Arqueólogos da Mente – Conectando Passado e Futuro

Nos locais mais inóspitos da Terra, homens obstinados buscam pistas sobre as nossas misteriosas origens. Ruínas, fósseis, restos de objetos humanos e pinturas em cavernas que sobreviveram no ambiente por milênios são meticulosamente garimpados e escrutinados, buscando juntar os cacos que ajudem a reconstruir a história que a nossa memória coletiva parece ter perdido. O homem, acumulador de conhecimentos, construtor de megalópoles, inventor de naves espaciais e colisores de hádrons que buscam a centelha inicial do universo, paradoxalmente não sabe de onde veio. É um estranho para si próprio. Diante dessa amnésia crônica, os raros restos deixados no mundo físico pelos nossos antepassados parecem ser as únicas pegadas do caminho tempestuoso que a nossa espécie trilhou até aqui. E, embora tenham certo êxito em encontrar e datar as pegadas do homem pré-histórico, os sacerdotes da cultura moderna parecem ter muito pouco a dizer sobre o suas reais implicações e significados.

O dogma científico atual diz que os seres humanos anatomicamente modernos – fisicamente iguais a qualquer um de nós – já estavam plenamente formados cerca de 200 mil anos atrás. Apesar disso, os primeiros vestígios de todas as características que hoje nós consideramos como a assinatura diferenciada da nossa espécie – todas as atividades “culturais”, como religião, arte e comunicação avançada por símbolos –  surgiram “do nada” somente  cerca de 50 mil anos atrás. Muito pouco se sabe sobre as formações iniciais dessas atividades culturais, e praticamente nada sobre o grande hiato de cerca de 150 mil anos, quando foi preparado o terreno para nosso mergulho nos domínios da evolução epigenética. Considerado como “o maior enigma da nossa história”, esse é um dos grandes motores da arqueologia e paleontologia.

Do pouco que se sabe, uma coisa é certa: esses vestígios foram deixados pelos praticantes da primeira religião da humanidade, que muito recentemente ganhou o pomposo nome de “xamanismo”. Os artistas das cavernas eram, nas palavras de Joseph Campbell, “os primeiros contadores de histórias” entre os homens; os primeiros a expressar uma compreensão do mundo em linguagem inteligível para os demais; os primeiros criadores de mitos sobre o universo e o lugar da nossa espécie nele.  E a força-motora dessas novas formas de expressão foram – como continuam sendo nos locais onde ainda sobrevive a prática arcaica do xamanismo – os estados de transe nos quais os xamãs mergulham sistematicamente por meio de variadas técnicas.

A informação de que pelo menos uma grande parte dessas obras de arte primitivas representa visões e outras formas de percepção obtidas pelos xamãs durante os estados de transe é uma verdade que já passou pelo limiar de ser ridicularizada e violentamente combatida para ser finalmente reconhecida pela sua autoevidência*. Nossa dificuldade é avançar a partir daí, já que o reino das visões, seres teriantrópicos e forças mágicas que os xamãs afirmam ser a fonte primordial do seu conhecimento é um território não só desconhecido, mas completamente rejeitado pela única forma de conhecimento sancionada pela cultura ocidental moderna. Assim como 90% do DNA humano já foi declarado como “DNA lixo” porque os cientistas não conheciam suas funções (hoje se sabe que o “DNA lixo”, de lixo não tem nada), a dimensão visionária da qual os falam eloquentemente os xamãs de todas as épocas e lugares é considerada como um mero subproduto de uma anomalia mental, ou seja, sem qualquer significado ou utilidade real. Essa suposição tomada como fato ergueu uma muralha na trilha do nosso autoconhecimento histórico.

Tentar entender o que se passava milênios atrás, quando nossos ancestrais começaram a apresentar os primeiros traços dos comportamentos que agora consideramos com orgulho como aqueles que nos diferenciam dos outros animais, é uma viagem de volta no tempo em busca do que quer que seja a controversa “natureza humana” – nada mais do que o momento evolutivo em que estabelecemos as bases psicossociais para o tipo de organização que hoje chamamos de “civilização”.  Esse não pode ser um domínio restrito aos representantes oficiais das instituições culturalmente sancionadas – se fosse, já poderíamos ter declarado seu fracasso. Estamos tratando sobre os corações e mentes de seres humanos iguais a nós, quando começaram a adquirir consciência e dar significado ao mundo. Para isso, é preciso mergulhar de verdade na mente do homem pré-histórico, penetrando na natureza das experiências que catalisaram essa transformação – muito além do mero registro de dados frios.

Isso significa atravessar a trilha das cavernas físicas para as cavernas interiores, que continuam tão abandonadas quanto quando foram deixadas para trás pelos nossos ancestrais.  Significa dar voz aos arqueólogos da mente – aqueles que são capazes de atravessas as camadas de sedimentos psíquicos acumuladas por milênios e alcançar de volta a mente ancestral do homem. Pois, assim como pinturas rupestres e fósseis se ocultam nos sedimentos interiores de antigas rochas, a mente do homem pré-histórico ainda habita as camadas mais profundas da nossa psique.  Carl Jung e outros diriam que não apenas “habita”, mas exerce uma função estrutural muito maior do que gostaríamos de admitir, influenciando de forma determinante desde a formação da nossa personalidade pessoal até as mitologias de todas as épocas e lugares (Jung chamou de “arquétipos” as dinâmicas organizacionais autônomas – ou “moldes psíquicos” – que deram forma à nossa estrutura mental desde tempos imemoriais).

Tal qual a forma do nossos corpos, a estrutura das nossas mentes é uma herança do longo caminho evolutivo trilhado pelos homens primitivos durante os milhares de anos que antecederam a corrida louca da História humana. Uma complexa construção em camadas que, se explorada com seriedade, promete nos levar, passo-a-passo, de volta ao coração do macaco no momento em que ele começou a sonhar com o futuro.

Numa Era em que a civilização humana sofre com uma crise de consciência e falta de sentido sem precedentes que nos levaram à beira de uma catástrofe global, refazer essa conexão perdida com a nossa história psíquica coletiva se torna um imperativo para encontrarmos um novo lugar possível para o homem no mundo.

* “Toda verdade passa por três estágios: No primeiro, ela é ridicularizada; no segundo, é rejeitada com violência; no terceiro, é aceita como evidente por si própria.” (Schopenhauer)

Referências:

– HANCOCK, Graham.  Sobrenatural: Os Mistérios que cercam a origem da religião e da arte

– JUNG, C G. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo

– CAMPBELL, Joseph.  O Poder do Mito

– MCKENNA, Terence. O Alimento dos Deuses

Teoria sugere explicação para vida após a morte e a alma

Por Steven Bancarz | Traduzido pela equipe mundocogumelo

Recentemente publiquei um estudo científico que valida as experiências fora do corpo. Há uma grande variedade de dados existentes que seriam melhor explicados ao inferirmos a existência de uma alma não física. Um grande tabu que as pessoas eventualmente batem de fente, está agora tentando ser elucidado para entender como a alma poderia caber em nossa compreensão científica da consciência. Felizmente, agora temos um modelo teórico que explica a existência da alma e até mesmo da vida após a morte.

De acordo com o Dr. Stuart Hameroff, professor da Universidade do Arizona, uma experiência de quase-morte acontece quando a informação quântica que habita o sistema nervoso deixa o corpo e se dissipa no universo. Contrariando o que contam os materialistas da consciência, Dr. Hameroff oferece uma explicação alternativa de que consciência pode, talvez, ser pauta de ambas, mente científica racional e intuições pessoais.

A consciência reside, de acordo com Stuart, o físico britânico Sir Roger Penrose, (e também Robert Lanza (diretor científico da Advanced Cell Technology Company)) ; nos microtúbulos das células cerebrais, que são os sítios primários do processamento quântico. Após a morte, esta informação é liberada de seu corpo, o que significa que a sua consciência vai com ele. Eles argumentam que a nossa experiência da consciência é o resultado dos efeitos da gravidade quântica nesses microtúbulos, uma teoria que eles (Hameroff e Penrose) batizaram redução objetiva orquestrada (Orch-OR).

A consciência, ou, pelo menos, proto-consciência, é teorizada por eles como uma propriedade fundamental do universo, presente até mesmo no primeiro momento do universo durante o Big Bang. “Em um esquema desses, a experiência da proto consciencia é uma propriedade básica da realidade física, acessível por um processo quântico associado com a atividade cerebral.”

Nossas almas são de fato construídas a partir do próprio tecido do universo – e podem ter existido desde o início dos tempos. Nossos cérebros são apenas receptores e amplificadores para a proto-consciência que é intrínseca ao tecido do espaço-tempo. Então, há realmente uma parte de sua consciência que é imaterial e vai viver após a morte de seu corpo físico?

maxresdefaultDr Hameroff disse no documentário “Through the Wormhole” do ‘Science Channel’: “Vamos dizer que o coração para de bater, o sangue para de fluir, os microtúbulos perdem seu estado quântico. A informação quântica dentro dos microtúbulos não é destruída, ela não pode ser destruída, ele só se espalha e se dissipa com o universo em geral.

Se o paciente sofre uma ressuscitação, esta informação quântica pode voltar para os microtúbulos e o paciente diz: “Eu tive uma experiência de quase morte“.

Ele acrescenta: “Se o paciente não for ressuscitado e morrer, é possível que esta informação quântica possa existir fora do corpo, talvez indefinidamente, como uma alma.”

Esta conta de consciência quântica sugere uma explicação para coisas como experiências de quase morte, projeção astral, experiências fora do corpo, e até mesmo a reencarnação (que eu considero ser a mais forte evidência científica para a existência de uma alma) sem a necessidade de recorrer à ideologia religiosa. Em cima de evidências anedóticas, argumentos filosóficos, e evidência científica, agora também temos um quadro teórico que possa acomodar a existência da alma.

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A energia da sua consciência se afasta do seu veículo físico no momento da morte, da mesma forma que um pianista pode se levantar e caminhar para longe do piano. Para onde vai a informação quântica e o que ela experimenta uma vez que deixa o corpo na morte está aberto para especulação e maior investigação científica.

