Podem os Cogumelos Mágicos Serem Usados no Tratamento da Ansiedade e da Depressão?

Matéria traduzida do blog do Smithsonian Institute

Nos anos de 1960 e início dos anos 70, pesquisadores como Timothy Leary, de Harvard, promoveram entusiasticamente o estudo dos tão conhecidos cogumelos “mágicos” (denominados formalmente como cogumelos psilocibínicos) e defenderam os benefícios em potencial dos mesmos para a psiquiatria. Por um breve momento, pareceu que experimentos controlados com cogumelos e outros psicodélicos entrariam para a corrente científica.

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Poderia ser a experiência psicodélica um tratamento psiquiátrico?

Mas recentemente, através dos últimos anos, o pêndulo balançou de volta para a outra direção. E agora, novas pesquisas com a substância alteradora da mente, a psilocibina – o ingrediente “mágico” nos cogumelos – indicam que controladas com cuidado, baixas dosagens dela podem ser um meio efetivo de tratar pessoas com depressão clínica e ansiedade. Então, tudo mudou. A repercursão contra a cultura de drogas de 1960 – inclusive contra o próprio Leary – que foi preso por posse de drogas – tornaram a pesquisa quase impossível. O governo federal criminalizou os cogumelos, e a pesquisa parou por cerca de 30 anos.

O último estudo, publicado semana passada no Experimental Brain Research, mostrou que administrando a roedores uma dose purificada de psilocibina reduziu os sinais exteriores de medo dos mesmos. Os roedores no estudo foram condicionados a associar um som em particular com a sensação de serem submetidos a choques elétricos, e todos os ratos do experimentos paralisavam de medo quando o som era tocado, mesmo quando o aparato elétrico estava desligado. Ratos que ingeriram baixas dosagens da droga, entretanto, mantiveram-se calmos muito mais cedo, indicando que eles foram capazes de desassociar o estímulo e a experiência negativa da dor mais facilmente.

É difícil perguntar para um rato torturado porque exatamente ele sente menos medo (e possivelmente ainda mais difícil quando um rato está no meio de uma viagem de cogumelos). Mas diversos outros estudos demonstraram efeitos promissores da psilocibina em um grupo de indivíduos mais comunicativos: Humanos.

Em 2011, um estudo publicado no Archives of General Psychiatry por pesquisadores da UCLA e outros lugares encontrou que baixas doses de psilocibina melhoraram os humores e reduziram a ansiedade de 12 pacientes com câncer terminal por um longo período. Esses eram pacientes de 36 a 58 anos que sofreram com depressão e não responderam às medicações convencionais.

Foi dada a cada paciente uma dose pura de psilocibina ou um placebo, e eles foram questionados sobre os seus níveis de depressão e ansiedade diversas vezes nos meses seguintes. Os que foram administrados com psilocibina tiveram níveis de ansiedade reduzidos começando entre um e três meses, e níveis reduzidos de depressão começando entre duas semanas após o tratamento e continuando por seis meses seguidos, o período inteiro coberto pelo estudo. Adicionalmente, administrando cuidadosamente baixas dosagens e controlando o ambiente preveniu qualquer participante de ter uma experiência negativa sob a influência da psilocibina. (coloquialmente conhecida como “bad trip”.)

Cogumelos Psilocybe cubensis, uma das espécies que contém psilocibina mais conhecidas mundialmente.
Cogumelos Psilocybe cubensis, uma das espécies que contém psilocibina mais conhecidas mundialmente.

Um grupo de pesquisadores de John Hopkins conduziu o estudo controlado dos efeitos da psilocibina mais longo, e as descobertas podem ser as mais promissoras de todas. Em 2006, eles deram a 36 usuários saudáveis (e que nunca tinham experimentado alucinógenos antes) uma dose da droga, e 60% reportaram “uma experiência mística completa”. 14 meses depois, a maioria reportou níveis maiores de bem-estar que antes, e classificaram tomar a psilocibina uma das cinco experiências mais significativas em suas vidas. Em 2011, a equipe conduziu um estudo com um grupo separado, e quando os membros desse grupo foram questionados um ano depois, os pesquisadores encontraram que de acordo com testes de personalidade, a abertura dos participantes para novas ideias e sentimentos aumentou significativamente – uma mudança muito rara em adultos.

Assim como muitas questões envolvendo o funcionamento da mente, cientistas estão ainda nos estágios iniciais de descobrir se e como a psilocibina desencadeia esses efeitos. Nós sabemos que logo após a ingestão da psilocibina (seja ela na forma pura ou através de cogumelos), ela é quebrada em psilocina, que estimula os receptores da serotonina, um neurotransmissor que acredita-se promover pensamentos positivos (também estimulados por anti-depressivos convencionais.)

“Psicodélicos são proibidos pois eles dissolvem as estruturas da opinião e dos modelos de comportamento culturalizados e até mesmo a forma como se processa informações.” -Terrence McKenna
“Psicodélicos são proibidos pois eles dissolvem as estruturas da opinião e dos modelos de comportamento culturalizados e até mesmo a forma como se processa informações.” -Terrence McKenna

O escaneamento do cérebro humano sob o efeito da psilocibina está somente nos estágios iniciais. Um estudo de 2012 em que voluntários foram administrados enquanto estavam em uma máquina de ressonância magnética de imagem funcional, que mede o fluxo de sangue para várias partes do cérebro, indicou que a droga diminuiu a atividade em um par de áreas de “hub” (o córtex pré-frontal médio e o córtex singulado posterior) que possuem densas concentrações de conexões com outras áreas do cérebro. “Esses “hubs” formam a experiência do mundo e a mantêm em ordem,” disse na época David Nutt, um autor e neurobiologista do Imperial College London. “Nós sabemos que desativando essas regiões somos levados a um estado em que a experiência do mundo ao nosso redor é estranha.” Não é claro como isso pode ajudar na ansiedade e na depressão, ou se é apenas uma consequência não relatada da droga que não tem nada a ver com os efeitos positivos.

Independentemente, o impulso para mais pesquisas nas aplicações potenciais de psilocibina e outros alucinógenos está claramente em andamento. A Wired recentemente citou os cerca de 1600 cientistas que participaram do Terceiro Encontro Anual da Ciência Psicodélica, muitos dos quais estão estudando a psilocibina – conjuntamente com outras drogas como o LSD (conhecido como ácido) e o MDMA (conhecido como ecstasy).

É claro, há um problema óbvio ao se usar cogumelos psilocibínicos como medicina – ou até mesmo pesquisá-los em um ambiente laboratorial. Atualmente, nos Estados Unidos, eles são listados como uma substância controlada, significando que é ilegal comprar, possuir, usar ou vender, e não podem ser prescrevidos por um doutor, porque eles não tem uso médico aceito. A pesquisa que ocorreu foi sob supervisão estrita do governo, e conseguir aprovação para novos estudos é visivelmente difícil.

Dito isso, o fato de a pesquisa estar ocorrendo acima de tudo é um sinal de que as coisas estão mudando lentamente. A ideia de que o uso medicinal da maconha poderia ser um dia permitido em dezenas de estados, o que antes parecia impossível, não é absurdo sugerir que os cogumelos medicinais podem vir em seguida.

Fonte

Entrevista: Dennis Mckenna

PARA PROFESSOR DA UNIVERSIDADE DE MINNESOTA, PLANTAS ALUCINÓGENAS OFERECEM MAIS DO QUE O OLHO PODE VER
4 de Junho, 2013
Traduzido do texto original de Dan Olson,
Minnesota Public Radio (Fonte)

 

Dennis McKenna, etnofarmacologista e professor do Centro para a Espiritualidade e Cura da Universidade de Minnesota, Viajou para a Amazônia mais de uma dúzia de vezes para estudar to Plantas alucinógenas e medicinais. Fotografado aqui examindando a psychotria viridis (Chacrona) a planta da ayahuasca que contém DMT, na estufa do campus St. Paul em Minn. Segunda feira, 3 de Junho, 2013. (MPR Foto/Jeffrey Thompson)

ST. PAUL, Minnesota. — Para o olho destreinado, uma certa estufa de plantas  no campus St. Paul da Universidade de Minnesota, pode não parecer nada especial, mas Dennis McKenna, um etnofarmacologista, vê muito além do que isso.

