Uma renderização artística da experiência psicodélica. Cientistas dizem que o LSD tem efeitos psicológicos paradoxais.
O LSD pode causar um estado de psicose temporário, mas também pode levar a um bem-estar mental melhorado.
Drogas psicodélicas como o LSD tem o poder de mudar radicalmente a consciência, dando surgimento a uma série de efeitos psicológicos que são positivos, negativos, místicos e simplesmente esquisitos.
As pesquisas da última década mostraram que a psicoterapia assistida com LSD pode potencialmente tratar uma série de doenças mentais, incluindo a depressão, o vício, e ansiedade no período final da vida. Por outro lado, os cientistas também usaram o LSD para replicar os efeitos da psicose.
Mas se o LSD reproduz as características de um estado mental não saudável – psicose de estágio inicial – como ele pode melhorar a saúde mental a longo prazo?
Novas pesquisas apontam para uma resposta. Um estudo do Imperial College London publicado no último dia 5 na revista Psychological Medicine confirma que o LSD produz efeitos paradoxos, incluindo sintomas semelhantes a psicoses e bem-estar psicológico. Esses efeitos podem ser o resultado da tendência que esse fármaco tem de causar “maleabilidade cognitiva”, a qual os pesquisadores descrevem como uma espécie de flexibilidade mental melhorada.
“Existe provavelmente um ponto chave no equilíbrio de pensar entre a flexibilidade de um lado – a habilidade de ser adaptativo e criativo – e no outro lado, ser capaz de focar e ser organizado”, disse ao Huffington Post o Dr. Robin Carhart-Harris, um pesquisador psicodélico e autor líder da publicação.
“De alguma maneira, é assim que a consciência comum age quando você está saudável – você atinge esse ponto chave. Talvez os psicodélicos tendam a empurrá-lo um pouco mais para o lado criativo e adaptativo”, ele falou.
Embora sua mente seja flexível, Carhart-Harris explicou, você pode correr o risco de psicose: “Ideias que estão sendo geradas sem ter uma ancoragem sólida na realidade ou na lógica.”
[su_pullquote]Talvez os psicodélicos tendam a empurrá-lo um pouco mais para o lado criativo e adaptativo”
Dr. Robin Carhart-Harris, do Imperial College London
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Os 20 indivíduos adultos saudáveis que participaram na pesquisa passaram por duas seção de laboratório separadas por um período de duas semanas. Todos receberam 75 microgramas durante uma seção e um placebo durante a outra seção.
Os pesquisadores utilizaram um questionário de estados alterados de consciência para medir as “experiências espirituais, ansiedades, imaginário complexo e outros efeitos comuns das drogas psicodélicas” de cada paciente. Eles também utilizaram um questionário separado para acompanhar os sintomas semelhantes à psicose.
Como previsto, o LSD aparentou produzir resultados psicológicos contraditórios e significativos nos participantes da pesquisa, aumentando sua flexibilidade mental e melhorando o seu humor ao mesmo tempo em que levou a alguns sintomas que lembraram psicoses.
Duas semanas após cada seção, os participantes preencheram dois questionários sobre suas personalidades e tendências em relação ao otimismo e à desilusão. Suas respostas sugerem que eles se tornaram mais otimistas e de mente aberta, expressando grande curiosidade intelectual e sede de conhecimento e experiência. O seu pensamento não pareceu se tornar mais ou menos delirante, os pesquisadores observaram.
O que está acontecendo com o cérebro para que esses resultados sejam observados? Em outro estudo recente, a mesma equipe de pesquisa no Imperial College examinou como o LSD leva à “perda do ego” e produz um estado semelhante à psicose. Suas descobertas mostraram que o LSD faz isso reduzindo a conectividade dentro das redes cerebrais, e aumenta a conectividade entre as redes cerebrais que normalmente não interagem.
Essas mudanças na conectividade podem ser a resposta para a “perda cognitiva” que os pesquisadores mencionam. Essas mudanças também podem ilustrar como os psicodélicos como o LSD e a psilocibina (encontrada nos cogumelos mágicos) podem ter efeitos terapêuticos a longo prazo, embora inicialmente pareçam produzir um estado mental de psicose.
Um estudo da John Hopkins mostrou que adicionalmente aos efeitos terapêuticos conhecidos de drogas psicodélicas para várias doenças mentais, uma sessão simples de psilocibina pode gerar experiências místicas que resultam em efeitos positivos permanentes na personalidade – notavelmente, uma maior abertura a novas experiências. Outros estudos sugerem que os psicodélicos podem ajudar a reduzir a ansiedade e as chances de suicídio.
“Seria errado exagerar na relação existente entre os psicodélicos e a psicose, por que durante o estado psicodélico agudo, pode haver uma clareza surpreendente”, Carhart-Harris notou. “As pessoas podem ter insights genuínos”.
Mais um estudo falhou em demonstrar uma ligação entre a dietilamida do ácido lisérgico (LSD) ou outras drogas psicodélicas e a depressão, ansiedade e pensamentos ou comportamentos suicidas. Na verdade, os pesquisadores descobriram uma ligação entre psicodélicos e uma diminuição no tratamento psiquiátrico em regime de internamento.
Estes resultados são semelhantes aos de outros estudos recentes e soma-se a um crescente corpo de literatura indicando que as drogas psicodélicas podem não ser apenas seguras, mas na verdade serem terapêuticas quando se trata de saúde mental.
“A pesquisa sugere que os psiquiatras não devem ser preconceituosos contra as drogas psicodélicas e que, se eles têm pacientes que utilizam essas substâncias, não é necessariamente ruim para eles”, disse ao Medscape Medical News a investigadora do estudo Teri Suzanne Krebs, estudante de PhD e colega pesquisadora no Departamento de Neurociências da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, em Trondheim.
“Os médicos devem saber que é possível prescrever drogas psicodélicas agora, hoje, embora possa haver alguma papelada envolvida”, acrescentou.
Isso, acrescentou, está escrito na Convenção das Nações Unidas de 1971 sobre Substâncias Psicotrópicas.
O novo estudo foi publicado online 05 de março no Journal of Psychopharmacology.
SEM LIGAÇÃO COM DOENÇAS MENTAIS
Para o estudo, Krebs trabalhou com Pål-Ørjan Johansen, de EmmaSofia, uma empresa sem fins lucrativos com o objetivo de aumentar o acesso ao 3,4-metilenodioxi-metanfetamina (MDMA) e psicodélicos.
Os pesquisadores utilizaram o anual National Survey on Drug Use and Health (NSDUH — Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde), que recolhe dados sobre o uso de substâncias e saúde mental de uma amostra aleatória representativa da população civil não institucionalizada dos Estados Unidos. Eles reuniram dados de entrevistados com idade superior a 18 anos das pesquisas dos anos 2008 até 2011.
A amostra foi composta por 135.095 entrevistados, dos quais 19.299 (13,6% ponderada) relataram uso durante vida de uma substância psicodélica — incluindo LSD, psilocibina, mescalina ou peyote. Estes são todos psicodélicos serotoninérgicos clássicos cujo mecanismo de ação principal é a do receptor 5-HT2A.
Os pesquisadores examinaram autorrelatos de 11 indicadores de problemas de saúde mental dos últimos 12 meses, incluindo depressão, transtornos de ansiedade e pensamentos, planos e tentativas suicidas.
O estudo descobriu que os usuários de psicodélicos eram mais propensos que os não usuários a serem mais jovens, do sexo masculino, brancos, solteiros, a realizarem atividades de risco, e de terem usado outras drogas. Eles também foram mais propensos a relatarem um episódio depressivo antes dos 18 anos. É possível, disse Krebs, que a depressão infantil motive algumas pessoas a experimentar substâncias psicodélicas.
O uso vitalício de psicodélicos não foi associado com qualquer um dos indicadores de problemas de saúde mental (adjusted odds ratio [aOR] gama, 0,7–1,1), Em vez disso, o uso vitalício de psicodélicos foi associado a uma menor probabilidade de internação para tratamento da saúde mental nos últimos 12 meses (aOR , 0,8; 95% intervalo de confiança, 0,6–0,9; P = 0,01).
Os investigadores também encontraram níveis mais baixos de comportamento suicida entre os usuários de drogas psicodélicas, mas isso não foi estatisticamente significativo, disse Krebs.
Olhando para drogas psicodélicas individualmente, o estudo mostrou uma associação estatisticamente significativa entre o uso de psilocibina e uma menor probabilidade de grave distúrbio psicológico, internação hospitalar para saúde mental e prescrição de medicamentos psiquiátricos (AOR, 0,9; P = 0,007).
Uso de LSD nos últimos 12 meses foi associado a uma menor probabilidade de grave distúrbio psicológico (AOR, 0,8; P = 0,04).
No entanto, o uso de mescalina ou peyote foi associado a uma maior probabilidade de um grande episódio depressivo nos últimos 12 meses.
“Quando você está usando um monte de diferentes comparações estatísticas como esta, você espera encontrar algumas coisas apenas por acaso”, explicou Krebs. Ela observou que a significância estatística foi muito fraca e que o tamanho do efeito foi pequeno.
Assim, ela acrescentou, o uso da mescalina ou peyote não foi associado a um diagnóstico médico de depressão.
Estratificando por idade, sexo, uso de drogas ilícitas nos últimos 12 meses, ou episódio depressivo na infância não se alterou substancialmente os resultados das análises.
“FLASHBACKS” DESMASCARADOS
Os autores também discutiram o conceito de “flashbacks”. Na década de 1960, usuários de LSD relataram ter experiências psicodélicas recorrentes. Mas verificou-se que os pacientes que alegam sofrer dos chamados flashbacks foram diagnosticados com esquizofrenia e já estavam obcecados com sua experiência das drogas.
“A investigação não suporta os flashbacks; não é um fenômeno real”, disse Krebs.
Ela também disse que o conceito de Transtorno Perceptual Persistente por Alucinógenos (HPPD, em inglês), em que os sintomas visuais são vinculados ingestão de psicodélicos, estava errado.
“Se você olhar para isso de perto, é, na verdade, um fenômeno ótico comum que qualquer um poderia ter”, disse ela. “Por exemplo, se você olhar para o céu ou ir de um quarto escuro para um quarto iluminado, pode haver todos os tipos de efeitos visuais. Nunca foi demonstrado que estes sintomas são maiores em pessoas que usam drogas psicodélicas em relação àqueles que não o fazem. “
É importante, disse Krebs, não confiar em anedotas, relatos de caso e perspectivas tendenciosas e para visualizar dados sobre o uso de psicodélicos do ponto de vista estatístico.
O que é bem documentada, porém, é que os psicodélicos provocam experiências espirituais e que os usuários relatam conseguir mais compreensão e aceitação de si mesmos.
Os autores citaram um recente estudo controlado e randomizado de psilocibina em que 67% dos participantes consideraram a experiência como um dos momentos pessoais mais significativos de suas vidas, e 64% relataram melhoria no bem-estar ou satisfação com a vida.
Psicodélicos provavelmente, não apenas não causam mal, mas parecem ser menos arriscados do que outras drogas e comportamentos. Na Holanda, onde os cogumelos psicodélicos são vendidos em lojas a qualquer pessoa maior de 18 anos, ambas as autoridades de saúde e policial relatam pouquíssimos problemas associados ao seu uso, disse Krebs.
“Os especialistas estimam que lá existe uma hospitalização ou ferimento grave a cada 100.000 porções de cogumelos consumidos a cada ano na Holanda”, disse Krebs.
MITO DO VÍCIO
Krebs salientou que os psicodélicos não são viciantes e não levam ao uso compulsivo ou dependência. “Esta é a incompreensão pública mais comum sobre psicodélicos”, disse ela. “As pessoas pensam que por serem substâncias controladas, devem ser viciantes, o que não é verdade.”
Nos Estados Unidos, drogas psicodélicas são classificadas com Nïvel I (Schedule I — ver nota do tradutor no final da matéria) pela Administração do Combate às Drogas (DEA, Drug Enforcement Administration em inglês). Essas substâncias são consideradas sem nenhum valor médico e com um alto potencial de abuso.
Mas este potencial de abuso é apenas um dos mitos que continuam a cercar drogas psicodélicas, disse Krebs. Ela destacou que “abuso” não é definido, e que de acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Drogas dos Estados Unidos, o LSD não é considerado uma droga que vicia, pois não produz o comportamento compulsivo em busca de drogas.
“E se você olhar para o texto norte-americano de 1970 da Lei de Substâncias Controladas [CSA, Controlled Substances Act em inglês], não diz nada sobre o vício / dependência.”
Uma cláusula do CSA permite que drogas sejam classificadas de qualquer maneira sem qualquer critério. “Isto foi o que aconteceu com MDMA/Ecstasy. Ele foi colocado como Nïvel I apesar de um juiz do DEA julgar que o MDMA deve ser Nível III (Schedule III) ou sem classificação”, explicou.
De acordo com Krebs, os médicos podem não estar cientes de que, segundo a Convenção de 1971 das Nações Unidas sobre Substâncias Psicotrópicas, é permitido o uso de drogas nível 1 não só para fins científicos, mas também para “fins médicos muito limitados. “Por exemplo, uma clínica licenciada na Suíça na década de 1990 forneceu LSD para mais de 100 pacientes, sem a execução de um estudo clínico formal. ”
Outro equívoco é que o uso de psicodélicos é raro. Estima-se que nos Estados Unidos, cerca de 1 em 6 adultos com menos de 65 anos usaram alguma droga psicodélica, de acordo com Krebs. As pesquisas sugerem que, assim como na década de 60, um número semelhante de pessoas tomam essas drogas nos dias de hoje, disse ela.
No entanto, outro mito que tem atormentado o campo de substâncias psicodélicas é a ideia de que há um risco maior de tentativas de suicídio e morte ou lesão sob o efeito de uma droga psicodélica, disse Krebs. “Com base em outros dados, sabemos que isso é extremamente raro.”
Parece haver um interesse renovado na utilização terapêutica de drogas psicodélicas. Krebs citou um estudo aberto no Novo México que descobriu que entre os nove pacientes dependentes de álcool que tomaram duas doses de psilocibina, o consumo de álcool foi reduzido à metade após 6 meses. Estas substâncias também estão sendo estudadas para determinar seu papel na cessação do tabagismo e dependência de cocaína.
Mas alguns no campo estão preocupados com a falta de apoio da indústria farmacêutica. As empresas farmacêuticas não estão muito interessadas em agentes com patentes que expiraram a muito tempo e que não são administrados diariamente.
Talvez por isso alguns pesquisadores se voltaram para o financiamento público para pagar a pesquisa psicodélica. No Reino Unido, esta tática está sendo usada para arrecadar dinheiro para um estudo de imagem cerebral com LSD. Kregs e seu co-pesquisador Johansen também estão realizando uma campanha de crowd-funding para ajudar a financiar sua pesquisa.