Aqui está uma entrevista incrível Deepak Chopra fez com Stuart Hameroff sobre sua teoria da consciência quântica:
(em inglês)

Fontes:

SpiritScienceAndMetaphysics

Redução Objetiva Orquestrada (Orch-OR)

PsychologyToday

Rupert Sheldrake: Consciência, Tempo & Espaço (legendado)

‘Quando olhamos para uma estrela distante, não estamos também nos projetando para o passado?’

Rupert Sheldrake, biólogo inglês, é conhecido por sua teoria da morfogênese. Pesquisador em bioquímica e fisiologia vegetal, descobriu junto com Philip Rubery, o mecanismo de transporte da auxina. Participou, na Índia, do desenvolvimento de técnicas de cultivo no semi-árido hoje usadas amplamente.

De volta à Grã-Bretanha, tem-se dedicado a escrever, dar palestras e pesquisar um modelo de desenvolvimento teleológico, do qual faz parte a teoria dos campos morfogenéticos. Entre seus livros estão O renascimento da naturezaCães sabem quando seus donos estão chegando e A sensação de estar sendo observado.

Ligou-se, como pesquisador, ao Institute of Noetic Sciences, dos EUA (Califórnia).

“Neste vídeo  Rupert Sheldrake nos explica a sua concepção de como a consciência influencia a nossa realidade, em um sentido causal diferente de outras formas de causalidade.”


Posts Relacionados

A Situação Humana – Terence McKenna

Trecho da palestra “Eros & Eschaton”, onde o etnobotânico e psiconauta Terence McKnenna introduz diversas idéias sobre a situação humana

Explora a relação entre diversas questões, entre elas:

O Mistério da mente e corpo humanos
Psicodélicos, Imaginação e Sexualidade
O fracasso da cultura ocidental e a crise global
A Mente de Gaia e o renascimento arcaico

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Termostato da Realidade

Trecho do documentário “Manifesting the Mind”

A experiência psicodélica como fonte de conhecimento; a função do DMT no metabolismo humano comum; cérebro e consciência; o significado da “morte do ego”; a experiência humana e as “drogas” são alguns dos temas abordados no vídeo.

Em ordem de aparição:
Dr. Dennis McKenna
Dr. Rick Strassman
Alex Grey
Nick Herbert
Mike Crowley
Clark Heinrich

 

 


 

 

O ABISMO E A PONTE – Amit Goswami

Capítulo extraído do Livro Universo Autoconsciente do físico Amit Goswami, PhD

Vejo uma caricatura estranha, despedaçada, de homem acenando para mim. O que é que ele está fazendo aqui? Como é que ele pode existir em um estado tão fragmentado? Que nome lhe darei?

Como se estivesse lendo minha mente, a mutilada figura começa a falar:
— Em meu estado, que diferença faz um nome? Chama-me de Guernica. Estou à procura de minha consciência. Não tenho direito à consciência?

Reconheci o nome. Guernica é a obra-prima de Pablo Picasso, pintada em protesto contra o bombardeio fascista da pequena cidade espanhola do mesmo nome.

— Bem — respondi, procurando tranqüilizá-lo —, se você me disser exatamente o que precisa, talvez eu possa ajudá-lo.

— Você acha, mesmo.? — Os olhos dele se iluminaram. — Você, quem sabe, defenderá minha causa.? – E me lançou um olhar ansioso.

— Perante quem? Onde? — perguntei, intrigado.

— Lá dentro. Eles estão se divertindo numa festinha, enquanto eu estou abandonado aqui, inconsciente. Talvez, se eu encontrar minha consciência, eu volte a ser inteiro novamente.

— Quem são eles? — perguntei.

— Os cientistas, os que decidem o que é real.

— Oh! Neste caso a situação não pode ser tão ruim assim. Eu sou cientista. Cientistas formam um grupo de mente aberta. Vou conversar com eles.

O pessoal da festinha dividia-se em três grupos separados, como as ilhas do triângulo das Bermudas. Hesitei por um momento e, em seguida, em passos largos, dirigi-me a um deles — em terra de sapos, de cócoras com eles, e tudo mais. A discussão estava acalorada. O grupo conversava sobre física quântica.

— A física quântica faz prognósticos sobre fatos que observamos experimentalmente, nada mais — disse um cavalheiro de aparência distinta, com uns poucos fios grisalhos nos cabelos. — Por que fazer suposições sem base sobre a realidade, quando a conversa é sobre objetos quânticos ?!

— O senhor não está um pouco cansado desse disco. Uma geração inteira de físicos parece ter sofrido lavagem cerebral e sido levada a acreditar que uma filosofia convincente da física quântica foi formulada há 60 anos. Isso simplesmente não aconteceu. Ninguém entende a mecânica quântica — disse outro, cuja postura melancólica era óbvia.

Essas palavras mal foram notadas na discussão quando outro cavalheiro, exibindo uma barba desgrenhada, disse com arrogante autoridade:
— Escutem aqui, vamos corrigir o contexto. A física quântica diz que objetos são representados por ondas. Objetos são ondas. E ondas, como todos nós sabemos, podem estar em dois (ou mais) lugares na mesma ocasião. Mas, quando observamos um objeto quântico, nós o  encontramos, todo ele, em um único lugar, aqui, e não ali, e, com certeza, não ambos aqui e ali ao mesmo tempo.

O senhor barbado agitava nervoso as mãos.
— O que é que isso significa, em termos simples? O senhor — disse, fítando-me — o que é que o senhor pensa a respeito?

Por um momento, fiquei abalado com o desafio, mas recuperei-me rápido.
— Bem, parece que nossas observações, e portanto nós, produzem um efeito profundo sobre objetos quânticos.

— Não. Não. Não — trovejou meu inquisidor. — Quando observamos, nenhum paradoxo existe. Quando não observamos, volta o paradoxo de o objeto estar simultaneamente em dois lugares. Obviamente, a maneira de evitar o paradoxo é prometer jamais conversar, entre observações, sobre o paradeiro do objeto.

— Mas… e se nossa consciência produzir realmente um efeito profundo sobre objetos quânticos. — insisti. Por alguma razão, parecia-me que a consciência de Guernica tinha alguma coisa a ver com essa especulação.

— Mas isso significa influência da mente sobre a matéria — exclamaram em uníssono os membros do grupo, olhando-me como se eu tivesse dito uma heresia.

— Mas, mas — gaguejei, recusando ser intimidado —, suponhamos que haja uma maneira de aceitar o poder da mente sobre a matéria.

Contei a eles a triste situação de Guernica.
— Escutem aqui, os senhores têm uma responsabilidade social neste particular. Os senhores sabem há 60 anos que a maneira convencional, objetiva, de estudar física não funciona no caso de objetos quânticos. Encontramos paradoxos. Ainda assim, os senhores fingem usar de objetividade e o resto da sociedade perde a oportunidade de reconhecer que nós — nossa consciência — estamos intimamente conectados com a realidade. Os senhores podem imaginar o impacto que produziriam sobre a visão de mundo das pessoas comuns se os físicos reconhecessem abertamente que nós não somos separados do mundo, mas, sim, somos o mundo, e que temos que assumir responsabilidade por isso. Talvez só então Guernica, não, todos nós possamos retornar à completeza.

O cavalheiro de aparência distinta tomou a palavra:
— Reconhecerei, nas caladas da noite e quando não houver ninguém por perto, que tenho dúvidas. Talvez estejamos perdendo uma oportunidade. Mas, como minha mãe me ensinou, na dúvida, é muito melhor fingir ignorância. Não sabemos coisa alguma sobre consciência. A consciência é assunto que pertence à psicologia, àqueles caras ali — finalizou, apontando para um canto.

— Mas — insisti teimosamente — suponhamos que definimos consciência como o agente que afeta objetos quânticos para lhes tornar o comportamento apreensível pelos sentidos. Tenho certeza de que os psicólogos estudariam essa possibilidade, se os senhores se aliassem a mim. Eu tinha me convencido de que a possibilidade de Guernica obter uma consciência dependia de meu sucesso em atrair esses cavalheiros para meu lado.

— Dizer que a consciência afeta causalmente os átomos é a mesma coisa que abrir a caixa de Pandora. Essa idéia viraria a física de cabeça para  baixo. A física não seria independente e nós perderíamos nossa credibilidade.

Havia um tom de finalidade na voz que falava. Outra pessoa, com uma voz que eu ouvira antes, disse:
— Ninguém entende a mecânica quântica.

— Mas eu prometi a Guernica que defenderia a causa da devolução de sua consciência! Por favor, ouçam o resto do que eu tenho a dizer — protestei. Mas ninguém me deu a menor atenção. Eu me tornei um zero nesse grupo — uma não-consciência, igual a Guernica.

Resolvi tentar os psicólogos. Reconheci-os pelo grande número de gaiolas de ratos e computadores no canto que ocupavam na sala.

Uma mulher com aparência de pessoa competente explicava nesse momento alguma coisa a um rapaz:
— Ao supor que o cérebro-mente é um computador, temos esperança de transcender a briga de foice dos behavioristas. O cérebro é o hardware do computador. Nada há, realmente, senão o cérebro. Isso é que é o real. Não obstante, os estados do hardware do cérebro, com o passar do tempo, executam funções independentes, como o software do computador. E são esses estados ao harware que chamamos de mente.

— Neste caso, a consciência é o quê? — quis saber o rapaz.

Puxa, que sincronização perfeita. Isso era exatamente o que me trouxera àquele canto — para saber o que os psicólogos pensam da consciência!
Eles deviam ser os tais que exerciam controle sobre a consciência de Guernica.

— A consciência é semelhante à unidade central de processamento, o centro de comando do computador — respondeu pacientemente a mulher.

O rapaz, insatisfeito com a resposta, insistiu:
— Se pudermos explicar todo nosso desempenho de entrada-saída em termos da atividade dos circuitos do computador, então, ao que parece, a consciência é inteiramente desnecessária.

