Cogumelos tem resultados sem precedentes para o alívio do sofrimento relacionado com o câncer

O tratamento com psilocibina, o princípio ativo dos cogumelos alucinógenos, promove um alívio rápido e duradouro da ansiedade e da depressão entre a maioria dos pacientes com câncer, inclusive aqueles com doença avançada, de acordo com dois estudos com desenhos semelhantes publicados on-line em 1º de dezembro no periódico Journal of Psychopharmacology.

A eficácia descrita não tem precedentes na psiquiatria e na psico-oncologia, disse Roland Griffiths, neurocientista e pesquisador responsável de um estudo com 51 pacientes realizado na Johns Hopkins University, em Baltimore, Maryland.

Quando os pacientes do estudo receberam uma única dose alta de psilocibina sintética, o índice geral de resposta clínica aos seis meses para os desfechos primários de depressão e ansiedade foi de 78% e 83%, respectivamente, e o índice geral de remissão completa dos sintomas foi de 65% e 57%, respectivamente.

A psilocibina pode representar uma mudança de paradigma no tratamento dos pacientes com sofrimentos psicológicos relacionados ao câncer, acrescentou Griffiths em uma coletiva de imprensa.

CITACAO

“A psilocibina pode representar uma mudança de paradigma.”
Dr. Roland Griffiths

Os atuais tratamentos farmacológicos da ansiedade e da depressão relacionada com o câncer “tendem a não funcionar melhor do que o placebo” e demonstraram um índice de resposta de aproximadamente 40% em meta-análises, disse o Dr. Steven Ross, psiquiatra e pesquisador responsável do segundo estudo com 29 pacientes realizado na New York University (NYU), na cidade de Nova York.

O sofrimento psíquico relacionado com o câncer é especialmente difícil de tratar, sugeriu o pesquisador, observando que os medicamentos convencionais, como a fluoxetina (Prozac, Eli Lilly), têm mais eficácia no tratamento do sofrimento psíquico dos pacientes com outras doenças graves, como a aids e o acidente vascular encefálico.

No estudo da NYU, em 6,5 meses de acompanhamento, uma única dose moderada de psilocibina sintética foi associada a efeitos duradouros, visto que cerca de 60% a 80% (dependendo do instrumento de avaliação) dos participantes apresentaram redução clinicamente significativa da depressão ou da ansiedade, informaram o Dr. Ross e seus colaboradores.

Estes resultados podem ser um divisor de águas no campo da psiquiatria, já que recentemente a psilocibina também foi administrada com segurança em pacientes com depressão refratária ao tratamento e sofrimento psíquico associado a outras doenças com risco de vida, bem como à dependência de álcool ou tabaco e ao transtorno obsessivo-compulsivo, como já informou o Medscape.

Os pacientes que participaram nos dois novos estudos, que são até o momento os maiores estudos randomizados controlados com psilocibina para a depressão e a ansiedade em pacientes com câncer, também falaram na coletiva de imprensa.

Dinah Bazer, 69 anos, do Brooklyn, em Nova York, foi diagnosticada com câncer de ovário em 2010 e passou por uma cirurgia bem-sucedida e quimioterapia, mas apresenta sofrimento psíquico constante.

“Eu estava absoluta e inteiramente consumida pela ansiedade e pelo medo da recidiva, disse Dinah, que participou do estudo da NYU. “Durante a minha experiência com a psilocibina, visualizei meu medo como uma massa física no meu corpo. Fiquei louca de raiva e gritei para ele ‘some daqui!’, e ele se foi. Eu, então, entrei em um estado difícil de descrever como ateia… banhada no amor de Deus. Isso durou horas. Quando a experiência terminou, meu medo e minha ansiedade tinham desaparecido”, segundo ela.

“Esta droga salvou a minha vida, e mudou a minha vida”, disse Dinah.

A administração de “drogas psicodélicas” como a psilocibina foi estudada no passado nos Estados Unidos para uma série de doenças, observa o Dr. Craig Blinderman, no comentário que acompanha o artigo(http://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0269881116675761). O Dr. Blinderman é especialista em cuidados paliativos no Columbia University Medical Center/New York-Presbyterian Hospital, em Nova York.

Essas pesquisas foram suspensas quando o presidente Richard Nixon assinou a Lei de Substâncias Controladas de 1970, colocando as drogas psicodélicos na Classe I, que corresponde às “drogas sem uso médico aceito na época e com grande potencial de abuso”.

O Dr. Blinderman afirma que os pacientes com câncer têm uma prevalência de ansiedade e depressão de 30% a 40%, que é muito mais elevada do que os 7% a 10% encontrados na população geral.

Muitas vezes, os pacientes oncológicos que sofrem de ansiedade ou depressão têm desfechos piores, até mesmo maior utilização dos serviços de saúde, mais dor, pior qualidade de vida e menor sobrevida, escreve o pesquisador, citando vários estudos.

Esses novos estudos são “inovadores” e apresentam resultados muito empolgantes, disse o Dr. Blinderman, que também participou da entrevista com os jornalistas.

Uma das batalhas travadas no atendimento de pacientes com câncer, especialmente aqueles com doença avançada, é idar com a “angústia existencial” que, de acordo com o Dr. Blinderman, é uma síndrome caracterizada por falta de esperança e desamparo diante da perda de propósito e significado na vida.

O desafio clínico de abordar e tratar essa angústia existencial é exacerbado pelos problemas correlatos, continuou o pesquisador. “As limitações na cobertura da saúde mental e a escassez de profissionais experientes em psico-oncologia disponíveis representa outro obstáculo para os pacientes com câncer… no sentido de colaborar para o bem-estar deles”, disse o médico.

O “mais interessante” para o Dr. Blinderman sobre os novos estudos, foi que os dois encontraram uma correlação entre os pacientes tendo alguma “experiência mística” e extensão da melhora da ansiedade e da depressão.

Por exemplo, no estudo da NYU, os autores informaram que a intensidade da experiência mística subjetiva, classificada de acordo com o Questionário de Experiência Mística (Mystical Experience Questionnaire – MEQ 30) e relatada pelo próprio participante, “mediou” significativamente a diminuição dos sintomas de ansiedade e depressão em médio prazo (por exemplo, seis semanas após a primeira dose).

CITACAO
“Trata-se de um resultado profundo”
Dr. Craig Blinderman

“Trata-se de um resultado profundo”, disse o Dr. Blinderman sobre a correlação entre a experiência mística relatada pelos participantes e os resultados positivos.

Essas observações também lançaram uma nova luz sobre “o aumento do interesse na morte com assistência médica” nos Estados Unidos, disse ele. A incapacidade terapêutica de aplacar o sofrimento existencial dos pacientes é o “principal motivo” que os leva a optar pela morte com assistência médica, disse o Dr. Blinderman.

“Não dispomos de nenhum bom tratamento para a angústia existencial”, observou. Antes de abraçar a opção de terminar a vida, comentou o pesquisador, parece apropriado tentar explorar métodos terapêuticos como a psilocibina, que poderiam aliviar o sofrimento que originou o desejo do suicídio assistido.

Detalhes do estudo

Na Johns Hopkins, todos os 51 participantes tiveram diagnóstico de câncer potencialmente fatal, em 65% dos casos sendo recidiva da doença ou metástase. Os tipos de câncer foram: mama (n = 13), cavidade oral, laringe, faringe e esôfago (n = 7), gastrointestinal (n = 4), geniturinário (n = 18), hematológico (n = 8) e outros (n = 1). Todos os pacientes haviam tido diagnóstico psiquiátrico formal, como transtorno da ansiedade ou transtorno depressivo.

Em termos de dados demográficos dos pacientes, a média da idade foi de 56 anos, metade dos pacientes eram do sexo feminino e a maioria (92%) era branca.

O estudo teve desenho duplo-cego, cruzado, com duas sessões (marcadas com cinco semanas de intervalo), comparando os efeitos de uma dose alta a uma dose baixa de psilocibina, administradas em cápsulas. A dose baixa serviu, na prática, como placebo, pois era baixa demais para produzir algum efeito.

Na segunda sessão, os participantes receberam uma cápsula com a dose alta.

Para minimizar os efeitos da “expectativa”, os participantes e os membros da equipe que supervisionaram as sessões foram informados que os participantes receberiam psilocibina nas duas sessões, mas as doses não foram informadas.

Durante cada sessão, dois monitores ajudaram os participantes, que foram incentivados a deitar, usar máscara nos olhos e ouvir música com fones de ouvido, em um ambiente “domiciliar”. Os monitores não davam orientações, davam apoio, disseram os autores, e estimulavam os participantes a confiar, deixar acontecer e se abrir à experiência.

Os pesquisadores avaliaram o humor de cada participante, a atitude em relação à vida, seus comportamentos e sua espiritualidade por meio de questionários e entrevistas estruturadas antes da primeira sessão, sete horas depois de tomar a psilocibina, cinco semanas após cada sessão e seis meses após a segunda sessão.

Os instrumentos de medida dos desfechos primários da depressão e da ansiedade foram a Hamilton Depression Rating Scale, a Hamilton Anxiety Rating Scale, o Beck Depression Inventory e o State-Trait Anxiety Inventory.

A psilocibina produziu efeitos importantes e duradouros nas duas medidas de desfecho primário, assim como na maioria das medidas secundárias avaliadas no início do estudo, cinco semanas após cada sessão e aos seis meses de acompanhamento.

Das 17 medidas avaliadas, 16 revelaram efeitos significativos (ou seja, diferença entre os grupos na avaliação após a primeira sessão e/ou diferença entre as avaliações depois da primeira e da segunda sessões para o grupo da dose baixa na primeira sessão).

Os autores resumiram os destaques assim: “A dose alta de psilocibina promoveu grande redução das medidas clínicas e da avaliação do próprio paciente do humor deprimido e da ansiedade, assim como melhora em termos de qualidade de vida, significado da vida e otimismo, e diminuiu a ansiedade em relação à morte.”

Os eventos adversos foram mínimos e nenhum foi grave. Cerca de 15% dos participantes referiram náuseas ou vomitaram, e 33% sentiram algum desconforto psicológico, como ansiedade ou paranoia, depois de tomar a dose mais alta. Um terço dos participantes apresentou aumento transitório da pressão arterial.

Na New York University, o desenho também foi duplo-cego, cruzado, controlado com placebo, mas em uma das sessões o placebo foi niacina. Os desfechos primários foram ansiedade e depressão avaliados entre os grupos antes do cruzamento na sétima semana.