Embora o estudo atual não tenha encontrado uma associação estatisticamente significativa entre o uso de psicodélico e aumento da probabilidade de pensamentos, planos ou tentativas suicidas nos últimos 12 meses, um outro estudo recente fez.
Ambos os estudos usaram dados do NSDUH e abordaram questões muito semelhantes, mas o estudo anterior (Hendricks PS et al. J Psychopharmacol. Publicado on-line 13 de janeiro de 2015) incluiu cerca de 60.000 participantes e um ano adicional de análise.
“Nós encontramos um efeito estatisticamente significativo para redução de danos, e eles não o fizeram simplesmente porque tínhamos mais poder estatístico, pelo contrário, nossos odds ratios foram semelhantes e os nossos resultados são consistentes”, comentou o principal autor desse estudo anterior, Peter Hendricks, PhD, professor assistente do Departamento de Saúde Comportamental da Universidade de Alabama em Birmingham.
O Estudo do Dr. Hendricks focou principalmente no suicídio, ao passo que o estudo Krebs olhou para 11 resultados diferentes.
NOVA PESQUISA
Comentando o estudo para o Medscape Medical News, o Dr. Hendricks disse que era “muito bem feito” e “sólido”.
“Foi um estudo bem conduzido. Esta é a equipe de pesquisa que produziu algumas das pesquisas mais novas e rigorosas no passado”
Embora ele veja a onda de novas pesquisas com psicodélicos como um “renascimento”, ele acredita que poderia muito bem ser uma explosão de novas pesquisas se os fundos fossem mais prontamente disponíveis. No entanto, observou ele, isso significaria a remoção de drogas psicodélicas da classificação Nível 1 do DEA.
O aparente aumento recente dos financiamentos públicos para pesquisas sobre psicodélicos reforça o fato de que a obtenção de financiamento de pesquisa de “agências endinheiradas como o NIH” ainda é um desafio, disse o Dr. Hendricks.
Grande parte da pesquisa que foi financiada parece apontar para a utilidade das drogas psicodélicas no campo de dependência, disse o Dr. Hendricks. Ele acredita que, enquanto terapias medicamentosas como a reposição de nicotina tem como alvo mecanismos específicos, os psicodélicos focam nos processos de ordem superior. “Estamos oferecendo o que pensamos ser uma experiência espiritual significativa que pode fornecer um compromisso com a abstinência, a motivação para deixar que poderia funcionar independentemente da substância específica de abuso.”
Teri Suzanne Kregs é líder de conselho e Pal-Ørjan Johansen é um membro do conselho de EmmaSofia. Dr. Hendricks relata nenhuma relação financeira relevante.
J Psychopharmacol. Publicado on-line 05 de março de 2015. Texto completo.
Nota do Tradutor — Sistema de classificação de substâncias controladas em vigência nos EUA.
Nível/Schedule 1: substâncias com alto potencial de abuso; sem valor medicinal; sem níveis seguros para utilização com supervisão médica. São elas -> Maconha, DMT, LSD, MDMA, Psilocibina, Peyote, Mescalina, Heroína e outras.
Nível/Schedule 2: substâncias com alto potencial de abuso; possuem valor medicinal; seu abuso pode levar a dependência física e psíquica severas. São elas -> Cocaína, Anfetaminas, Oxicodona, Metadona, Ópio, Morfina e outras.
Nível/Schedule 3: substâncias com menor potencial viciante em comparação com as substâncias da Classificação 1 e 2; possui valor medicinal; seu abuso pode levar a dependência física leve à moderada e a dependência psíquica elevada. São elas -> Esteroides Anabolizantes, Ketamina, Marinol, Di-hidrocodeína e outras.
Nível/Schedule 4: substâncias com baixo potencial viciante em comparação com as substâncias da Classificação 3; possuí valor medicinal; seu abuso pode levar a dependência física e psíquica leve em comparação com as substâncias da Classificação 3. São elas as benzodiazepinas como Alprazolam, Clonazepam e Diazepam, análogos Benzodiazepínicos (Droga Z) como Zolpidem e Zopiclone e outras.
Texto postado originalmente em medscape.com em 12 de março de 2.015.
DMT é um psicodélico encontrado naturalmente da família da triptamina. Ele trabalha como um antagonista parcial para diversos receptores serotoninérgicos. o DMT tem uma alta afinidade com o receptor de serotonina 5-HT2A no cérebro onde ele imita os efeitos da serotonina (5-hydroxitriptamina, ou 5-HT). Sua presença é muito comum no reino das plantas e ocorre em quantidades de traço nos mamíferos (incluindo humanos) onde ele funciona como um neurotransmissor muito raro.
Ele trabalha como um psicodélico fumável de curta duração que gera uma viagem curta de somente cinco a dez minutos de duração. Apesar dessa curta duração, é ainda assim universalmente considerado por qualquer que o tenha experimentado em um ambiente positivo como uma das mais incríveis experiências que um ser humano poderia ter.
A experiência é vastamente diferente de tudo o que uma pessoa experimentou previamente, e as circunstâncias mais sóbrias possíveis nunca poderiam se assemelhar em termos de profundidade e intensidade.
O DMT é degradado pela enzima monoamina oxidase através de um processo chamado desaminação, e portanto é uma molécula inativa se tomada oralmente, a não ser que combinada como um um inibidor da monoamina oxidase (MAOI) tais como a harmalina ou um inibidor reversível da monoamina oxidase A (RIMA) como por exemplo a harmina. É assim que o DMT é ingerido tradicionalmente nas tribos sul-americanas, através de um chá conhecido como Ayahuasca, que possui uma análise completa aqui (em breve).
A experiência como DMT contém uma gama completa e complexa de efeitos que são baseados no potencial dos efeitos subjetivos, que podem ser encontrados aqui. A molécula agora será descrita e analisada.
Efeitos Físicos do DMT
Os efeitos físicos do LSD podem ser divididos em dois componentes, em que ambos são progressivamente intensificados proporcionalmente à dosagem. Eles estão descritos abaixo e geralmente incluem:
Sensações táteis espontâneas – Os efeitos corporais do DMT podem ser descritos como um brilho agradável, quente e macio. Ele mantém uma presença consistente que rapidamente aumenta e atinge seu limite uma vez que o pico é atingido. Ele é capaz de se tornar muito poderoso em dosagens altas e permanece por até meia hora uma vez que a viagem tenha acabado.
Mudanças na gravidade – Em dosagens altas, sensações de ser catapultado por longas distâncias e em velocidades aceleradas são muito comuns.
Efeitos Cognitivos do DMT
Os efeitos mentais do DMT podem ser descritos como extremamente sóbrios e claros em seu estilo, quando comparados com outros psicodélicos comumente usados como o LSD, psilocina ou até mesmo Ayahuasca. Ele contém uma quantidade limitada de efeitos cognitivos típicos.
Os efeitos mais proeminentes geralmente incluem:
Aprimoramento do estado mental atual
Remoção do filtro cultural
Sensações de fascinação, importância e despertar
Rejuvenescimento
Comunicação direta com o subconsciente
Supressão, perda e morte do ego
Estados de união de interconexão.
O DMT em sua forma fumável é talvez o psicodélico psicologicamente menos intoxicante. É devido à essa falta de intoxicação mental que muitas pessoas descrevem essa molécula não como uma viagem induzida por uma substância, mas uma experiência genuína que está realmente acontecendo com eles. É interessante notar que muitas pessoas reportam que o DMT contém menos insights pessoais em comparação com psicodélicos oralmente ativos como ayahuasca, LSD e psilocibina, devido aos seus efeitos de curta duração.
Efeitos Visuais do DMT
Aprimoramentos
O DMT apresenta uma gama completa de aprimoramentos visuais que geralmente incluem:
Aumento na acuidade visual
Aprimoramento das cores
Aprimoramento do reconhecimento de padrões.
Distorções
Em relação às alterações e distorções visuais, os efeitos experimentados são detalhados abaixo:
Efeitos de distorção (Derretimento, Respirar, Fundir e Fluir) – Em comparação com outros psicodélicos, esse efeitos pode ser descrito como altamente detalhado. As distorções são lentas e suaves em seu movimento, e estáticas na sua aparência.
Rastros
Imagens persistentes
Repetição de texturas
Mudança de cores
Divisão do cenário
Geometria
A geometria visual que é apresentada durante a viagem pode ser descrita como mais similar em aparência à psilocibina que o LSD. Ela pode se compreensivelmente descrita como estruturada em sua organização, orgânica em seu estilo geométrico, intrincada em sua complexidade, maior em tamanho, mais rápida e fluida em movimento, colorida no esquema, brilhante nas cores, proporcionais e com bordas afiadas e com cantos angulares e arredondados. Em dosagens elevadas, a geometria tende a ser significativamente mais semelhante ao resultado dos estados visuais 7B do que 7A.
A geometria presente no DMT fumável é com frequência considerada a geometria mais profunda, intrincada e complexa encontrada em toda a experiência psicodélica. Em comparação com o DMT oralmente ativo (ayahuasca), elas são mais digitais em sua aparência e contém um esquema de cores que é similar ao LSD, mas são estruturadas em um estilo semelhante à altas dosagens de psilocibina.
O DMT é o mesmo princípio ativo da Ayahuasca, um chá consumido por índios sul-americanos.
Estados Alucinatórios
O DMT produz uma série de estados alucinatórios elevados que são mais consistentes e reproduzíveis do que qualquer outro psicodélico conhecido. Esses efeitos incluem:
Alucinações externas
Alucinações internas – Esse efeito particular contém normalmente alucinações com cenários, ambientes, conceitos e contatos com entidades autônomas. Eles são mais comuns em ambientes escruos e podem ser descritos como internos em sua manifestação, lúcidos em sua credibilidade, interativos em seu estilo e quase exclusivamente de natureza religiosa, espiritual, mística ou transcendental.
Efeitos Auditivos do DMT
Os efeitos auditivos do DMT são comuns em sua ocorrência e exibem uma gama completa de efeitos que comumente incluem:
Aprimoramentos
Distorções
Alucinações
Estágios Progressivos do DMT
Agora que o básico de toda viagem foi discutido, nós podemos adentrar nos quatro diferentes estágios de uma experiência com DMT e explicar como elas são.
O Primeiro Estágio: A Decolagem
O primeiro passo de uma viagem com DMT é o aumento da intensidade dos efeitos, até o rompimento com a realidade. Isso é algo que parece ter pelo menos alguns diferentes meios de se apresentar para um viajante assim que ele começa a fumar o DMT.
A primeira coisa que o usuário nota é uma gama de aprimoramentos visuais extremamente distintos e mais notavelmente, um aumento na acuidade visual e intensidade das cores.
Isso é seguido por efeitos de geometria nível 3, os efeitos corporais incluem seu corpo ser agradavelmente dobrado em todas as direções ao mesmo tempo a partir do interior.
Esse fenômeno é geralmente acompanhado por um som crepitante e um tom extenso que aumente de volume e frequência proporcionalmente à intensidade dos efeitos visuais. Esse som é apenas um entre outros efeitos de “decolagem” experimentados.
Entre eles:
sensações de ser repentinamente empurrado através de uma membrana;
o ambiente em que você está se divide em dois deixando um abismo infinito escancarado, cheio de efeitos visuais de movimentação extremamente rápida, assim que você se separa de seu corpo.
Aumento da geométrica visual até o ponto em que ela se torna tão envolvente que nada do ambiente é reconhecido mais.
Isso acontece no espaço de 30 segundos a um minuto, e leva diretamente para o segundo estágio de uma viagem de DMT. Uma aproximação do som crepitante e do tom agudo pode ser escutada abaixo:
O Segundo Estágio: A Sala de Espera
Quase que imediatamente após um usuário ter fumado DMT suficiente para “decolar”, ele com frequência se encontra passando um breve período de tempo no que é descrito como uma “sala de espera psicodélica”, ou uma “tela de carregamento”. Essa sala pode ter qualquer forma, mas geralmente toma a forma de um túnel ou um espaço limitado tomado de geometria visual que dura aproximadamente 10-20 segundos e passa uma sensação distintivamente diferente do resto da viagem.
Essa sensação distinta leva a alguns usuários especularem que esse quarto, ou momento, é alguma forma de “carregamento” da viagem, e é durante esse momento que a viagem que você tem pela frente está sendo gerada e planejada.
O quarto de espera se constrói rápido mas imediatamente começa a desaparecer e se transformar no terceiro e mais importante estágio.
O Terceiro Estágio: O Outro Lado
Uma vez que o período de espera tenha acabado e a viagem tenha sido gerada, o usuário irá sentir que conseguiu passar para o “outro lado”. É aqui que literalmente qualquer coisa pode acontecer a você, mas apesar disso, a maioria das viagens parecem seguir alguns arquétipos e roteiros extremamente comuns que acontecem quase que universalmente com as pessoas que tenham experimentado DMT.
Esses geralmente consistem em visitar um realidade alternativa que é tão real que está melhor definida do que a vida real. Geralmente, isso se dá com entidades autônomas múltiplas que se apresentam diante de você. Essas entidades aparentam estar esperando por sua chegada, e não ficam impressionadas coma chegada do viajante em sua dimensão.
Elas imediatamente começam a recebê-lo e saudá-lo com braços abertos, passando um sentimento de profunda preocupação com o que precisa ser mostrado ao usuário no curto período de tempo até o final da trip.
Nesse ponto é muito comum que o viajante (a não ser que ele seja muito inexperiente) fique completamente fascinado pela natureza do que está acontecendo com eles apesar de se sentirem completamente sóbrios mentalmente, muitas vezes gritando de maravilhamento ao mesmo tempo em que as entidades lhe encorajam a ficar calmo, não cair no espanto e simplesmente tentar prestar atenção ao que está acontecendo. É aqui que eles começam a se comunicar com você usando uma variedade de diferentes métodos tais como manipular diretamente o que você pode ver e visualizar, transmitindo informações telepaticamente para você, utilizando uma linguagem visual de puro significado linguístico ou matemático, ou uma combinação dos dois. É através disso que eles ensinam a sua mensagem ou mostram o que eles querem para você.
O DMT tem profunda ação na psiquê humana.
Essa mensagem é com frequência algo pessoal para você ou algo que somente se aplica à lógica do universo em que ela foi ensinada, se tornando impossível aplicar o conhecimento em sua vida real. Essas entidades com frequência são oniscientes e podem tomar qualquer forma, mas algumas são de aparência comum a vários viajantes. Essas formas geralmente incluem humanóides extremamente inteligentes e sem corpo, alienígenas, elfos, insetóides, esferas gigante, seres de luz, plantas e máquinas robóticas complexas.
Com a mesma velocidade com que os efeitos começam, após alguns minutos eles começam a lhe deixar, no estágio final da viagem.
O Quarto Estágio: O Pouso
O estágio final é experimentado como a sensação de ser afastado cada vez mais do cenário em que você estava colocado, e as entidades com frequência acenam despedidas e o encorajam a voltar quando você tiver a chance.