Algumas podem curar doenças, como a pervinca de Madagascar. “Ela é a fonte de dois remédios muito importantes para tratar a leucemia infantil“, disse McKenna. Outras plantas da estufa são a fonte de substâncias psicodélicas que alguns cientistas afirmam ter poder terapêutico.

McKenna, que leciona no na Universidade no Centro para a Espiritualidade e a Cura, é uma autoridade em alucinógenos derivados de plantas como a Ayahuasca,  o chá feito na bacia amazônica da América do Sul e usado como parte de cerimônias religiosas. – “São usadas para buscar informações no mundo do espírito sobre as doenças e sobre que planta pode ser apropriada para usar em um paciente que está doente” diz o cientista.

Dennis McKenna veio para Minnesota 20 anos atrás para trabalhar na Aveda, a famosa companhia de utilização de plantas para produtos de cuidados pessoais. Além de seu trabalho na universidade, ele ensina no Peru e colabora com grupos de pesquisa sem fins lucrativos que investigam os usos terapêuticos dos psicodélicos.

 

EXPERIÊNCIA EM PRIMEIRA MÃO

Aos 16, em sua pequena cidade natal no Colorado, Dennis e um amigo ingeriram sementes de Datura porque ouviram falar que teria algum efeito sobre eles. Esse “algum efeito” se transformou em uma experiência psicodélica de 3 dias que ele confessa ter sido bastante desagradável. – “Especialmente para nossas mães que não sabiam o que estava acontecendo”, disse o professor.

McKenna teve sua primeira experiência com a Ayahuasca em 1991, em uma igreja no Brasil. Ele e centenas de outros se sentaram em um templo circular, enquanto um homem distribuía copos de papel com o que ele chamou de “Líquido marrom de gosto horrível“. Uma hora e duas doses mais tarde, ele disse que sentiu a força da Ayahuasca passar através dele como se estivesse subindo em um elevador de alta velocidade. Dennis disse que se sentiu energizado e estava lúcido e consciente como uma combinação de força e iluminação.

A primeira parte de sua experiência visionária foi de um ponto de vista de milhares de quilômetros ao longo da bacia amazônica, onde podia ver a curvatura da terra e redemoinhos de nuvens. No centro, havia uma enorme videira ancorada à terra lá embaixo.

Ele estava impressionado. Na parte seguinte da visão, ele foi transportado do espaço para debaixo da terra, como uma molécula de água perdida entre as fibras da raiz, onde se podia sentir a temperatura fria do solo. Então ele sentiu o que descreve como uma força osmótica que o espremia no sistema vascular da planta, flutuando, suspenso em um fluxo por um túnel abobadado, com uma luz verde no final, até chegar à folha.

No final ele disse que foi sacudido com uma sensação de tristeza esmagadora misturada com um profundo temor pelo delicado equilíbrio da vida no planeta, os processos frágeis que impulsionam e sustentam a vida. McKenna disse que chorou, sentiu tristeza, fúria e uma raiva direcionada para a nossa voraz espécie destrutiva, pouco consciente do próprio poder devastador.

Ele se lembra de uma voz calma que lhe dizia: “Você macacos só pensam em executar as coisas. Vocês nunca pensam que somos nós que permitimos isso acontecer“.

Ele interpretou a voz como sendo de toda a comunidade de espécies que constituem a biosfera do planeta. Ao fim da visão, que McKenna diz ter durado por volta de 20 minutes e incluiu emoções do desespero ao êxtase, uma sensação de alívio temperada com esperança tomou conta dele.

POUCOS ESTUDOS SOBRE OS EFEITOS

Sua primeira experiência alucinógena com ayahuasca reforçou a sua compreensão intelectual do funcionamento interno das plantas. –  “Foi-me dado um assento na primeira fileira do interior da planta, e começei a observar o processo de fotossíntese“. – disse o professor.

Os estudos com psicodélicos foram atrasados no final dos anos 1960 e início de 1970 quando o Congresso e o presidente Richard Nixon aprovaram a legislação que proibiu o uso de alucinógenos, o que fechou a porta para maioria das pesquisas. Porém, McKenna disse que alguns estudos parecem mostrar que a psilocibina, substância encontrada em uma espécie de cogumelo, ajuda a aliviar a ansiedade em pessoas com doenças terminais. Ele argumenta que pode ajudar o paciente a ter uma nova perspectiva sobre a morte. – ” ‘Sim, eu sei que estou morrendo, mas eu estou vivo agora e o que eu quero fazer é viver cada dia ao máximo‘ “.

McKenna disse também que outro psicodélico parece ajudar alguns alcoólatras e fumantes quebrar seus vícios e pode ajudar pessoas que sofrem de estresse pós-traumático lidar com a vida. – “Há uma dimensão espiritual para a cura. A medicina convencional fica meio desconfortável com esse conceito. É por isso que os psicodélicos são tão importantes. Eles podem trabalhar nessa interface entre farmacologia e espiritualidade“, argumentou o cientista. Segundo ele, menos de 10 por cento das plantas do mundo têm sido pesquisados ​​para possíveis usos medicinais.

 

Entrevista na íntegra (em inglês) para a Minnesota Public Radio

Arte Visionária de Alex Grey

Hoje iremos apresentar formalmente um artista já muito conhecido entre a cultura psicodélica.

Alex Grey nascido em 1953 em Columbus, Ohio, teve muito incentivo para desenhar pois seu pai era um designer gráfico. Desde muito jovem Alex pratica a expressão em forma de desenhos. Os temas da morte e transcendência flutuavam em sua arte desde seus primeiros rabiscos até suas mais recentes pinturas, performances e esculturas.

Selfportrait Lifecycle – Alex Grey
Selfportrait Lifecycle – Alex Grey

Após  conhecer sua parceira Allyson Rymland Grey, em 1975, Alex teve uma experiência mística enteógena que transformou seu existencialismo agnóstico a um transcendentalismo radical. O casal Grey continuou a tomar “viagens” sacramentais de LSD para fins de estudar este novo mundo proporcionado pelos enteógenos. (clique para ampliar as imagens)

Theologue – Alex Grey
Theologue – Alex Grey

Por cinco anos, Alex trabalhou no departamento de Anatomia da Harvard Medical School preparando cadáveres para dissecação, enquanto também ele estudava o corpo por conta própria. Mais tarde, ele como um técnico de pesquisa no departamento de Harvard of Mind / Body, realizando experimentos científicos para investigar as energias sutis de cura. Formação anatômica de Alex preparou para a pintura dos Espelhos Sagrados e para trabalhar como ilustrador médico.

Praying – Alex Grey (detalhe)
Praying – Alex Grey (detalhe)

Seu interesse pelas dimensões sagradas do homem e do universo se refletem fica aparente em cada trabalho, explorando do místico e do real seu trabalho pode ser considerado holístico e visionário.

Dialoga a todo momento sobre a Expansão da consciência.

Considerado hoje em dia o mestre deste grupo hoje considerados Artistas Visionários.

Aperture – Alex Grey
Aperture – Alex Grey
Gaia – Alex Grey
Gaia – Alex Grey
Original Face – Alex Grey
Original Face – Alex Grey

Alex não se limita a pinturas, ele tem um extenso trabalho com performances e esculturas, um artista muito completo e que arrisca sem medo expressar toda sua genialidade.