Quase dois terços dos participantes (62%) tinham doença em estágio avançado (III ou IV). Os tipos de câncer foram: mama ou aparelho reprodutivo (59%), gastrointestinal (17%), hematológico (14%) e outros (10%).

A maioria dos participantes do estudo era branca (90%) e de mulheres (62%). A média de idade foi de 56,3 anos.

Todos os 29 participantes tinham diagnósticos relacionados com ansiedade. Quase dois terços (59%) já tinham sido tratados anteriormente com antidepressivos ou ansiolíticos.

As medidas clínicas dos desfechos (ansiedade e depressão) foram avaliadas pelos seguintes instrumentos de medição: a Hospital Anxiety and Depression Scale, o Beck Depression Inventory informado pelo próprio paciente e o Spielberger State-Trait Anxiety Inventory.

Como no estudo da Johns Hopkins, os desfechos secundários englobaram a angústia existencial relacionada com o câncer.

A equipe da NYU informou que o grupo da psilocibina (em comparação com o grupo de controle ativo) demonstrou “melhora clínica imediata, significativa e sustentada” (por até sete semanas após a dose) em termos de redução dos sintomas da ansiedade e da depressão.

Eles descreveram a magnitude das diferenças entre os grupos da psilocibina e de controle como “grande” entre as medidas de desfecho primário, avaliadas no primeiro dia/duas semanas/seis semanas, e sete semanas após a primeira dose.

Não houve eventos adversos graves. Os mais comuns foram aumentos da pressão arterial e da frequência cardíaca (76%), cefaleias/migrâneas (28%) e náuseas (14%), todos sem significado clínico. Os eventos adversos psiquiátricos mais comuns foram ansiedade transitória (17%) e sintomas do tipo psicótico transitórios (7%).

O estudo da Johns Hopkins recebeu apoio financeiro de: Heffter Research Institute, Riverstyx Foundation, William Linton, Betsy Gordon Foundation, McCormick Family, Fetzer Institute, George Goldsmith e Ekaterina Malievskaia. Griffiths declarou fazer parte do Conselho de Direção do Heffter Research Institute. O estudo da NYU recebeu financiamento de: Heffter Research Institute, RiverStyx Foundation, New York University-Health, Hospitals Corporation Clinical and Translational Science Institute, assim como subvenções de indivíduos, inclusive Carey e Claudia Turnbull, William Linton, Robert Barnhart, Arthur Altschul, Kelly Fitzsimmons, George Goldsmith e Ekaterina Malievskaia. Os autores do estudo e o Dr. Blinderman informaram não possuir conflitos de interesse relevantes ao tema.

J Psychopharmacol. Publicado on-line em 1º de dezembro de 2016. Ross et al, artigo; Griffiths et al, artigo; http://journals.sagepub.com/doi/full/10.1177/0269881116675513

fonte
http://portugues.medscape.com/verartigo/6500757

Como a droga de festas Ketamina combate a depressão.

A popular droga de festa ketamina — ou ‘Special K’ — também é um antidepressivo de rápida ação, mas seu funcionamento tem iludido os cientistas. Agora um time relata na Nature que o efeito elevador de humor pode não ser causado pela droga em si, mas por um dos produtos formados quando o corpo quebra a droga em moléculas menores.

Se os achados, de um estudo em ratos, permanecerem válidos em humanos, eles podem sugerir um caminho para fornecer um alívio rápido para pessoas com depressão — sem que os pacientes tenham que experimentar a onda da ketamina. Tal droga seria uma notícia bem vinda para muitas pessoas com depressão profunda que não encontram alívio nos antidepressivos disponíveis atualmente. Ketamina também alivia a depressão em questão de horas, enquanto as outras drogas demoram semanas para atingirem a totalidade de seus efeitos.

“O campo todo se interessou na ketamina,” diz Todd Gould, um neurocientista na Escola de Medicina da Universidade de Maryland em Baltimore que liderou o estudo. “Ela faz algo diferente nos pacientes do que qualquer outra droga que nós temos disponíveis.”

Mas a Ketamina tem seus inconvenientes: algumas pessoas são desligadas pela onda — uma sensação de dissociação e distorção sensorial que dura por cerca de uma hora. Para outros, o efeito é um incentivo para o mal uso da droga. Ketamina ainda não foi aprovada para tratar depressão nos Estados Unidos, mas clínicas de ketamina floresceram por todo país para que seja administrada off-label (N.T. forma de administração de medicamento diferente daquela recomenda na bula)

Pesquisadores têm corrido para encontrar outras drogas que produzem o efeito antidepressivo da ketamina sem sua onda, mas têm encontrado dificuldades para faze-lo sem possuírem uma ideia clara sobre como a ketamina combate a depressão. Muitos desses esforços têm se concentrado em drogas que possuem como alvo os receptores celulares no cérebro chamados receptores NMDA. Eles eram tidos com o alvo da ketamina, mas os estudos clínicos que também visavam atingir esses receptores com outras drogas tiveram efeitos amplamente decepcionantes na depressão, diz Gould.

Elevação Metabólica

“A ketamina provavelmente representa um novo capítulo no tratamento da depressão,” diz Roberto Malinow, um neurocientista na Universidade da Califórnia, San Diego. “Mas têm havido algumas grandes questões à respeito de como ela funciona.”

Gould se juntou a clínicos, químicos analistas e neurofisiologistas para preencher as lacunas na compreensão. Gould e seus colegas usaram uma bateria de testes comportamentais em ratos para demonstrar que um dos produtos gerado pela quebra da ketamina — um composto chamado (2R,6R)-hydroxynorketamine — é responsável por muito dos efeitos antidepressivos da droga.

E para surpresa de Gould, o metabolito não causou efeitos colaterais em ratos mesmo em doses cerca de 40x maiores que a dose antidepressiva de ketamina. Os ratos também não tenderam a apertar a alavanca para receber o metabolito quando dada a opção de auto-administração.

Os pesquisadores planejam recolher dados sobre a segurança necessários para levar o metabolito para os testes clínicos em humanos, um processo que, alerta Gould, pode ainda levar anos.

Mas Husseini Manji, chefe de pesquisa e desenvolvimento neurocientífico na Janssen Pharmaceutical Companies em Titusville, Nova Jersey, alerta sobre presumir que os resultados em ratos irão se repetir em humanos. “Nós temos que nos lembrar que os dados clínicos são de roedores“, ele diz. Janssen desenvolveu uma forma especifica de ketamina, chamada esketamina, que estão sendo testada em cinco grandes estudos clínicos.

Alvos Receptivos

O estudo de Goul em ratos apresentou uma outra surpresa: o metabolito que é ativo nos ratos não agiram pelos receptores NMDA. O grupo não encontrou seu alvo direto, mas encontraram evidências que ele estimula outro grupo de receptores chamados receptores AMPA. Se o mesmo resultado se repetir com humanos, ele poderá fornecer uma explicação do porque drogas que possuem como alvo os receptores NMDA falharam ao capturas todos os efeitos da ketamina. “Isso pode balançar as janelas e abalar as paredes dessas companhias que vêem colocando muito dinheiro nessa pesquisa”, diz Malinow.

Manji, que descreve o estudo como elegante, não está pronto para abrir mão dos receptores NMDA até os resultados forem confirmados em estudos humanos. Mas ele está junto com outros pesquisadores que acreditam que os receptores AMPA podem sem igualmente importantes. Janssen e outros têm considerados esses receptores e proteínas associadas à eles como alvos de drogas em potenciais. “Esse estudo nós dá ainda mais impeto para ir atrás deles,” diz Manji.


Texto escrito por Heidi Ledford em 04/05/2016 na Nature.

 

Os Efeitos Paradoxais do LSD, explicados por cientistas

Uma renderização artística da experiência psicodélica. Cientistas dizem que o LSD tem efeitos psicológicos paradoxais.
Uma renderização artística da experiência psicodélica. Cientistas dizem que o LSD tem efeitos psicológicos paradoxais.

O LSD pode causar um estado de psicose temporário, mas também pode levar a um bem-estar mental melhorado.

Drogas psicodélicas como o LSD tem o poder de mudar radicalmente a consciência, dando surgimento a uma série de efeitos psicológicos que são positivos, negativos, místicos e simplesmente esquisitos.

As pesquisas da última década mostraram que a psicoterapia assistida com LSD pode potencialmente tratar uma série de doenças mentais, incluindo a depressão, o vício, e ansiedade no período final da vida. Por outro lado, os cientistas também usaram o LSD para replicar os efeitos da psicose.

Mas se o LSD reproduz as características de um estado mental não saudável – psicose de estágio inicial – como ele pode melhorar a saúde mental a longo prazo?

Novas pesquisas apontam para uma resposta. Um estudo do Imperial College London publicado no último dia 5 na revista Psychological Medicine confirma que o LSD produz efeitos paradoxos, incluindo sintomas semelhantes a psicoses e bem-estar psicológico. Esses efeitos podem ser o resultado da tendência que esse fármaco tem de causar “maleabilidade cognitiva”, a qual os pesquisadores descrevem como uma espécie de flexibilidade mental melhorada.

“Existe provavelmente um ponto chave no equilíbrio de pensar entre a flexibilidade de um lado – a habilidade de ser adaptativo e criativo – e no outro lado, ser capaz de focar e ser organizado”, disse ao Huffington Post o Dr. Robin Carhart-Harris, um pesquisador psicodélico e autor líder da publicação.

“De alguma maneira, é assim que a consciência comum age quando você está saudável – você atinge esse ponto chave. Talvez os psicodélicos tendam a empurrá-lo um pouco mais para o lado criativo e adaptativo”, ele falou.

Embora sua mente seja flexível, Carhart-Harris explicou, você pode correr o risco de psicose: “Ideias que estão sendo geradas sem ter uma ancoragem sólida na realidade ou na lógica.”

[su_pullquote]Talvez os psicodélicos tendam a empurrá-lo um pouco mais para o lado criativo e adaptativo”

Dr. Robin Carhart-Harris, do Imperial College London

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Os 20 indivíduos adultos saudáveis que participaram na pesquisa passaram por duas seção de laboratório separadas por um período de duas semanas. Todos receberam 75 microgramas durante uma seção e um placebo durante a outra seção.