Uma vez que esse efeito acaba, você acaba se encontrando imediatamente de volta na realidade com efeitos geométricos visuais fortes de nível 4 – 5. Isso é acompanhado por uma sensação de euforia incrível e uma admiração que satura todas as partes de seu corpo e mente. A geometria visual permanece por 1 – 15 minutos antes de desaparecer completamente, deixando efeitos corporais que permanecem por até uma hora. Esse afterglow é sentido como uma alegria quente, acompanhada de uma sensação de bem estar e claridade mental que pode permanecer por semanas após uma boa viagem.
Efeitos na Saúde, Potencial para Dependência e Tolerância
Similarmente a outras drogas psicodélicas, existem relativamente poucos efeitos colaterais físicos associados com a exposição adequada ao DMT. Vários estudos demonstraram que em doses razoáveis em um contexto cuidadoso, ele apresenta nenhuma consequência negativa, tanto em termos cognitivos, psiquiátricos ou tóxicos. Em ratos, a dose letal média (LD50) de MDT quando administrado intra venalmente é de 110 miligramas por quilo (mg/kg). Isso significa que 6,6 gramas de DMT puro deveriam ser fumados para que uma pessoa de 60 quilos atingisse a dosagem LD50 de 110mg/kg dos ratos. Isso é aproximadamente 110 vezes a dosagem usual de 60mg.
O DMT não é fisicamente viciante e muitos usuários apresentam uma auto-regulação para o uso da substância.
Em temos de tolerância, a do DMT fumado aumenta rapidamente, mas também decai rapidamente. Você deve esperar pelo menos uma hora entre as viagens para aguardar a diminuição da tolerância.
Equívocos
Antes de finalizarmos esse artigo, vamos apontar alguns equívocos e misticismos extremamente comuns que envolvem essa substância por toda a internet. Esses equívocos envolvem a crença de que o DMT é naturalmente produzido na glândula pineal e é rotineiramente liberado todas as noites quando sonhamos, no momento do nascimento e no momento da morte. Não existe nenhuma evidência científica conclusiva que ele é liberado durante os sonhos, nascimento e morte. Apesar disso, muitas pessoas na internet afirmam essas informações com frequência.
Essas ideias foram hipotetizadas pela primeira vez por Rick Strassman no livro DMT: A Molécula do Espírito e foram então popularizadas por Terence Mckenna e Joe Rogan.
Isso não é algo que o consenso científico apóia, mas como mencionado anteriormente, foi provado conclusivamente que traços de DMT foram encontrados no sangue, urina e fluido espinal cerebral de alguns mamíferos incluindo os humanos. o DMT também foi encontrado nas glândulas pineais de ratos, mas isso não significa que temos qualquer motivo para acreditar que essa substância é liberada durante o nascimento, morte e sonhos.
Parar a disseminação da pseudociência e desinformação na comunidade psicodélica é importante se quisermos que nossa posição seja levada com seriedade, então isso é algo que não deve ser tolerado.
Conclusão
As coisas experimentadas com essa substância são incríveis e completamente desafiadoras da lógica, e se um objeto simples pudesse de alguma maneira ser trazido ao mundo real daquelas realidades, nada seria o mesmo devido à possibilidade de esse objeto romper a realidade instantaneamente.
DMT é a substância que as pessoas estão procurando quando compram Salvia divinorum sem saber o que esperar. Ela é como que o pináculo da experiência psicodélica, e apesar disso, poucas pessosa fora da comunidade psicodélica já ouviram falar dessa substância. É dito que o DMT não é somente mais forte do que você supõe, mas mais estranho do que você possa supor.
Esse artigo está escrito com ênfase em psicodélicos, mas é relevante para qualquer experiência com qualquer substância. Ele é dedicado a providenciar um guia de instruções compreensivas nas variedades de fatores que devem ser considerados antes de ter uma experiência com substâncias psicoativas de uma maneira segura e responsável. Esses fatores individuais são listados abaixo:
Efeitos dos Psicodélicos
É importante saber com antecedência e de forma detalhada e compreensível, a duração, farmacologia, efeitos subjetivos e potenciais efeitos adversos que a substância ou a mistura de substâncias poderá induzir. Existem muitas fontes online para o aprendizado e referências em relação a esse aspecto do uso de psicodélicos. Se uma análise completa de sua substância específica foi escrita, você irá encontrá-la na Biblioteca de Substâncias. Você também pode pesquisar alguns relatos de viagens em fóruns e grupos na internet.
Se você já conhece os efeitos exatos da droga com antecedência, então você já sabe o que esperar. Isso é algo que reduz significativamente as chances de uma experiência negativa através da prevenção de circunstâncias não esperadas.
Dosagem dos Psicodélicos
Uma regra extremamente importante quando se trata de usar psicodélicos com responsabilidade é evitar ao máximo dosagens com as quais você não está familiarizado ou confortável. Um usuário sem experiência deve sempre começar com baixas dosagens com o objetivo de aumentar para dosagens maiores gradativamente, assim que ele se sentir confortável para tanto. Isso deve ser feito aumentando levemente a dosagem em cada experiência separada, e não dando passos grandes para o desconhecido. Agir dessa maneira permite que as pessoas tenham uma sensação da substância que elas estão utilizando em um setting controlado antes que elas mergulhem em estados mais profundos. Isso minimiza o risco acidental de uma experiência negativa enormemente, e embora guias de dosagens existam, todo mundo reage de uma maneira diferente para cada substância dependendo de sua tolerância pessoal e neuroquímica.
Setting
Esse com certeza é um ótimo setting 🙂
Escolher um local apropriado e seguro para uma pessoa ter a experiência com a substância é extremamente importante e lidera um grande fator em determinar o resultado da viagem. O melhor local para um usuário sem experiência é um ambiente familiar, seguro e abrigado que é completamente livre de alguns fatores que podem causar uma influência negativa direta. Esses fatores incluem:
Ter certeza que o usuário esteja completamente livre de responsabilidades durante a experiência e no dia seguinte, uma vez que a tarefa mais simples irá se tornar extremamente difícil e algumas vezes estressantes sob a influência de certas substâncias. O usuário deve estar relaxado e permanecer confortável, sem realizar nenhuma atividade que exige concentração. Isso inclui dirigir e operar maquinaria pesada por razões óbvias.
Evitar pessoas que são irrelevantes e que não devem estar presentes durante a experiência. Isso inclui pais que estão dormindo na mesma casa e amigos que não são de extrema confiança e compreensão. A mera presença de pessoas pode ser uma indutora de ansiedade para muitos indivíduos.
Evitar ambientes potencialmente perigosos, barulhentos, não familiares, e ambientes públicos. Essa medida é muito óbvia, porém com frequência ignorada. Você como um usuário não-experiente não deve estar sob a influência de substâncias alteradoras da mente em um centro urbano, festas ou em bares sob nenhuma circunstância.
Evite vibrações negativas de qualquer tipo. Isso pode parecer óbvio, mas não assista a filmes assustadores ou desagradáveis, e não escute música desagradável. Se vibrações negativas estão envolvendo a experiência, elas podem ser suprimidas mudando-se rapidamente o ambiente. Por exemplo, se alguém estiver com a luz apagada, levante-se e ligue as luzes, mude a música ou mova-se para uma área diferente e pensamentos negativos serão imediatamente reduzidos.
Uma vez que a pessoa tenha se tornado familiar com a sua substância de escolha e consciente de seus próprios limites, cabe inteiramente a ela como indivíduo decidir se elas estarão confortáveis viajando em ambientes mais recreativos como a natureza, encontros sociais, festar, raves, etc. O usuário sem experiência, entretanto, deve sempre procurar um quarto seguro e confortável, em sua própria casa ou na de amigos. A experiência deve ser privada, com músicas calmas, assentos confortáveis e comida/água disponíveis.
Estado da Mente
Um dos fatores mais importantes para serem considerados como um usuário inexperiente é o seu estado de mente atual. Muitos psicodélicos aumentam o estado mental, emoções e perspectiva geral do mundo do indivíduo, de formas que muitas vezes podem ir em uma direção positiva e eufórica, ou em uma direção negativa, terrível e cheia de ansiedade. É por causa disso que muitas substâncias não devem ser utilizadas pelo usuário sem experiência durante períodos estressantes ou negativos de sua vida, e os eles devem estar completamente conscientes dos meios em que psicodélicos e outras drogas, particularmente alucinógenos, consistentemente forçam a pessoa a encarar e lidar com os problemas introspectivos pessoas com os quais todos os seres humanos são atormentados.
Durante a experiência em si o usuário deve deixar ir e permitir que os efeitos tenham o controle. O usuário deve tomar o assento metafórico do passageiro, e nunca tentar controlar qualquer parte da experiência. É extremamente importante que as pessoas simplesmente relaxem e absorvam as coisas na medida em que surgem. O usuário deve entender que o ato de viajar é com frequência inefável e incompreensível em dosagens elevadas, o que significa que a aceitação de não ser capaz de entender o cenário completo do que está acontecendo deve estar presente todo o tempo. Deve-se abraçar o fato que os processos de pensamento, embora mais perspicazes em locais físicos, serão sempre prejudicados, juntamente com o controle motor, habilidades de conversação e funcionamento geral. Isso é algo que o usuário deve visualizar como normal e não se sentir auto-consciente ou inseguro na presença de outros.
Acompanhantes das viagens
A presença de um acompanhante sóbrio e responsável é fortemente recomendada quando um indivíduo inexperiente ou um grupo de indivíduos inexperientes experimentam com um psicodélico não-familiar. É responsabilidade dessa pessoa auxiliar o indivíduo ou o grupo mantendo um estado mental racional e responsável. Isso deve ser feito simplesmente assistindo os viajantes e calmamente os tranquilizando se eles experimentarem qualquer ansiedade ou estresse, ao mesmo tempo em que eles são prevenidos de acidentes ou ferimentos. Muitas vezes, acompanhar usuários de psicodélicos se assemelha muito a cuidar de crianças como uma babá, pois é uma responsabilidade que deve ser levada com a mesma seriedade.
Um bom acompanhante de viagens deve estar seguro de uma série de coisas durante a experiência. Eles devem permanecer sóbrios e devem ser capazes de simpatizar com a situação dos membros do grupo através de experiências pessoais com o psicodélico, substâncias similares ou pelo menos muita pesquisa sobre seus efeitos. É importante entender que quando uma pessoa está viajando, ela muitas vezes não poderá se comunicar como geralmente fazem. Além disso, o equilíbrio e localização espacial podem estar prejudicados, então dar assistência na realização de tarefas físicas pode reduzir a ansiedade.
Uma vez que o indivíduo tenha se familiarizado com a experiência, cabe a ele decidir se se sente confortável o suficiente para viajar sem a presença do acompanhante.
Âncoras
Algumas âncoras são visíveis em torno de Terence Mckenna. Âncoras são objetos ancestrais na cultura dos psicodélicos.
Uma âncora, no contexto do uso de alucinógenos pode ser definida como uma atividade ou objeto físico que mantêm o indivíduo conectado à realidade durante momentos de alta supressão e distorção do senso de tempo, espaço, linguagem, ego e memórias de curto/longo prazo. Em dosagens mais elevadas, isso pode resultar em extrema desorientação e confusão. Âncoras são geralmente usadas para evitar esse fenômeno e manter o conceito de “situação real” , ou seja, mostrar para o viajante que ele está em outra realidade. Alguns exemplos de âncoras incluem:
Música familiar e animadora.
Um objeto ou gravura extremamente pessoal.
Repetição contínua de uma palavra ou som como um mantra.
Escrever um lembrete legível em um pedaço largo de papel e deixá-lo perto do campo de visão durante a viagem. Lembretes comuns incluem o nome da substância juntamente com a sua dosagem e frases como “Você está apenas viajando”. O mesmo princípio pode ser usado para escrever no corpo ao invés de pedaços de papel.
Um item da vestimenta ou acessório que somente é utilizado durante as viagens psicodélicas, e portanto está associado com o ato de viajar.
Tolerância e abuso
Se uma pessoa for utilizar um psicodélico responsavelmente, a frequência que ele utiliza deve ser monitorada com atenção, embora muitos dos psicodélicos clássicos são fisicamente benignos independentemente da frequência de uso, por que vêm com uma tolerância embutida que previne o uso mais frequente que uma vez por semana. Porém, isso não ocorre com todos os alucinógenos, delirantes e dissociativos e alguns psicodélicos podem vir com efeitos adversos na saúde. Esses psicodélicos por sua vez devem ser individualmente pesquisados antes do consumo. Sem mencionar que qualquer psicodélico pode causar problemas na saúde psicológica do indivíduo se usado com frequência. Lembre que o uso de substâncias se torna um vício quando os efeitos negativos começam a ofuscar os positivos, mas mesmo assim o usuário continua a utilizá-la.
É importante notar que o indivíduo deve prestar mais atenção em não somente ter a certeza que as drogas não fiquem no caminho de suas responsabilidades. O abuso de substâncias pode ser evitado entendendo que a vide não deve ser composta por um único interesse. Se a vida de uma pessoa se torna exclusivamente dedicada para qualquer coisa, incluindo drogas e tudo o mais, ela começa a se tornar sem sentido. O objetivo é se manter interessado nessas substâncias ao mesmo tempo garantindo que hobbies e interesses sejam ampliados para outras áreas, tais como a pessoal, intelectual e criativa. As drogas devem ser auxiliadoras na apreciação das coisas que já existem na vida, e não substituir as coisas que existem na vida.
Conclusão
Em resumo, uma consideração cuidadosa deve ser tomada antes de ingerir qualquer tipo de psicodélico. Seguindo essas instruções simples minimiza os riscos de uma forma efetiva, permitindo que as pessoas viajem responsavelmente e com pouca sensação de medo.
Estamos atualmente experimentando uma renascença na pesquisa psicodélica, enquanto Michael Pollan escreveu em seu recente artigo no The New Yorker.. Substâncias alucinógenas, como psilocibina podem de fato ser usadas para tratar uma variedade de desordens de saúde mental, da ansiedade e o vício à depressão, e os pesquisadores das principais escolas médicas dos Estados Unidos querem descobrir todo o seu potencial terapêutico.
A Psilocibina está no grupo das drogas classificadas como “psicodélicos clássicos”, que também inclui LSD, Mescalina e DMT, e foram designadas substâncias proibidas desde que Nixon assinou o Ato de controle de Substâncias em 1971. Essa classificação (que definia a droga como tendo alto potencial de abuso e nenhum uso médico aceitável) tornou os psicodélicos muito difíceis de serem estudados em laboratório.