Não pude me conter:
— Por favor, não desistam ainda de discutir a consciência. Meu amigo Guernica precisa dela.
E lhes contei o problema de Guernica.

Parecendo até um eco de meu amigo físico momentos antes, um cavalheiro elegantemente vestido intrometeu-se casualmente na conversa:
— Mas a psicologia cognitiva não está pronta ainda para a consciência. Nem mesmo sabemos como definí-la.

— Eu  poderia lhe dar a definição do físico sobre consciência. Ela tem a ver com a física quântica.
Esta última palavra despertou-lhes a atenção. Inicialmente, expliquei que os objetos quânticos eram ondas que surgiam e se espalhavam por mais de um lugar e que a consciência poderia ser a agência que focaliza as ondas, de tal modo que podemos observá-las em um único lugar.

— E esta é a solução do problema dos senhores — sugeri. — Os senhores podem aceitar a definição de consciência dada pela física. E, em seguida, poderão ajudar Guernica.

— Mas o senhor não estaria misturando as coisas? Os físicos não dizem que tudo é feito de átomos — de objetos quânticos? Se a consciência é feita também de objetos quânticos, de que maneira pode ela atuar como fonte causal sobre eles.? Pense, homem, pense.

Senti uma pequena sensação de pânico. Se esses psicólogos sabiam do que estavam falando, até minha consciência era uma ilusão, quanto mais a de Guernica. Mas eles estariam certos apenas se todas as coisas, incluindo a consciência, fossem realmente feitas de átomos. De repente, outra possibilidade relampejou em minha mente! E eu disse impetuosamente:

— Os senhores estão fazendo as coisas da maneira errada! Não podem ter certeza de que todas as coisas são feitas de átomos… Isso é uma suposição. Vamos supor, em vez disso, que todas as coisas, incluindo átomos, sejam feitas de consciência!

Meus ouvintes pareceram atordoados.
— Escute, há alguns psicólogos que pensam assim. Reconheço que a possibilidade a que você se refere é interessante. Mas não é científica. Se queremos elevar a psicologia ao status de ciência, temos que nos manter longe da consciência — especialmente da idéia de que a consciência possa ser a realidade primária. Sinto muito, moço.

A mulher que havia falado parecia realmente penalizada. Eu não havia ainda conseguido fazer progresso algum para trazer de volta a consciência de Guernica. Em desespero, voltei-me para o último grupo — o terceiro ápice do triângulo. Descobri que eles eram neurofísiologistas (cientistas do cérebro). Talvez eles fossem os árbitros que realmente importavam.

Os neurocirurgiões discutiam também nesse momento a consciência e minhas expectativas subiram muito.
— A consciência é uma entidade causal que dá significado à existência, admito isso — disse um deles, dirigindo-se a um senhor mais velho e esquelético. — Mas tem que ser um fenômeno emergente do cérebro, não separado dele. Afinal de contas, tudo é feito de matéria. Isso é tudo o que há.

O tipo magrelo, falando com um sotaque britânico, objetou:
— De que maneira algo feito de alguma outra coisa pode agir causalmente sobre aquilo de que é constituído? Isso seria equivalente a um comercial de televisão repetindo-se ao agir sobre os circuitos eletrônicos do monitor. Deus nos livre disso! Não, a consciência tem que ser uma entidade diferente do cérebro, a fim de produzir um efeito causal sobre ele. Ela pertence a um mundo separado, fora do mundo material.

— Nesse caso, como é que os dois mundos interagem? Um fantasma não pode atuar sobre uma máquina.

Interrompendo-os rudemente, um terceiro, usando rabo-de-cavalo, soltou uma risada e disse:
— Vocês dois estão dizendo tolices. Todo o problema de vocês surge da tentativa de encontrar significado em um mundo material inerentemente sem sentido. Olhem aqui, os físicos têm razão quando dizem que não há significado, não há livre-arbítrio, e que tudo é uma ciranda aleatória de átomos.

O defensor britânico de um mundo separado para a consciência, sarcástico nesse momento, retrucou:
— E você pensa que o que diz faz sentido! Você, você mesmo, é o jogo de movimentos aleatórios, sem sentido, de átomos. Ainda assim, formula teorias e pensa que suas teorias significam alguma coisa.

Insinuei-me em meio ao debate:
— Conheço uma maneira de obter significado, mesmo no jogo dos átomos. Suponhamos que tudo, em vez de ser feito de átomos, que tudo fosse feito de consciência. O que aconteceria, neste caso?

— Onde foi que você arranjou essa idéia? — perguntaram, em tom de desafio.

— Na física quântica.

— Mas não há física quântica no macronível do cérebro! — exclamaram todos eles, com a autoridade de quem sabe, unificados na objeção comum. — A física quântica é para o micro, para os átomos. Átomos formam moléculas, moléculas formam células e células formam o cérebro. Nós trabalhamos diariamente com o cérebro. Não há necessidade de invocar a mecânica quântica dos átomos para explicar o comportamento do cérebro no nível grosseiro.

— Mas os senhores não alegam que compreendem inteiramente o cérebro? O cérebro não é tão simples assim! Não houve alguém que disse que se o cérebro fosse tão simples que pudéssemos entendê-lo nós seríamos criaturas tão simples que não o entenderíamos?

— Seja isso como for — concederam eles —, de que maneira a idéia da física quântica ajudaria, no caso da consciência?

Expliquei-lhes como a consciência afetava a onda quântica:
— Olhem aqui, isso é um paradoxo, se a consciência é constituída de átomos. Mas se viramos pelo avesso nossa idéia sobre como o mundo é constituído, o paradoxo é resolvido de forma muito satisfatória. Garanto aos senhores que o mundo é feito de consciência.

Não posso esconder minha emoção e até mesmo orgulho — se esta idéia é suficientemente forte. Apelei para que seguissem meu raciocínio.
— O triste em tudo isso — continuei —, é que se as pessoas comuns realmente soubessem que consciência, e não matéria, é o elo que nos liga uns aos outros e ao mundo, as opiniões delas sobre guerra e paz, poluição ambiental, justiça social, valores religiosos e todas as demais atividades humanas mudariam radicalmente.

— Isso que o senhor está dizendo parece interessante e simpatizo com a idéia, pode acreditar. Mas a idéia parece também alguma coisa tirada da Bíblia. De que modo podemos adotar idéias religiosas como ciência e ainda merecer credibilidade?
Meu interlocutor dava a impressão de que falava consigo mesmo.

— Estou pedindo aos senhores que concedam à consciência o que lhe pertence — respondi. — Meu amigo Guernica precisa de consciência para tornar-se novamente uma pessoa completa. E pelo que ouvi nesta festa, ele não é o único. Se assim é, como os senhores podem ainda debater se a consciência de fato existe? Mas chega disso! A existência da consciência não é em absoluto assunto debatível, e os senhores sabem disso.

— Entendo — disse o jovem de rabo-de-cavalo, sacudindo a cabeça. — Meu amigo, há aqui um mal-entendido. Todos nós resolvemos ser Guernica. E você terá que fazer o mesmo, se quiser fazer ciência. Temos que supor que todos nós somos feitos de átomos. Nossa consciência tem que ser um fenômeno secundário — um epifenômeno — da dança dos átomos. A objetividade fundamental da ciência assim o exige.

Voltei ao meu amigo Guernica e, triste, contei-lhe a experiência.
— Como disse certa vez Abraham Maslow: “Se a única ferramenta que você tem é um martelo, comece a tratar todas as coisas como se elas fossem pregos.” Essas pessoas estão acostumadas a considerar o mundo como feito de átomos e separado de si mesmas. Consideram a consciência como um epifenômeno ilusório. Não podem lhe conceder consciência.

— Mas, e o senhor — perguntou Guernica, fitando-me. — O senhor vai esconder-se por trás da objetividade científica ou vai fazer alguma coisa para me ajudar a recuperar minha completeza?
Nesse momento, ele tremia.

A emoção com que falava despertou-me do sonho. Lentamente, nasceu a decisão de escrever este livro.

Enfrentamos hoje na física um grande dilema. Na física quântica — a nova física — descobrimos um marco teórico que funciona. Explica um sem-número de experimentos de laboratório, e muito mais. A física quântica deu origem a tecnologias de imensa utilidade, tais como as de transistores, lasers e supercondutores. Ainda assim, não conseguimos extrair sentido da matemática da física quântica sem sugerir uma interpretação dos resultados experimentais que numerosos indivíduos só podem considerar como paradoxal, ou mesmo inaceitável. Vejamos, como exemplo, as propriedades quânticas seguintes:

  • Um objeto quântico (como, por exemplo, um elétron) pode estar, no mesmo instante, em mais de um lugar (apropriedade da onda).
  • Não podemos dizer que um objeto quântico se manifeste na realidade comum espaço-tempo até que o observemos como uma partícula (o colapso da onda).
  • Um objeto quântico deixa de existir aqui e simultaneamente passa a existir ali, e não podemos dizer que ele passou através do espaço interveniente (o salto quântico).
  • A manifestação de um objeto quântico, ocasionada por nossa observação, influencia simultaneamente seu objeto gêmeo correlato — pouco importando a distância que os separa (ação quântica à distância).

Não podemos ligar a física quântica a dados experimentais sem utilizar alguns esquemas de interpretação, e a interpretação depende da filosofia com que encaramos os dados. A filosofia que há séculos domina a ciência (o materialismo físico, ou material) supõe que só a matéria — que consiste de átomos ou, em última análise, de partículas elementares — é real. Tudo mais são fenômenos secundários da matéria, apenas uma dança dos átomos constituintes. Essa visão do mundo é denominada de realismo porque se presume que os objetos sejam reais e independentes dos sujeitos, nós, ou da maneira como os observamos. A idéia, contudo, de que todas as coisas são constituídas de átomos é uma suposição não provada. Não se baseia em prova direta no tocante a todas as coisas. Quando a nova física nos desafia com uma situação que parece paradoxal, quando vista da perspectiva do realismo materialista, tendemos a ignorar a possibilidade de que os paradoxos possam estar surgindo por causa da falsidade de nossa suposição não comprovada. (Tendemos a esquecer que uma suposição mantida por longo tempo não se transforma, por isso, em verdade, e, não raro, não gostamos que nos lembrem disso.)