Os pesquisadores utilizaram um questionário de estados alterados de consciência para medir as “experiências espirituais, ansiedades, imaginário complexo e outros efeitos comuns das drogas psicodélicas” de cada paciente. Eles também utilizaram um questionário separado para acompanhar os sintomas semelhantes à psicose.

Como previsto, o LSD aparentou produzir resultados psicológicos contraditórios e significativos nos participantes da pesquisa, aumentando sua flexibilidade mental e melhorando o seu humor ao mesmo tempo em que levou a alguns sintomas que lembraram psicoses.

Duas semanas após cada seção, os participantes preencheram dois questionários sobre suas personalidades e tendências em relação ao otimismo e à desilusão. Suas respostas sugerem que eles se tornaram mais otimistas e de mente aberta, expressando grande curiosidade intelectual e sede de conhecimento e experiência. O seu pensamento não pareceu se tornar mais ou menos delirante, os pesquisadores observaram.

O que está acontecendo com o cérebro para que esses resultados sejam observados? Em outro estudo recente, a mesma equipe de pesquisa no Imperial College examinou como o LSD leva à “perda do ego” e produz um estado semelhante à psicose. Suas descobertas mostraram que o LSD faz isso reduzindo a conectividade dentro das redes cerebrais, e aumenta a conectividade entre as redes cerebrais que normalmente não interagem.

Essas mudanças na conectividade podem ser a resposta para a “perda cognitiva” que os pesquisadores mencionam. Essas mudanças também podem ilustrar como os psicodélicos como o LSD e a psilocibina (encontrada nos cogumelos mágicos) podem ter efeitos terapêuticos a longo prazo, embora inicialmente pareçam produzir um estado mental de psicose.

Um estudo da John Hopkins mostrou que adicionalmente aos efeitos terapêuticos conhecidos de drogas psicodélicas para várias doenças mentais, uma sessão simples de psilocibina pode gerar experiências místicas que resultam em efeitos positivos permanentes na personalidade – notavelmente, uma maior abertura a novas experiências. Outros estudos sugerem que os psicodélicos podem ajudar a reduzir a ansiedade e as chances de suicídio.

“Seria errado exagerar na relação existente entre os psicodélicos e a psicose, por que durante o estado psicodélico agudo, pode haver uma clareza surpreendente”, Carhart-Harris notou. “As pessoas podem ter insights genuínos”.

A pesquisa foi conduzida pelo Beckley/Imperial Research Programme.

Fonte

Uma Viagem de Cura: Como as Drogas Psicodélicas Podem Ajudar a Tratar a Depressão

Drugs
Voluntários em um estudo a ser realizado no ano que vem irão experimentar a euforia típica de sonhos, quando as cores, odores e sons forem sentidos de forma potencializada; a percepção do tempo for distorcida e a identificação com a própria persona começar a se dissolver. Foto: Fredrik Skold/Alamy

Se tudo correr como o previsto, doze pacientes com depressão clínica serão convidados a ir a um laboratório do Reino Unido onde receberão psilocibina – o ingrediente psicodélico encontrada nos cogumelos mágicos. Nas quatro ou cinco horas seguintes muitos desses voluntários vão experimentar a euforia típica de sonhos, quando as cores, odores e sons forem sentidos de forma potencializada, a percepção do tempo for distorcida e a identificação com a própria persona começar a se dissolver. Alguns poderão sentir uma onda de eletricidade através de seus corpos, uma súbita clareza de pensamento e alegria repentina. Outros poderão sentir ansiedade, confusão ou paranóia. Estes efeitos alucinógenos serão de curta duração, mas o impacto da droga sobre os voluntários pode ter uma duração bem mais longa.

Há evidências experimentais de que a psilocibina, junto com outras drogas psicodélicas, pode “redefinir” o funcionamento anormal do cérebro se dado de forma segura e controlada, como parte da terapia. Para quem foi criado com o dogma pós-década de 60, de que os cogumelos mágicos e LSD poderiam desencadear doenças mentais, flashbacks e causar alterações na personalidade, a idéia de que eles podem curar distúrbios do cérebro é, realmente, arrebatadora.

O estudo piloto envolverá pacientes que não responderam ao tratamento convencional e será comandado pelo professor David Nutt e pelo Dr. Robin Carhart-Harris, no Centro de Neuropsicofarmacologia do Imperial College, em Londres. Eles argumentam que as drogas psicodélicas podem ser benéficas para milhões de pessoas e que é hora de acabar com o estigma de 50 anos que impossibilita seu uso terapêutico. Nutt e Carhart-Harris já usaram ressonância magnética para estudar mudanças no cérebro de 15 voluntários, a quem foi dado psilocibina. Um estudo similar, com 20 voluntários que tomaram LSD, acaba de ser concluído.

“Como um não-médico, eu estava convencido só de ver, como a psilocibina afeta o cérebro”, diz Carhart-Harris. “Foi bastante flagrante como era semelhante aos tratamentos existentes para a depressão.” Os cientistas do Imperial College estão na vanguarda de um renascimento de pesquisa alucinógena e dizem que têm 50 anos de ciência para pôr em dia. Nos anos 50 e 60, mal se podia abrir uma revista psiquiátrica sem encontrar um trabalho sobre LSD. Em seguida, o LSD se tornou a última “substância da vez”, com potencial para tratar a depressão, vício e dores de cabeça. Entre o final da década de 1940 – quando foi disponibilizado para pesquisadores com o nome Delysid – e meados dos anos 60, haviam sido escritos mais de 1.000 trabalhos acadêmicos investigando seus efeitos em 40.000 pessoas.

Mas conforme a droga cresceu em popularidade entre os usuários recreativos – e tornou-se ligado à revolução contracultural e de protesto contra a guerra do Vietnã – a reação começou. No final dos anos 60, o LSD estava no centro de um completo pânico moral institucionalizado, e o governo dos EUA o reprimiu.

Nutt, que em 2009 foi controversamente demitido do cargo de presidente do Conselho Consultivo Sobre Má-utilização de Drogas do governo do Reino Unido por afirmar que a equitação era mais perigosa do que o Ecstasy (MDMA), afirma que a justificativa para a proibição de LSD e alucinógenos em geral era uma “mistura de mentiras” sobre o seu impactos na saúde, combinados com uma negação de seu potencial como ferramentas de pesquisa e como auxiliar em tratamentos.

“Foi, sem dúvida, uma das peças mais eficazes de desinformação na história da humanidade”, diz Nutt. “Isso fez com que um monte de pessoas acreditassem que essas drogas são mais prejudiciais do que de fato são. Elas não são drogas triviais, mas em comparação com as drogas que matam milhares de pessoas por ano, como o álcool, o tabaco e heroína, eles têm um histórico muito mais seguro e,até onde sabemos, ninguém morreu.”

Em 1971, entretanto, a convenção das Nações Unidas sobre substâncias psicotrópicas classificou o LSD e outros alucinógenos, e a maconha como uma droga de nível 1, ou seja: substâncias perigosas com nenhum benefício médico. Em contraste, a heroína – uma droga muito mais perigosa e que vicia – foi classificada como nível 2, menos restrito, porque a substância tem notórios efeitos analgésicos.

A fim de estudar uma droga nível 1, acadêmicos do Reino Unido precisam de uma licença especial para operar fora dos hospitais, que custa £ 3,000 e anos de preenchimento de formulários e burocracias. Eles também devem adquirir e fornecer suprimentos lícitos, e não podem adquirir quantidades da droga com valores elevados. A burocracia – e a necessidade de persuadir os céticos do comitê de ética da universidade – revelaram-se sufocantes para a pesquisa. “É um beco sem saída”, diz Carhart-Harris. “É difícil estudar o LSD e a psilocibina para ver se eles têm uso médico, porque eles são classificados como drogas de nível 1. E eles só são classificados como nível 1 porque são considerados como não tendo uso médico.”

Mas as coisas estão mudando. Os dois primeiros artigos sobre experiências de LSD desde os anos 1970 foram publicados este ano: um pela equipe do Imperial College; o outro por pesquisadores suíços, e que diz respeito a diminuir a ansiedade entre pacientes com câncer em estado terminal. No Reino Unido, o renascimento da pesquisa acadêmica entorno das drogas “recreativas” está sendo conduzido pelos cientistas do Imperial College em trabalho conjunto com a Fundação Beckley, uma instituição de caridade dirigida pela aristocrata inglesa Amanda Feilding, a Condessa de Wemyss. Depois de tomar LSD na década de 1960, ela tornou-se fascinada com o seu potencial para aumentar a criatividade e a mútua compreensão.

Sua Fundação apoia e promove pesquisas sobre substâncias psicoativas – incluindo o LSD, cogumelos mágicos e a cannabis, planta usada na medicina há milhares de anos. “Ao proibir a investigação sobre esta categoria de substância, por causa de um equívoco social, estão privando as pessoas doentes de um tratamento potencial que tem uma história muito longa”, diz ela. Os cientistas do Imperial College ressaltam que estão estudando drogas psicodélicas em ambientes seguros para reduzir o risco de experiências negativas. As drogas utilizadas são quimicamente puras e administradas em doses controladas.

“A automedicação é definitivamente algo desaconselhável, na minha perspectiva”, diz Carhart-Harris. “Essas drogas são poderosas e o modelo terapêutico que vamos aderir é bastante específico, e ele enfatiza que a droga deve ser tomada no ambiente certo e com o apoio certo. Temos psicoterapeutas profissionais lá que são treinados para compreender todas as eventualidades que poderiam acontecer, e por isso, eu acho que seria imprudente para as pessoas, tentar fazê-lo por si mesmos”.

LSD (dietilamida do ácido lisérgico)

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O químico suíço Albert Hoffman criou o LSD em 1938 a partir de uma substância no fungo parasita chamado de Ergot. Depois que suas propriedades alucinógenas foram descobertas por Hoffman em 1943, ele foi usado como uma ferramenta para modelagem de esquizofrenia em voluntários saudáveis e tomada por alguns psiquiatras para obter insights sobre essa doença mental. Até o início dos anos 60 ele estava sendo dada a pacientes que se tratavam com psicoterapia.

Muitos dos mais de 1.000 artigos acadêmicos escritos nesta época tratavam do uso da substância nos tratamentos contra a depressão. Mesmo assim, o Dr. Robin Carhart-Harris diz que a evidência da pesquisa histórica pode ser considerada fraca.