Mas nos últimos anos temos testemunhado uma enxurrada de novas pesquisas neste campo, a começar por um estudo de referência, por Roland Griffiths, um psicofarmacologista da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. Em seu estudo, voluntários a quem foram administradas doses de psilocibina, sob uma estrita supervisão dos terapeutas, relataram experiências transformadoras, e melhoras de longo prazo no bem estar pessoal, satisfação com a vida e mudança positiva nos comportamentos. Dois terços dos participantes disseram que a sessão foi uma das “mais espiritualmente significantes experiências de suas vidas”. O trabalho de Griffiths, inspirou muitos outros experimentos, incluindo um estudo em curso na Universidade de Nova York, onde pacientes em estágio avançado de câncer passam por uma sessão terapêutica com psilocibina para ajudá-los a lidar com a ansiedade de fim de vida.
Em uma entrevista por telefone, Eu falei com Peter Hendricks, um professor da Universidade do Alabama na Escola Birmingham de Saúde Pública, sobre os entusiasmantes avanços acontecendo no campo. Em janeiro passado, Hendricks e seus colaboradores publicaram um estudo na Psychopharmacology sobre a associação do uso de psicodélicos clássicos e uma redução nas tensões psicológicas e tendências suicidas na população americana adulta. Hendricks compartilhou sua visão sobre a falta de fundamentação científica para a nossa lei de drogas, as peculiares ansiedades sociais provocadas pelos alucinógenos, e porque um novo mundo da pesquisa psicodélica está apenas começando.
Allegra Kirkland: Como Você ficou interessado em pesquisar os efeitos dos psicodélicos na saúde mental e bem-estar das pessoas?
Peter Hendricks: Minha base é na psicologia clínica, com foco no vício. Para as pessoas que trabalham no campo da saúde mental, existe uma motivação em ajudar os outros. Muitos de nós gostaríamos de ver estes problemas que tentamos desvendar desaparecerem por completo. Eu sei que pode soar muito otimista, mas com isso em mente, não é difícil ver porque as taxas de sucesso dos tratamentos existentes são tão desapontantes. A gama de intervenções que temos neste momento para tudo de depressão à vício não está ainda como gostaríamos que estivesse. Então estamos buscando melhorar o que já existe.
Quanto ao porquê de estudar psicodélicos, é uma uma história um tanto interessante. Quando eu era um pós-doc em 2006, publiquei minha dissertação em um jornal chamado Psychopharmacology. Eles me enviaram uma cópia complementar dessa publicação para que eu pudesse ver o meu artigo na impressão, e eu estava tão animado para vê-lo no dia em que chegou ao meu escritório. Mas o artigo que eu abri era, na verdade a peça fundamental do professor Johns Hopkins, Roland Griffiths, na pesquisa psicodélica.
AK: Michael Pollan descreve no New Yorker que pareceu que o artigo de Griffiths realmente marcou uma virada na aceitação pela comunidade científica da pesquisa psicodélica. Você concorda com isso?
PH: Concordo absolutamente. Foi grande. Eu nasci em 1976 então vivi por dento a guerra às drogas e, certamente, a campanha “Just Say No” dos anos 80. Como muitas pessoas, eu sempre assumi que informaçã que me era dada era precisa. Eu tinha todas as razões para acreditar e confiar no governo e em seus fundamentos para a proibição das drogas. Até aquele momento, eu pensava que alucinógenos eram perigosos, e que as razões para enquadrá-las nas “Substâncias de Categoria I” eram válidas. Mas quando eu li o estudo de Roland, foi um divisor de águas para mim. Não apenas mudou meu entendimento dos psicodélicos, como me encorajou a me aprofundar nas leis de drogas e nas razões por trás delas.. No curso de um ano ou dois, eu percebi que existe de fato um enorme potencial curativo nessas substâncias e o funamento legal para sua proibição é muito pobre.
Ainda assim, como um psicólogo, eu teria cuidado a não menosprezar aqueles que estão tendo dificuldade em entender a minha posição. Há um grande professor de Nova York chamado Jonathan Haidt, que estuda os fundamentos morais de conservadores e liberais e deu uma incrível palestra no TED sobre isso. Ele dizia que os liberais em geral, querem ver a mudança da sociedade e ir para a frente. Conservadores normalmente gostam que as coisas fiquem como estão. Ele enxerga essas duas forças como yin e yang; elas se complementam. Se todo mundo fosse um progressista, ele argumenta, a sociedade iria mudar muito rapidamente e poderia, no pior dos casos, mergulhar na anarquia. Por outro lado, se nós nunca mudarmos, então nunca vai evoluir: nós nunca veríamos os avanços em direitos humanos que temos visto ao longo dos últimos cem anos. Então, a mudança é boa. Mas eu consigo entender como uma mudança muito rápida pode ser um conceito assustador.
AK: Continue !
PH:Eu acho que no final dos anos 60, havia algumas mudanças bastante dramáticas ocorrendo. Eu não acho que as pessoas da minha idade conseguem realmente apreciar o quão monumentais algumas delas foram. O show do Elvis onde ele estava balançando os quadris foi considerado extremamente controverso e selvagem. E em apenas alguns anos, vimos hippies barbudos de cabelos compridos, queimando os seus cartões de pagamento e vivendo em comunas. Tivemos músicas de formas que nunca ouvimos antes, como o Grateful Dead e suas jam sessions de 45 minutos e as incríveis inovações de Jimi Hendrix. Acho que o LSD e os outros psicodélicos estavam sendo em boa parte o combustível dessa mudança. E numa posição de compreensão, eu posso ver como para um monte de gente, essas alterações foram assustadoras ou esmagadoras…. A razão médica ou científica para classificar essas drogas como Categoria I não estavam lá. Mas eu posso entender como as pessoas pensavam que era a melhor coisa para o nosso país.
AK: Você acha que em alguma parte o motivo das pessoas estarem mais abertas a este tipo de pesquisa agora é porque testemunhamos o fracasso da guerra às drogas e por percebermos que as pessoas vão usá-las sejam elas ilegais ou não? Isso é uma mudança cultural, que estamos enxergamos de forma mais natural a realidade do uso de drogas?
PH: Eu acho que a ciência e a cobertura midiática associada estão cumprindo um papel. Eu estive entre aqueles que achavam que sim, alucinógenos deveriam ser substâncias proibidas; sim, elas são drogas perigosas; não, não existem aplicações terapêuticas para elas. Eu acreditava nisso até que eu vi a ciência, até que eu vi que o estudo de Griffiths, em 2006, e os estudos que se seguiram, incluindo o estudo da UCLA sobre aliviar a ansiedade de fim de vida em pacientes com câncer avançado. As informações mostram que essas drogas podem ser muito terapêuticas e podem ocasionar talvez as experiências mais significativas na vida de um indivíduo. Por que nós não queremos olhar para como elas podem nos ajudar a fazer o que fazemos melhor? Por que nós não queremos usar estas substâncias para ajudar a aliviar o sofrimento humano? Eu não posso pensar em uma boa razão, especialmente quando você dar uma olhada nos dados. Os psicodélicos podem ser administrados com muita segurança nestas configurações controladas e levar a alguns resultados terapêuticos muito impressionantes.
AK: Seus colegas da universidade estão a bordo de suas ideias ou você precisa empurrá-las para serem aprovadas?
PH: Tem uma variedade de reações, mas eu acho que a maior parte dos meus colegas apoiam. Alguns são mais céticos, mas eu compreendo porque eu mesmo sempre fui cético.
AK: Toda essa pesquisa é bastante nova e as amostras ainda são pequenas. Então, mesmo sendo um tema excitante, tenho certeza que as pessoas tem suas reservas.
PH: Com certeza. E novamente, eu acho que a maioria de nós tínhamos todas as razões para acreditar que as leis sobre drogas eram baseadas em fundamentação científica sólida, que havia razão por trás disso. Eu estive entre os que acreditavam que havia motivos para manter estas drogas ilegais., há 10 anos atrás. Mas eu acho que a maioria dos meus colegas está se abrindo para ouvir os argumentos, para olhar para os novos estudos sendo realizados. Como cientistas, soms treinados para sermos céticos. Eu sempre espero que meus colegas sejam assim. Mas também somos treinados a sermos abertos a novas ideias, a ir onde a informação nos leva. Eu acho que neste caso a informação está nos levando persuasivamente em uma direção.
O comentário mais cínico que já recebi foi: Porque você buscaria uma área de pesquisa, que não tem financiamento federal? Esse é um comentário comum q eu recebo sobre a natureza e o foco das nossas posições. Eu entendo a preocupação. … Mas eu acho que há um sentimento entre as pessoas que fazem esta linha de trabalho que esta poderia ser a tal “mudança de jogo”, que nós devemos isso a nós mesmos, â humanidade, perseguir este tipo de trabalho com ou sem financiamento federal. … Obviamente que gostaríamos de ver o financiamento no futuro, porque é conveniente para executar o tipo de estudos de grande escala necessárias para determinar a eficácia dessas substâncias. Mas eu acho que para muitos de nós este é um trabalho de amor, e vamos prosseguir este trabalho com ou sem financiamento.
AK: Eu ia perguntar se você acha que Instituto Nacional da Saúde Mental irá algum dia financiar a pesquisa psicodélica. Você acha?
PH: Você sabe, eu certamente espero que sim e acho que há informação demais para ser ignorada por muito tempo. Ciência é um processo cumulativo e se com o passar do tempo, um estudo parece prover um padrão de resultados, ele ganha peso. Meu amigo e colega Matt Johnson acabou de conduzir um estudo de psilocibina para o abandono do cigarro e 80% dos participantes pararam de fumar! Ninguém fala disso! Não havia condição de controle neste estudo, mas mesmo assim, eu nunca ouvi falar em nenhuma intervenção que reportasse 80% de abstinência, depois de um acompanhamento de 6 meses. Há ainda alguns estudos que eu publiquei que são mais naturalistas, utilizando grandes amostras.
AK: Pode me contar mais sobre o estudo que você publicou em Janeiro sobre psicodélicos e a redução de tensões psicológicas e tendências suicidas.
PH: Todos os anos, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos realiza a Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde. Um de seus funcionários vai bater à sua porta, perguntar se você quer participar, e se você disser que sim, você iria responder a perguntas em um computador que lhe será entregue. A pesquisa lhe pergunta sobre o uso de drogas atual, histórico de uso de drogas e uma série de questões relativas à saúde mental. Meu interesse era saber se havia ou não uma relação entre o uso ou não de um psicodélico clássico e as tendências suicidas. Com esses tipos de conjuntos de dados que estão disponíveis para o público, você tem que trabalhar com o que lhe dão. Eu não projetava os parâmetros do estudo e não havia um enorme número de perguntas sobre o uso dos psicodélicos. … Em todo o caso, queríamos ver se havia uma relação já ter utilizado um psicodélico e o sofrimento psicológico e pensamentos ou comportamento suicida.
A idéia aqui é que a experiência mística desencadeada pelos psicodelicos pode ser fator de mudança de vida ou de transformação. Você pode usar essas substâncias apenas uma vez e experimentar o que um dos meus psicólogos favoritos William Miller chama de “mudança quântica”: a idéia de que alguém pode mudar muito de repente, muito dramaticamente e de forma permanente. Então a pergunta é: poderia apenas uma experiência com essas subtâncias colocá-lo no caminho para uma melhor saúde mental?
AK: Então essa é uma característica especial dos psicodélicos em comparação à outras drogas? Nada mais tem esse efeito transformador nas pessoas?
PH: O meu melhor conhecimento indica que isso é correto. É uma característica particular dos psicodélicos, principalmente dos psicodélicos clássicos, promover esses tipos de experiência. Existem exemplos dessas experiências místicas transformadoras por todas as grandes religiões do mundo e na ficção… A metafísica disto está além da minha capacidade de comentar, mas sabemos que essas experiências de transformação acontece organicamente nas pessoas. E temos uma classe de substâncias que podem ocasionar este tipo de experiência em uma boa porcentagem daqueles que as utilizam… O que encontramos em nosso estudo é que aqueles que utilizaram psicodélicos estavam menos propensos a reportar tensões psicológicas, durante 1 mês e menos propensos a reportar pensamentos e tentativas suicidas por 1 ano.
AK: O artigo do New Yorker pintou uma imagem que existiria uma vasta diferença entre uma sessão psicodélica acompanhada por um doutor em um ambiente controlado e seguro, e alguém que tomasse um psicodélico para uma experiência recreativa. Que em ultimo caso, haveria muito mais espaço para coisas darem errado – seja ansiedade, seja essas experiências místicas não ocorrerem. O que você tem a dizer sobre isso?
PH:Isso é um ponto muito bom para trazer. Pesquisar essas substâncias não é fácil. Isso pode acontecer, e eu achei a FDA e todas as outras agências do governo que eu trabalhei muito agradáveis e prestativas. Mas ainda há um monte de burocracia envolvida, como você pode imaginar. Portanto, para aqueles de nós que estão interessados em explorar essas substâncias, estudos de levantamento na população permitem-nos um meio de levantar dados na ausência de realmente ser capaz de administrar a substância para as pessoas em um laboratório. … Além disso, embora eu ache que esses estudos laboratoriais são fantásticos e elegantes, e Ronald Griffiths é um cientista magistral, elas envolvem um pequeno número de participantes. Porque as condições são muito bem controladas, pode-se sempre fazer a crítica de que esse tipo de relacionamento só vai ser visto entre um seleto grupo de indivíduos em um ambiente muito “artificial”. … Então eu acho que olhar para esses diferentes tipos de abordagens em conjunto é fundamental.
Novamente, a ciência é cumulativa e nenhum estudo será perfeito. Mas eles todos se complementam de uma forma ou de outra. No caso de nosso estudo de levantamento, tínhamos uma amostra muito grande, quase 200,000 pessoas, e estávamos olhando para o uso naturalista em condições não laboratoriais. A questão é, o uso d epsicodélicos tem efeito benéfico nessas situações? I argumentaria que sim, ainda que o benefício seja certamente maior em contextos cuidadosamente controlados.
AK: Você ou seus colegas tem planos de fazer testes clínicos num futuro próximo?
PH: Com certeza temos! Estou realmente empolgado com isso. Estaremos investigando a eficácia da psicoterapia facilitada pela psilocibina, para a dependência de cocaína, aqui meso no Alabama… Eu ainda não tenho falado disso porque quero esperar até estarmos recrutando pessoas.
AK: Alguma consideração final que você queira compartilhar sobre a pesquisa psicodélica como área de estudo?
PH: Eu acho que uma parte fundamental do que estamos tentando fazer é mudar a opinião pública. É importante que as pessoas saibam que aqueles de nós que estão trabalhando nesta área são cientistas desapaixonados que estão tentando estudar este fenômeno de forma objetiva. … Nós não estamos interessados na legalização ou utilização generalizada.
Se você realmente pensar sobre isso, não há nada provocativo sobre o que estamos fazendo. Nós somos cientistas clínicos que gostariam de ver as intervenções que temos serem mais eficazes. Nós gostaríamos de ver um alívio do sofrimento humano, e os dados científicos sugerem que estas substâncias podem ser muito eficazes a este respeito. É simples assim. Estamos apenas seguindo uma linha de trabalho que pode fazer uma diferença real em termos de dor que as pessoas têm de suportar. Espero que todos concordem com a gente, a este respeito, certo? Estamos tentando fazer do mundo um lugar melhor.