Atualmente, numerosos físicos desconfiam que há alguma coisa de errado no realismo materialista, mas têm medo de sacudir o barco que lhes serviu tão bem, por tanto tempo. Não se dão conta de que o bote está à deriva e precisa de novo rumo, sob uma nova visão do mundo.

Há por acaso uma alternativa ao realismo materialista. Essa IGSQ esforça-se, sem sucesso, a despeito de seus modelos de computador, para explicar a existência da mente, em especial o fenômeno de uma autoconsciência causalmente potente. “O que é consciência?” O realista materialista tenta ignorar a pergunta com um encolher de ombros e com a resposta arrogante de que ela nenhuma importância tem. Se, contudo, estudamos, por menor que seja a seriedade, todas as teorias de que a mente consciente constrói (incluindo os que a negam), então a consciência tem, de fato, importância.

Desde o dia em que René Descartes dividiu a realidade em dois reinos separados — mente e matéria —, numerosas pessoas têm-se esforçado para racionalizar a potência causai da mente consciente dentro do dualismo cartesiano. A ciência, contudo, oferece razões irresistíveis para que se ponha em dúvida que seja sustentável uma filosofia dualista: para que haja interação entre os mundos da mente e da matéria, terá que haver intercâmbio de energia. Ora, sabemos que no mundo material a energia permanece constante. Certamente, portanto, só há uma realidade. Aí é que surge o problema: se a única realidade é a realidade material, a consciência não pode existir, exceto como um epifenômeno anômalo.

A pergunta, portanto, consiste no seguinte: há uma alternativa monística ao realismo materialista, caso em que mente e matéria são partes integrais de uma mesma realidade, mas uma realidade que não se baseia na matéria? Estou convencido de que há. A alternativa que proponho neste livro é o idealismo monístico. Esta filosofia é monística, em oposição à dualística, e é idealismo porque idéias (não confundir com ideais) e a consciência da existência das mesmas são consideradas como os elementos básicos da realidade; a matéria é julgada secundária. Em outras palavras, em vez de postular que tudo (incluindo a consciência) é constituído de matéria, esta filosofia postula que tudo (incluindo a matéria) existe na consciência e é por ela manipulado. Notem que a filosofia não diz que a matéria é não-real, mas que a realidade da matéria é secundária à da consciência, que é em si o fundamento de todo ser— incluindo a matéria. Em outras palavras, em resposta à pergunta, “O que é a matéria?”, o idealista monístico jamais responderia: “Esqueça!”

Este livro mostra que a filosofia do idealismo monístico proporciona uma interpretação, isenta de paradoxo, da física quântica, e que é lógica, coerente e satisfatória. Além disso, fenômenos mentais — tais como autoconsciência, livre-arbítrio, criatividade, até mesmo percepção extra-sensorial — encontram explicações simples e aceitáveis quando o problema mente-corpo é reformulado em um contexto abrangente de idealismo monístico e teoria quântica. Este quadro reformulado do cérebro-mente permite-nos compreender todo nosso self, em total harmonia com aquilo que as grandes tradições espirituais mantiveram durante milênios.

A influência negativa do realismo materialista sobre a qualidade da moderna vida humana tem sido assombrosa. O realismo materialista postula um universo sem qualquer significado espiritual: mecânico, vazio e solitário. Para nós — os habitantes do cosmo — este é talvez o aspecto mais inquietante porque, em um grau assustador, a sabedoria convencional sustenta que o realismo materialista predomina sobre teologias que propõem um componente espiritual da realidade, em acréscimo ao componente material.

Os fatos provam o contrário. A ciência prova a superioridade de uma filosofia monística sobre o dualismo — sobre o espírito separado da matéria. Este livro fornece uma argumentação convincente, fundamentada em dados existentes, de que a filosofia monística necessária agora no mundo não é o materialismo, mas o idealismo. Na filosofia idealista, a consciência é fundamental e, nessa conformidade, nossas experiências espirituais são reconhecidas e validadas como dotadas de pleno sentido. Esta filosofia aceita muitas das interpretações da experiência espiritual humana que deflagraram o nascimento das várias religiões mundiais. Desse ponto de observação, vemos que alguns dos conceitos das várias tradições religiosas tornam-se tão lógicos, elegantes e satisfatórios quanto a interpretação dos experimentos da física quântica.

“Conhece-te a ti mesmo”. Este foi o conselho dado através das idades por filósofos inteiramente cientes de que nosso self é o que organiza o mundo e lhe dá significado, e compreender o  self juntamente com a natureza era o objetivo abrangente a que visavam. A aceitação do realismo materialista pela ciência moderna mudou tudo isso. Em vez de unidade com a natureza, a consciência afastou-se dela, dando origem a uma psicologia separada da física. Conforme observa Morris Berman, esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena. Atualmente, vivemos como exilados nesta terra estranha. Quem, senão um exilado, arriscar-se-ia a destruir esta bela terra com a guerra nuclear e a poluição ambiental? Sentirmo-nos como exilados solapa nosso incentivo para mudar a perspectiva. Condicionaram-nos a acreditar que somos máquinas — que todas as nossas ações são determinadas pelos estímulos que recebemos e por nosso condicionamento anterior. Como exilados, não temos responsabilidade nem escolha. E o livre-arbítrio é uma miragem.

Este o motivo por que se tornou tão importante para cada um de nós analisarmos em profundidade nossa visão do mundo. Por que estou sendo ameaçado de aniquilação nuclear? Por que a guerra continua a ser um meio bárbaro para resolver litígios mundiais? Por que há fome endêmica na África, quando nós, só nos Estados Unidos, podemos tirar da terra alimento suficiente para saciar o mundo? Como foi que adquiri uma visão do mundo (mais importante ainda, estou engasgado com ela) que determina tanta separação entre mim e meus semelhantes, quando todos nós compartilhamos de dotes genéticos, mentais e espirituais semelhantes? Se repudiamos a visão de mundo ultrapassada, que se baseia no realismo materialista e investigamos a nova/velha visão que a física quântica parece exigir, poderemos, o mundo e eu, ser integrados mais uma vez?

Precisamos nos conhecer; precisamos saber se podemos mudar nossas perspectivas — se nossa constituição mental permite isso. Poderão a nova física e a filosofia idealista da consciência dar-nos novos contextos para a mudança?

Fenômeno UFO (OVNI), por Jacques Vallée

vallee“O fenômeno UFO genuíno, é associado com uma forma de consciência inumana que manipula o “espaço-tempo” de uma forma que não compreendemos… Esta é a verdade mais simples: se existe uma forma de vida e consciência que opera as propriedades do “espaço-tempo”, nós ainda não a descobrimos e ela não deve ser, necessariamente, extraterrestre. Pode ser proveniente de qualquer lugar ou tempo, até mesmo do nosso próprio ambiente. Certamente, pode também ser proveniente de um outro sistema solar na nossa galáxia, ou de outra galáxia. Pode também, coexistir conosco e nós não a percebemos. As entidades podem ser multidimensionais além do próprio espaço-tempo. Elas podem mesmo ser uma espécie de seres fracionados. A terra pode ser o seu lugar de origem.” (grifo do autor: Revelations – J. Vallee – pág. 259 – Ed. Ballantine Book).

 

Em uma trilogia: “Dimensions, Confrontations e Revelations” (sem tradução) o cientista e ufólogo Jacques Vallee relata (e adverte) à humanidade realidades que ela desconhece e que estão contidas da pesquisa ufológica. Jacques Vallee é astrofísico e Ph.D em “computer sciences” pela Northwestern University (1967).

Vallee era associado com o Dr. J. Allen Hynek, já falecido, ilustre e famoso pesquisador científico, figura de proa na pesquisa ufológica internacional. Vallee foi o “MODELO” do cientista francês encarnado pelo ator François Truffaut no filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” – produzido por Steven Spielberg. Jacques Vallee é francês.

– Posterei a seguir trechos de entrevistas, onde Jacques vallé expõe suas idéias singulares sobre o fenômeno UFO.
Aos 15/04/1995, James Mosely publicou “Sauce Smear” uma carta de Jacques Vallee que dizia, entre outras coisas,: -“Minha decisão de deixar o campo ufológico é consistente com a observação de que otrabalho científico construtivo e sério, é impossível nas condições presentes. Nos últimos anos a ufologia malbaratou perto de um milhão de dólares… em trabalhos absurdos e não científicos centrados na “pesquisa” de abduções, no fiasco de Roswell… e em várias investigações do tipo Roswell e Gulf Breeze. Não posso permanecer associado a nada disto, portanto, é o tempo de me retirar silenciosamente.” – Jacques Vallee.

A explicação dada pelo seu editor é a de que Vallee, somente, deseja colocar distância entre ele e o sensacionalismo que invadiu e não quer deixar esta área. Agora, ano de 2002, ainda presenciamos os mesmos espetáculos que desgostaram Jacques Vallee. Os casos que continuam em pauta já foram explicados muitas vezes, pelos seus próprios promulgadores, os falsificadores foram desmascarados, alguns deles em público, como Bill Moore o fez com prejuízo próprio… mas ninguém abandonou a arena, tudo tinha e tem que ser da forma como acreditam e querem que seja. O marasmo tomou conta da ufologia!

“Vallee não deseja associar-se com estes chamados questionários sobre as abduções alienígenas e mutilações do gado”, diz Richard Grossing em 30/04/1997.

“Tendo sido responsável, através da sua obra, por elevar o nível da ufologia como digno de um sério estudo científico, será muito desanimador se a comunidade séria dos investigadores de UFOS ficar privada, não só de uma das poucas vozes remanescentes da razão nesta área, mas também do deão dos ufólogos.” J. R.