“A maior parte deste material era anedótico”, diz ele. “As sessões eram feitas sem um grupo de apoio e de controle e os resultados eram meio imprecisos”. Há evidências muito mais fortes de que o LSD pode tratar dependência química. Uma meta-análise feita em 2012, a partir de seis estudos controlados dos anos 50 e 60 demonstrou a eficiência clínica do LSD para o tratamento da dependência de álcool e revelou que a substância é tão eficaz quanto qualquer tratamento desenvolvido desde então. A substância mostrou-se eficiente também em ajudar os pacientes que estão em estado terminal a lidar melhor com a ideia de perecer. Os mecanismos do LSD, porém, ainda são pouco conhecidos. Ele parece imitar algumas ações da serotonina no cérebro, que está ligada à formação da memória, ao humor e a recompensa, porém não está claro ainda como ele desencadeia esses efeitos alterados tão poderosos. A pesquisa feita conjuntamente pela Imperial / Beckley com ressonância magnética mostrou que os cérebros dos voluntários sob os efeitos do LSD se tornam momentaneamente menos organizados e mais caóticos, enquanto partes do cérebro que normalmente não iriam se comunicar uns com os outros, acabam fazendo conexões. Neste estado de sonho desorganizado, o cérebro está aberto para novos saltos de criatividade e vôos de fantasia. O Dr. Carhart-Harris acredita que os alucinógenos podem temporariamente “afrouxar” as estruturas rígidas do cérebro, que se desenvolvem à medida que envelhecemos. Uma viagem de ácido é um pouco como sacudir um daqueles globos de neve comuns no natal norte-americano. Este afrouxamento poderia ajudar o cérebro a quebrar os ciclos da dependência e da depressão.

Há riscos envolvidos na utilização de LSD, é claro, mas o professor David Nutt diz que eles são muitas vezes exagerados. Os efeitos de tomar LSD são imprevisíveis: os usuários podem perder o senso de julgamento – e colocar-se em situações de risco. Uma minoria pode experimentar flashbacks algum tempo depois de utilizarem; em outros, a experiência pode desencadear problemas de saúde mental que já haviam passado despercebidos.

Cannabis

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A Cannabis foi usada medicinalmente durante milhares de anos. Foi usado no século 19 para tratar dores, espasmos, asma, distúrbio do sono, depressão e perda de apetite, e foi até recomendado pelo médico da rainha Victoria. Dois produtos químicos na cannabis atraem o interesse dos cientistas – o tetrahidrocanabinol (THC), principal composto psicoativo da planta, que tem algumas propriedades analgésicas, e o canabidiol (CBD), que parece conferir benefícios à saúde sem os efeitos psicoativos da droga.

Mais de 100 experimentos com a cannabis ou substâncias derivadas da maconha têm ocorrido desde os anos 1970. Um extrato da cannabis para pulverização via oral, comercializado com o nome de Sativex foi aprovado para uso no tratamento de esclerose múltipla em 2011 depois que um estudo demonstrou que a substância melhorava o sono, reduzia a espasticidade e o número de espasmos. Nos anos 1970 e 80, estudos mostraram que drogas derivadas da cannabis podem ajudar a atenuar náuseas em pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. Na década de 1990, a pesquisa mostrou que poderia impedir a anorexia em pacientes com HIV. Há também evidências de que a maconha pode aliviar a dor crônica, quando tomado com outros medicamentos. Nos EUA, 20 estados permitem a posse e uso de cannabis por razões médicas, enquanto dois estados – Colorado e Washington – descriminalizaram a substância. Na Holanda, a maconha é legalizada para uso médico há mais de 25 anos.

Alguns pesquisadores acreditam que a cannabis tem potencial para tratar déficit de atenção e hiperatividade, estresse pós-traumático e insônia.

Uma das dificuldades com a pesquisa da cannabis é que a natureza da droga de rua mudou ao longo das últimas décadas – em parte em resposta à demanda dos usuários por um efeito, uma “onda”, mais forte. Estudos do Instituto de Psiquiatria do King College de Londres mostraram que o THC aumenta a ansiedade e sintomas psicóticos de curto prazo, enquanto a CBD – que parece ter a maior parte dos benefícios médicos – tem o efeito oposto. Variedades modernas de cannabis, ou skunk, que circulam nas ruas, são ricos em THC e apresentam níveis extremamente baixos de CBD.

Cogumelos Mágicos (Psilocibina)

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Como o LSD, cogumelos mágicos são alucinógenos. O composto ativo é a psilocibina e, como o LSD, pode ser útil no tratamento da depressão. Um estudo com 15 voluntários desenvolvido pelo Dr. Robin Carhart-Harris mostraram que o composto ajuda a suprimir a região do cérebro, muitas vezes hiperativa na depressão, chamada de córtex pré-frontal medial. Esta região está ligada à introspecção e ao pensamento obsessivo.

No entanto, ainda é muito cedo para dizer se os cogumelos mágicos podem tratar a depressão. Em 2013, os cientistas do Imperial College, foram premiados com uma bolsa do Conselho de Pesquisa Médica para estudar os efeitos da psilocibina em uma dúzia de pacientes com depressão. O estudo está sendo dificultado pela burocracia, mas deve começar no ano que vem.

A Psilocibina pode ser útil também no tratamento de dependência química. Um estudo financiado pela Fundação Beckley na Universidade Johns Hopkins deu a 15 pessoas que estavam tentando deixar de fumar, 2 a 3 rodadas da droga. Seis meses mais tarde, 12 permaneceram longe do cigarro – uma taxa de sucesso de 80%. Os melhores medicamentos para deixar de fumar são 35% eficazes. Embora promissor, é necessário um estudo muito maior. Alguns usuários de cogumelos mágicos afirmam que a psilocibina os ajuda a atenuar o transtorno obsessivo compulsivo. Até agora, houve apenas um ensaio clínico, envolvendo nove pessoas. Os resultados foram novamente promissores – mas são necessários estudos mais aprofundados.

Há também algumas evidências de que os cogumelos podem ajudar pacientes com câncer a aceitarem a sua condição. Segundo o professor David Nutt, os riscos associados ao uso de cogumelos mágicos são relativamente baixos em comparação com drogas como o álcool, tabaco ou heroína. Em uma escala de risco publicada no Lancet em 2010, cogumelos mágicos tinham risco inferior a 20 dos medicamentos mais comumente usados.

MDMA (Ecstasy)

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Primeiramente sintetizado há 100 anos, o MDMA foi usado na década de 1970 durante sessões de psicoterapia, mas explodiu na consciência pública, com a chegada da cultura da dança no final dos anos 1980.

Ele age aumentando a atividade de três neurotransmissores, ou mensageiros químicos, no cérebro: a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Os altos níveis de serotonina geram uma sensação de euforia,afeição e boa vontade.

Ele age aumentando a atividade de três neurotransmissores, ou mensageiros químicos, no cérebro: a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Os altos níveis de serotonina geram uma sensação de euforia,afeição e boa vontade.

Um pequeno estudo controlado feito nos EUA mostrou que 80% das pessoas com PTSD (Síndrome de Estresse Pós-Traumático) se beneficiaram com o uso de MDMA durante o tratamento terapêutico. O tratamento atual para a síndrome estimula os pacientes a revisitarem suas experiências estressantes e traumáticas. O MDMA parece funcionar, aumentando artificialmente o humor dos pacientes, e tornando mais fácil para elas se lembrar e discutir as experiências que causaram o PTSD. O Professor David Nutt diz que o MDMA também pode ter benefícios, como auxiliar nos tratamentos contra a ansiedade em pacientes terminais; e em terapia de casais. Ele também poderia ajudar a tratar a doença de Parkinson. Entretanto, mais pesquisas são necessárias sobre os riscos do uso do MDMA. Estudos em animais sugerem que a substância pode causar danos em longo prazo nos cérebros de ratos, mas a evidência nas pessoas é inconclusiva. Entre 1997 e 2012, 577 mortes foram ligadas ao ecstasy na Inglaterra e no País de Gales – principalmente de insolação, problemas cardíacos ou excesso de consumo de água.

Fonte: The Guardian

Como os Psicodélicos Salvaram Minha Vida

Agradecemos ao Vitor Reinaque Mutinari por ter contribuído ao blog com a tradução do artigo.

Eu te convido para dar um passo atrás e limpar sua mente de décadas de falsa propaganda. Os governos do mundo todo mentiram para nós sobre os benefícios da maconha medicinal. O público também foi desinformado sobre psicodélicos.

Essas substâncias não viciantes – MDMA, Ayahuasca, Ibogaína, Cogumelos com Psilocibina, Peyote e muitos mais – são comprovadamente rápidas e eficientes ao ajudar pessoas a se curarem de traumas, TEPT (Transtorno de Estresse Pós Traumático), ansiedade, vício e depressão.

Psicodélicos salvaram minha vida.

Minha experiência com sintomas de Ansiedade e TEPT

Eu fui atraída para o jornalismo desde jovem pelo desejo de fornecer uma voz ao ‘pequeno cara’. Por quase uma década trabalhando como correspondente investigativa da CNN e jornalista independente, eu me tornei uma porta voz dos oprimidos, vitimados e marginalizados. Meu caminho de jornalismo submersivo trouxe-me mais próxima de minhas fontes, vivendo a história para ter uma real compreensão do que estava acontecendo.

Falando em uma conferência de imprensa no Líbano sobre abusos dos direitos humanos que presenciei enquanto repórter no Barein.
Falando em uma conferência de imprensa no Líbano sobre abusos dos direitos humanos que presenciei enquanto repórter no Barein.

Após muitos anos de reportagem, eu percebi uma infeliz consequência do meu estilo – havia-me imergido muito profundamente nos traumas e sofrimento das pessoas que entrevistei. Comecei a ter problemas para dormir quando suas faces apareceram nos meus sonhos mais sombrios. Passei muito tempo absorvida em um mundo de desespero e minha incapacidade de defesa permitiu que o trauma dos outros se estabelecesse dentro de minha mente e ser. Combinando isso com as diversas experiências violentas enquanto trabalhando no campo e eu estava no meu pior. Uma vida de reportagens no limite levou-me à beira da minha própria sanidade.

Porque eu não consegui encontrar uma maneira de processar minha angustia, ela cresceu como um monstro, manifestando-se em um estado constante de ansiedade, perda de memória de curto prazo, sonolência e hiperexcitação. As palpitações me fizeram sentir como se estivesse batendo na porta da morte.