Nature of Mind – Alex Grey
Nature of Mind – Alex Grey

Abaixo uma pintura icônica. Remete diretamente à teoria formulada por Terence Mckenna descrita no livro “O Alimento dos Deuses“, ilustrando-a com muita vivicidade

Visionary Origin of Language – Alex Grey
Visionary Origin of Language – Alex Grey

As pinturas de Grey são permeadas com uma luz intensa e sutil que é rara na história da arte. “É a luz que é o sublime na obra de Grey – é a mais importante inovação na luz religiosa desde o barroco – e ela faz com que os seres mundanos neles pareçam sublimes, em cada detalhe realista de seu maravilhoso ser” (Donald Kuspit – 2000, “Alex Grey’s Mysticism”).  Sua pinturas altamente detalhados são espirituais e científicas, em igual medida, revelando sua visão psicodélica, espiritual e sobrenatural da raça humana.

BodyMind Vibrator – Alex Grey
BodyMind Vibrator – Alex Grey
Adam and Eve – Alex Grey
Adam and Eve – Alex Grey

Abaixo Alex mostra sua admiração e gratidão aos alquimistas da psicodelia, Albert hoffman e o casal Shulgin

Saint Albert – Alex Grey
Saint Albert – Alex Grey
Shulgins – Alex Grey
Shulgins – Alex Grey

Livros que podem ser adquiridos sem seu site.

 

Transfigurations
Transfigurations
Sacred Mirrors
Sacred Mirrors
Net of Being
Net of Being


As pinturas de Grey podem ser descritas como um mix de arte sacra, arte visionária e pós modernismo. Ficou muito conhecido por suas pinturas que expressam a anatomia do corpo humano com seu brilho exaltado, imagens que adentram as múltiplas camadas da realidade, como um raio X. Sua arte é uma complexa integração de corpo mente e espírito.

The Seer – Alex Grey
The Seer – Alex Grey
SelfPortrait – Alex Grey
SelfPortrait – Alex Grey
Mistic Eye – Alex Grey
Mistic Eye – Alex Grey

Grey aplica uma perspectiva multidimensional para pintar a experiencia humana universal. Seus quadros retratam situações como uma reza, a meditação,  um beijo, o sexo, a gravidez, o nascimento, a morte. Seu trabalho incorpora ainda muitos símbolos religiosos, como auras, chakras e ícones de formas geométricas.

Cosm Grail – Alex Grey
Cosm Grail – Alex Grey
Colective Vision – Alex Grey
Colective Vision – Alex Grey
Oversoul – Alex Grey
Oversoul – Alex Grey

Grey também fez sua própria contribuição para a filosofia da arte no seu livro “The Mission of Art” (1998).  Nele, Alex promove a possibilidade de um potencial místico da arte: ele argumenta que o processo de criação artística pode (e deve) ter um papel fundamentamental na iluminação do artista. Para ele, o processo de criação artística traz consigo um potencial de transcender as limitações da mente e expressar de forma mais comleta o espírito divino. Ele também acredita que a arte pode induzir naquele que a observa, um estado elevado de contato com o próprio espírito e outras manifestações espirituais.

One – Alex Grey
One – Alex Grey
Net of Being – Alex Grey
Net of Being – Alex Grey
Dying – Alex Grey
Dying – Alex Grey
Hoje Alex Grey é ícone quando se fala de mente manifestada, sempre presente em congressos sobre o tema. Grande alvo de entrevistas, esteve no Brasil pintando ao vivo em duas edições da festa Tribe.
Artists Hand – Alex Grey
Artists Hand – Alex Grey

 

Alex Grey e seu relato sobre sua experiência com a bebida sagrada Ayahuasca.

Seu sincero relato sobre quem foi o gênio Albert Hoffman

Paletra muito interessante concedida ao TED pelo artista: “Cosmic Creativity: How Art Evolves Consciousness” (Apenas com legendas em inglês ainda. Trabalho de traduçãoem andamento)

Leia a sua biografia completa.

http://alexgrey.com/bio/

Alex_Grey_Painting_1

Curta a pagina de Grey no facebook e fique por dentro das suas atualizações.

https://www.facebook.com/AlexGreyCoSM

Visite o site oficial do artista, onde você pode visitar a loja virtual e visualizar mais imagens de seu trabalho.

http://alexgrey.com/

Terence uma vez já disse que a unica coisa possivel de trazer do outro lado, são idéias.

E quando se trata em expressar o que viveu, Alex Grey é mestre, causando identificação com todos quem já experienciaram a viagem psicodélica.

DMT e a Pineal: fato ou ficção?

Excelente trabalho de tradução da Equipe DMT Brasil , enviado ao micélio
Somos imensamente gratos pelo suporte

Texto original: Hanna J. “DMT and the Pineal: Fact or Fiction? Jun 3 2010.
Fonte:  Erowid
Tradução: Equipe DMT Brasil
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Um fato bem conhecido entre os usuários de drogas psicodélicas é a idéia de que o DMT, ou outro psicoativo derivado da triptamina, é produzido pela glândula pineal.

Quando essa idéia se originou? Ela é realmente verdade?

DMT_spirit-moleculeDurante sua fala “Psychoactive Drugs Troughout Human History” (Drogas Psicoativas Através da História Humana), numa conferência em 1983 na Universidade da Califórnia em Santa Barbara, o pesquisador Andrew Weil mencionou em uma passagem: “A Dimetiltriptamina […] é quase certamente feita pela glândula pineal no cérebro”. Enquanto isso, na Universidade da Califórnia em San Diego, Rick Strassman começou a se perguntar se a pineal poderia ou não produzir compostos psicodélicos. No mesmo ano, em seu livro “Eros e a Pineal: O guia do leigo do cérebro solitário”, Albert Most afirmou que “Um par de enzinas que ocorrem naturalmente na pineal […] é capaz de converter a serotonina em vários alucinógenos potentes.” A maioria dos pesquisadores indica que a pineal pode transformar serotonina em 5-metoxi-N-metiltriptamina e em seguida fazer com que esse composto se transforme em N,N-dimetiltriptamina. Infelizmente, não há referências fornecidas para suportar a descrição dada por Albert Most para o metabolismo da pineal. No entanto, parece provável que esta linha geral de pensamento – a de que algumas triptaminas psicoativas são produzidas na pineal – nasceu no início dos anos 80.*

Demorou duas décadas para a notícia se espalhar pelo resto da cultura psicodélica, mais recentemente e rapidamente devido à Internet, e após a publicação em 2001 do popular livro do Dr. Rick Strassman: “DMT – A molécula do Espírito”. Considere a seguinte transcrição do discurso de rádio dado em 2005-2006, do ator e comediante Joe Rogan, apresentador do Fear Factor TV Show:

“É chamada dimetiltriptamina. É produzida pela glândula pineal. É realmente uma glândula […] está no centro de seu cérebro. É a droga mais louca de todas. É o mais potente psicodélico conhecido pelo homem. Literalmente. Mas a coisa mais bizarra é que ele é natural, e o seu cérebro produz a cada noite enquanto você dorme. Você sabia, quando você dorme, durante o tempo que você está em R.E.M profundo, dormindo… e quando você está a beira da morte, o seu cérebro produz quantidades bombásticas de dimetiltriptamina. Ninguém sabe o que o sono representa realmente. Ninguém sabe por que sonhar é importante. Mas sonhar é extremamente importante. Se você não sonhar, você vai ficar realmente louco e vai morrer. Enquanto você está sonhando, enquanto você está em sono REM profundo, você está passando por uma viagem psicodélica. E poucas pessoas sabem sobre isso. Mas tem sido documentado.

book DMT spirit moleculeHá um grande livro sobre ele chamado DMT: The Spirit Molecule escrito por um médico chamado Dr. Rick Strassman. E ele fez todos os estudos clínicos na Universidade do Novo México sobre ele. E você toma essa coisa, e, literalmente, você é transformado para uma outra dimensão extraordinária. Não quero dizer que é como se você se sentisse em outra dimensão, eu quero dizer, você está em outra dimensão. […] Há complexos padrões geométricos movendo-se sincronicamente por todo o ar em torno de você no espaço tridimensional; e é como se fossem artérias, exceto porque não há sangue pulsando dentro deles, eles são luzes pulsantes, luzes sem limites. E você realmente não consegue entender aquilo. E há uma comunicação alienígena comigo. Tem um garoto que se parece, se parece como um Buda Tailandês, exceto porque ele é completamente feito de energia e não há, não há como delineá-lo – ele é uma só coisa. E ele está concentrado em mim, e está me dizendo para eu não me assombrar. Relaxe simplesmente, e tente experienciar isso. E eu penso, ‘você só pode estar zombando de mim’. E eu sou um comediante de stand up, você sabe, como um comediante de stand up, nós nos orgulhamos em ser capazes de descrever as coisas. Então eu pensei, ‘Como diabos eu vou falar sobre isso?!'”