Atualmente – (Entrevista)

“As pessoas julgaram que eu tenha me retirado, para subir ao topo de uma montanha e filosofar. A razão pela qual abandonei a cena da ufologia, é a de que eu queria trabalhar na investigação de UFOS e estava cansado de comparecer a congressos e encontros onde só se falavam nas mesmas coisas. O que acontecia era somente, muita falação. Penso que o caminho do conhecimento nesta área, não é o de se dialogar uns com os outros e sim o de dialogar com as testemunhas. Isto é o que eu quero fazer e o farei em primeiro lugar. Eu desejo ser capaz de ir ao local, encontrar-me com as testemunhas e monitorar o que aconteceu dentro de um certo período de tempo. Portanto, a minha maior prioridade é os casos de primeira mão que não foram publicados ou comunicados aos grupos ufológicos, porque, no momento o qual eles se tornam parte de muita discussão, ficam polarizados. Quero produzir pesquisas a longo tempo. Em dez anos, acumulei cerca de 200 destes casos. Meu livro (Confrontations) é realmente um sumário dos casos mais interessantes.”

Como você contatou estes casos?

“Através de pessoas que me escreveram, presentes às minhas palestras, ou leitores dos meus livros. Recebo várias cartas, diariamente, desde que DIMENSIONS foi publicado, há um ano. Pego as mais interessantes, constantemente, são mandadas por pessoas que ocupam posições importantes, como a de um vice-presidente da IBM. A última coisa que ele deseja fazer é encaminhar-se a uma organização ufológica. Não quer a mínima das publicidades. Não deseja ver seu nome em nenhum livro, mas teve um “avistamento” que é muito válido.”

A quais conclusões a sua pesquisa o levou?

“Sinto que posso comparecer a um comitê de cientistas e convencê-los de que existe uma evidência avassaladora de que o fenômeno UFO existe e é um irreconhecido e inexplicado fenômeno para a ciência, mas o que sinto posso provar.

Minha convicção pessoal é a de que este fenômeno resulta de uma inteligência e que esta inteligência é capaz de manipular o “espaço-tempo” de um modo incompreensível para nós. Posso convencer um comitê, das minhas observações atentas de que o fenômeno é real, é físico e que não o compreendemos. Só não posso convencê-los de que as minhas especulações são corretas, talvez existam outras especulações. A conclusão essencial: minha tendência é a de que a origem do fenômeno e da inteligência não são, necessariamente, extraterrestres.

Você diz que encara uma interpretação multidimensional que não especifica a existência de humanóides de outros planetas aterrissando aqui fisicamente? Parece-nos que, algumas vezes, você fala sobre o fenômeno como sendo um tipo de sentimento religioso jorrando do espírito humano. Outras vezes, fala como se houvesse uma força potencialmente maléfica que é imposta de fora como um sistema de controle.

“Penso que é uma oportunidade de se aprender alguma coisa muito fundamental sobre o universo, porque, não existe apenas o fenômeno ou tecnologia capazes de manipular o espaço-tempo de formas que não entendemos, esta força está manipulando a ambientação psíquica da testemunha. Tentei introduzir esta idéia quando escrevi “Le College Invisible”. Nesta época, a comunidade ufológica não estava madura para isto. A New Age e a parapsicologia e suas comunidades, interpretaram as minhas conclusões crendo que eu me referia aos DEVAS do mundo dos sonhos, que não são físicos, ou de que o aspecto físico não era importante, Na verdade, penso que estamos lidando com algo que é ao mesmo tempo, tecnológico e psíquico, e parece possuir a capacidade de manipular outras dimensões.”

“O que eu disse não é pensamento irreal nem especulação pessoal, da minha parte. É a conclusão de entrevistas feitas com testemunhas muito críticas, escutando o que elas tinham a me dizer. E o que tinham a dizer não era que haviam visto uma nave espacial descendo dos céus e depois retornando a ele. Na maioria das vezes reportavam que haviam visto algo aparecer instantaneamente, tomar uma forma física, às vezes trocando a forma e desaparecer, algumas vezes mais depressa do que num piscar de olhos. Em uma ocasião, este algo desapareceu num local fechado, começando a ficar transparente e depois desvanecendo ou se concentrando apenas em um ponto. Um exemplo comum quando me relatam estes fatos é o efeito de quem desliga a TV e a imagem dá um “zoom” transformando-se num simples ponto.”

“Não tenho uma resposta plausível para a questão de porque a tecnologia parece acontecer e usar a forma de imagens que se encontram no nosso próprio inconsciente. Estaria brincando se dissesse que compreendo. Há casos de observações repetidas onde o fenômeno se inicia amorfo e depois começa a preencher as expectativas das testemunhas. Há duas maneiras de se interagir intelectualmente com isto. Uma delas é dizer que este é um fenômeno cerebral, é muito bom reconhecer imagens em coisas amorfas como nuvens e manchas de tinta. Portanto, as testemunhas talvez, estejam sendo usadas por este fenômeno e estão começando a ler coisas dentro dele. Esta não é a explicação. Pode ser que o fenômeno esteja usando as nossas reações a ele, de forma a se tornar em alguma coisa esperada ou compreendida por nós. Nós podemos estar carregando a matriz das imagens e algo as retira de nós. Um bom exemplo é o de Fátima. As aparições testemunhadas em Fátima não se iniciaram em 1917. Começaram a surgir dois anos antes. Algumas daquelas crianças envolvidas no evento de Fátima, pois havia outras crianças, de início viram um globo de luz com um tipo de ser dentro. Então, começaram a chamar o ser de Anjo, e o Anjo dialogou com elas e lhes forneceu uma prece. O caso se desenvolveu em estágios e culminou em 1917, mas até mesmo a Virgem Maria não foi vista por nenhum dos presentes ao evento.”

“Nos casos contemporâneos de UFOS, você tem também objetos que são vistos por parte da multidão, mas a outra parte não os percebe. Estava em um programa de rádio, cerca de um ano atrás, e alguém me telefonou de Sacramento e me forneceu, exatamente, este tipo de reportagem. A pessoa estava à beira de um lago com a sua família e testemunhou um objeto que se dirigia para o lago e as pessoas que estavam com ela também o viram. Haviam pessoas junto ao lago também, mas estas pessoas não viram coisa alguma. O que estaria lidando com este evento é um fenômeno interessante que possui dois aspectos: um psíquico e um físico.”

O que é interessante é que as pessoas observaram o objeto, viram o mesmo objeto ou não viram? Ou isto pode variar?

“Usualmente, há um consenso nos aspectos maiores dos parâmetros físicos do fenômeno, mas as pessoas podem discordar, por exemplo, quando há inteiração com as entidades. Pessoas podem percebê-las de formas diferentes.”

Depois que você vê alguma coisa como esta você imagina o consenso de processo interativo, Você começa a combinar os fatos entre si.

“Mas há um aspecto social e muito lógico nisto também, que pode ser muito mágico ou enganoso. Penso que é importante explica-lo para que as pessoas estejam alertas quanto a isto, especialmente, desde a publicação de Communion. Há um grande marketing detrás de Communion, que fez muito sucesso. Verdade, é um livro poderoso, mas Communion também tocou as pessoas que jamais o leram, porque o livro tem uma capa poderosa. O rosto da capa tornou-se no modelo da nossa sociedade de como os alienígenas deveriam ser. Este modelo atingiu um tal ponto que, quando uma testemunha não descreve algo de semelhante, algo que, pelo menos, lembre o rosto que está estampado na capa de Communion, ela é rejeitada como farsante. Os ufólogos não aceitam as pessoas que descrevem visões que se afastam deste modelo. Então, estes casos são postos de lado e não fazem parte das datas bases. Assim, a análise científica tende a recuperar mais e mais padrões que correspondem a estes padrões que esperamos, em primeira instancia. Há uma profecia envolvida, o que é muito mágico e enganador.”

Você encontrou nos casos que estudou desde que Communion foi impresso, de que uma grande maioria de pessoas está encontrando este tipo de ser?

“Sim, mas recentemente estive estudando outros casos nos quais os seres são radicalmente diferentes. Novamente, uso a palavra “seres” como citação, na verdade, não sei o que eles são.

Com a chegada do milênio, espero ver o fenômeno noticiado de uma forma que exceda tudo o que já vivemos até agora, pela razão de que o povo espera por mudanças e esta expectativa, por si própria, é o campo fértil para que estas mudanças ocorram.

“Penso que o modo de estudarmos os UFOS nos acarretou problemas, nós misturamos todos os níveis envolvidos no fenômeno. Misturamos o nível físico, o psicológico e o mitológico ou social. Desejo identificar, claramente, estes três níveis porque necessitamos de um tipo de mitologia diferente, para lidarmos com cada nível e com cada grupo de eventos. No nível físico tudo o que sabemos, é de que há objetos físicos, materiais, pelo menos uma parte do tempo. Deixam rastros; interagem com o ambiente, expelem fumaça e acendem luzes e, provavelmente, pulsam, microondas de maneiras muito importantes. Eles contêm uma grande potência energética. Coloquei alguns cálculos de energia no livro CONFRONTATIONS.”

“Penso que fiz um grande progresso nos últimos anos, na compreensão dos níveis psicológicos e fisiológicos. Há alguns padrões, muito claros, que variam de queimaduras a conjuntivites. Às vezes ocorre a cegueira temporária. Outras vezes as testemunhas reportam uma forma de paralisia, onde perdem o controle dos seus músculos durante o tempo o qual o objeto esteve presente. Penso que nisto há implicações médicas muito interessantes. As testemunhas, na sua maioria, se desorientam. Em CONFRONTATION, cito um caso que investiguei, onde as pessoas pensavam estarem dirigindo na direção norte quando estavam dirigindo para o sul. Esta confusão do espaço – tempo, na maioria das vezes, contribui para que os cientistas avaliem que estas pessoas não são dignas de atenção e não são confiáveis. Não sabemos muito a respeito do efeito da pulsação do microondas no cérebro humano. Um destes efeitos pode ser o de alucinações. Você pode, finalmente, encontrar testemunhas contando-lhe estórias inacreditáveis, porque submetidas a estranhos efeitos psicológicos colaterais de algo que, realmente, estava ali. Não penso que a maioria da comunidade ufológica está apta para lidar com isto, Também não penso que a comunidade científica também possa. Entretanto, há o terceiro nível, o mitológico e o sociológico. Neste nível, a realidade física do UFO verdadeiro, é totalmente irrelevante. Provar que Jesus Cristo jamais existiu, jamais ocasionará um mínimo efeito na nossa sociedade em termos de sistema de crenças; neste ponto, a influência de Jesus permanecerá, mesmo sem o Jesus histórico.”