Porque escolhi Medicinas Psicodélicas

Remédios prescritos e antidepressivos servem um propósito, mas eu sabia que eles não estavam no meu caminho de cura após minhas investigações terem exposto seus efeitos colaterais sinistros, incluindo crianças nascendo dependentes das medicações após suas mães não conseguirem largar seus vícios. Mascarar os sintomas de uma condição psicológica mais profunda com uma pílula parecia como colocar um Band-Aid num ferimento à bala.

Eu fiquei ciente dos poderes curativos em potencial dos psicodélicos como uma convidada do podcast Joe Rogan Experience em Outubro de 2012. Joe me contou que cogumelos psicodélicos transformaram sua vida e tinham potencial para mudar o curso da humanidade para melhor. Minha reação inicial foi achar divertido e ficar um pouco incrédula, mas a semente havia sido plantada.

Psicodélicos eram uma escolha estranha para alguém como eu. Eu cresci no Centro-Oeste e fui alimentada por 30 anos de propaganda explicando o quão horrível essas substâncias eram para minha saúde. Você pode imaginar meu queixo caído de surpresa quando, após o podcast do Rogan, encontrei artigos sobre os maravilhosos efeitos dessas substâncias que se comportavam mais como medicinas do que drogas. Artigos como este aqui, este, este, este, e este. E estudos como este, este, este, este, este… e este… todos exemplos angustiantes de come fomos enganados pelas autoridades que classificaram os psicodélicos como narcóticos schedule 1 (classificação oficial norte-americana), ‘sem valores medicinais’ apesar de dezenas de estudos científicos provando o contrário.

Viajando Pelo Mundo

Tendo apenas experimentado uma única vez um estranho baseado de maconha na faculdade, em Março de 2013 eu me encontrava embarcando em um avião para Iquitos, Peru para experimentar um dos mais poderosos psicodélicos da terra. Deixei meu carro no aeroporto, apressadamente arrumei meus pertences em uma mochila e me dirigi para a floresta Amazônica colocando minha fé cega em uma substância que a uma semana atrás eu mal conseguia pronunciar: ayahuasca.

Ayahuasca_e-a-humanidadeAyahuasca é um chá medicinal que contém o composto psicodélico dimetiltriptamina, ou DMT. A bebida está se espalhando pelo mundo após inúmeras anedotas terem mostrado que a bebida tem o poder de curar ansiedade, TEPT, depressão, dores inexplicáveis, e inúmeras aflições físicas e mentais. Estudos sobre bebedores de longo prazo de ayahuasca mostraram que eles são menos suscetíveis a vícios e possuem níveis elevados de serotonina, neurotransmissor responsável pela felicidade.

Se eu tinha alguma ressalva, dúvida, ou descrença, elas foram rapidamente expelidas logo após minha primeira experiência com ayahuasca. O chá de gosto horrível vibrou através de minhas veias e dentro do meu cérebro enquanto a medicina escaneava meu corpo. Meu campo de visão foi engolfado com uma profusão de cores e padrões geométricos. Quase instantaneamente, eu tive uma visão de um muro de tijolos. A palavra ‘ansiedade’ estava pintada em spray em grandes letras no muro. “Você deve curar sua ansiedade, ” a medicina sussurrou. Eu entrei num estado de sonho onde memórias traumáticas foram finalmente desalojadas do meu subconsciente.

Era como se eu estivesse assistindo um filme da minha vida inteira, não como meu ‘eu emocional’, mas como uma observadora objetiva. Esse vívido filme introspectivo foi exibido em minha mente enquanto eu revivia minhas cenas mais dolorosas – o divórcio dos meus pais quando eu tinha apenas 4 anos de idade, relacionamentos passados, ser baleada por policiais enquanto fotografava um protesto em Anaheim e sendo esmagada em baixo de uma multidão enquanto fotografava um protesto em Chicago. A ayahuasca me permitiu reprocessar esses eventos, separando o medo e emoção das memórias. A experiência foi equivalente a dez anos de terapia em uma sessão de ayahuasca de oito horas.

Nós esperamos nervosamente que a cerimônia de ayahuasca começasse. Nós deram dado baldes para os intensos efeitos abortivos da medicina.
Nós esperamos nervosamente que a cerimônia de ayahuasca começasse. Nós deram dado baldes para os intensos efeitos abortivos da medicina.

Mas a experiência, e muitas experiências psicodélicas para esse propósito, foi aterrorizante algumas vezes. Ayahuasca não é para todos- você deve estar disposto a revisitar alguns lugares bem escuros e se render para o incontrolável, fluxo feroz da medicina. Ayahuasca também causa vômitos e diarreia violentos, que os xamãs chamam de “melhorar” porque você está purgando o trauma de seu corpo.

Após sete sessões de ayahuasca nas selvas do Peru, o nevoeiro que encobriu minha mente sumiu. Eu era capaz de dormir novamente e noticiei melhoras na minha memória e menos ansiedade. Eu ansiava absorver o máximo de conhecimento possível sobre essas medicinas e passei o ano seguinte viajando pelo mundo em busca de mais curadores, professores e experiências pelo jornalismo submersivo.

Eu fui atraída para os cogumelos com psilocibina após ler como eles reduziam a ansiedade em pacientes terminais de câncer. Ayahuasca mostrou me que meu distúrbio principal era ansiedade, e eu sabia que ainda tinha trabalho a fazer para consertar isso. Cogumelos com psilocibina não são neurotóxicos, são não viciantes, e estudos mostraram que eles reduzem ansiedade, depressão, e até levam a neurogênese, ou o crescimento de células cerebrais. Porque governos do mundo todo mantem fungos tão profundos fora do alcance do povo?

A curandeira abençoou me enquanto eu comia uma folha cheia de cogumelos com psilocibina para a cerimônia de cura. A curandeira abençoou me enquanto eu comia uma folha cheia de cogumelos com psilocibina para a cerimônia de cura.
A curandeira abençoou me enquanto eu comia uma folha cheia de cogumelos com psilocibina para a cerimônia de cura.
A curandeira abençoou me enquanto eu comia uma folha cheia de cogumelos com psilocibina para a cerimônia de cura.

Depois de Peru, eu visitei curandeiras em Oaxaca, Mexico. Os mazatecos haviam usado cogumelos com psilocibina como sacramento e medicinalmente por centenas de anos. Curandeira Dona Augustine me serviu uma folha repleta de cogumelos durante uma belíssima cerimônia diante de um altar católico. Enquanto ela cantava canções milenares, eu observava o pôr-do-sol sobre a paisagem montanhosa em Oaxaca e um profundo senso de conexão lavou meu inteiro ser. A beleza inata me levou a uma perda das palavras; uma súbita manifestação de emoção me pôs em lagrimas. Eu chorei pela noite e junto com cada lagrima, uma pequena porção do meu trauma escorria pelo meu rosto e dissolvia-se no chão da floresta, me libertando de sua energia tóxica.

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Cogumelos com psilocibina não são neurotóxicos, são não viciantes, e um estudo da Universidade do Sul da Florida mostrou que eles podem reparar danos cerebrais causados por trauma.

Talvez o mais espantoso, os cogumelos silenciaram a parte autocritica de minha mente por tempo suficiente para eu reprocessar a memória sem medo ou emoção. Os cogumelos possibilitaram-me lembrar de um dos momentos mais aterrorizantes de minha carreira: quando fui detida sob miras de armas no Bahrein enquanto filmava um documentário para CNN. Eu havia perdido qualquer lembrança daquele dia quando homens mascarados apontaram armas em nossas cabeças e forçaram minha equipe e eu ao chão. Durante uma boa meia hora, eu não sabia exatamente se iriamos ou não sobreviver.

Eu passei muitas noites sem dormir procurando desesperadamente por memórias daquele dia, mas elas estavam trancadas em meu subconsciente. Eu sabia que as memórias ainda me assombravam porque a qualquer momento eu iria ver ‘disparadores’ de TEPT, como barulhos altos, helicópteros, soldados, ou armas, e uma onda de ansiedade e pânico iriam inundar meu corpo.

A psilocibina era a chave para destrancar o trauma, possibilitando-me aliviar o aprisionamento momento a momento, fora do meu corpo, como um observador objetivo sem emoção. Eu espiei dentro da van da CNN e vi meu antigo eu sentada no banco traseiro, helicópteros barulhentos sob nossas cabeças. Minha produtora Taryn estava sentada a minha direita tentando freneticamente fechar a porta da van enquanto nos tentávamos escapar. Eu ouvi Taryn gritar “armas!” quando homens mascarados pularam dos veículos de segurança que cercavam a van. Eu observei enquanto eu rastejava desesperadamente até uma mochila no chão, pegando meu cartão de identificação da CNN e pulando fora da van. Vi-me deitada no chão em posição de criança, poeira cobrindo meu corpo e face. Observei-me enquanto lancei minha mão com o emblema da CNN no ar acima da minha cabeça gritando “CNN, CNN, não atirem!!”

Eu vi a dor em minha face quando as forças de segurança jogaram o ativista de direitos humanos e amigo querido Nabeel Rajab contra o carro de segurança e começaram a perturba-lo. Eu vi o terror em minha face enquanto olhei para minha camisa, braços no ar, rezando para que as fitas de vídeo escondidas em meu corpo não caíssem no chão.

Durante a cerimônia a psilocibina libera memórias traumáticas armazenadas no fundo do meu subconsciente para que eu possa processa-las e curar. A experiência é intensamente introspectiva.
Durante a cerimônia a psilocibina libera memórias traumáticas armazenadas no fundo do meu subconsciente para que eu possa processa-las e curar. A experiência é intensamente introspectiva.

Enquanto revivia cada momento de aprisionamento, reprocessei cada memória movendo-as da pasta “medo” para seu novo permanente lar na pasta “seguro” no disco rígido de meu cérebro.

Cinco cerimônias com cogumelos com psilocibina curaram minha ansiedade e os sintomas de TEPT. As borboletas que tinha um lar permanente em meu estomago voaram para longe.

Psicodélicos não são a solução completa. Para mim, eles foram uma chave que abriu a porta para a cura. Ainda tenho que trabalhar para manter a cura com o uso de tanques de flutuação, meditação, e yoga. Para os psicodélicos serem efetivos, é essencial que eles sejam tomados com o estado mental adequado em um ambiente descontraído propicio para a cura, e que todas as possíveis interações medicamentosas tenham sido cuidadosamente pesquisadas. Pode ser fatal se Ayahuasca for misturada com antidepressivos prescritos.