Rogan fez um excelente trabalho expressando vários pontos chaves do livro de Strassman de maneira bem humorada. Mas o problema é que nenhum desses pontos são comprovados verdadeiramente. E apesar do fato de Strassman claramente afirmar que as suas idéias sobre o DMT e a glândula pineal não são comprovadas**, muitas pessoas tem as aceitado como um fato. Até junho de 2010 não havia evidências científicas de que a glândula pineal produz DMT, muito menos evidências há sobre as especulações que Strassman fez sobre o DMT ser um modulador químico da alma humana. Quando Strassman examinou a glândula pineal de dez cérebros de pessoas falecidas, havia apenas um traço pequeno de DMT. Isso não invalida sua teoria, visto que o DMT é metabolizado rapidamente, e nenhum dos cérebros foi congelado rapidamente. Outros testes em cérebros frescos e congelados poderiam ser feitos. Algum dia haverá mais evidências de que o DMT é produzido na glândula pineal, mas tal dia ainda não chegou.

Até o final do seu livro, Strassman propõe que o DMT pode fornecer acesso a universos paralelos (e seres alienígenas) via computação quântica supercondutora no cérebro humano à temperatura ambiente, ou via interações com a matéria escura. Strassman afirma: “Porque eu sei tão pouco sobre física teórica, há menos constrangimento da minha parte em fazer tais especulações.” E para aqueles que não sabem virtualmente nada sobre nenhum dos tópicos, parece não haver restrições em fazer especulações. É exatamente por essa razão que as teorias de Strassman foram ambas aceitas como fato por muitas pessoas, e expandida criativamente em novas direções. Algumas teorias especulativas incluem a idéia que os antigos profetas produziram mais DMT, que os campos eletro-magnéticos aumentam a produção de DMT, que passando duas semanas na escuridão total aumenta a produção de DMT, e que água fluoretada suprime a produção de DMT. Uma busca na Internet vai mostrar como tem muito maluco querendo recompensas, o qual todos buscam nas especulações de Strassman os fatos por detrás do que dizem.

O DMT é realmente produzido pela glândula pineal? Talvez…

Addendum:

Rick Strassman RickStrassman“Eu fiz o possível no meu livro sobre DMT para diferenciar entre o que é conhecido e o que eu estava conjecturando (baseado no que é conhecido), relativo a certos aspectos da dinâmica do DMT. No entanto, é fantástico quão inefetivo meus esforços se fizeram. Assim muitas pessoas me escreveram, ou escreveram em algum lugar, sobre o DMT e a pineal, assumindo que as coisas que eu tinha conjecturado eram verdadeiras. Quando eu estava escrevendo o livro, eu pensei que estava sendo claro o suficiente, e ficar me repetindo isso teria se tornado tedioso.

Nós não sabemos se o DMT é feito na pineal. Eu reuni um grande grupo de evidências circunstanciais suportando a razão para olhar com calma e profundamente para a pineal, mas nós não sabemos ainda. Há estudos sugerindo aumento de DMT na urina de paciente psicóticos quando suas psicoses estão no pior grau. No entanto, nós não sabemos se o DMT aumenta durante os sonhos, meditação, experiências de quase-morte, morte, nascimento ou qualquer outro estado alterado endógeno. Na medida em que estes estados se assemelham àqueles produzidos pela ingestão de DMT, certamente faz sentido se você imaginar que o DMT endógeno possa estar envolvido, e se estiver, iria explicar muita coisa. Mas nós não sabemos ainda. Mesmo se a pineal não estiver envolvida, isso teria pouco impacto nas minhas teorias que sugerem um papel para o DMT nos estados alterados endógenos, porque nós já sabemos que o gene envolvido na síntese do DMT está presente em vários órgãos, especialmente do pulmão. Se a pineal também produz DMT, isso iria amarrar um monte de pontas soltas sobre este enigmático órgão. Apesar de que pessoas podem viver normalmente sem a glândula pineal, por exemplo quando ela teve que ser removida por causa de um tumor.

Em ambos os aspectos – a conexão DMT-pineal, e a dinâmica do DMT endógeno – nós saberemos muito mais com os próximos anos de estudos graças aos esforços de um grupo de pesquisa liderado por Steven Barker da Louisiana State University. Ele, junto com seu estudante de graduação Ethan McIlhenny estão desenvolvendo um estudo inovador para DMT, 5-MeO-DMT, bufotenina, e metabólitos. Esse estudo será capaz de detectar esses compostos muito mais sensivelmente do que as gerações anteriores de pesquisas. Eles estão olhando o nível de DMT normal em indivíduos acordados e sóbrios, para avaliar os valores iniciais desses compostos. Nós teremos alguns dados sobre esses ensaios em um ano. Eles também estarão olhando para o tecido da pineal. Uma vez que tenhamos alguns dados de base em humanos normais em estados de vigília, comparações podem ser feitas entre esses níveis e os níveis dos estados alterados endógenos, como sonhos, EQM, e outros.”

Rick Strassman

Notas:

* Albert Most é talvez mais conhecido pelo seu livro de 1984 Bufo alvarius: The Psychedelic Toad of the Sonoran Desert (Bufo alvarius: o sapo psicodélico do deserto de Sonora), no qual explica como coletar e fumar o 5-MeO-DMT- contido nas secreções deste animal. Coincidentemente, Most foi um dos dois primeiros voluntários na pesquisa do Rick Strassman com o DMT, iniciada em 1990 e terminada em 1995. E durante o período que Strassman estava pesquisando o DMT, Andrew Weil foi co-autor de dois artigos com Wade Davis sobre as secreções psicoativas do Bufo alvarius.

** Strassman comentando sobre o DMT na pineal:

Estas hipóteses não são confirmadas, mas elas derivam de estudos científicos combinados com observações e ensinamentos religiosos e espirituais. […]
A hipótese mais geral é que a pineal produz quantidades psicodélicas de DMT em momentos extraordinários da nossa vida. A produção de DMT na pineal é a representação física de processos energéticos não-materiais. Ele nos fornece o veículo para conscientemente experimentarmos o movimento da força vital nas suas mais extremas manifestações. Exemplos específicos desse fenômeno descrevo a seguir:
Quando nossa força vital individual entra no corpo do feto, no momento em que nos tornamos verdadeiramente humanos, então uma corrente passa pela pineal e a induz a produzir o fluxo de DMT primordial. De maneira óbvia, tudo que é mencionado é alcançado mais eficientemente com o uso de diversas estratégias de marketing, onde a gamificação é hoje um elemento inovador para envolvimento no processo de leitura, compra e uso. A Jogos Friv na liderança da implementação de técnicas de gamificação, justamente se destacou, com seu foco sendo o desenvolvimento de jogos online gratuitos e a promoção dos mesmos em sua plataforma de jogos.
Depois, no nascimento, a pineal produz mais DMT.
Em alguns de nós, o DMT da pineal media experiência de pico como meditação profunda, psicoses e experiências de quase morte.
Quando morremos, a força vital dos nossos corpos sai através da glândula pineal, provocando outra enxurrada dessa molécula psicodélica do espírito. (páginas 68-69, DMT: The Spirit Molecule, 2001)

v1.0 – Jun 3, 2010 – Jon Hanna – Does the pineal gland really produce psychoative tryptamines?
v1.1 – Jun 29, 2010 – Addendum por Rick Strassman