Traduzido do original de Robin Rymarczuk, em erowid.org
No início dos anos sessenta, uma série de investigações clínicas controversas foram publicadas envolvendo a administração de LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico) para crianças pequenas diagnosticadas com formas graves de autismo ou esquizofrenia de início na infância (COS em inglês), que eram então consideradas intimamente relacionadas [1]. O motivo para a realização de estudos com crianças pequenas foi a semelhança entre o autismo e o suposto COS. Seguindo na direção dos resultados aparentes de estudos realizados com pacientes adultos catatônicos e mudos, tratados com LSD-25 por Cholden, Kurland, e Savage (1955), as hipóteses foram construídas para pesquisar uma possível utilidade terapêutica. “O objetivo desses esforços terapêuticos”, como disse Bender em um artigo publicado em Avanços Recentes em Psiquiatria Biológica (1962), “tem sido a de modificar a sintomatologia secundária associada ao comportamento deficiente, regressivo e perturbado de crianças”. A maior parte das crianças tratadas com LSD nestes estudos tinham entre seis e dez anos de idade e eram completamente indiferentes a todas as outras formas de tratamento. O fato de que as crianças não poderiam ser tratadas por outros meios serviu, em parte, para a justificação da utilização de uma poderosa substância psicoativa em experiências infantis. Certamente esta decisão teria sido criticada pela comissão ética hoje.
A intervenção farmacológica por meio do LSD era na intenção de dito para “cutucar a maturação atrasada” (Bender, 1962) em um padrão de desenvolvimento (relativamente) normal. Como exatamente a administração de LSD iria realizar a “libertação das mentes aprisionadas” ainda era desconhecido (Mogar & Aldrich, 1969). Do LSD era esperado o seu sucesso em “romper os bloqueios do autista” (Bender, 1963), e desta forma ser excepcionalmente útil em “áreas que estão intimamente relacionados com o processo de psicoterapia” (Simmons et al., 1966). Alguns acreditavam que o LSD era especialmente útil para ajudar os pacientes a “desbloquear” o material subconsciente reprimido através de outros métodos psicoterapêuticos (Cohen, 1959). Terapeutas tomaram LSD para estabelecer uma conexão com a experiência de esquizofrenia. “Durante a fase de”modelo de psicose” da pesquisa LSD quando o estado psicodélico foi considerado uma ‘esquizofrenia’ quimicamente induzida”, diz o pesquisador pioneiro do LSD Stanislav Grof (1980), “sessões de LSD foram recomendados como viagens reversíveis para o mundo experiencial de psicóticos que tiveram um significado didático exclusivo “.
Alguns pesquisadores, como Freedman et al. (1963), estudavam o LSD por suas supostas propriedades psicotomiméticas, significando que a droga imitasse os sintomas de psicose, incluindo delírios e/ou delusões, ao contrário de apenas alucinações (Sewell et al., 2009). Uma exacerbação dos sintomas “típicos” significava uma oportunidade para estudar a condição esquizofrênica (em crianças). Outros pesquisadores (Bender et al, 1963;.. Rolo, et al, 1965), consideravam o mecanismo neurológico por trás do efeito de LSD, que na época ainda eram muito obscuro, como mais importante do que seu papel de facilitador do processo terapêutico. Por exemplo, o LSD atraiu interesse teórico como um inibidor da serotonina e um estimulante do sistema nervoso autônomo. Bender et al. (1963) concluiu que “LSD-25 administrado diariamente em doses orais de 100 mcg [2] para crianças (na pré puberdade) autistas esquizofrênicos parecia ser um estimulante eficaz do sistema nervoso autônomo e central”, e que essas mudanças “pareciam ser crônicas com administração contínua da substância”. A administração contínua consistia na administração diária ao longo de períodos prolongados de tempo, variando de dias a várias semanas. Os efeitos mais persistentes da terapia com LSD-25 que foram publicados incluíam comportamento de melhora na fala, o aumento da capacidade de resposta emocional, o humor positivo (risos), e uma diminuição de compulsões.
OS VELHOS RESULTADOS ESTÃO, EM MAIOR PARTE, INVÁLIDOS
Mas, infelizmente, por mais interessante e atraente que estes resultados pareciam ser – a evidência não colou. Estudos atuais sobre a relação de LSD e autismo não estão sendo realizados e os resultados antigos que foram produzidos são considerados como altamente controversos, se não são completamente repudiados. Isso foi em parte porque, em retrospecto, os estudos eram muito falhos. Os pesquisadores pareciam querer se livrar da controvérsia conceitual muito rapidamente, escolhendo “não lidar com as questões polêmicas relativas às definições e fatores etiológicos da esquizofrenia infantil (1) ou o padrão de reação autista (2)” (Bender et al., 1962). O debate sobre o lugar correto do diagnóstico de autismo (infantil) no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) continua a ser problemático até o dia de hoje (DSM-V), mas o autismo tem saído debaixo do guarda-chuva da esquizofrenia. Embora ambos os transtornos compartilhem características clínicas, psicólogos e psiquiatras consideram o autismo como uma entidade separada da esquizofrenia. E porque LSD fora usado como uma droga para “intensificar a pré-existente sintomatologia” da esquizofrenia (Bender et al., 1962), um destacamento conceitual de autismo teria perturbado o fundamento dos resultados. Mesmo que os investigadores tivessem escolhido ‘lidar com a controvérsia “, em retrospectiva, a amostragem teria sido ainda mais problemática. As crianças tratadas eram demograficamente variadas e de ampla faixa etária. Uma significância conflitante é dada à relação entre a idade e a resposta à substância, mas Bender observou que “em contraste com pré-adolescentes, crianças mais jovens manifestaram consistentemente diferentes reações” (1962). Em contraste, Fisher e Castela concluiram que “as crianças mais velhas eram melhores candidatos para terapia psicodélica, pois a comunicação verbal era possível e também porque elas tendiam a ser menos “afastados”, mais esquizofrênicos que autistas, e a exibir sintomatologia mais flagrante” (Mogar & Aldrich, 1969) . Além da idade, também os sintomas das crianças tratadas foram heterogêneos e não foram corrigidos severamente. Não houve randomização, e a maioria dos estudos sofria de frequência de administração e dosagem flutuante. Por último, o “set & setting” dos experimentos variaram muito.
APESAR DAS FALHAS DE PESQUISA, ALGUMA UTILIDADE PODE EXISTIR
Embora os estudos realizados na década de sessenta tivessem grandes falhas a partir de um ponto de vista experimental e, portanto, não resistem a uma análise científica, Mogar e Aldrich argumentam, em um artigo publicado na Neuropsiquiatria Comportamental (1969) que os resultados considerados como um todo apontam para uma utilitade em administrar LSD para crianças autistas. “O significado dos resultados aparentemente contraditórios”, dizem Mogar e Aldrich, “tem sido muitas vezes obscurecidos pela busca persistente por reações estáticas específicas sobre LSD”. Este é um ponto interessante; apesar de os resultados não indicarem significância num sentido experimental, poderá haver ainda uma utilidade terapêutica. Mogar e Aldrich relatam que o maior benefício terapêutico estaria relacionada ao “(A) o grau de envolvimento ativo do terapeuta com o paciente; (B) a oportunidade de experimentar objetos significativos e atividades interpessoais, e (C) as configurações adequadas que eram razoavelmente livres de artificialidade, restrições experimentais ou médicas e procedimentos administrados mecanicamente “(1969). Na prática, a terapia clínica está geralmente muito longe de teoria. Poderia ser que, testar LSD, sendo ele próprio uma droga altamente imprevisível, em combinação com a terapia dinâmica é algo muito difícil de substanciar. Mogar e Aldrich concluiram que “a administração de LSD está intrinsecamente inserida em um processo psicossocial maior, que deve ser otimizado de acordo com determinados objetivos do tratamento”.
NOVOS ESTUDOS USAM MDMA EM AUTISTAS ADULTOS
Considerando o recente crescimento do interesse nessa área de pesquisa, estes estudos mais antigos e bastante obscuros merecem ser escavados a partir da literatura da pesquisa psicodélica. Pesquisadores da LA BioMed (Los Angeles Biomedical Research Institute) estão agora construindo um estudo dito para testar a relação terapêutica anedótica já estabelecida entre MDMA (3,4-metilenodioxi-N-metilamfetamina) e de ansiedade social em adultos autistas. Em contraste com muitos dos pesquisadores oldschool do LSD, esses pesquisadores não estão à procura de uma “cura”, mas procuraram desenvolver uma terapia psicodélica-assistida para reduzir a ansiedade social, auxiliar de uma abordagem de tratamento mais amplo. Ansiedade social reduzida é um dos efeitos mais pronunciados que a população geral de usuários de MDMA relatam e, estes resultados sugerem que ele pode ser extrapolados para os autistas. O estudo é o mais recente de um programa de expansão de pesquisas sobre o uso terapêutico do MDMA financiado pela Associação Multidisciplinar (sem fins lucrativos) para o Estudo de Psicodélicos (MAPS). “Este novo estudo vai nos dar uma chance”, diz Charles Grob principal pesquisador da LA BioMed (2014) “, de determinar os efeitos reais de doses de medicação que sabemos com certeza ser puro MDMA em adultos sob o espectro do autismo. Se os resultados do presente estudo ganharem uma investigação mais aprofundada, os dados poderão ser utilizados para projetar ensaios clínicos adicionais “. Agora que as limitações para investigação sobre a experiência psicodélica e seus efeitos terapêuticos estão sendo removidos e o LSD é mais uma vez um objeto de estudo, estes resultados publicados anteriormente poderiam servir para a produção de novas hipóteses para investigar a terapia psicodélica-assistida.
Postado originalmente por Danyel em 28 de fevereiro, 2015
Notas
(Abramson, 1960; Bender, et al., 1962; Bender, et al., 1963; Fisher & Castile, 1963; Freedman, et al., 1962; Rolo, et al., 1965; Simmons, et al., 1966).
A common psychedelic dosage of LSD ranges from 100 to 200 mcg, a strong dose being 200 to 600 mcg.
Referências
Abramson, H.A. (Ed.) (1960). The Use of LSD in Psychotherapy. New York: Josiah Macy Foundation.
Bender L, Faretra G, Cobrinik L. (1963). LSD and UM-L treatment of hospitalized disturbed children. Recent Advances in Biological Psychiatry, 5, 84-92.
Bender L, Goldschmidt L, Sankar SDV. (1962). Treatment of autistic schizophrenic children with LSD-25 and UML-491. Recent Advances in Biological Psychiatry, 4, 170-177.
Cholden L, Kurland A, Savage C. (1955). Clinical reactions and tolerance to LSD in chronic schizophrenia. Journal of Nervous and Mental Disease, 122, 211-216.
Cohen S, Eisner BG. (1959). Use of lysergic acid diethylamide in a psychotherapeutic setting. AMA Archives of Neurology & Psychiatry, 81(5), 615-619.
Freedman AM, Ebin EV, & Wilson, E.A. (1962). Autistic schizophrenic children: An experiment in the use of d-lysergic acid diethylamide (LSD-25). Archives of General Psychiatry, 6, 203-213.
A data é no início de 1966. Quatro de nós estão sentados em torno de uma mesa, chamados para fora da sala de sessão por um momento para responder ao conteúdo de uma carta de entrega especial. De volta ao quarto, quatro homens estão deitados em sofás e almofadas, de óculos escuros para bloquear a luz do dia, ouvindo um quarteto de cordas de Beethoven em fones de ouvido estéreo. Cada homem, um cientista sênior, havia tomado 25 microgramas de LSD-25 – uma dose muito baixa – cerca duas horas antes. Dois desses homens estão trabalhando em projetos diferentes para o Instituto de Pesquisa de Stanford, outro para a Hewlett Packard, e o último é um arquiteto. Eles são altamente qualificados, altamente respeitados e altamente motivados para resolver problemas técnicos. Cada um deles trouxe a esta sessão vários problemas que ele têm encontrado nos seus trabalhos, pelo menos nos últimos três meses e tinham sido incapazes de resolver. Nenhum deles tinha qualquer experiência anterior com psicodélicos. Nas próximas duas horas, o plano é levantar seus óculos de sol, tirar seus fones de ouvido, desligar a música, e oferecer-lhes tira-gostos e salgadinhos, que eles provavelmente nem vão tocar. Vamos ajudá-los a concentrar-se nos problemas que eles vieram para resolver. Eles são o quinto ou sexto grupo que temos realizado. O governo federal aprovou este estudo. É um uso experimental de uma “nova droga”, uma droga ainda em análise e não comercialmente disponível.
Em 1966, havia cerca de 60 projetos em todo o país investigando ativamente LSD-25. Alguns eram estudos terapêuticos: um na UCLA mostrou notável sucesso permitindo que crianças autistas se comunicassem novamente; outros estavam trabalhando com animais de macacos a ratos, de peixes até mesmo insetos.
Teias feitas por aranhas sob efeito do LSD, Mescalina, Haxixe e Cafeína
Sobre as aranhas, descobriu-se que faziam arquiteturas radicalmente diferentes de teia quando dado diferentes psicodélicos. Um ou dois anos antes tinha havido uma experiência desastrosa quando psiquiatra Jolly West deu a um elefante uma dose de LSD suficiente, é justo dizer, para matar um elefante. E matou. A dose foi de centenas de milhares de vezes maior do que qualquer ser humano já tinha tomado nem sequer tomaria. Uma breve repercussão midiática deste caso na mídia não pareceu parar a investigação e as pesquisas em curso em todo o mundo. A Sandoz Farmacêutica em Basel na Suíça, o desenvolvedor do LSD- 25, tinha feito recentemente resumos disponíveis dos primeiros 1000 estudos humanos. LSD-25 foi a droga psicoativa mais estudados no mundo. Era notável em duas maneiras. Uma delas, que era eficaz em doses muito baixas, microgramas (milionésimos de grama). Isso a tornava uma das substâncias conhecidas mais potentes já descobertos. Dois, ele parecia ter o efeito de mudar radicalmente a percepção, a consciência, e a cognição, mas não de qualquer maneira previsível. Estes resultados parecem ser dependente não só dos efeitos da substância, mas igualmente da situação do sujeito – o que lhes havia sido dito sobre a droga que estavam indo experimentar e, ainda mais interessante para a ciência, a mentalidade de pesquisador, se ela comunicou ou não um ponto de vista para os sujeitos em determinado estudo.