Porque você decidiu concentrar-se no estudo de tantos casos? Temos milhares de estudos de casos. Qual a vantagem de se acrescentar a eles um milhão a mais?

“Penso que esta é uma pergunta justificável. Número um, eu não publiquei todos os estudos dos casos. Só publiquei os selecionados, os que ilustram certos pontos. O que desejo fazer é iniciar, gradualmente, desde o lado físico, enfocando os casos que envolvem rastros físicos. O que desejo fazer é voltar aos básicos, processá-los passo a passo, e descobrir o que sabemos sobre o fenômeno. Para realizar isto, concentrei-me nos casos que todo o cientista refuta. O primeiro deles, no corpo do livro, é o caso no qual existiam dois submarinos franceses ancorados na baía da Martinica. Um dos submarinos e todos os seus marinheiros e oficiais, viram um objeto que se colocou sobre a baía e executou três grandes acrobacias, desvaneceu-se e reapareceu cinco minutos depois. E repetiu a mesma coisa. Havia cerca de duzentas e cinqüenta testemunhas. Mantive muitas conversas em particular com uma delas, o homem do leme do submarino francês, o mais veloz do Mediterrâneo. Ele era alguém que possuía um golpe de vista muito bom e era, também, ótimo observador. Não somente ele viu o objeto, quanto teve o tempo necessário para ir à torre e voltar com seis pares de binóculos, que deu aos seus amigos oficiais. Todos eles observaram a coisa através dos binóculos. Havia também, um observatório metereológico no morro que se sobrepõe a baía, e todos os que estavam no observatório viram o evento. Você não pode afirmar que não aconteceu. Você não pode afirmar que era um meteoro ou um cometa ou qualquer coisa no gênero. Estou tentando usar casos, como este, para estabelecer a realidade física do fenômeno e partir dali.”

“Também selecionei casos onde fui ao local, esperando encontrar algo que seria fácil rejeitar, apenas, para encontrar um jogo de circunstâncias completo que hoje, levaram-me à conclusão de que os eventos foram realmente ufológicos. Incluí, também, os caos nos quais esperava por evidências apontando para um UFO real e encontrei, ao invés disto, uma explicação trivial. Finalmente, há caos que, francamente, não compreendo o que aconteceu.”

Parece-me que você está criando sua própria maneira de filtrar o mecanismo – selecionando estes casos para estudar, porque seguem padrões, enquanto descarta os que merecem análise irrelevante.

“Deixe-me explicar o que fiz. Os casos selecionados foram escolhidos, não porque dizem alguma coisa sobre UFOS, mas porque dizem algo específico a respeito de metodologia. A questão que estava tentando responder era: Como poderemos investigar estas coisas, fornecendo as únicas características do fenômeno? Propositalmente, selecionei casos de um tipo e de outro para ilustrar a complexidade desta espécie de pesquisa. Penso que a mensagem principal que persigo é esta, mesmo que você despenda, cinco ou dez mil dólares investigando um caso, não saberá coisa alguma a mais do que já sabia, de princípio. Creio que é muito importante que todos realizem isto.”

Você já viu algum disco voador?

“Vi coisas que não deveriam estar lá, quando rastreava satélites no observatório de Paris. Eu as percebi visualmente, como parte de uma equipe, e, realmente, foi aí que se iniciou a minha pesquisa. Obviamente, sabia a respeito de UFOS antes disto, mas sempre pensei que se eles estivessem lá e se fossem reais, os astrônomos os veriam e nos relatariam o que haviam visto. O meu primeiro emprego como astrônomo, deixou-me decepcionado. Era parte de uma equipe que rastreava satélites para o “Comitê Espacial Francês”. Nos encontrávamos rastreando objetos que não eram satélites, nem nada reconhecível. Uma noite, nós pegamos onze pontos de dados sobre um destes objetos em um tape magnético, e desejávamos rodar o tape em um computador para completarmos uma órbita para observá-lo outra vez. Não posso lhe dizer se aquilo era uma peça de tecnologia e se alguém a possuía. Podia ser uma peça muito estranha, mas pertencente à tecnologia humana. O que me intrigou foi que o homem encarregado do projeto confiscou o tape e o apagou. Isto me decidiu a começar, realizei, subitamente, que os astrônomos vêem coisas que eles não reportam.

Na realidade, a parte importante de Confrontations, está nos últimos capítulos e se relaciona com as investigações que Jeanine e eu fizemos no Brasil. Fomos ao Brasil, especificamente, para checar estórias de pessoas que haviam sido feridas pela exposição às luzes dos UFOS. Ficamos por lá, cerca de duas semanas, indo de uma cidadezinha a outra e conversando com o povo. Não atingimos nada mais do que a superfície, mas em dez dias, falamos com umas cinqüenta pessoas que foram feridas por estes raios e algumas delas haviam visto estes objetos, apenas, uma semana antes de nossa chegada”.

Eles viram a mesma classe de aparelho tecnológico?

“Muito semelhante. Havia uma variedade de objetos, mas os que emitem estes raios são clássicos, em termos de modelo. São objetos semelhantes a uma caixa retangular que não fazem barulho ou apenas um “hum”, como o barulho de um refrigerador. Eles chegam à noite e o raio é uma luz que não só queima como alfineta. Quando perguntávamos aos brasileiros sobre o fenômeno, descobríamos que eles não o vêem como uma coisa de um outro planeta, mas algo que vem de um plano espiritual. Esta é a sua colocação, mas não oferecem maiores e mais profundas explicações. Havia um rapaz, um amigo, que era cego e havia desenvolvido poderes paranormais, tentei faze-lo falar. Perguntei-lhe qual a espécie de espíritos que ele havia encontrado, mas ele era muito humilde e franco. Disse-me que ele podia invocar os deuses da sua tradição, mas aquelas coisas eram alguma outra coisa. Algo semelhante a: -“Sim, estas coisas existem, mas estão além do meu alcance.”

Na sua cultura, esta explanação poderia ser olhada como algo de mais absurdo do que atividades extraterrestres.

“É o absurdo, a mesma coisa que ouvi de pessoas da nossa cultura: o absurdo. Mas o absurdo não significa falta de sentido. O absurdo é um sinal que possui a propriedade de tirá-lo da sua maneira habitual de pensar, para introduzi-lo em uma outra forma de pensamento que você não sabe que existe. O absurdo força você a perceber a realidade de um outro nível. Os Koans do Zen Budismo, por exemplo, são absurdos, mas a sua intenção, em serem absurdos, é a de parar com o seu processo habitual de pensar. Eles fazem você ficar consciente do seu processo mental, parando este processo.”.

E qual o tipo de estado mental foi criado nestes aldeões?

“O “dia seguinte” a um encontro, as testemunhas estavam extremamente fracas e mal podiam andar. Foram levadas a um médico, se havia algum por perto. Falei com alguns destes médicos, um deles havia tratado de trinta e cinco pessoas, na boca do Amazonas.”.

O que você pensa disto? Tal concentração de atividade em uma área?

“Você encontrava a mesma coisa na União soviética, mas ninguém comentava isto”.

Existem pessoas queimadas por raios na União Soviética?

“Sim, mas não ouvi casos de verdadeiras injúrias na Rússia embora tenha escutado a respeito de raios derretendo o asfalto. Passei uma semana com uma jornalista francesa na União Soviética” (Jornal Infinito: pesquisa do Caso Voronezh).

“Penso que a penetração básica para mim, é a de entender que o fenômeno UFO não é um sistema. Se fosse um sistema poderíamos, provavelmente, entendê-lo. Somos muito bons em analisar sistemas quando estes sistemas são sociais, sistemas de “hardware” ou sistemas físicos. Penso que não chegamos ainda a lugar algum, porque necessitamos investigar o fenômeno, não como a um sistema, mas como sendo um meta-sistema. Em outras palavras, é um sistema gerador de sistemas. Para lhe oferecer uma analogia simples, suponhamos que iremos estudar uma civilização sobre a qual sabemos muito pouco. Assim, vemos, Sábado à noite, que uma multidão se dirige a um certo edifício. Perguntamos? “Porque vocês estão indo para lá?” E eles respondem: “Oh, foi sensacional, assistimos Bambi.” Anotamos a experiência muito consistente, pois basicamente, todos dizem a mesma coisa. Atravessamos a rua e fazemos pergunta idêntica a uma outra multidão, que está indo para outro edifício, e as pessoas respondem: “Fomos assistir Rambo.”
Uma informação, também consistente, mas diferente da outra. O próximo passo é nos encaminharmos aos edifícios para checarmos as coisas por nós mesmos. Tudo o que vemos é uma tela branca e uma série de cadeiras defronte da tela. A teoria óbvia é psicológica – estas pessoas gostam de se encontrar aqui e suas consciências criam mitos das suas próprias fantasias. Umas amam Bambi e as outras, Rambo. Assumimos que não há realidade física alguma. Podemos estar errados nesta assumpção, mas é uma teoria a ser desenvolvida.”

“As pessoas fazem o mesmo em relação aos UFOS. Dizem: “É mitologia, Vem do inconsciente em um certo tempo. Às vezes gosta de se assemelhar à Virgem Maria, em outras vezes se parecem com as fadas, e em certos tempos, gostam de se assemelhar a naves espaciais.”

“Bem, se você for ao cinema enquanto o filme está sendo rodado será totalmente diferente, porque agora, estará acontecendo uma experiência sensória – você vê, você reage ao que vê!”