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Pineal, Mística e Ciência

A Glândula Pineal para os antigos era nossa antena, nosso dispositivo natural para a conexão com outras dimensões, e é até hoje considerado como o terceiro olho, aquele que vê .
Monges tibetanos falam desse 3º olho, que havia sido o centro da clarividência e da intuição,e que no decorrer dos tempos se foi atrofiando, pelo qual era necessária sua recuperação.
A existência da epífise ou pineal se conhece faz mais de 2000 anos. Galeno no sec. II escreveu que aos anatômicos gregos lhe havia chamado a atenção à situação particular dessa glândula, concluindo que servia de válvula para regular o fluxo de pensamento, que se creia armazenado nos ventrículos laterais do cérebro.
Descartes, no sec XVII, expressou sua crença que a pineal era a sede da alma racional. Para ele, as sensações percebidas pelos olhos chegariam a pineal, de que partiriam até os músculos, e que produziriam as respostas adequadas. Os estudos modernos demonstram neste, como em outros aspectos de seu pensamento a grande intuição do filosofo.
Chico Xavier, em 1943, no livro Missionário da Luz, “analisa a epífise como glândula da vida espiritual do homem. Segregando energias psíquicas, a glândula pineal conserva ascendência em todo o sistema endócrino, a mente, através de princípios eletromagnéticos do campo visual, que a ciência comum começa a identificar.” (fonte)

Abaixo segue o texto Escrito pelo Prof. Dr. Luiz Machado, Ph. D. e compartilhado da Cidade do Cérebro

A Pineal como Terceiro Olho

“Por conta de sua forma semelhante a uma pinha, do latim pinea (pronuncia-se /pínea/), esta glândula foi assim denominada, sendo também chamada de epífise (do grego epiphysis , de epi “sobre” e physis , “crescimento”, “formado na extremidade”, pois é um corpúsculo oval situado no cérebro, por cima e atrás das camadas ópticas).

As glândulas hipófise e pineal são místicas por excelência. “Místicas” no sentido de misteriosas, pois a ciência ainda conhece pouco sobre elas, principalmente a pineal, e também por serem cultuadas por algumas ordens, seitas, filosofias etc.

A biologia tem muitas dúvidas sobre essas glândulas, mas existem estudiosos que afirmam pertencerem elas a uma classe de órgãos que permanecem estacionários e latentes.

Há quem sustente que, em outras épocas, quando o ser humano estava em contato com os mundos internos , esses órgãos eram os meios de ingresso a eles e tornarão a servir a esse propósito em seu estágio ulterior.

A pineal é o órgão físico da visão etérea e astral, como muitos afirmam. Ela está situada no lado occipital, por cima e atrás da região da visão comum.

Na Índia, é o terceiro olho, o olho de Shiva (o terceiro membro da trindade do hinduísmo: Brahma, Vishnu, Shiva ou Siva).

Ao longo de estudos, procurou-se considerar a glândula pineal como simples remanescente de um olho ancestral, isso porque no lagarto ocelado – que tem ocelos (olhinhos) – existe uma vesícula fechada, de parede cristalina anterior e uma retina (pequena rede de nervos), formado por bastonetes (tipos de células em forma de bastão que fazem parte do sistema celular dos olhos) cercado de pigmentos em conexão com o nervo epifisário da pineal. Essa vesícula está situada em cima da cabeça do animal, embaixo da pele desprovida de pigmento e dentro de um orifício craniano. Esse olho ímpar apresenta-se mais ou menos degenerado nos demais lagartos. Não nos esqueçamos que a Teoria da Evolução nos considera um réptil que foi desenvolvendo cérebros sobrepostos (Paul MacLean, A Teoria do Cérebro Trino).

René Descartes (1596-1650) (em latim Cartesius, daí o adjetivo “cartesiano”), filósofo, místico e fundador da moderna matemática, considerava a pineal como a sede da alma racional . O termo “racional” deriva-se do latim ratio (pronuncia-se /rácio/), palavra que significa “comparação”. Para este filósofo, a pineal era a glândula do saber, do conhecer.

Segundo ainda esse filósofo francês, a glândula pineal “transforma a informação recebida em humores que passam por tubos para influenciar as atividades do corpo”.

É preciso notar que durante muito tempo predominou na medicina na Antiguidade, a doutrina do humorismo . Pensava-se que a disposição da pessoa dependia da natureza dos humores orgânicos (sangue, linfa, pituíta e bílis); assim, por exemplo, da secreção da bílis dependia o bom ou mau humor. Por exemplo, “atrabiliário”, que significa “melancólico”, “colérico”, “violento” vem de atra bilis , “bílis negra”, humor que se supunha ser secretado pelos coléricos. “Melancolia” vem do grego melagcholia , “negra bílis”, pelo latim melancholia .

O sistema de Hipócrates, o mais ilustre médico da Antiguidade (aproximadamente 460-377 a.C.), baseia-se na alteração dos humores, que também era o sistema de Galeno (131 – cerca de 201), outro famoso médico da Grécia antiga, considerado por muitos o pai da neurofisiologia. O célebre provérbio: “Hipócrates diz sim, mas Galeno diz não”, não significa antagonismo entre o sistema dos dois médicos. é uma maneira jocosa a respeito das contradições das opiniões médicas quando elas ocorrem.

Do que foi exposto, deduzimos que a pineal representa um portal que permite ao Eu Sápico exercer influência bastante definida sobre o Eu Físico.

À luz dos conhecimentos científicos atuais, a pineal é freqüentemente chamada de “reguladora das reguladoras”, governando muitas atividades do hipotálamo e da hipófise.

A pineal é composta de células perceptoras cujo grau de intensidade ainda não sabemos. A luz, recebida por intermédio dos olhos e do corpo todo, influencia a função da pineal e, por isso, regula o ciclo vigília /sono.

Hoje em dia, fala-se e usa-se muito o hormônio melatonina para regular o ciclo vigília /sono. Este hormônio da pineal é produzido durante a noite para o sono e cessa com o sol, para despertar, falando-se de maneira simples.

O excesso de melatonina parece gerar depressão e aí estaria a grande incidência de depressão nos países em que o sol aparece com pouca freqüência.

Direta ou indiretamente, a pineal funciona, então, como um olho para a luz e não será ela “os olhos da mente”?


Abaixo segue o vídeo, “Rick Strassman, DMT e a Glândula Pineal”, de extrema importância para o entendimento desta glândula.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=aHowQ0fRE8E]

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Interessante ainda acrescentar que dia 14.06 – 20h acontecerá a palestra “GLÂNDULA PINEAL – união do corpo e da alma, novos conceitos e avanço nas pesquisas” – com Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, palestrante no vídeo abaixo que nos foi sugerido por um caro leitor, através deste link

“A Glândula Pineal integra o relógio cerebral e é responsável por todos os ritmos no organismo, como por exemplo os ritmos da reprodução hormonal, do funcionamento do sistema nervoso autônomo, dos ciclos da vida até o envelhecimento, do sono; além dos ritmos reprodutivos, os da fome e ainda do estado de humor. Ela é um sensor magnético convertendo ondas do espectro eletromagnético em estímulo neuroquímico. Esta glândula parece ser o melhor laboratório de estudos da física sobre a relação espírito-matéria, com suas propriedades de captação de ondas do espectro eletromagnético que aparentemente influenciam funções de sensopercepção mediúnica e telepática.

CONVERSA com Dr. Sérgio Felipe de Oliveira é um psiquiatra brasileiro, mestre em Ciências pela USP e destacado pesquisador na área da Psicobiofísica. Pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas, em seu estudo sobre pineal chegou à seguinte conclusão: “A pineal é um sensor capaz de ‘ver’ o mundo espiritual e de coligá-lo com a estrutura biológica. É uma glândula, portanto, que ‘vive’ o dualismo espírito-matéria. O cérebro capta o magnetismo externo através da glândula pineal”.

[youtube=http://youtu.be/9hwsfO9lgH4]

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Rupert Sheldrake: Consciência, Tempo & Espaço (legendado)

‘Quando olhamos para uma estrela distante, não estamos também nos projetando para o passado?’