Em resumo, tínhamos aqui uma substância cujos efeitos dependiam, em parte, das expectativas mentais de ambos, sujeito e pesquisador. Muitas vezes as pessoas nos estudos tiveram experiências que pareciam ser profundamente terapêuticas, abençoadas, transformadoras, de conteúdo religioso ou místico, mas eles também podiam ter experiências que eram profundamente perturbadoras, confusas ou aterrorizantes. Os efeitos posteriores da experiência pareciam mais com um aprendizado do que simplesmente a passagem de um produto químico através do cérebro e do corpo. O LSD era o gênio da garrafa e havia garrafas do mesmo em todo o país e um número crescente fora laboratórios e instituições de pesquisa também.
Quando a carta especial da FDA (Food and Drug Administration) chegou, nenhum de nós sabia ainda que muitas das primeiras conferências de pesquisadores do LSD tinham sido patrocinadas por fundações que foram secretamente financiadas pela CIA, ou que o Exército dos Estados Unidos vinha dando substâncias psicoativas aos membros corajosos do corpo militar, prisioneiros, até mesmo alguns dos seus próprios funcionários. Também não sabíamos que cada projeto no país, exceto aqueles executados pelas agências militares ou de inteligência, tinham recebido uma carta semelhante, no mesmo dia. Sentado em Menlo Park, nos escritórios da Fundação Internacional de Estudos Avançados, nós quatro, mais uma pequena equipe de apoio estávamos executando o único estudo projetado para testar a hipótese de que esse material pode melhorar o funcionamento do racional e as partes analíticas da mente . Estávamos tentando descobrir se, em vez de ser desviado para a paisagem interior incrível de cores e formas ou nas aventuras de exploração mística ou terror psicopatológico, LSD-25 poderia ser usado para melhorar a criatividade pessoal de uma forma que pudesse ser medida.
Houve uma série de estudos de muito sucesso no Canadá que mostraram que, o LSD administrado em um ambiente seguro e com apoio, levou a uma alta taxa de abandono da bebida em alcoólatras de longo prazo ». Outros estudos realizados no sul da Califórnia, por Oscar Janniger, mostraram que o trabalho dos artistas mudou radicalmente durante uma sessão de LSD e muitas vezes foi alterado de forma permanente. No entanto, havia muita discussão no mundo da arte e o mundo da ciência, se essa arte era de fato “melhor”.
A carta da FDA foi breve. Nos informou que ao momento da recepção da presente carta, a nossa permissão de uso desses materiais, o nosso protocolo de pesquisa, e nossa habilitação para trabalhar com estes materiais de qualquer forma, ou método foi encerrada.
Eu era, de longe, o mais novo membro da equipe de pesquisa, um estudante de pós-graduação na Universidade de Stanford em um departamento de psicologia que não tinha me informado sobre esta pesquisa. Dois dos outros eram professores catedráticos de engenharia na Universidade de Stanford em dois departamentos diferentes, e o quarto foi o fundador e diretor da fundação, um cientista em seu próprio direito de se aposentar cedo e criar um instituto sem fins lucrativos, para entender melhor a interação entre a consciência, as profundas experiências pessoais e espirituais, e estas substâncias.
Muito em breve teríamos de voltar para aquela sala onde os quatro homens estavam, literalmente, com suas mentes em expansão. Eu disse: “Eu acho que nós precisamos concordar que recebemos esta carta amanhã.” E Voltamos para os nossos assuntos, que agora eram o último grupo de pessoas que seria permitido o privilégio de trabalhar com estes materiais sob sua livre escolha, com o apoio legal e supervisão do governo legal, pelo menos pelos próximos 40 anos.
Um exemplo dos tipos de resultados que estávamos vendo, veio da última sessão. O arquiteto trabalhava um projeto para construir um pequeno centro comercial. O cliente não tinha gostado de seus projetos anteriores e ele estava de mãos atadas. Na sessão, ele viu o projeto, concluído, e sua mente era capaz não apenas de imaginar isso, mas de andar dentro dele, para ver o tamanho e formas de parafusos, para contar o número de lugares de estacionamento, etc. O design ele elaborou foi aprovado pelo seu cliente e ele passou as próximas semanas fazendo os desenhos que correspondiam ao projeto que ele já tinha visto em seu estado final.
Como eu cheguei a estar naquela sala da Fundação Internacional de Estudos Avançados, quando apenas alguns anos antes eu tinha sido um escritor, vivendo em Paris no sexto andar (de escadas), vivendo com tão pouco quanto possível, dormindo nas estações de trem e albergues quando viajava e ficando com quem quiser me abrigar e alimentar? Como foi dito de muitas das nossas vidas, foi uma longa e estranha viagem.
O que me enviou de Paris para Stanford e de cabeça para a pesquisa psicodélica não foi apenas uma visita de meu professor da faculdade favorito, Richard Alpert (mais tarde conhecido como Ram Dass) e seu amigo, Timothy Leary, mas também uma nota cordial do Serviço de Alistamento perguntando sobre meu paradeiro. Percebi que havia uma M-1 me esperando para abraçá-la, e meus cotovelos rastejavam na lama e vegetação úmida no Vietnã enquanto projéteis e balas estavam sendo disparados em ambos os sentidos, me dando a chance de morrer por fogo inimigo ou amigo. Na minha mente, nenhuma dessas escolhas fazia sentido, então voltei para os Estados Unidos, para o abrigo do projeto de adiamento da pós-graduação.
Para o bem dos militares e para a nação, eu estava seguro, e ainda estou, de que me manter fora foi a melhor alternativa. Quando você tem um longa histórico no ensino fundamental e do ensino médio de ser escolhido por último para esportes de equipe, não pense que você vai prosperar na infantaria, e muito menos despertará maior aptidão e competência necessária no combate real. Eu vi minha parceria com o governo em estudar a psicologia. Era melhor para os militares manter-me para fora do que lidar com quaisquer riscos potenciais para os outros e para mim.
Por que eu mergulhado em pesquisa psicodélica, no entanto, teve início com a visita de Alpert e a primeira noite que gastamos juntos.
Richard Alpert (Ram Dass)
Paris, 1961. Estou sentado à noite, em um café no Boulevard St. Michael, observando todas as pessoas que por sua vez, me observam de volta. Tenho vinte e um e acabei de tomar psilocibina, pela primeira vez, e eu não tenho nenhuma idéia o que é ou faz, mas eu sei que o homem sentado ao meu lado é meu professor favorito, Dr. Richard Alpert, que me deu a substância como um presente. As cores estão ficando mais brilhantes, os olhos das pessoas estão piscando em luz quando eles olham para mim, há um ruído dentro de mim como uma transmissão multi-canal. Eu digo, tão regularmente quanto a minha voz trêmula permite, “É um pouco demais para mim.” Richard Alpert sorri para mim do outro lado da pequena mesa de vidro redonda. “Pra mim também, e eu não tomei nada.“
Voltamos para o meu apartamento a poucos quarteirões de distância. O hotel exibe uma placa ao lado da porta da frente que diz que Freud se hospedou ali. Eu estou escrevendo um romance e, por vezes imagino que, no futuro, eles vão adicionar uma segunda placa ali. Mas não esta noite.
Deito-me na minha cama, Alpert toma uma cadeira . (Que consome o espaço da sala.) Eu vejo minha mente descobrindo novos aspectos de si mesma. Alpert continua me dizendo que tudo o que minha mente está fazendo é seguro e que tudo está bem. Parte de mim não tem certeza sobre o que ele está falando, outra parte sabe o quão profundamente certo ele está, uma outra parte de mim espera que ele esteja.
Richard Alpert e Timothy Leary
Uma semana depois, eu deixei Paris e segui Alpert e Leary para Amsterdã, onde eles se juntaram Aldous Huxley para apresentar em conjunto um artigo para um congresso internacional. Leary e Alpert estavam trabalhando juntos ensinando psicologia em Harvard e já estavam em meio a polêmica sobre dar psicodélicos para estudantes de graduação e de outros membros da comunidade acadêmica. Seis semanas após a sua conferência, eu estava voando para a Califórnia para começar o trabalho de pós-graduação em psicologia.
Quando estava na Universidade de Stanford, eu tinha três vidas. Na primeira vida, eu usava um casaco esporte e gravata, e eu tinha que comparecer todos os dias no departamento de psicologia, visivelmente um estudante fazendo o que podia para aprender com os lábios dos mestres. Na minha segunda vida, dois dias por semana, eu era um assistente de pesquisa na Fundação Internacional de Estudos Avançados (extra campus). Lá eu participei de um dia inteiro, de sessões terapêuticas (legais) de alta dosagem de LSD. Cada participante tinha, pelo menos, duas pessoas que auxiliavam em sua experiência durante o dia. Um homem e uma mulher ficaram com cada participante (energia masculina e feminina parecia útil), além disso, havia um médico que participava da sessão de vez em quando, e estava lá, se necessário. Não me lembro quando nós tivemos quaisquer necessidades médicas, mas isso agregava ao sentimento de total apoio e confiança que fazia as sessões de LSD mais benéficas. Além disso, um psicanalista freudiano se reunia com cada cliente na primeira vez que ele ou ela se oferecesse para o nosso programa, para determinar quais pessoas selecionadas estavam mais susceptíveis a se beneficiar e quais mais prováveis de terem problemas que iriam além da sua capacidade de lidar. Dada postura arisca do governo na época, o analista nos disse que precisávamos de ter perto de uma taxa de cura de 100%, algo que não era alcançado por qualquer outra terapia. Minha terceira vida foi gasta com as pessoas que giravam em torno de Ken Kesey. Eles usavam psicodélicos de todos os tipos, assim como estimulantes, calmantes, maconha, até mesmo álcool e cigarros. Um membro trabalhava para uma cadeia farmacêutica e chegava em qualquer evento com os bolsos recheados de amostras.
Ken Kesey
Era um grupo de foras-da-lei, mas não como criminosos, mais como destruidores de paradigma. O LSD e muitos dos outros medicamentos não eram ilegais no início dos 60, mas a sua utilização, especialmente fora de qualquer contexto de investigação ou médico, não era socialmente aceitável. Esses exploradores do espaço interior estavam fazendo pesquisa de campo, explorando com livre acesso a estes medicamentos fora de qualquer controle ou restrição, exceto a autopreservação. Durante estes tempos, quando essas drogas iam abrindo portas por toda a mente, Kesey e seu grupo usavam psicodélicos enquanto jogavam, cantavam, desenhavam, viam televisão, cozinhavam, comiam, faziam amor, olhando o giro e a dança das estrelas, e perguntando em voz alta todos os tipos de perguntas que suas experiências traziam:
Quem somos nós, realmente?
É a alma, mortal ou imortal?
O que Blake, Van Gogh ou Platão realmente experimentaram?
É a minha identidade dentro do meu corpo ou será que se interpenetram o meu corpo e seu?
O que é comum à minha mente e à árvore pau-brasil mais próxima?
Tempo e espaço são subjetivos?
O que foi corrigido? O que mudou?
O que permaneceu constante de sessão para sessão (isto é, o que foi lembrado)?
O que aconteceu em um grupo onde todas as mentes se abriram, francamente ligadas, e aparentemente em comunicação telepática com o outro? Quando alguém em tal grupo fica aterrorizado, não é o resto do grupo sugado para essa onda ruim? Ou pode o peso combinado das outras mentes trazer de volta aquele que caiu?
Estas e outras questões estiveram no centro da experiência do grupo de Kesey. Não foras da lei, mas fora das linhas. Melhor pensar neles não como os ícones culturais que eventualmente se tornaram, mas como pessoas que tinham transcendido as limitações das leis e desenvolviam furiosamente um conjunto maior de leis para trazer ordem à sua própria esfera maior de comportamento e experiência. Isso soa filosófico e era, mas também tinha todo o imediatismo cru de colocar o seu braço ao redor da garganta de um afogado para que ele ou ela não entre em pânico, e te arraste para debaixo d’água, matando os dois.
Para mim, um momento crítico aconteceu a uma manhã à beira do lixão da cidade Pescadero. Pescadero é uma pequena cidade a duas milhas da costa da Califórnia cerca de 15 quilômetros de Stanford. O lixão é uma encosta, cuja base estava cheia, mas o topo e as laterais foram cobertas com trepadeiras ostentando pequenas manchas de flores silvestres. Numa madrugada Eu fui lá com Ken Kesey e sua namorada na época, Dorothy, uma mulher que se tornaria mais tarde a minha esposa (após 40 anos de casamento, pensamos que provavelmente deve durar). Na noite anterior, ela tinha tomado LSD (“tinha dropado ácido”, para dizer na forma como foi) e estava em um estado de admiração encantado com as descobertas pessoais que ela estava fazendo sobre sua própria consciência e como ela formava e reformulava seu mundo. Ken tinha nos levado para Pescadero, porque era um lugar maravilhoso para assistir ao amanhecer. É correto dizer que ele levou Dorothy lá, mas porque eu vinha guiando-a através de partes da noite, ela me queria por perto.
Eu não estava no círculo interno do mundo de Kesey. Eu era muito certinho e muito indisposto a tomar medicamentos com qualquer um. Nenhuma das mulheres no grupo estava interessada em mim, e eu não tinha muito em comum com qualquer um dos homens. No entanto, como eu trabalhava com LSD durante o dia e legalmente, eu era bem-vindo como um ornamento estranho; como alguém pra se ter por perto que treinava tigres ou mastigava vidro quebrado.
Dorothy lembrou que o momento decisivo quando o amanhecer veio, ela estava prestes a pisar em uma pequena flor. Em vez disso, ela se deitou no caminho e olhou para a flor. Sugeri que ela deixasse a flor fazer a comunicação. Eis que ela viu – não pensou ou contemplou, mas viu, tal era o poder curioso do LSD – a flor se abrir totalmente para cima, ir através do seu ciclo e murchar, mas ela também assistiu a flor reverter esse mesmo fluxo, se recuperando de seu estado seco, reflorescendo e voltando a ser um broto. Ela podia vê-lo ir em ambas as direções, para frente e para trás no tempo, dançando seu próprio nascimento e sua própria morte. Quando ela disse o que estava vendo, eu confirmei que sua experiência foi como os outros tinham compartilhado. Aliviada, ela voltou para sua contemplação da planta.
Ela olhou para o Ken – bonito, robusto, talentoso, um líder natural, possuidor de uma enorme energia e poder. Também casado. Ken tinha dois filhos; ele estava totalmente comprometido com o casamento mas também a tê-lo aberto a outros parceiros. Dorothy olhou para mim. Eu estava comprometido, mas minha noiva estava a 6000 km de distância, na Escócia. O que ela viu foi que eu parecia muito experiente, confortável até, sobre o seu mundo interior recém-descoberto. A partir do momento do encontro com a flor, seu giroscópio começou a girar para longe de Ken e voltar-se para mim. Nosso namoro e casamento não acontecem neste momento do tempo, mas como se pode traçar um rio de volta para uma pequena nascente que vem de uma fenda na rocha em uma montanha, as nossas três vidas mudaram naquele dia através das lições que surgiram a partir do encontro de Dorothy com uma única flor.