Fui abençoada com uma natureza curiosa e uma teimosia de sempre questionar autoridade. Se tivesse optado por um roteiro de um médico e me resignado na esperança que as coisas simplesmente melhorassem, eu nunca teria descoberto todo o alcance da minha mente e coração. Tivesse eu bebido o Kool-Aid e acreditado que todas as ‘drogas’ fossem ruins e sem valor medicinal, talvez estivesse no meio de uma batalha com TEPT.

A Criação do Reset.me

Este mesmo mundo que exalta a guerra, a violência, o mercantilismo, a destruição ambiental e o sofrimento proibiu algumas das chaves mais profundas para a paz interior. A Guerra às Drogas não é baseada na ciência. Se fosse, duas das drogas mais mortais da Terra – álcoole tabaco – seriam ilegais. Aqueles que sofrem com trauma se tornaram vitimas dessa guerra falida e perderam um dos modos mais eficientes de cura.

A humanidade enlouqueceu como resultado.

Lyon e um cientista abrem o estômago de peixe para procurar lixo plástico durante filmagens de um documentário sobre a poluição oceânica excessiva de plástico.
Lyon e um cientista abrem o estômago de peixe para procurar lixo plástico durante filmagens de um documentário sobre a poluição oceânica excessiva de plástico.

Passei dez anos testemunhando a insanidade coletiva como jornalista da linha de frente – guerras, derramamento de sangue, destruição ambiental, escravidão sexual, mentiras, vicio, ódio, medo.

Mas eu entendi tudo errado jornalisticamente. Eu estava focando nos sintomas de uma sociedade doente, ao invés de estar atacando a raiz da causa: trauma não processado.
Nós todos temos trauma. Trauma se aloja em criminosos violentos, a esposa que traí, políticos corruptos, aqueles que sofrem de transtornos mentais, vícios, dentro deles muito medo de assumir riscos e atingir seu pleno potencial.

Se não for adequadamente processado e purgado, trauma é cimentado no disco rígido da mente, crescendo em uma parasita obscuro que eleva sua cabeça feia por toda a vida de uma pessoa. Os ferimentos nos mantem trancados em uma grade de medo, preso atrás de uma personalidade não verdadeira para a alma, trabalhando em um emprego mundano ao invés de seguir uma paixão, repetindo o ciclo de abuso, destruindo o ambiente, ferindo uns aos outros. O sofrimento mais comum e severo é infligido na infância sequestrando o lugar do motorista para a fase adulta, conduzindo o indivíduo em uma estrada privada de felicidade. Renomado especialista em vícios Gabor Mate diz, “O maior causador de vícios severos é sempre o trauma infantil”.

Nós vivemos em um mundo cheio de feridas e quando deixadas sem tratamento, elas são passadas sem cerimônia de uma geração para outra, assim o ciclo traumático continua com toda sua brutalidade destrutiva.

Mas há esperança. Nós podemos transformar o curso da humanidade ao purgar coletivamente nossa mágoa/pesar e curando a nível individual, com ajuda das medicinas psicodélicas. Uma vez curados em nível individual, nós veremos uma dramática transformação positiva na sociedade como um todo.

Eu fundei o website reset.me para produzir e agregar jornalismo sobre consciência, medicinas naturais, e terapias. O explorador psicodélico Terrence McKenna comparou tomar psicodélicos com apertar o ‘botão reiniciar’ no seu disco rígido interno, limpando todo lixo, e recomeçando. Eu criei o reset.me para ajudar conectar aqueles que precisam apertar o ‘botão reiniciar’ na vida com o jornalismo cobrindo as ferramentas que nos permitem curar.

É uma crise de direitos humanos os psicodélicos não estarem acessíveis para a população em geral. É insano que governos do mundo todo tenham proibido as próprias medicinas que pode emancipar nossas almas do sofrimento.

É tempo de parar essa loucura.

Psilocibina e o relato de um paciente

Um estudo em Nova York está utilizando a psilocibina presente em cogumelos psicodélicos para ajudar pacientes de câncer a superar o medo da morte

24 de abril, 2014  |   Fonte

Quando O.M. tinha 21 anos, foi diagnosticado com Linfoma de Hodgkin. Ele era um estudante de medicina na época. Sua primeira reação foi de negação, seguida por uma intensa e duradoura ansiedade, como descrito em artigo da revista Atlantic de 22 abril, por Roc Morin. Mesmo depois de seis rodadas de quimioterapia ajudarem O.M. a chutar o câncer, ele foi atormentado com um medo devastador que a doença pudesse voltar. Ele checou seus nódulos linfáticos tão frequentemente para ver se eles tinham crescido que ele desenvolveu calosidades em seu pescoço.

Ele experimentou uma debilitante ansiedade de fim de vida do momento em que foi diagnosticado até o dia que ingeriu psilocibina, extraída de cogumelos alucinógenos, enquanto deitava em um divã psiquiátrico durante um Estudo da Universidade de Nova York. O.M. é um dos 35 participantes do estudo, que em todos os casos, foram abatidos por severa ansiedade devido ao câncer.

O estudo piloto “Double-blind placebo-controlado”, que ainda está em curso, olha para os potenciais usos da psilocibina para tratar a ansiedade e outros distúrbios psicológicos decorrentes de câncer avançado. A segunda metade do estudo será analisar o efeito da psilocibina na “percepção da dor, depressão, angústia existencial / psicoespiritual, atitudes em relação à progressão da doença, qualidade de vida, e os estados espirituais / místicos de consciência.”

O.M. disse a Revista  Atlantic que, quando ele comeu os cogumelos,  foi como “um interruptor para ir além.”

“Eu fui de um estado de estar ansioso, para analisar a minha ansiedade do lado de fora”

“Eu percebi que nada estava realmente acontecendo comigo de forma objetiva. Era real, porque eu deixava que se tornasse real. E logo quando eu tive esse pensamento, eu vi uma nuvem de fumaça negra sair do meu corpo e flutuar embora”.

Gabrielle Agin-Liebes, a gerente da pesquisa para o estudo da NYU, disse à Atlantic que O.M. tinha um dos maiores índices de ansiedade possíveis antes do estudo. No dia seguinte, no seu tratamento, O.M. marcou um zero. Ele não tinha absolutamente nenhuma ansiedade, e ficou assim durante os sete meses de tratamento.

Como o artigo de Morin para a Atlantic apontou, a psilocibina foi usada para fins medicinais durante séculos por povos indígenas antes da globalização ocidental cristã que reprimiu seu uso naturalizado. Na esteira da Segunda Guerra Mundial, alucinógenos utilizados como medicina foram motivo de debate entre os psiquiatras. Quando as substâncias psicoativas ganharam popularidade recreativa como drogas de rua, a administração Nixon travou sua guerra contra as drogas, passando Lei de Substâncias Controladas de 1970. Para a psilocibina foi dada Programação restritiva e classificação junto com LSD, maconha e outras substâncias psicoativas. A guerra de Nixon sobre drogas ainda sobrevive hoje, em muitos países, enchendo as prisões de infratores não violentos e criminalizando populações minoritárias.

Políticas dos anos 70 também suprimiram a maioria das pesquisas de psicodélicos por décadas, mas graças aos esforços dos cientistas determinados e grupos de pesquisa como a Associação Multidisciplinar para o Estudo de Psicodélicos (MAPS), estudos em humanos aprovados pelo governo de substâncias psicodélicas controladas estão germinando novamente. Enquanto o governo federal ainda considera os psicodélicos perigosos e desprovidos de finalidade médica, a investigação continua a revelar um potencial médico promissor de várias substâncias psicoativas para o tratamento de questões que vão desde a dor e a ansiedade ao vício e ao câncer. Um estudo aprovado pelo FDS recentemente analisou o LSD no tratamento de ansiedade de fim de vida. Foi o primeiro estudo controlado de LSD em seres humanos em 40 anos, e os resultados foram extremamente positivos, com todos os relatos de redução da ansiedade do paciente e sem efeitos colaterais negativos.

Sala no Bluestone Center, onde os pacientes tomam psicodélicos para tratamento psicoterápico em NY

O estudo com psilocibina NYU não é o primeiro de seu tipo. Charles Grob realizou um estudo com medidas semelhantes no Harbor-UCLA. No entanto, o estudo da NYU utiliza doses mais elevadas de psilocibina e examina 32 indivíduos, em vez de 12 examinados por Grob. Os resultados do estudo atual com a psilocibina ainda estão sendo analisados​​, mas o principal investigador Stephen Ross disse à revista Atlantic que “a grande maioria dos seus pacientes têm demonstrado uma redução imediata e constante na ansiedade. Consistente com estudos semelhantes envolvendo a psilocibina, cerca de três quartos dos participantes classificam a sua experiência com a droga como sendo um dos cinco maiores eventos mais significativos de suas vidas “.

O.M. está entre os casos de sucesso mais esmagador.

“No hospital me deram Xanax para a ansiedade. Xanax não te livra de sua ansiedade. Xanax diz que você não vai senti-la por um tempo até que para de funcionar e você vai tomar o próximo comprimido. A beleza da psilocibina é: não é medicação. Você não vai tomá-la e ela resolve o seu problema. Você toma e você mesmo resolve seu problema sozinho. “

Quando a Psiquiatria vai Abandonar a Guerra às Drogas e Abraçar a Pesquisa Psicodélica?

psiquiatria_1É evidente que o zeigeist cultural se voltou para o uso terapêutico de drogas psicodélicas. Artigos recentes no New York Times e na CNN estão lentamente informando o público da excitante pesquisa que os contribuidores do MAPS já sabiam por algum tempo – que alguns psicodélicos, mesmo com sua bagagem histórica, seu potencial de uso incorreto, e sua reputação manchada, possuem um dos potenciais terapêuticos mais promissores que já vimos na psicofarmacologia em uma geração.

Entretanto, quais são as atitudes desses médicos que estariam habilitados a prescrever essas substâncias, irá o FDA aprová-las como agentes seguros e efetivos, e irá o DEA reescrevê-las para possibilitar a prescrição legal?

Infelizmente, a discussão em torno das drogas nos Estados Unidos, por pelo menos nos últimos 50 anos, foi amplamente polarizada entre drogas que são terapêuticas e drogas que podem ser abusadas. Mesmo que alguns dos nossos agentes psicoterapêuticos (por exemplo, estimulantes e benzodiazepinas) são também alguns que possuem mais tendência a serem abusados, há um desconforto distinto que surge entre os médicos quando uma substância, que foi abusada historicamente, é sugerida para a terapia.