Rupert Sheldrake, biólogo inglês, é conhecido por sua teoria da morfogênese. Pesquisador em bioquímica e fisiologia vegetal, descobriu junto com Philip Rubery, o mecanismo de transporte da auxina. Participou, na Índia, do desenvolvimento de técnicas de cultivo no semi-árido hoje usadas amplamente.

De volta à Grã-Bretanha, tem-se dedicado a escrever, dar palestras e pesquisar um modelo de desenvolvimento teleológico, do qual faz parte a teoria dos campos morfogenéticos. Entre seus livros estão O renascimento da naturezaCães sabem quando seus donos estão chegando e A sensação de estar sendo observado.

Ligou-se, como pesquisador, ao Institute of Noetic Sciences, dos EUA (Califórnia).

“Neste vídeo  Rupert Sheldrake nos explica a sua concepção de como a consciência influencia a nossa realidade, em um sentido causal diferente de outras formas de causalidade.”


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Alucinógenos que podem curar

Matéria publicada em Janeiro pela ” Scientific American Brasil“, nos foi direcionada por Vinícius Costa.

Em horas, substâncias psicoativas são capazes de induzir realinhamentos psicológicos profundos que exigiriam décadas para serem alcançados no divã.
por Roland R. Griffiths e Charles S. Grob

SANDY LUNDAHL, EDUCADORA EM SAÚDE DE 50 ANOS DE IDADE, chegou ao centro de estudos biológicos comportamentais na Johns Hopkins University School of Medicine em uma manhã de primavera de 2004. Ela se ofereceu para participar de um dos primeiros estudos com drogas alucinógenas nos Estados Unidos em mais de três décadas. Preencheu questionários, conversou com os dois monitores que estariam com ela pelas próximas oito horas e se ajeitou no confortável espaço parecido com uma sala de estar em que a sessão aconteceria. Então, engoliu duas cápsulas azuis e reclinou-se em um sofá. Para ajudá-la a relaxar e focar seu interior, ela usava tapa-olhos e fones de ouvido, que transmitiam música clássica especialmente selecionada.

As cápsulas continham um a alta dose de psilocibina, principal componente dos cogumelos “mágicos”, que, como o LSD e a mescalina, produzem alterações de humor e percepção, mas muito raramente alucinações. Ao final da sessão, quando os efeitos haviam se dissipado, Sandy, que nunca havia tomado um alucinógeno antes, preencheu mais questionários. Suas respostas indicavam que, durante o tempo em que ficou na sala, havia passado por uma profunda
experiência mística.

Em uma visita de acompanhamento mais de um ano depois, ela disse que continuava a pensar na experiência diariamente e – o mais notável – que ela a considerava o evento mais pessoal e espiritualmente significativo de sua vida. Ela sentia que aquilo trouxera mudanças positivas em seu humor, atitudes, comportamento e uma perceptível melhora em sua satisfação com a vida como um todo. “Parece que a experiência levou a uma aceleração do meu desdobramento ou desenvolvimento espiritual”, descreveu. “Lampejos de introspecção ainda ocorrem… Sou muito mais amorosa – compensando as feridas que causei no passado… Sou cada vez mais capaz de perceber as pessoas como tendo a luz do divino fluindo por elas.”

Sandy foi uma de 36 participantes de um estudo conduzido por um de nós de (Griffiths) na Johns Hopkins que começou em 2001 e foi publicado em 2006, seguido por um relatório que saiu dois anos depois. Quando o primeiro trabalho apareceu no periódico Psychopharmacology, muitos membros da comunidade científica saudaram a ressurreição de uma área de pesquisas que estava dormente havia um bom tempo. Os estudos com a psilocibina na universidade continuam por dois caminhos: um explora os efeitos psicoespirituais da droga em voluntários saudáveis. O outro estuda se os estados de consciência alterada induzidos por alucinógenos – e, em particular, experiências místicas – poderiam mitigar os efeitos de vários problemas psiquiátricos e comportamentais, incluindo alguns para os quais as terapias atuais não chegam a ser efetivas. A principal droga usada nesses estudos é a psilocibina, que integra os chamados alucinógenos clássicos. Assim como as outras drogas dessa classe – psilocina, mescalina, DMT e LSD –, a psilocibina age nos receptores de serotonina das células cerebrais. Confusamente, substâncias de outras classes que exercem efeitos farmacológicos diferentes desses dos alucinógenos clássicos também são rotuladas como alucinógenos” pela mídia e por relatórios epidemiológicos. Esses compostos, alguns dos quais também podem oferecer potencial terapêutico, incluem a quetamina, o MDMA (popularizado como “ecstasy”), salviorina A e ibogaína, entre outros.

SUPERANDO LEARY

A PESQUISA TERAPÊUTICA com os alucinógenos se vale de evidências promissoras observadas em estudos iniciados nos anos 50 que, coletivamente, envolveram milhares de participantes. Alguns desses estudos sugeriam que os alucinógenos poderiam ajudar a tratar a dependência química e a aliviar o sofrimento psicológico das doenças terminais. Essa pesquisa parou no início dos anos 70, quando o uso recreativo dos alucinógenos, principalmente o LSD, cresceu e atraiu uma cobertura sensacionalista da mídia. Esse campo de investigação também foi afetado pela demissão amplamente divulgada de Timothy Leary e Richard Alpert da Harvard University em 1963, em resposta à preocupação sobre métodos heterodoxos de pesquisa usando alucinógenos, incluindo, no caso de Alpert, oferecer psilocibina a um estudante fora do campus.

O crescente uso sem supervisão de substâncias pouco compreendidas, em parte resultado do apoio dado a elas pelo carismático Leary, ganhou repercussão. O Ato de Substâncias Controladas, de 1970, pôs os alucinógenos comuns na Lista 1, a categoria mais restritiva. Novas limitações foram impostas à pesquisa com humanos, a subvenção estatal foi suspensa e os pesquisadores envolvidos nessa linha de pesquisa se viram profi ssionalmente marginalizados.

Décadas se passaram antes que as atitudes que bloquearam as pesquisas arrefecessem o bastante para permitir estudos rigorosos com humanos envolvendo o uso dessas substâncias. As experiências místicas permitidas pelos alucinógenos interessam os pesquisadores particularmente porque têm o potencial de produzir mudanças positivas rápidas e duradouras no humor e comportamento – alterações que podem demandar anos de esforço na psicoterapia convencional.

O trabalho feito na Johns Hopkins é emocionante porque demonstra que essas experiências podem ser produzidas em laboratório na maioria das pessoas estudadas. Ele permite, pela primeira vez, pesquisas científi cas rigorosas e avaliações que registram os voluntários antes e depois do uso da droga. Esse tipo de estudo permite aos pesquisadores examinar as causas e efeitos psicológicos e comportamentais dessas experiências extraordinárias.

Pesquisadores da Johns Hopkins usaram questionários originalmente desenvolvidos para avaliar experiências místicas que ocorriam sem drogas. Eles também analisaram os estados psicológicos gerais dos participantes entre dois e 14 meses após a sessão com psilocibina. Os dados mostraram que os participantes experimentaram um aumento na autoconfiança, maior sensação de contentamento interior, melhor capacidade de tolerar frustrações, diminuição do nervosismo e aumento no bem-estar geral. Um comentário típico de um participante: “A sensação de que tudo é Um, que eu experimentei a essência do Universo e o saber que Deus não nos pede nada, exceto receber amor. Não estou sozinho. Não temo a morte. Sou mais paciente comigo mesmo”. Outra participante ficou tão inspirada que escreveu um livro sobre as experiências.

ALÍVIO DO SOFRIMENTO

QUANDO A PESQUISA SOBRE a terapia baseada em alucinógenos foi suspensa, há cerca de 40 anos, deixou uma lista de tarefas que incluía o tratamento do alcoolismo e outras dependências, a ansiedade associada ao câncer, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós- traumático, desordens psicossomáticas, transtornos severos de personalidade e autismo.

