanto elas se intrigavam com os grandes eventos ou insights do dia. Eu também ajudei a lidar com suas famílias, que geralmente ficavam confusas sobre combinação de contos de experiências interiores bizarras e a sensação de estar com alguém, um marido ou uma esposa, que era tão completamente abertx, amável e cuidadosx, que muitas vezes trouxe o cônjuge às lágrimas de alegria.

Por dia, em meus estudos de pós-graduação, eu estava sendo ensinado uma psicologia que me pareceu cobrir apenas um pequeno fragmento da mente. Eu me senti como se eu estivesse estudando física com professores que não tinham idéia de que a eletricidade, a energia atômica e a televisão existiam. Eu ouviria, tomaria notas, faria perguntas apropriadas e tentaria aparecer como se eu não estivesse aturdido pelos pequenos aperitivos que meus instrutores pareciam assumir que eram o conjunto da maçã do conhecimento. À noite, depois de ter concluído os meus trabalhos de escola, eu lia livros que me ajudaram a juntar as peças do mundo maior para o qual eu tinha sido aberto: “O livro tibetano dos mortos”, o “I Ching”, as obras de William Blake, ensinamentos místicos cristãos e budistas, especialmente aqueles dos mestres zen cujo clareza direta e cortante era maravilhosamente refrescante. Eu também lutei com textos tibetanos que eram difíceis de compreender, mas é evidente que tinham sido escritos por pessoas que sabiam sobre o que eu estava descobrindo. Eu sentaria e leria os livros envolvidos em outras capas, como alguém já envolveu quadrinhos sujos na revista Look no colégio, para ocultar as imagens de mulheres de seios grandes da vista dos professores.

dc1824981e1f09116c91e8590d26f6a1_viewQuando eu não conseguia mais acompanhar os textos eu me sentava, de pernas cruzadas, no chão de linóleo do meu “escritório” de estudante da pós-graduação, que estava em um trailer temporariamente transformado em sala de aula. O espaço era ainda menor do que o meu quarto em Paris. Eu olhava pela porta de correr de vidro para um pequeno pinheiro plantado para negar o fato de que estávamos em um trailer temporário no meio de um grande estacionamento. Gostaria de respirar e olhar, respirar e olhar até que a árvore começasse a respirar comigo. Ela não se movia nem balançava, mas começaria a brilhar com uma iluminação invisível o fato de que estava extremamente viva. Ela iria crescer e encolher diante dos meus olhos, um movimento muito pequeno, mas que lembra a flor no lixão de Pescadero. Eu me sintonizava com essa árvore até que sentia equilibrado novamente e, em seguida, ir para casa dormir.

UM MOMENTO DE REFLEXÃO

Poucos meses depois que nós terminamos nosso programa de investigação, a Califórnia aprovou uma lei declarando a posse, ou distribuição de LSD um crime. A política federal a respeito do LSD foi posteriormente consolidada com a promulgação da Prevenção ao Abuso de Drogas e A Lei de Controle (Control Act) de 1970.

Por que a nossa pesquisa com drogas assustou tão profundamente as instituições? Por que ela ainda as assustá? Talvez, porque fomos capazes de descer (ou de sermos atirados para fora) da esteira de coisas cotidianas e ver todo o sistema de morte e vida. Dissemos que tínhamos descoberto que o amor é a energia fundamental do universo e nós não íamos calar a boca sobre isso.

O cristianismo, por exemplo, diz que “vem ao Pai através de mim, e sereis perdoados de os pecados (mesmo aqueles que você não tinha cometido) e será amado sem reservas.” GRÁTIS. GRÁTIS. GRÁTIS (como se isso por si só não fizesse você olhar por baixo para ver onde o preço está escondido).

Depois de ter declarado a si mesmo como um cristão, no entanto, você encontra as autoridades da Igreja dizendo que o preço real de sermos perdoados inclui admitir que você não é apenas indigno, mas você é muito, muito indigno e não há nenhuma forma de você chegar a digno da sua própria maneira.

O que descobrimos foi que o amor está lá, o perdão é lá, e a compreensão e compaixão estão lá. Mas como a água de um peixe ou ar para o pássaro, eles estão lá, em todo lugar e sem nenhum esforço de nossa parte. Não há necessidade do Pai, do Filho, do Buda, dos santos, da Torá, dos livros, dos sinos, das velas, dos sacerdotes, dos rituais, ou mesmo da sabedoria. Apenas está lá – tão difuso e sem fim que é impossível ver, enquanto você estiver no mundo menor de pessoas separadas umas das outras… Não é de se admirar que a iluminação seja sempre um crime.

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Postado originalmente por Danyel em 7, fevereiro, 2015


James Fadiman Ph.D é psicólogo e escritor. Conhecido pelo seu extenso trabalho no campo da pesquisa psicodélica. É co-fundador junto com Robert Frager, do Instituto de Psicologia Transpssoal que mais tarde se tornaria Universidade de Sofia (California). Fadiman nasceu em Los Angeles e viveu em Westwood. É autor dos livros:

  • jimfadimanThe Psychedelic Explorer’s Guide: Safe, Therapeutic, and Sacred Journeys Paperback (2011)
  • Be Love Now (com Rameshwar Das) (2010)
  • Personality and Personal Growth (7th Edition) (with Robert Frager) (2012)
  • The Other Side of Haight: A Novel (2004)
  • Essential Sufism (1998) Castle Books
  • Unlimit Your Life: Setting and Getting Goals (1989)
  • Motivation and Personality (with Robert Frager and Abraham Harold Maslow) (1987)
  • Transpersonal Education: A Curriculum for Feeling and Being (1976)