Talvez seja porque, como médicos, quando se trata de abuso de substâncias, nós vemos com frequência as casualidades, e essa perspectiva criou um viés que uma substância que pode ser abusada não pode nunca ter utilidade terapêutica (como testemunha, o uso de MDMA para o tratamento de Estresse Pós Traumático, ou a resposta dramática à ketamina de pacientes com depressão grave. Raramente nós escutamos sobre como uma droga mudou a vida de uma pessoa para melhor. Em alguns aspectos, quanto mais esotérica a substância, menos resistência reflexiva ela gera.

Foi interessante ver os participantes do Congresso de Psiquiatria e Saúde Mental em San Diego, nos EUA, pararem na subestimada cabine do MAPS no hall da convenção, onde ela compartilhava espaço com diversos painéis muito mais brilhantes dos medicamentos psiquiátricos convencionais. Muitas pessoas perguntavam, “O que é MDMA?” não associando o termo com a bagagem cultural associada ao “Ecstasy”. Cientistas que querem estudar componentes como a ibogaína ou a psilocibina provavelmente vão encontrar mais facilidade passando por cima dos preconceitos negativos que foram acrescidos contra as substâncias mais comumente usadas (e abusadas), tais como a cannabis e o LSD.

Eu proporia que as atitudes que a maioria das pessoas têm em relação aos psicodélicos caem em uma das quatro categorias a seguir:

(1) Eu experimentei eles e eles mudaram minha vida para melhor.
(2) Eu experimentei eles e não ocorreram mudanças, ou foi uma experiência ruim.
(3) Eu nunca experimentei eles mas tenho mente aberta em relação aos mesmos.
(4) Eu nunca experimentei eles e posso imaginá-los somente como mais perigosos do que auxiliadores.

Eu suspeito que existam mais de alguns médicos que encaixam na categoria 1, mas se sentem inconfortáveis compartilhando suas experiências por medo de comprometer suas reputações profissionais. Entretanto, eu acho que a maioria dos psiquiatras tradicionais, vendo os efeitos negativos de pacientes com histórico de abuso de substâncias e influenciados por mais de 45 anos de propaganda anti-drogas, se aliariam perfeitamente na categoria 4. Creio que a maioria das pessoas lendo esse artigo, se identificam com a categoria 1. Elas estão convertidas. Através de qualquer experiência que elas tenham tido, acreditam no poder dessas substâncias para servir de ferramentas para ajudar as pessoas a atingir uma saúde melhor e o equilíbrio emocional. Entretanto, a maioria dos psiquiatras não tiveram as mesmas experiências e são propensos a ver a indefinição com que aqueles na categoria 1 podem partilhar suas experiências com um certo grau de suspeita.

Por isso nós precisamos de dados para suportar as afirmações de que essas substâncias são terapêuticas. Nós precisamos ter a ciência que suporte as teorias de por que esses componentes podem causar os efeitos profundos característicos. Dados são a moeda da mudança de prática, e, sem eles, todos os relatos dos “convertidos” não são levados em conta, “dados anedóticos”-interessantes, mas nada que a maioria das pessoas em um ambiente profissional irá lidar para arriscar a ser submetido a sanções tais como perda da licença ou status profissional, ou a posição clínica/acadêmica. É por isso que o que o MAPS está fazendo é tão importante para mudar as atitudes em torno dessas substâncias e o papel que elas podem exercer na psiquiatria. Focando em condições tais como o Estresse Pós-Traumático, que sofre com a falta de tratamentos eficazes, e gerando descobertas baseadas em pesquisas robustas, seus estudos provêm tanto esperança para condições difíceis de tratar como dados para tratamentos efetivos.

Esperançosamente, serão apenas alguns anos antes que os dados gerados pelos estudos patrocinados pelo MAPS possam ser alavancados para fazer essas substâncias legais como prescrição médica. Quando esse dia chegar, o MAPS deverá tomar como lição das principais indústrias farmacêuticas e usar o marketing como um caminho para mudar as atitudes e encorajar o uso apropriado dessas substâncias.

A indústria farmacêutica gastou 27.7 bilhões de dólares em 2004 (1) em medicações de mercado porque esse investimento foi retornado diversas vezes nas vendas. O MAPS tem uma missão que é muito mais importante do que retornar fundos aos acionistas: fazer medicamentos efetivos disponíveis aos pacientes que necessitam e desenvolver uma atitude mais leve em relação aos psicodélicos. Armados com os dados desses estudos, os meios de propaganda podem mudar as atitudes dos médicos que irão prescrever essas medicações.

A estética dessas mensagens de marketing devem refletir o uso sóbrio e controlado desses componentes para propósitos terapêuticos. Imagens psicodélicas, por exemplo, podem apelar para aqueles que tiveram experiências positivas com esses componentes, mas também podem servir para alienar um estabelecimento médico mais conservador. Importante como o marketing, é o impacto que médicos de respeito têm nos padrões de prática de outros médicos. A indústria farmacêutica conhece isso há um bom tempo, e usa “opiniões chave de líderes” ou “líderes importantes” para distribuir nova propaganda sobre novas drogas. (2)

Médicos confiam em seus colegas mais do que em representante de vendas. Aqueles que são bem versados nos resultados das pesquisas e convencidos sobre os benefícios desses compostos podem engajar colegas em conversas interessantes sobre os benefícios dessas drogas. No final do dia, histórias envolvem, mas dados convencem.

Referências:

1. Gagnon M-A, Lexchin J (2008) The Cost of Pushing Pills: A New Estimate of Pharmaceutical Promotion Expenditures in the United States. PLoS Med 5(1): e1. doi:10.1371/journal.pmed.0050001

2. Carlat (2010) Unhinged: The Trouble with Psychiatry, Free Press, NY

Traduzido de: Alternet

Podem os Cogumelos Mágicos Serem Usados no Tratamento da Ansiedade e da Depressão?

Matéria traduzida do blog do Smithsonian Institute

Nos anos de 1960 e início dos anos 70, pesquisadores como Timothy Leary, de Harvard, promoveram entusiasticamente o estudo dos tão conhecidos cogumelos “mágicos” (denominados formalmente como cogumelos psilocibínicos) e defenderam os benefícios em potencial dos mesmos para a psiquiatria. Por um breve momento, pareceu que experimentos controlados com cogumelos e outros psicodélicos entrariam para a corrente científica.

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Poderia ser a experiência psicodélica um tratamento psiquiátrico?

Mas recentemente, através dos últimos anos, o pêndulo balançou de volta para a outra direção. E agora, novas pesquisas com a substância alteradora da mente, a psilocibina – o ingrediente “mágico” nos cogumelos – indicam que controladas com cuidado, baixas dosagens dela podem ser um meio efetivo de tratar pessoas com depressão clínica e ansiedade. Então, tudo mudou. A repercursão contra a cultura de drogas de 1960 – inclusive contra o próprio Leary – que foi preso por posse de drogas – tornaram a pesquisa quase impossível. O governo federal criminalizou os cogumelos, e a pesquisa parou por cerca de 30 anos.

O último estudo, publicado semana passada no Experimental Brain Research, mostrou que administrando a roedores uma dose purificada de psilocibina reduziu os sinais exteriores de medo dos mesmos. Os roedores no estudo foram condicionados a associar um som em particular com a sensação de serem submetidos a choques elétricos, e todos os ratos do experimentos paralisavam de medo quando o som era tocado, mesmo quando o aparato elétrico estava desligado. Ratos que ingeriram baixas dosagens da droga, entretanto, mantiveram-se calmos muito mais cedo, indicando que eles foram capazes de desassociar o estímulo e a experiência negativa da dor mais facilmente.

É difícil perguntar para um rato torturado porque exatamente ele sente menos medo (e possivelmente ainda mais difícil quando um rato está no meio de uma viagem de cogumelos). Mas diversos outros estudos demonstraram efeitos promissores da psilocibina em um grupo de indivíduos mais comunicativos: Humanos.

Em 2011, um estudo publicado no Archives of General Psychiatry por pesquisadores da UCLA e outros lugares encontrou que baixas doses de psilocibina melhoraram os humores e reduziram a ansiedade de 12 pacientes com câncer terminal por um longo período. Esses eram pacientes de 36 a 58 anos que sofreram com depressão e não responderam às medicações convencionais.

Foi dada a cada paciente uma dose pura de psilocibina ou um placebo, e eles foram questionados sobre os seus níveis de depressão e ansiedade diversas vezes nos meses seguintes. Os que foram administrados com psilocibina tiveram níveis de ansiedade reduzidos começando entre um e três meses, e níveis reduzidos de depressão começando entre duas semanas após o tratamento e continuando por seis meses seguidos, o período inteiro coberto pelo estudo. Adicionalmente, administrando cuidadosamente baixas dosagens e controlando o ambiente preveniu qualquer participante de ter uma experiência negativa sob a influência da psilocibina. (coloquialmente conhecida como “bad trip”.)

Cogumelos Psilocybe cubensis, uma das espécies que contém psilocibina mais conhecidas mundialmente.
Cogumelos Psilocybe cubensis, uma das espécies que contém psilocibina mais conhecidas mundialmente.

Um grupo de pesquisadores de John Hopkins conduziu o estudo controlado dos efeitos da psilocibina mais longo, e as descobertas podem ser as mais promissoras de todas. Em 2006, eles deram a 36 usuários saudáveis (e que nunca tinham experimentado alucinógenos antes) uma dose da droga, e 60% reportaram “uma experiência mística completa”. 14 meses depois, a maioria reportou níveis maiores de bem-estar que antes, e classificaram tomar a psilocibina uma das cinco experiências mais significativas em suas vidas. Em 2011, a equipe conduziu um estudo com um grupo separado, e quando os membros desse grupo foram questionados um ano depois, os pesquisadores encontraram que de acordo com testes de personalidade, a abertura dos participantes para novas ideias e sentimentos aumentou significativamente – uma mudança muito rara em adultos.

Assim como muitas questões envolvendo o funcionamento da mente, cientistas estão ainda nos estágios iniciais de descobrir se e como a psilocibina desencadeia esses efeitos. Nós sabemos que logo após a ingestão da psilocibina (seja ela na forma pura ou através de cogumelos), ela é quebrada em psilocina, que estimula os receptores da serotonina, um neurotransmissor que acredita-se promover pensamentos positivos (também estimulados por anti-depressivos convencionais.)