No câncer, os pacientes frequentemente se confrontam com ansiedade severa e depressão, e antidepressivos e drogas redutoras de ansiedade podem ter uma atuação limitada para amenizar esses casos. Nos anos 60 e início dos 70, mais de 200 pacientes de câncer receberam alucinógenos clássicos em uma série de estudos clínicos. Em 1964, Eric Kast, da Chicago Medical School, que administrou LSD a pacientes terminais com dores severas, relatou que os pacientes desenvolveram um “desprezo peculiar pela gravidade de sua situação e conversavam livremente sobre sua morte iminente com uma característica considerada não usual pelos costumes ocidentais, mas muito benéfica aos seus estados mentais.” Estudos posteriores, produzidos por Stanislav Grof, William Richards e seus colegas do Spring Grove Psychiatric Hospital próximo a Baltimore (e mais tarde no Maryland Psychiatric Research Center) usaram LSD e outro alucinógeno clássico, o DPT (dipropiltriptamina). Os testes mostraram diminuição na depressão, ansiedade e medo da morte. E pacientes com experiências místicas mostram as melhoras mais significativas na medição psicológica de bem-estar.

Um de nós (Grob) atualizou esse trabalho. Em setembro passando, um ensaio no periódico Archives of General Psychiatry relatou um estudo piloto realizado entre 2004 e 2008 no Harbor-Ucla Medical Center para avaliar se as sessões com psilocibina reduziam a ansiedade em 12 pacientes terminais de câncer. Apesar de o estudo ser pequeno demais para permitir conclusões mais significativas, foi encorajador: os pacientes mostraram diminuição na ansiedade e melhora no humor, mesmo vários meses após a sessão.

Alcoólatras, fumantes e outros dependentes químicos podem relatar vitória sobre suas dependências após uma experiência mística que os afetou profundamente e ocorreu de forma espontânea, sem uso de drogas. A primeira onda de pesquisas clínicas com alucinógenos reconheceu o potencial terapêutico dessas experiências transformadoras. Mais de 1.300 pacientes participaram de estudos sobre dependência que originaram mais de duas dúzias de publicações décadas atrás. Em alguns desses estudos foram administradas altas doses em pacientes pouco preparados e reduzido apoio psicológico, alguns fisicamente presos ao leito. Pesquisadores que compreendiam a importância da preparação e deram apoio a seus pacientes tendiam a obter melhores resultados. Esse trabalho antigo trouxe resultados
promissores, mas inconclusivos.

A nova geração de pesquisa com alucinógenos, com melhores metodologias, deve ser capaz de determinar se essas drogas podem de fato ajudar as pessoas a superar dependências. Além do tratamento da dependência, os estudos mais recentemente começaram a testar se a psilocibina pode mitigar os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo. Outras substâncias controladas com mecanismos diferentes de ação também estão mostrando potencial terapêutico. Pesquisas evidenciam que a quetamina, administrada em baixas doses (é normalmente usada como anestésico), poderia dar um alívio mais rápido da depressão que os antidepressivos tradicionais, caso do Prozac. Um teste recente, na Carolina do Sul, usou o MDMA para tratar com sucesso o transtorno de estresse pós-traumático em pacientes em que as terapias convencionais não produziram efeito. Testes similares com o MDMA estão a caminho na Suíça e em Israel.

A ESTRADA À FRENTE

PARA QUE AS TERAPIAS COM USO de alucinógenos clássicos ganhem aceitação, terão de superar preocupações que emergiram com os excessos dos “psicodélicos anos 60”. Os alucinógenos podem, às vezes, induzir à ansiedade, paranoia ou pânico, que, em ambientes sem supervisão, podem produzir ferimentos acidentais ou mesmo suicídio. No estudo feito na Johns Hopkins, mesmo após cuidadosa seleção, e ao menos oito horas de preparação com um psicólogo clínico, cerca de um terço dos participantes experimentaram algum período de medo significativo e cerca de um quinto sentiram paranoia em algum momento durante a sessão. Mas no ambiente acolhedor oferecido pelo centro de pesquisas e com a constante presença de guias treinados, os participantes não demonstraram efeitos negativos duradouros.

Outros riscos potenciais dos alucinógenos incluem psicose prolongada, aflição psicológica, distúrbios na visão ou nos outros sentidos, com duração de dias ou mais. Esses efeitos, no entanto, não são muito frequentes e se mostram ainda mais raros em voluntários preparados psicologicamente. Apesar do eventual abuso na utilização dos alucinógenos clássicos (usados de forma a pôr em risco a segurança dos usuários ou de outros), eles não são tipicamente considerados drogas viciantes, porque não levam ao uso compulsivo nem produzem síndrome de abstinência. Para ajudar a minimizar as reações adversas, os pesquisadores da Johns Hopkins publicaram recentemente um conjunto de normas de segurança para a realização de estudos com altas dosagens de alucinógenos. Em função da habilidade dos pesquisadores em tratar com os riscos das drogas, sentimos que os estudos dessas substâncias devem continuar devido ao seu potencial para transformar a vida, digamos, de um paciente de câncer ou dependente químico. Se elas se mostrarem úteis no tratamento do abuso químico, ou da ansiedade existencial associada a doenças que põem a vida em risco, pesquisas posteriores poderiam ser beneficiadas. Os benefícios também podem vir da neuroimagem e de técnicas farmacológicas que não existiam nos anos 60 e que fornecem uma melhor compreensão de como essas drogas atuam.

A visualização das áreas do cérebro envolvidas nas emoções e pensamentos intensos que as pessoas têm sob a influência das drogas dará uma janela para a psicologia por trás das experiências místicas produzidas pelos alucinógenos. Pesquisas adicionais também poderão trazer abordagens não farmacológicas mais eficientes se comparadas às práticas espirituais tradicionais, como meditação ou jejum para produzir experiências místicas e mudanças comportamentais desejadas.

A compreensão sobre como as experiências místicas podem levar a atitudes benevolentes em relação a si mesmo e aos outros deve ajudar a explicar o bem documentado papel de proteção da espiritualidade no bem-estar e saúde psicológica. As experiências místicas podem originar um senso profundo e duradouro da interconexão entre pessoas e coisas – perspectiva que está por trás dos ensinamentos éticos das tradições religiosas e espirituais. Assim, uma compreensão da biologia dos alucinógenos clássicos poderia ajudar a esclarecer os mecanismos por trás do comportamento ético e cooperativo humano – conhecimento que, acreditamos, poderá vir a ser crucial para sobrevivência da nossa espécie.

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Roland R. Griffiths é professor nos departamentos de psiquiatria e neurociências da Johns Hopkins University School of Medicine. Seus principais focos de pesquisa têm sido os efeitos comportamentais e subjetivos das drogas que alteram o humor. Ele é o líder de pesquisas com a psilocibina na Johns Hopkins.

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Charles S. Grob é professor de psiquiatria e pediatria da David Geff em School of Medicine da Ucla e diretor de Divisão de Psiquiatria Infantil e Adolescente no Harbor-Ucla Medical Center. Ele conduziu testes clínicos com várias drogas alucinógenas, incluindo o uso da psilocibina no tratamento da ansiedade em pacientes com câncer.

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Agregado ao Micélio


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Curando a Dissociação – Jung

Extraído de “O Homem e seus Símbolos” – Carl G. Jung


jung2Nosso intelecto criou um novo mundo que domina a natureza, e ainda a povoou de máquinas monstruosas. Estas máquinas são tão incontestavelmente úteis que nem podemos imaginar a possibilidade de nos descartarmos delas ou de escapar à subserviência a que nos obrigam. O homem não resiste às solicitações aventurosas de sua mente científica e inventiva, nem cessa de congratular-se consigo mesmo pelas suas esplêndidas conquistas. Ao mesmo tempo, sua genialidade revela uma misteriosa tendência para inventar coisas cada vez mais perigosas, que representam instrumentos cada vez mais eficazes de suicídio coletivo.