E quanto a minha pesquisa legal? Como foi a experiência de fazer investigação legal de drogas? Desde os anos sessenta, na maioria dos campi universitários, não é difícil encontrar uma droga psicodélica, tomá-la, ter um passeio selvagem, e se perguntar sobre tudo. Ministrar às pessoas em um ambiente tão favorável que 80% dos nossos participantes relataram que era o evento mais importante de suas vidas, ah, isso era um tempo diferente. Por mais de dois anos, enquanto os experimentos foram acontecendo, eu escapava das aulas de Stanford quando eu podia e sentava-me com as pessoas que estavam tendo sua introdução aos psicodélicos e, através dos psicodélicos, a outros níveis de consciência, e talvez a outros níveis da realidade.
Uma vez que eu era geralmente apresentado como “um estudante de graduação que estará conosco hoje”, eu não era o principal responsável pela realização da sessão. Eu era um colaborador e podia observar, por vezes, ajudar, e às vezes gravar o que as pessoas relatavam sobre como eles passavam os acontecimentos do dia. Às vezes eu só iria aparecer no final da tarde, e levava uma pessoa para a casa à noite. Descobrimos que, enquanto os efeitos do LSD iam desaparecendo depois de 8 horas, a capacidade recém-descoberta de uma pessoa para entrar e sair de diferentes realidades ia diminuindo, mas não paravam até que o participante estivesse cansado demais para ficar acordado. Eu sempre tive o prazer de estar com as pessoas enquanto elas se intrigavam com os grandes eventos ou insights do dia. Eu também ajudei a lidar com suas famílias, que geralmente ficavam confusas sobre combinação de contos de experiências interiores bizarras e a sensação de estar com alguém, um marido ou uma esposa, que era tão completamente abertx, amável e cuidadosx, que muitas vezes trouxe o cônjuge às lágrimas de alegria.
Por dia, em meus estudos de pós-graduação, eu estava sendo ensinado uma psicologia que me pareceu cobrir apenas um pequeno fragmento da mente. Eu me senti como se eu estivesse estudando física com professores que não tinham idéia de que a eletricidade, a energia atômica e a televisão existiam. Eu ouviria, tomaria notas, faria perguntas apropriadas e tentaria aparecer como se eu não estivesse aturdido pelos pequenos aperitivos que meus instrutores pareciam assumir que eram o conjunto da maçã do conhecimento. À noite, depois de ter concluído os meus trabalhos de escola, eu lia livros que me ajudaram a juntar as peças do mundo maior para o qual eu tinha sido aberto: “O livro tibetano dos mortos”, o “I Ching”, as obras de William Blake, ensinamentos místicos cristãos e budistas, especialmente aqueles dos mestres zen cujo clareza direta e cortante era maravilhosamente refrescante. Eu também lutei com textos tibetanos que eram difíceis de compreender, mas é evidente que tinham sido escritos por pessoas que sabiam sobre o que eu estava descobrindo. Eu sentaria e leria os livros envolvidos em outras capas, como alguém já envolveu quadrinhos sujos na revista Look no colégio, para ocultar as imagens de mulheres de seios grandes da vista dos professores.
Quando eu não conseguia mais acompanhar os textos eu me sentava, de pernas cruzadas, no chão de linóleo do meu “escritório” de estudante da pós-graduação, que estava em um trailer temporariamente transformado em sala de aula. O espaço era ainda menor do que o meu quarto em Paris. Eu olhava pela porta de correr de vidro para um pequeno pinheiro plantado para negar o fato de que estávamos em um trailer temporário no meio de um grande estacionamento. Gostaria de respirar e olhar, respirar e olhar até que a árvore começasse a respirar comigo. Ela não se movia nem balançava, mas começaria a brilhar com uma iluminação invisível o fato de que estava extremamente viva. Ela iria crescer e encolher diante dos meus olhos, um movimento muito pequeno, mas que lembra a flor no lixão de Pescadero. Eu me sintonizava com essa árvore até que sentia equilibrado novamente e, em seguida, ir para casa dormir.
UM MOMENTO DE REFLEXÃO
Poucos meses depois que nós terminamos nosso programa de investigação, a Califórnia aprovou uma lei declarando a posse, ou distribuição de LSD um crime. A política federal a respeito do LSD foi posteriormente consolidada com a promulgação da Prevenção ao Abuso de Drogas e A Lei de Controle (Control Act) de 1970.
Por que a nossa pesquisa com drogas assustou tão profundamente as instituições? Por que ela ainda as assustá? Talvez, porque fomos capazes de descer (ou de sermos atirados para fora) da esteira de coisas cotidianas e ver todo o sistema de morte e vida. Dissemos que tínhamos descoberto que o amor é a energia fundamental do universo e nós não íamos calar a boca sobre isso.
O cristianismo, por exemplo, diz que “vem ao Pai através de mim, e sereis perdoados de os pecados (mesmo aqueles que você não tinha cometido) e será amado sem reservas.” GRÁTIS. GRÁTIS. GRÁTIS (como se isso por si só não fizesse você olhar por baixo para ver onde o preço está escondido).
Depois de ter declarado a si mesmo como um cristão, no entanto, você encontra as autoridades da Igreja dizendo que o preço real de sermos perdoados inclui admitir que você não é apenas indigno, mas você é muito, muito indigno e não há nenhuma forma de você chegar a digno da sua própria maneira.
O que descobrimos foi que o amor está lá, o perdão é lá, e a compreensão e compaixão estão lá. Mas como a água de um peixe ou ar para o pássaro, eles estão lá, em todo lugar e sem nenhum esforço de nossa parte. Não há necessidade do Pai, do Filho, do Buda, dos santos, da Torá, dos livros, dos sinos, das velas, dos sacerdotes, dos rituais, ou mesmo da sabedoria. Apenas está lá – tão difuso e sem fim que é impossível ver, enquanto você estiver no mundo menor de pessoas separadas umas das outras… Não é de se admirar que a iluminação seja sempre um crime.
Postado originalmente por Danyel em 7, fevereiro, 2015
James Fadiman Ph.D é psicólogo e escritor. Conhecido pelo seu extenso trabalho no campo da pesquisa psicodélica. É co-fundador junto com Robert Frager, do Instituto de Psicologia Transpssoal que mais tarde se tornaria Universidade de Sofia (California). Fadiman nasceu em Los Angeles e viveu em Westwood. É autor dos livros:
The Psychedelic Explorer’s Guide: Safe, Therapeutic, and Sacred Journeys Paperback (2011)
Be Love Now (com Rameshwar Das) (2010)
Personality and Personal Growth (7th Edition) (with Robert Frager) (2012)
The Other Side of Haight: A Novel (2004)
Essential Sufism (1998) Castle Books
Unlimit Your Life: Setting and Getting Goals (1989)
Motivation and Personality (with Robert Frager and Abraham Harold Maslow) (1987)
Transpersonal Education: A Curriculum for Feeling and Being (1976)
A universidade JohnsHopkinsiniciouseus estudospsilocibinano ano de 2000.Desde então, eu tenho estado amplamente envolvidacom ainvestigação ecomponentes clínicos de todos os seis estudos sobrepsilocibinae outrosalucinógenosque estiveram em pauta por lá.Eu tambémtenho orientadopessoalmentemais de 300sessões de estudoe tenho participado demais de 1.000 encontrospreparatóriosede integração.
Com base na minhaperspectiva clínica, eu gostaria de compartilharo que eu pessoalmenteacredito serum dos resultadosmais importantes destetrabalho: a de que a psilocibinapode oferecerum meiode se reconectarà nossa verdadeiranatureza, aonosso autênticoself, e assim, ajudar aencontrar sentido nasnossas vidas.As experiênciascontadaspara mimpelos participantes do estudo, bem como minhajornada pessoal,juntamente com os nossosresultados do estudo,representamuma grande massa dedadosa partir da qualeuderivamminhas conclusões.
Quando eu tenhodificuldade em me expressar, eu lembro do queErnestHemingwayescreveu em “Paris é uma festa” sobre o que elefez quando teve tempos difícieis no início de sua carreira como escritor. “Tudo o que você tem a fazer éescreverumafrase verdadeira. Escreva afrasemais verdadeiraque você conhece.“
O quevem a mim,agoraé umafrase muito curta – na verdade, não uma frase, mas uma palavra: amor.Eu acredito queo que os humanosrealmente queremé receber edar amor.Eu acreditoque o amoré o quenos ligauns aos outros eque talligaçãoé provocada porsermos íntimoscom os outros,através da partilha denós mesmoscom os outros.Eu acredito quea natureza do nossoeu verdadeiroé o amor.
Eu acredito que estetema,o amor, a necessidade de se reconectar como nosso verdadeiro eu, abrigaos resultadossubjacentesde nossos estudos com apsilocibina. No entanto, muitas vezes, temos medo denos abrir paraessa conexão e então colocamos barreiraseusamos máscaras. Sesomos capazes deremoveras barreiras, para baixar nossas defesas, podemos começar a conhecer eaceitar a nós mesmos, permitindo-nos assim receber edar amor.
Em seuTED Talk sobre “O Poder da Vulnerabilidade“, BreneBrown, Ph.D., nos ajuda a entendero quão importante é esse senso deconexão emum nível profundo. Em resumo, ela afirma que essa conexãoé o motivo por estarmos aqui.É o quedá propósito esignificadopara as nossas vidas. Amaneira de se conectaré servulnerável, o quesignifica tera coragem de enfrentarnossos medos/temores de quepoderíamosfalhar, medo que os outros vãoperceber quenão somos perfeitos, os temores de quesomos de alguma formaindigna dessaconexão.Por acharmos que estahonestidadepoderiapôr em riscouma conexão, nos fechamos, encobrimos,ou ‘fakeamos’. A resposta da Dra.Brownpara superaresses medosé a coragem.Ela ressalta quea coragem vemda palavra latinacor(coração),e queo significado originalde coragemerapara contar a suahistória comtodo o seu coração.
Como podemos ajudaros participantes do estudopsilocibina a alcançaremum estado de espíritoem queé possívelpara elesse reconectar com seuverdadeiro eu eenfrentar os seus medos? Eu acredito que éuma combinação denossas reuniõespreparatórias com osefeitos da própriapsilocibina.
Em nossasreuniões preparatórias, pretendemos criar um espaço ondeos participantes se sintamseguros e protegidos. Acreditamos que esteambiente positivo e de pazé necessáriopara que eles tenhama coragem decontar a história dequem eles são.Trabalhamospara criarum profundo sentimento deconfiança, para queosparticipantes se sintam confortáveispara compartilhartudo e qualquer coisa, os seus medos, alegrias, decepções evergonhas, sem medo de ser rejeitado. Uma conversa íntimaéuma das práticasmais importantespara ajudar aesta auto-revelação, ealguns dos nossos participantescompartilharamque suas sessõesforam a primeira vez em que eles sentiram totalmente visualizados.Uma vez que eles se abrirame se compartilham, estão agora muito mais propensosa deixar as coisas fluirem eprogredirem em suas experiências com psilocibina, gerenciandoos momentos difíceiscommais facilidade, e eventualmente,restaurando a suaconexão profunda eintrínseca comseu verdadeiro eu.
Sala de tratamento para os estudos com psilocibina da Universidade Johns Hopkins
Depois de suahistória ter sido contada e a confiança estabelecida, a sessão de psilocibinaseguiu.A fim de alcançaro máximo benefíciodessas sessõesepara acessar estesestadosdeum profundo sentimento deamore conexão, eu acredito que énecessárioestar relaxado tanto no corpo quanto namente.Quandoestamos estressados, ansiosos ou com medo, nóspermanecemos tensosemnossos corpos.Estesestados de espíritoe essasposturasnos impedem deser capaz de relaxare expandirnossa consciência.A fim derelaxar,um ambiente seguroe de confiançaé necessário. Dessa forma, nossasreuniões de preparaçãotêem permitindo os participantesrelaxaremem uma experiênciamais profunda eexpansiva.Estaexpansividademuitas vezes leva aum profundo sentimento deamor econexão consigo e com todos;tantoestaexpansividadee estesenso de conexãosãotemas recorrentes nasexperiênciaspsilocibina.
Após uma sessão, um participanteescreveu:“Eu estava me deleitando comos sentimentosinegáveis doamor infinito.Eu disse[a mim mesmo]: ‘Eu sou o amor, etudo que eu semprequero seré o amor.“Eu repeti isso várias vezeseestava sobrecarregado coma intensidade doamor.Eu estava cientedas lágrimas que inundavammeus olhosnaquele momento.Todososoutrosobjetivos na vidapareciam completamenteestúpidos.“
BarbaraFredrickson, Ph.D., escreveu:“O amor émuito maisonipresentedo que vocêjamais imaginou ser possívelpelo simples fato que esse amor éconexão.“
Outro participantedisse: “Em certo momento eu estavapassando pelaescuridão, eu comecei a sentirum sentimentocrescente depaze união…um intenso sentimento deamor e alegriaemanava detodo o meu corpoe eu não podiaimaginar como me sentirmais feliz. Eu sabiaque aspreocupações da vida cotidiananão tinham nenhum sentidoe que “tudo o que importava eram as minhasconexões comas pessoas maravilhosasque sãominha família eamigos.
Os dois primeiros estudosrealizadospsilocibinana Universidade JohnsHopkins(2008Griffithsetal., 2011) mostraram que a psilocibina, ocasionalmente, conduz aexperiências místicaspessoale espiritualmentesignificativos queproduzemmudanças positivasnas atitudes, temperamento,altruísmo, comportamento e satisfação com a vida. Umaanálise mais aprofundada(MacLean etal.2011)encontraramaumentos significativos naaberturaapós umaalta dose depsilocibinaemparticipantes que tiveramexperiências místicas.
Acredito que essesresultados sugeremque o aumento dosignificado pessoal, um senso designificado espiritual, e um aumento naabertura sãoos fatores que permitem queos seres humanosse conectem aoseu verdadeiro eu – que é, em sua essência, o amor.
Observeicomo os participantesde nosso estudoassistido compsilocibinapara a ansiedade docâncermuitas vezesvinham para a sessão se sentindo “desconectados“, não apenas sobre o seu lugar nomundo, mas também,mais importante, desconectados de si mesmos, devido ao fato deque suas vidastinham mudadodramaticamentedesde o seudiagnóstico.Muitos estavam fracos demais paracontinuar a trabalhar, e muitos perderam seus empregos. As aparênciastambém mudaram, uma vez que perdiam peso,tônus muscular,e muitas vezesseus cabelos.Seuspensamentos e sentimentosqueuma vez os definiram,já nãosão mais precisos.O queuma vez deupropósito e significadoparasuas vidasparecia sem sentido.
Um participante disse: “Uma vez quevocê tenha umdiagnóstico de câncer, você é como um ‘mortos-vivo.” “Outra participantenos disse que elaestava vivendocomo se já tivessemorrido.