“O que vê acelera o seu coração e causa muitos fatores fisiológicos em você. Mas isto significa que Bambi existe? É lógico que não. Há uma falha básica neste nível de análise, e creio que é uma armadilha na qual toda a ufologia, e em especial a americana, caiu nela. Há, apenas, uma leitura superficial. Penso que é o que está acontecendo com a pesquisa da abdução atualmente. Quando eles hipnotizam testemunhas e elas regridem à experiência, o que elas conseguiriam de fato, seria somente uma tela branca. Não acredito que possam atingir uma realidade”.

“Ao invés de olhar para a tela, o que desejo é dar meia volta e olhar em outra direção. Se fizer isto, verei um buraquinho no topo da parede com uma luz vinda de lá. É nisto que desejo embarcar. Desejo roubar a chave da cabine do projecionista e depois voltar lá quando todos se forem. E o que eu encontrar lá será um meta-sistema. É um sistema de rodas que pode gerar o que você quiser – Bambi, Rambo, Encontros Imediatos… Este é o meu próximo projeto: interferir com o próprio fenômeno e de brincar com o projetor. Penso que se assim nós o fizermos o forçaremos a reagir”.

Como fazer este tipo de coisa? Como você pode saber o tempo onde isto irá acontecer para que você possa interferir com ele?

“Não sei, mas talvez haja um modo de saber. Se isto é um sistema de controle, então há um ponto de “feedback” em algum local. Uma vez que você o encontre, poderá atarraxa-lo em volta dele mesmo.”.

Você possui algum tipo de conhecimento de que haja algum tipo de tecnologia avançada possuída por seres humanos neste planeta, que poderia ser responsável por tal fenômeno?

“A tecnologia existente pode assumir muitas coisas relatadas pelas pessoas. Pense na bomba Stealth, por exemplo. Estou convencido de que algumas das quedas de naves comentadas, falam dos princípios das experiências com a bomba Stealth. Duas coisas apontam nesta direção: as formas e métodos através das quais foi resgatada e os locais onde se originaram os relatos. Penso que as testemunhas estavam, de boa fé, relatando algo que foi uma experiência militar, Outra coisa, deveria ser óbvia se pensar nisto, é que as pessoas que estão no comando para preservarem a segurança do local da “queda” ficariam deliciadas se as testemunhas acreditassem que viram um disco voador. Em alguns casos, penso que a estória da do local da “queda”, foi plantada para assegurar que a testemunha poderia ser desacreditada se descrevesse alguma coisa muito estranha caindo do céu e sendo descartada pelos militares. Penso que foi exatamente o que aconteceu. Eles ficariam encantados em usarem a narrativa acerca do UFO. para encobertar a verdadeira estória. Se dez anos depois, você preencher uma “requisição de informação”, você encontrará a estória encobertada, como sendo uma estória contrária ao relato real do fato. Como resultado, você pode passar anos tentando compreender este fato, porque ele jamais irá levá-lo ao que seria a tecnologia real. Agora que conhecemos um pouquinho mais sobre estas experiências, penso que podemos colocar dois mais dois juntos. Em decorrência, isto não explica o que sucedeu em 1947, ou 1964, porque mesta época nós não tínhamos nada parecido com o Stealth.”

Você já chegou ou tem quaisquer provas, na sua mente, de que o governo tem a guarda de alienígenas? Muita coisa está vindo à tona agora, na mídia. É muito interessante.

“Sim, é muito interessante em um nível sociológico, porque, quando você começa a observar uma aceitação crescente desta hipótese, compreende que as pessoas podem estar, talvez, mais interessadas em satisfazer a lógica do que à verdade. A reação típica é esta: “esta classe de informação somente poderia ser dada por alguém, do lado de dentro, e que tem acesso a ela. Portanto, a estória é real e verdadeira.”Tudo o que isto realmente significa é que alguém, do lado de dentro, possui alguma razão para liberar a estória. Mas isto não significa que ela seja verdadeira”.

Porque alguém gostaria de plantar este tipo de estórias?

“Bem, podem existir várias razões. Escrevi uma novela, “Arlental”, de muito sucesso. Na novela existe uma agência chamada “A Agência da Inteligência Alienígena”. Uma das coisas que esta agência faz é usar a crença, ou expectativa sobre os UFOS na população, como suporte para a sua própria propaganda. É uma explicação.”

Qual é a proposta a que serve este tipo de propaganda?

“Há várias propostas. Uma delas é o exercício psicológico da arte da guerra. Em Arlental, as pessoas encaravam a história cinicamente. A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra de camponeses – a massa contra ela mesma. A Segunda Guerra foi diferente. Foi uma guerra dos poderes econômicos e industriais onde o que determinou a vitória tinha muito pouco a ver com números. Tinha a ver com a maior capacidade de produção de mais tanques, aeroplanos e armas, por dia, do que a do seu antagonista. Os mesmos cínicos decidem que a Terceira Guerra Mundial será uma guerra de sistemas de informação, que tem a ver com o controle dos sistemas de crenças das massas por pequenos grupos de pessoas, que vivem em ambientes secretos, com meios muito sofisticados de comunicação: computadores, satélites e coisas assim. A sua assunção, na novela, é a de que a chave de controle do mundo, hoje, é o controle dos sistemas de crença nas massas. Não são as armas nucleares na verdade, sabemos que não poderemos usá-las. De fato, é isto que está acontecendo no mundo atual. Vejam qual é a influência maior atualmente. O capitalismo é a predominância no desenvolvimento da Polônia. A força das crenças islâmicas estão influenciando, predominantemente, as polícias russas. O controle de crenças é um ponto de culminante importância. Dentro deste contexto os UFOS são muito importantes, porque, se você pode fazer o povo acreditar em que os extraterrestres estão chegando, então poderia usar a força deste medo para realizar o que quiser.”

– Parte de uma entrevista de Jacques Vallee feita com J. R. nos inícios da década de 1990: aos 14/11/1990.
Chamando a si mesmo de “o herético entre os heréticos” Vallee, mais recentemente, foi entrevistado por Jonathan Vankin e permanece alimentando as mesmas idéias.

Entrevista à “GCAT

GCAT: Por que os americanos são obssediados com a idéia que os pilotos dos OVNIs são alienigenas do espaço exterior?

Vallee: Eu penso que os americanos , se eles estão interessados no assunto, são muito literais. Eles querem chutar os pneus , que é o que um bom americano quer fazer. Eles querem fazer engenharia reversa no sistema de propulsão. E quando eu digo , “Olhe , talvez estas coisas não tenham um sistema de propulsão” , voce obtem uma estranha reação . Exatamente , se voce lembrar , em Encontros do 3 Grau , o personagem de Truffatt ficava dizendo que aquilo era um fenomeno sociológico , não exatamente fisico . E ele consegue um monte de problemas com isto.

60GCAT: Neste ponto voce subscreveu à teoria que os Ovnis podem ser extraterrestres na sua origem. . .

Vallee: Quando conheci Spielberg , eu argumentei que o objetivo seria mais interessante se ele não fosse extraterrestre. Se fosse real , físico , mas não extraterrestre. Então ele disse , “Voce provavelmente esta correto , mas não é o que o publico esta esperando — isto é Hollywood e eu quero dar as pessoas algo próximo aquilo que elas esperam.” O que é razoavel.

60GCAT: Então o que temos de certo sobre o fenomeno dos Ovnis?

Vallee: Existe um fenomeno . Não sabemos de onde ele vem. Ele é caracterizado pelos seus traços físicos. Oitenta por cento dos casos tem explicações triviais. Mas eu estou falando sobre o amago do problema. Ele parece envolver uma quantidade imensa de energia em um pequeno espaço físico, ele parece envolver microondas pulsantes, entre outras coisas. Não existe muito conhecimento sobre o efeito das microondas no cérebro , então é muito possivel que algumas das histórias que voce consegue das pessoas são essencialmente alucinações induzidas em testemunhas sinceras — as testemunhas não estão mentindo. Elas realmente estiveram expostas à alguma coisa genuina mas não existe meio de voltar ao que era esta coisa , baseado em suas descrições, por que o seu cérebro foi afetado pela proximidade desta energia. Tendo dito isto , eu tive um monte de colegas na ciencia e na tecnologia que eu respeito que dizem-me que isto pode ser um fenomeno natural — isto pode ser uma desconhecida forma de energia na atmosfera. Nós não sabemos muito sobre o efeito de campos eletromagnéticos no sistema nervoso. Nós estamos descobrindo aos poucos. Na medida que pesquisamos o assunto. Então é bem possivel que seja um fenomeno como este, uma coisa bem expontanea. Ou então ele pode ser artificial. Se é artificial , o fenomeno pode vir de uma outra forma de consciencia , que pode ou não ser extraterrestre. Existe um universo enorme por aí afora. Como podemos dizer de onde a coisa vem? Nós podemos apenas especular a respeito.

60GCAT: Como podemos usar a nossa tecnologia atrasada para investigar o assunto?

Vallee: Onde eu penso que esta tecnologia pode ser util , é em pesquisar caminhos. E eu fiz tudo o que alguem pode fazer . Eu construi , com minha esposa , o primeiro banco de dados de computador de avistamento de OVNIs. Mas onde eu penso que computadores podem ser de grande ajuda é na aplicação da inteligencia artificial, razão e dedução dos relatos que tem causas naturais. Eu desenvolvi um protótipo de software disto , que é chamado OVNIBASE , que eu converti para o frances CNES , presumivelmente eles estão desenvolvendo uma nova versão dele, e rodando em seus próprios banco de dados.

60GCAT: E sobre as outras tecnologias que podem nos ajudar a analisar evidencias melhor do que fariamos , por exemplo, há 10 anos atrás?