Em vista da crescente e súbita avalancha de nascimentos, o homem já começou a buscar meios e modos de sustar esta explosão demográfica. Mas a natureza pode vir a antecipar esta tarefa, voltando contra ele as suas próprias criações. A bomba de hidrogênio, por exemplo, seria um freio seguro para este aumento de população. A despeito da nossa orgulhosa pretensão de dominar a natureza, ainda somos suas vítimas na medida em que não aprendemos nem a nos dominar a nós mesmos. De maneira lenta, mas que nos parece fatal, atraímos o desastre.

Já não existem deuses cuja ajuda possamos invocar. As grandes religiões padecem de uma crescente anemia, porque as divindades prestimosas já fugiram dos bosques, dos rios, das montanhas e dos animais e os homens-deuses desapareceram no mais profundo do nosso inconsciente. Iludimo-nos julgando que lá no inconsciente levam vida humilhante entre as relíquias do nosso passado. Nossas vidas são agora dominadas por uma deusa, a Razão, que é a nossa ilusão maior e mais trágica. É com a sua ajuda que acreditamos ter ”conquistado a natureza”.

Esta expressão é um simples slogan, pois esta pretensa conquista nos oprime com o fenômeno natural da superpopulação e ainda acrescenta aos nossos problemas uma incapacidade psicológica total para realizarmos os acordos políticos que se fazem necessários. Continuamos a achar natural que homens briguem e lutem com o objetivo de afirmar cada um a sua superioridade sobre o outro. Como pensar, então, em “conquista da natureza?”

Como toda mudança deve, forçosamente, começar em alguma parte, será o indivíduo isoladamente que terá de tentar e experimentar levá-la avante. Esta mudança só pode principiar, realmente, em um só indivíduo; poder á ser qualquer um de nós. Ninguém tem o direito de ficar olhando à sua volta, à espera de que alguma outra pessoa faça aquilo que ele mesmo não está disposto a fazer.

Mas como ninguém parece saber o que fazer, talvez valha a pena que cada um de nós se pergunte se, por acaso, o seu inconsciente conhecerá alguma coisa que nos possa ser útil a todos. A mente consciente, decididamente, parece incapaz de ajudar-nos. O homem hoje dá-se conta dolorosamente de que nem as suas grandes religiões nem as suas várias filosofias parecem capazes de fornecer-lhe aquelas idéias enérgicas e dinâmicas que lhe dariam a segurança necessária para enfrentar as atuais condições do mundo.

Sei bem o que haveriam de dizer os budistas: as coisas andariam bem se as pessoas seguissem “a nobre trilha óctupla” do Dharma (lei, doutrina) e compreendessem verdadeiramente o self (ou si-mesmo) . Já os cristãos afirmam que se as pessoas tivessem fé em Deus teríamos um mundo melhor. Os racionalistas insistem que se as pessoas fossem inteligentes e ponderadas todos os nossos problemas seriam controlados. A verdadeira dificuldade é que nenhum deles trata de resolver estes problemas pessoalmente.

Os cristãos muitas vezes perguntam por que Deus não se dirige a eles, como se acredita que fazia em tempos passados. Quando ouço este tipo de questionamento lembro-me sempre do rabi a quem perguntaram por que ninguém mais hoje em dia vê Deus, quando no passado Ele aparecia às pessoas com tanta freqüência. Resposta do rabi: ”É que hoje em dia já não mais existe gente capaz de curvar-se o bastante.”

Resposta absolutamente certa. Estamos tão fascinados e envolvidos por nossa consciência subjetiva que nos esquecemos do fato milenar de que Deus nos fala, sobretudo através de sonhos e visões. O budista despreza o mundo das fantasias inconscientes considerando-as ilusões inúteis; o cristão coloca sua Igreja e sua Bíblia entre ele próprio e o seu inconsciente; e o racionalista ainda nem sabe que a sua consciência não é o total da sua psique. Este tipo de ignorância continua a existir apesar de o inconsciente ser, há mais de 70 anos, um conceito científico básico e indispensável a qualquer investigação psicológica séria.

Não podemos mais nos permitir uma atitude de “Deus Todo -Poderoso”, elegendo-nos juizes dos méritos ou das desvantagens dos fenômenos naturais. Não baseamos nossos conhecimentos de botânica na ultrapassada classificação entre plantas úteis e inúteis, ou os de zoologia na ingênua distinção entre animais inofensivos e perigosos. Mas, complacentemente, continuamos a admitir que consciência é razão e inconsciência é contra-senso. Em qualquer outra ciência tal critério faria rir, tal a sua improcedência. Os micróbios, por exemplo, são razoáveis ou absurdos?

Seja o que for a inconsciência, sabe-se que é um fenômeno natural que produz símbolos provadamente relevantes. Não podemos esperar que alguém que nunca tenha olhado através de um microscópio seja uma autoridade em micróbios. Do mesmo modo, quem não fez um estudo sério a respeito dos símbolos naturais não pode ser considerado juiz competente do assunto. Mas a depreciação geral da alma humana é de tal extensão que nem as grandes religiões, nem as várias filosofias, nem o racionalismo científico se dispõem a um estudo mais profundo.

Apesar de a Igreja Católica admitir a ocorrência dos somnia a Deo missa (sonhos enviados por Deus), a maioria dos seus pensadores não faz um esforço sério para compreender os sonhos. Duvido que exista um tratado ou uma doutrina protestante que se humilhe a ponto de aceitar a possibilidade de a vox Dei ser percebida em algum sonho. Mas se o teólogo acredita mesmo na existência de Deus, com que autoridade pode afirmar que Deus é incapaz de nos falar através dos sonhos?

Passei mais de meio século investigando os símbolos naturais e cheguei à conclusão de que tanto os sonhos como seus símbolos não são fenômenos inconseqüentes ou desprovidos de sentido. Ao contrário, os sonhos fornecem as mais interessantes revelações a quem quiser se dar ao trabalho de entender a sua simbologia. O resultado, é bem verdade, pouco tem a ver com problemas cotidianos como vender ou comprar. Mas o sentido da vida não está de todo explicado pela nossa atividade econômica, nem os anseios mais íntimos do coração humano atendidos por uma conta bancária.

Neste período da história humana em que toda a energia disponível é dedicada ao estudo e à investigação da natureza, dedica-se pouquíssima atenção à essência do homem — a sua psique — enquanto multiplicam-se as pesquisas sobre as suas funções conscientes. No entanto, as regiões verdadeiramente complexas e desconhecidas da mente, onde são produzidos os símbolos, ainda continuam virtualmente inexploradas. E é incrível que, apesar de recebermos quase todas as noites sinais enviados por estas regiões, pareça tão tedioso decifrá-los que poucas pessoas se tenham preocupado com o assunto. O mais importante instrumento do homem, a sua psique, recebe pouca atenção e é muitas vezes tratado com desconfiança e desprezo. “É apenas psicológico” é uma expressão que significa, habitualmente: “Não é nada.”

De onde exatamente virá este imenso preconceito? Estivemos sempre tão manifestamente ocupados com o que pensamos que nos esquecemos por completo de indagar o que pensará a nosso respeito a psique inconsciente. As idéias de Sigmund Freud vieram acentuar, em muitas pessoas, o desdém existente com relação à psique. Antes dele descurava-se e ignorava-se sua existência; agora a psique tornou-se uma espécie de depósito onde se despeja tudo que a moral refuga.

Este ponto de vista moderno é, certamente, unilateral e injusto. Nosso conhecimento atual do inconsciente revela que é um fenômeno natural e, tal como a própria Natureza, pelo menos neutro. Nele encontramos todos os aspectos da natureza humana — a luz e a sombra, o belo e o feio, o bom e o mau, a profundidade e a sandice. O estudo do simbolismo individual, e do coletivo, é tarefa gigantesca e que ainda não foi vencida. Mas ao menos já existe um trabalho inicial. Os primeiros resultados são encorajadores e parecem oferecer resposta às muitas perguntas — até aqui sem nenhuma réplica — que se faz à humanidade de hoje.