“Psicodélicos são proibidos pois eles dissolvem as estruturas da opinião e dos modelos de comportamento culturalizados e até mesmo a forma como se processa informações.” -Terrence McKenna
“Psicodélicos são proibidos pois eles dissolvem as estruturas da opinião e dos modelos de comportamento culturalizados e até mesmo a forma como se processa informações.” -Terrence McKenna

O escaneamento do cérebro humano sob o efeito da psilocibina está somente nos estágios iniciais. Um estudo de 2012 em que voluntários foram administrados enquanto estavam em uma máquina de ressonância magnética de imagem funcional, que mede o fluxo de sangue para várias partes do cérebro, indicou que a droga diminuiu a atividade em um par de áreas de “hub” (o córtex pré-frontal médio e o córtex singulado posterior) que possuem densas concentrações de conexões com outras áreas do cérebro. “Esses “hubs” formam a experiência do mundo e a mantêm em ordem,” disse na época David Nutt, um autor e neurobiologista do Imperial College London. “Nós sabemos que desativando essas regiões somos levados a um estado em que a experiência do mundo ao nosso redor é estranha.” Não é claro como isso pode ajudar na ansiedade e na depressão, ou se é apenas uma consequência não relatada da droga que não tem nada a ver com os efeitos positivos.

Independentemente, o impulso para mais pesquisas nas aplicações potenciais de psilocibina e outros alucinógenos está claramente em andamento. A Wired recentemente citou os cerca de 1600 cientistas que participaram do Terceiro Encontro Anual da Ciência Psicodélica, muitos dos quais estão estudando a psilocibina – conjuntamente com outras drogas como o LSD (conhecido como ácido) e o MDMA (conhecido como ecstasy).

É claro, há um problema óbvio ao se usar cogumelos psilocibínicos como medicina – ou até mesmo pesquisá-los em um ambiente laboratorial. Atualmente, nos Estados Unidos, eles são listados como uma substância controlada, significando que é ilegal comprar, possuir, usar ou vender, e não podem ser prescrevidos por um doutor, porque eles não tem uso médico aceito. A pesquisa que ocorreu foi sob supervisão estrita do governo, e conseguir aprovação para novos estudos é visivelmente difícil.

Dito isso, o fato de a pesquisa estar ocorrendo acima de tudo é um sinal de que as coisas estão mudando lentamente. A ideia de que o uso medicinal da maconha poderia ser um dia permitido em dezenas de estados, o que antes parecia impossível, não é absurdo sugerir que os cogumelos medicinais podem vir em seguida.

Fonte

Pineal, Mística e Ciência

A Glândula Pineal para os antigos era nossa antena, nosso dispositivo natural para a conexão com outras dimensões, e é até hoje considerado como o terceiro olho, aquele que vê .
Monges tibetanos falam desse 3º olho, que havia sido o centro da clarividência e da intuição,e que no decorrer dos tempos se foi atrofiando, pelo qual era necessária sua recuperação.
A existência da epífise ou pineal se conhece faz mais de 2000 anos. Galeno no sec. II escreveu que aos anatômicos gregos lhe havia chamado a atenção à situação particular dessa glândula, concluindo que servia de válvula para regular o fluxo de pensamento, que se creia armazenado nos ventrículos laterais do cérebro.
Descartes, no sec XVII, expressou sua crença que a pineal era a sede da alma racional. Para ele, as sensações percebidas pelos olhos chegariam a pineal, de que partiriam até os músculos, e que produziriam as respostas adequadas. Os estudos modernos demonstram neste, como em outros aspectos de seu pensamento a grande intuição do filosofo.
Chico Xavier, em 1943, no livro Missionário da Luz, “analisa a epífise como glândula da vida espiritual do homem. Segregando energias psíquicas, a glândula pineal conserva ascendência em todo o sistema endócrino, a mente, através de princípios eletromagnéticos do campo visual, que a ciência comum começa a identificar.” (fonte)

Abaixo segue o texto Escrito pelo Prof. Dr. Luiz Machado, Ph. D. e compartilhado da Cidade do Cérebro

A Pineal como Terceiro Olho

“Por conta de sua forma semelhante a uma pinha, do latim pinea (pronuncia-se /pínea/), esta glândula foi assim denominada, sendo também chamada de epífise (do grego epiphysis , de epi “sobre” e physis , “crescimento”, “formado na extremidade”, pois é um corpúsculo oval situado no cérebro, por cima e atrás das camadas ópticas).

As glândulas hipófise e pineal são místicas por excelência. “Místicas” no sentido de misteriosas, pois a ciência ainda conhece pouco sobre elas, principalmente a pineal, e também por serem cultuadas por algumas ordens, seitas, filosofias etc.

A biologia tem muitas dúvidas sobre essas glândulas, mas existem estudiosos que afirmam pertencerem elas a uma classe de órgãos que permanecem estacionários e latentes.

Há quem sustente que, em outras épocas, quando o ser humano estava em contato com os mundos internos , esses órgãos eram os meios de ingresso a eles e tornarão a servir a esse propósito em seu estágio ulterior.

A pineal é o órgão físico da visão etérea e astral, como muitos afirmam. Ela está situada no lado occipital, por cima e atrás da região da visão comum.

Na Índia, é o terceiro olho, o olho de Shiva (o terceiro membro da trindade do hinduísmo: Brahma, Vishnu, Shiva ou Siva).

Ao longo de estudos, procurou-se considerar a glândula pineal como simples remanescente de um olho ancestral, isso porque no lagarto ocelado – que tem ocelos (olhinhos) – existe uma vesícula fechada, de parede cristalina anterior e uma retina (pequena rede de nervos), formado por bastonetes (tipos de células em forma de bastão que fazem parte do sistema celular dos olhos) cercado de pigmentos em conexão com o nervo epifisário da pineal. Essa vesícula está situada em cima da cabeça do animal, embaixo da pele desprovida de pigmento e dentro de um orifício craniano. Esse olho ímpar apresenta-se mais ou menos degenerado nos demais lagartos. Não nos esqueçamos que a Teoria da Evolução nos considera um réptil que foi desenvolvendo cérebros sobrepostos (Paul MacLean, A Teoria do Cérebro Trino).

René Descartes (1596-1650) (em latim Cartesius, daí o adjetivo “cartesiano”), filósofo, místico e fundador da moderna matemática, considerava a pineal como a sede da alma racional . O termo “racional” deriva-se do latim ratio (pronuncia-se /rácio/), palavra que significa “comparação”. Para este filósofo, a pineal era a glândula do saber, do conhecer.

Segundo ainda esse filósofo francês, a glândula pineal “transforma a informação recebida em humores que passam por tubos para influenciar as atividades do corpo”.

É preciso notar que durante muito tempo predominou na medicina na Antiguidade, a doutrina do humorismo . Pensava-se que a disposição da pessoa dependia da natureza dos humores orgânicos (sangue, linfa, pituíta e bílis); assim, por exemplo, da secreção da bílis dependia o bom ou mau humor. Por exemplo, “atrabiliário”, que significa “melancólico”, “colérico”, “violento” vem de atra bilis , “bílis negra”, humor que se supunha ser secretado pelos coléricos. “Melancolia” vem do grego melagcholia , “negra bílis”, pelo latim melancholia .

O sistema de Hipócrates, o mais ilustre médico da Antiguidade (aproximadamente 460-377 a.C.), baseia-se na alteração dos humores, que também era o sistema de Galeno (131 – cerca de 201), outro famoso médico da Grécia antiga, considerado por muitos o pai da neurofisiologia. O célebre provérbio: “Hipócrates diz sim, mas Galeno diz não”, não significa antagonismo entre o sistema dos dois médicos. é uma maneira jocosa a respeito das contradições das opiniões médicas quando elas ocorrem.

Do que foi exposto, deduzimos que a pineal representa um portal que permite ao Eu Sápico exercer influência bastante definida sobre o Eu Físico.

À luz dos conhecimentos científicos atuais, a pineal é freqüentemente chamada de “reguladora das reguladoras”, governando muitas atividades do hipotálamo e da hipófise.

A pineal é composta de células perceptoras cujo grau de intensidade ainda não sabemos. A luz, recebida por intermédio dos olhos e do corpo todo, influencia a função da pineal e, por isso, regula o ciclo vigília /sono.

Hoje em dia, fala-se e usa-se muito o hormônio melatonina para regular o ciclo vigília /sono. Este hormônio da pineal é produzido durante a noite para o sono e cessa com o sol, para despertar, falando-se de maneira simples.

O excesso de melatonina parece gerar depressão e aí estaria a grande incidência de depressão nos países em que o sol aparece com pouca freqüência.

Direta ou indiretamente, a pineal funciona, então, como um olho para a luz e não será ela “os olhos da mente”?


Abaixo segue o vídeo, “Rick Strassman, DMT e a Glândula Pineal”, de extrema importância para o entendimento desta glândula.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=aHowQ0fRE8E]

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Interessante ainda acrescentar que dia 14.06 – 20h acontecerá a palestra “GLÂNDULA PINEAL – união do corpo e da alma, novos conceitos e avanço nas pesquisas” – com Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, palestrante no vídeo abaixo que nos foi sugerido por um caro leitor, através deste link

“A Glândula Pineal integra o relógio cerebral e é responsável por todos os ritmos no organismo, como por exemplo os ritmos da reprodução hormonal, do funcionamento do sistema nervoso autônomo, dos ciclos da vida até o envelhecimento, do sono; além dos ritmos reprodutivos, os da fome e ainda do estado de humor. Ela é um sensor magnético convertendo ondas do espectro eletromagnético em estímulo neuroquímico. Esta glândula parece ser o melhor laboratório de estudos da física sobre a relação espírito-matéria, com suas propriedades de captação de ondas do espectro eletromagnético que aparentemente influenciam funções de sensopercepção mediúnica e telepática.

CONVERSA com Dr. Sérgio Felipe de Oliveira é um psiquiatra brasileiro, mestre em Ciências pela USP e destacado pesquisador na área da Psicobiofísica. Pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas, em seu estudo sobre pineal chegou à seguinte conclusão: “A pineal é um sensor capaz de ‘ver’ o mundo espiritual e de coligá-lo com a estrutura biológica. É uma glândula, portanto, que ‘vive’ o dualismo espírito-matéria. O cérebro capta o magnetismo externo através da glândula pineal”.

[youtube=http://youtu.be/9hwsfO9lgH4]

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