Nossas entrevistaspsiquiátricasestruturadasincluemduas questõesque têm como alvoesse sentimento dedesconexão:
1. Houve alguma mudança repentina no seu senso dequem você é eonde você está indo?
2.Você ocasionalmentese sente vaziopor dentro?
Entre os nossosparticipantescom câncer,houve uma altataxa de respostapositivaa estas duasquestões, queeu acredito, foi devido asua perda deum senso de si próprio e de um significadoem suas vidas.Nossoestudo de câncer, muitas vezes permite que os nossosparticipantesvoltem a essa conexãocom seuverdadeiro eu,a acreditar queeles são dignos deamor econexão.Um participanteescreveu em seurelatóriode seis meses que a “depressão desapareceucompletamente“, e que ela era “capaz de sairdo” mundodo câncer“e voltar para si …e se sentiu capaz de se conectarcom outras pessoase cuidarmelhor de seu parceiro.“
Duas citaçõesadicionais denossos voluntáriosresumem bemmeus pensamentos sobrea importância da recuperação do amor, do verdadeiro self,e do significadodurante eapós as sessões:
“Tudoé varridoem umaepifaniaculminantedo amor comoa essênciauniversale como significadode todas as coisas. A jornadadeespíritoque vemdesi mesmo,revelandoa si mesmoseu próprio mistériointerior,não é senão aauto-realizaçãodo amor.“
“O objetivode todos nósaqui juntosé servir constantemente de lembrete uns aos outrosdequemrealmente somos.“
É interessanterefletir sobre asdiferenças e semelhanças entrenossos estudospsilocibina da JohnsHopkinse estudosde psicoterapiaassistida comMDMA, promovidos peloMAPS. Os estudosJohnsHopkinstêm caracterizado afenomenologia daexperiênciapsilocibinaem voluntários saudáveis,e explorouo uso terapêutico dapsilocibinano tratamento da ansiedadeassociadacomo diagnóstico de câncer onde há risco de vida, eno tratamento devício nocigarro.Emboraos parâmetrosterapêuticosdiferementre os estudos dapsilocibina(ansiedade docâncere dependência) e do MDMA(transtorno de estresse pós-traumáticoouPTSD), ambas as abordagensdestacam a importância daconfiança e relacionamentoentreparticipante e seus guias/terapeutas.Uma diferença notávelé que osestudos de psilocibina têm se caracterizadopor experiências do tipo místico, esugeriram queessas experiênciaspodem ser a basedos efeitos terapêuticos e outros efeitos positivos e duradouros. Seriaprodutivoevaliosodeterminar se mudançassemelhantes também ocorremem resposta àssessões guiadas deMDMA.
Eu gostaria dereconhecer e agradecera equipe de pesquisa com psilocibina da JohnsHopkins,os participantes do nossoestudo, e os nossosfinanciadores.
REFERÊNCIAS
Hemingway, Ernest; A Moveable Feast. Scribner Classics: New York, 1996.
Fredrickson, B. L. 2013. Love 2.0: How Our Supreme Emotion Affects Everything We Feel, Think, Do, and Become.
Brown, Brené 2010. TEDx talk: The Power of Vulnerability June 2010
Griffiths, R.R., Richards, W.A., Johnson, M.W., McCann, U.D., Jesse, R. 2008. “Mystical-type experiences occasioned by psilocybin mediate the attribution of personal meaning and spiritual significance 14 months later.”Journal of Psychopharmacology, 22(6), 621-632.
Johnson, M.W., Garcia-Romeu, A., Cosimano, M.P., and Griffiths R.R. 2014. “Pilot study of the 5-HT2AR agonist psilocybin in the treatment of tobacco addiction.” Journal of Psychopharmacology, 28(11), 983-92.
MacLean, K.A., Johnson, M.W., and Griffiths, R.R. 2011. “Mystical experiences occasioned by the hallucinogen psilocybin lead to increases in the personality domain of openness.” Journal of Psychopharmacology, 25(11), 1453-1461.
Mary Cosimano, M.S.W.,está atualmente com oDepartamento de Psiquiatria eCiências do Comportamentoda Faculdade deMedicina da Universidade JohnsHopkinse serviu comoguia de estudoecoordenadora de pesquisapara os estudos depsilocibinapor15 anos.Duranteesse tempo, elatem servido como guia desessãopara os seisestudospsilocibinae outros estudosalucinógenose já realizoumais de 300sessões.Ela já trabalhoucomo clínicaensinandomeditaçãoindividual e em grupopara pacientes com câncerde mamaem pesquisana Universidade JohnsHopkins,foi conselheira comportamentalpara perda de peso, e tem 15anos de experiência comassistência direta aos pacientescomo voluntária em uma instituição de saúde mental
Apenas uma dose forte decogumelos alucinógenospode alterara personalidade de umapessoa pormais de um anoe, talvezde forma permanente, diz estudo.
As pessoas que receberama psilocibina, o componente ativo dos “cogumelosmágicos”que provocavisões esentimentos detranscendência, demonstraramuma personalidade mais“aberta”, após suas experiências,um efeito quepersistiu porpelo menos 14meses. Essa “Abertura” éumtermo psicológico referindo-se auma apreciação por novas experiências. As pessoas que estãomais abertastendem a terimaginação mais ampla e valorizam aemoção aartee a curiosidade.
Essa mudança depersonalidade éincomum,disse a pesquisadoraKatherineMacLean, porque a personalidaderaramente mudamuitoapós os 25 ou 30 anos.
Escola de Medicina Johns Hopkins, em Baltimore
A raiz damudançaparece não ser a substância em si, disse a pesquisadora à LiveScience, mas sim as experiências místicasquea psilocibina frequentemente desencadeia. Estesprofundossentimentos transcendentaisnão são menos reaisparaas pessoas que os vivenciaram só por terem sidoinduzidos quimicamente, disse ela.“Esteé um dosprimeiros estudos que mostra que vocêrealmentepodemudar a personalidadeadulta“, disse MacLean, pesquisadora de pós-doutoradona Escola deMedicina da Universidade JohnsHopkins.
“Muitos anos mais tarde, as pessoas estão dizendo que foiuma das experiênciasmais profundasde suas vidas“, disse MacLean. “Sevocê pensar sobre isso nesse contexto, não é surpreendente quepode serpermanente.“
Viajando pela ciência
Pesquisas sobrealucinógenos são geralmente associados afigurasda contraculturados anos 1960, comoKenKeseye suas festas do “Acid Test” movidas aLSD. Masna última década, emergiu uma abordagemsóbria, que busca passo-a-passo estudar o efeitodos alucinógenos, disseMacLean. Os experimentossão rigidamente controlados– não éfácil deobter permissão paradar avoluntáriosdrogas ilegais– mas elesestão revelandoque essas substâncias, que normalmente são mais associadas aos shows doGrateful Dead do queo escritório dopsiquiatra,podem afinal ter uma série deusos médicos.
EmMassachusetts,aorganização sem fins lucrativosMAPS(Associação Multidisciplinar para o Estudo de Psicodélicos), está investigando, dentre outros estudos, a possibilidadede usar oMDMApara tratar o transtornode estresse pós-traumático. AmbosLSDepsilocibinaestão sob investigaçãopara a sua utilizaçãono tratamento da ansiedade; O Orientador de pós-doutoradodeMacLeanna Universidade JohnsHopkins, Roland Griffiths,está conduzindoum estudopara descobrir sea psilocibinapodealiviar a ansiedadee depressão empacientes com câncer.Outro dosestudosde Griffithsse concentra no usode psilocibinapara quebrara dependência da nicotina.
No estudo atual, MacLeane seuscolegas analisaramquestionários de personalidadea partir de51 pessoasque tinham tomadoa psilocibinacomo parte dedois estudos separados daJohnsHopkins.Os voluntárioseram todos novatosparadrogas alucinógenas.
Cadapessoa compareceuentre duas a cincosessões de oito horas com a droga,em que sesentavacom os olhos vendadosem um sofáouvindo música–uma forma de incentivara introspecção.Duranteuma das sessões, os voluntários receberam uma dose demoderada aaltadepsilocibina, mas nem eles nemos pesquisadoressabiam seseriamde uma pílulade psilocibinaouumplaceboem cada dia.
Em um experimento, os participantesentraram nolaboratórioduas vezes.Em uma visitaque lhes foi dada psilocibina de fato e na outravez lhes deram ritalina que lhes daria efeitos colaterais semas alucinações.
Em outro experimento, ao longo de umcursodecincosessões, os participantes receberam ou um placebo ou uma dose variável do fármaco. Paraasfinalidades deste estudo, osinvestigadores concentraram-senasessãode dose elevada, que foi amesma dose administradaduranteoprimeiroexperimento.
Antes dassessões com a psilocibina, os participantes preencheram oquestionário de personalidadeque media ‘abertura’.Eles tambémpreencheram o mesmoquestionárioalgumas semanas mais tardee, em seguida, novamentecerca de 14 mesesapós a suaaltadose dealucinógeno.
Transcendência em uma pílula
Os resultados,publicados em setembro de 2011 no Journal ofPsychopharmacology,revelouque, apesar deoutros aspectos da personalidadepermanecerem os mesmos, a ‘abertura’ aumentou apósuma experiência de psilocibina. O efeito foiespecialmentepersistentepara aqueles querelataram umaexperiência“mística” comsuadosagem.Estasexperiências místicasforam marcados porum sentimento deprofundaconexão,juntamente comsentimentos de alegria,reverência epaz,disseMacLean.
“Provavelmente não é apenaspsilocibinaqueprovoca alteraçõescomo esta, mas outras substânciasmais que desencadeiam esses tipos deexperiênciasde mudança profunda de vida, qualquer sabor queelas tenham”, disse ela. “Para muitas pessoas, a psilocibina lhes permitiutranscenderas suasformas de pensar sobreo mundo.”
Cerca de 30dos 51voluntários tiveramuma experiência mística, disseMacLean. As mudanças de‘abertura’nestesparticipantes foram maiores do queessasalterações são tipicamente observadasao longo de décadasde experiência de vidaem adultos.
MacLeanalertou para não tentar fazer este experimento em casa. Os participantes doestudo estavam sobestrita supervisãodurante a suasessãocom psilocibina.O apoio psicológicoe preparaçãoajudaram a manter transtornos e bad tripsa um nível mínimo,mas muitosparticipantes aindarelataram medo,ansiedade e angústiadepois de tomarpsilocibina.
“Euposso imaginar comoem um cenáriosem supervisão, esse tipo demedo ou ansiedade em conjunto, a clássica bad trip, poderiaser muitoperigosa”, disse MacLean
Não éaindaclaro seo usosem supervisãoresultaria nas mesmasalterações naabertura da personalidadecomo pode ser vistono estudo,disseMacLean. O grupo de estudoera pequeno, ejá estavamais propenso a uma abertura do quea população em geral.
MacLean está agora investigando os efeitos da combinação da psilocibina com a meditação. Ela diz que poderia haver muitos benefícios terapêuticos para aumentar a abertura, inclusive ajudando a pessoa a romper com padrões de pensamentos negativos. Esses estudos também poderão iluminar a conexão anedótica entre alucinógenos e a arte, disse ela: “No lado mais especulativo, isto sugere que pode haver uma aplicação da psilocibina para a criatividade ou outras obras intelectuais que realmente ainda não têm sido exploradas a fundo.”
Os cogumelos mágicoscontêmpsilocibina, uma substância que faz com queos usuários experimentemexperiências assustadoras, e talvezesclarecedoras. Um novo estudorevelouque a psilocibinaproduzessas fantásticas experiências, alterando a forma como o cérebrose comunicacom ele mesmo.
Pesquisadores da King’s Collegeno Reino Unidousaramressonância magnética funcional(fMRI em inglês) para tirar imagens do cérebro dedois grupos de participantes: indivíduos que receberamuma dose de 2mgdepsilocibina, e aqueles que receberam umplacebo.
A atividade cerebralsegue geralmentevias neuraisespecíficas, eos examesmostraram inicialmenteaumento da atividadealeatóriaem todo océrebro.Aequipe olhoumais de perto parao que parecia sera atividade cerebralesporádica edescobriram que a substânciaestava realmenteformandodiferentesconexões no cérebro, edepois que a substância se foi,aatividade do cérebrovoltou ao normal.
Os resultados, publicados noJournal of theRoyal Society,sugerem quenovas conexõespermitam queas partes do cérebroquenão costumamfalarum com o outro, se comuniquem.Estes percursosalteradospodem desencadearuma experiênciacomo versonsoucheirarcores.
“Imagine ainformação em seucérebro sendocompartilhada emum sistema interligadoe com um sistema de rodovias de tráfico pesado, diz EricBrodwindoBusiness Insider. “Nesseexemplo, a psilocibina não éa remoção dasrodovias.Em vez disso,ela simplesmente constrói novas.“
Estanova visão do quea psilocibinafazpara o cérebropodem ajudar a explicaranos dedescobertas anterioressobre os efeitospsicológicosdapsilocibina, incluindo como os cogumelos mágicosparecemreduzir os sintomasde depressão.Estudos anteriores mostraramque a drogapodeaumentar o otimismo, melhorar a saúde psicológica, e até mesmoajudar uma pessoa aparar de fumar.
Em um estudode 2012,Imperial College LondonneurocientistaDavidNuttdescobriu queem pessoassob efeito dapsilocibina, a comunicação cerebralnas áreastradicionaisdo cérebroforasilenciada, inclusiveem uma região que se pensava desempenharum papel na manutençãonosso senso deself.Empessoas deprimidas, Nuttacredita, que as conexões entreos circuitos cerebraisnessa regiãosenso–de-si são fortes demais. “As pessoasque entram empensamentodepressivo, seus cérebrossão sobrecarregados de conexões”, disseNutt à “PsichologyToday”.Pensamentos esentimentos de auto-crítica negativa se tornamobsessivose avassaladores. Dissolver essas conexõese criar novoa, acredita Nutt,podeproporcionar alíviointenso.
Psicólogos da JohnsHopkinschegaram aconclusõessemelhantes quandoinduziramexperiências fora do corpo, em um pequeno grupo devoluntárioscom doses depsilocibina. Imediatamente apósas sessões, os participantesdisseram que se sentiammais abertos, maisimaginativosemais capazes de apreciara beleza.Quando osinvestigadores entrevistaramos voluntários, um ano depois, quasedois terçosdisseram que a experiênciatinha sido umadas mais importantesem suas vidas.
NickFernandez, um expaciente de câncere estudante de pós-graduaçãode psicologiaque tomoupsilocibinacomo parte de umestudo da Universidade deNovaYork,experimentouesses mesmossentimentos deliberdade epositividade.
“Pela primeiravez na minha vida, eu me senti como se houvesse…uma forçamaior do que eu“, disseFernandezAeonMagazine.“Algo dentro de mim estaloue eu experimenteiuma…mudança queme fez perceber quetodas as minhasansiedades,defesaseinsegurançasnão eram algocom que se preocupar.”