Vallee: Digitalização de fotografias é muito util. Em meu livro Confrontos , eu menciono a fotografia que eu trouxe da Costa Rica , que era incomum porque o objeto estava sobre o lago ( Lago de Cote ) , então havia um fundo negro bem uniforme . Tudo é conhecido sobre o avião que tirou a foto . No instante que a foto foi tirada ( em 1971 ), ninguém no avião tinha visto o objeto. Foi apenas quando o filme foi revelado que o objeto foi descoberto. A câmera usada estava excepcional : Ela produziu um negativo — 10 polegadas , muito detalhado. Voce pode ver vacas pastando no campo . O tempo é conhecido ; a latitude , longitude e altitude do avião são conhecidos . Então nós passamos um longo tempo analisando a fotografia , sem encontrar uma obvia resposta natural para o objeto. Ele parece ser muito grande e de forma sólida. Eu obtive o negativo do governo da Costa Rica — se você não tem o negativo , a analise é uma perda de tempo. Eu também obtive o negativo da foto tirada antes e depois daquela , todas sem cortes. Eu levei os negativos a um amigo meu na França que trabalha para uma firma que analisa digitalmente fotografias de satélites. Ele digitalizou a coisa toda, e depois analisou-a da forma o mais completa possível, e não conseguiu encontrar uma explicação para o objeto.

60GCAT: É duro para os americanos conviverem com a idéia de que os OVNIs podem ser a manifestação de uma outra dimensão. . .

Vallee: Você tem que manter a sua mente sempre aberta. O que eu tento fazer é o que um policial investigador faz: eu tento ouvir a testemunha ao invés de projetar minhas próprias teorias. Teorias existem às dúzias. Elas não trazem nada de útil. São quase sempre inúteis, eu penso, simplesmente ouça o que as pessoas estão lhe dizendo, e eu tenho tentado isto não só aqui nos EUA, mas também na Europa e outros lugares que eu visitei, como o Brasil e a Argentina, e tento encontrar novos caminhos.

60GCAT: Você tem sido uma figura controvertida entre os pesquisadores de OVNIs, principalmente por que você mantém teorias mais exóticas do que aquelas que o paradigma dos UFOs provenientes do espaço exterior.

Vallee: Eu tenho criado atrito com um numero elevado de crentes em UFOs. Numero um, porque eu não estou pronto para pular para qualquer conclusão que seja necessariamente extraterrestre — nós não somos suficientemente espertos para saber o que eles são neste ponto. E a pesquisa não o fez. Eu certamente relembro o suficiente do meu treinamento como astrônomo para lhe dizer que o universo é grande o bastante para ter outras formas de vida que não as nossas; no mínimo esperamos que assim o seja. Mas até o momento não o podemos provar. Logo nós não podemos ver como eles podem vir aqui — provavelmente eles são muito mais avançados com respeito à Física, e devem ter conseguido um meio de o faze-lo. Mas isto não explica os OVNIs. Eu também antagonizei uma porção de pessoas porque eu penso que o modo como são manuseadas as abduções são incorretas. Não apenas erradas cientificamente, mas erradas moralmente e eticamente. Eu tenho falado as pessoas, não deixe ninguém hipnotiza-lo se você ver uma estranha luz no céu. Eu penso que um monte destas pessoas proeminentes na mídia e no National Enquirer e nos “talk show” e por aí afora estão criando abduzidos sob hipnose. Eles estão hipnotizando todo mundo que tenha tido alguma estranha experiência e dizendo-lhes que eles foram abduzidos por mera sugestão. E eles estão fazendo isto com boas intenções. Eles não tem noção exata do que estão fazendo. Mas no meu modo de pensar, isto é anti-ético.

60GCAT: O que você pensa de John Mack, um psicólogo de Harvard que acredita que as abduções alienígenas são um fenômeno real? É claro, ele usa hipnose em seus pacientes para liberar “memórias reprimidas” destas abduções.

Vallee: Eu o respeito por sua coragem em tratar deste assunto, mas não concordo com os seus métodos.
Eu tive algumas testemunhas que queriam ser hipnotizadas, levei-as em apenas dois casos de 70 no total de casos de abdução que eu estudei. E usualmente os especialistas dizem-me que a hipnose não é necessariamente o melhor meio de auxiliar estas pessoas. Não é nem mesmo o melhor método de recuperar memórias. Pode ser útil em casos específicos. Mas eu nunca hipnotizei ninguém, eu não sou qualificado para fazê-lo.

60GCAT: Como você ficou inicialmente interessado em fenômenos paranormais e OVNIs?

Vallee: Eu comecei querendo fazer astronomia e arruinei uma perfeita carreira na ciência por ficar interessado em computadores. Isto foi na França nos tempos iniciais dos cursos de computação nas universidades francesas. Meu trabalho inicial foi no observatório de Paris, monitorando satélites. E começamos seguindo objetos que não eram satélites, e então decidimos prestar atenção a estes objetos mesmo que eles não estivessem no escopo dos satélites normais. E uma noite obtivemos onze pontos de dados de um destes objetos — ele era muito brilhante. E era retrogrado. Era o tempo em que não era possível um foguete poderoso o suficiente para lançar satélites retrógrados. , um satélite que vai em sentido contrário à rotação terrestre, onde você obviamente necessita compensar a gravidade terrestre dirigindo-se na outra direção. Você tem que alcançar a velocidade de escape na direção oposta à rotação da Terra, o que necessita um monte a mais de energia do que na direção direta da rotação terrestre. E o homem a cargo do projeto confiscou o tape e o apagou na manhã seguinte. Então foi isto que me deixou interessado. Porque acima deles eu pensei, cientistas não parecem interessados em OVNIs, astrônomos não reportam nada não usual nos céus, logo não é nada que tenha a haver com eles. Efetivamente, eu estava na mesma posição que muitos cientistas estão hoje em dia — você confia em seus colegas, e porque você não vê nenhum relatório de testemunhas técnicas creditáveis, você assume que aquilo não é nada. E lá estava eu com um relatório técnico — eu não sabia o que era ou foi aquilo. Não era um disco-voador — ele não pousou próximo ao observatório. Mas permanece sendo um mistério. E invés de olhar para os dados e preserva-los, nós os destruímos.

60GCAT: Por que ele o destruiu?

Vallee: Justamente por medo do ridículo. Ele pensou que os americanos iriam rir de nós, se nós o enviássemos — todos os dados de satélites estavam concentrados nos EUA. E nós estávamos trocando informações (dados) com instituições internacionais. E ele não queria que o observatório de Paris parecesse tolo por reportar algo que não conseguia identificar nos céus. Isto era 1961. Depois eu descobri que outros observatórios fizeram exatamente a mesma observação, e de fato os americanos monitorando estações tinham fotografado a mesma coisa e não conseguiram identifica-lo também. Era um objeto de primeira magnitude: ele era tão brilhante quanto (a estrela) Sirius.
Você não conseguiria perde-lo. Ele não reapareceu nas semanas seguinte. Aquilo era uma pequena anedota, mas para mim o fato de o destruirmos foi mais importante que o que nós vimos. . E reabriu a questão fundamental para mim: O que os cientistas estão observando e não estão falando a respeito? E então eu comecei a extender uma pequena rede de cientistas, que permanece ainda ativa, e descobrir que havia uma porção de dados que nunca foram publicados. De fato, os melhores dados nunca foram publicados. Eu penso que uma boa parte de mal entendidos a respeito dos OVNIs entre os cientistas é devido ao fato que eles nunca têm acesso aos melhores dados.

60GCAT: Por que os melhores dados nunca foram publicados?

Vallee: Eu falo com um monte de companhias técnicas onde os executivos são conscientes dos meus interesses, e eu tenho um monte de relatórios com o selo de confidencialidade de pessoas nas ciências e nos negócios que tem visto coisas. Há cerca de um ano atrás, um vice-presidente da IBM me puxou de lado após uma conferencia e disse, “Você é o mesmo Jacques Vallée que é interessado em UFOs?” e ele descreveu um perfeito clássico encontro com um OVNI que ele e a sua família tiveram no estado de Nova York. Não era nada que estaria no National Enquirer.

Eu conheci um homem que é presidente de uma companhia técnica no Silicon Valley , ele queria contar-me sobre as suas experiências. Ele tinha sido um elevado oficial da marinha no comando de um grande navio, e ele teve três experiências com UFOs, duas delas em serviço numa muito sensível posição — e uma vez quando ele era um piloto de testes. Ele nunca reportou nenhum dos encontros, mesmo quando ele era piloto. Eu disse, “Você não era obrigado a reportar tal incidente?” E ele disse, “Talvez eu fosse, mas se eles tivessem a mínima dúvida sobre o que você está vendo lá em cima, você será considerado louco — e eles não o deixarão se aproximar de um cockpit de um avião experimental nunca mais”. E ele continuou, “Se você é um piloto, você quer é voar. Você não que ficar os próximos meses preenchendo formulários para um bando de psiquiatras”. O que realmente iria acontecer. Eu penso que qualquer piloto lhe dirá a mesma coisa, você sabe, sobre uma cerveja. Então estes são os casos que eu estou interessado. Os casos que não foram reportados na imprensa, que não foram distorcidos no re-depoimento. Quando eu tenho tempo, eu sigo um destes casos com meus próprios recursos basicamente por curiosidade, sem idéias preconcebidas.

60GCAT: Mas os céticos argumentam que mesmos estes podem ser casos anedóticos, visto que não existem dados científicos. . .

Vallee: Existem uma quantidade enorme de dados — e isto pode ser analisado futuramente. Mas eu não penso que isto irá gerar um propulsor para um disco voador. Eu penso que serão coisas que serão interessantes se você encontrar o caminho para o material. Eu sou cético sobre histórias sobre discos espatifados. Eu mantenho uma mente aberta sobre isto mas eu ouvi tantas histórias por tanto tempo e nada realmente tangível . Também sou cético por outra razão: Nós construímos tecnologia agora que é realmente útil onde é necessária. Com que freqüência o seu Winchester (disco rígido) se quebra? Eu digo, se você mantiver seu computador por 15 anos, eventualmente o disco rígido irá se quebrar. Mas você não espera que ele se quebre. Se você vai construir uma tecnologia que permite cruzar o espaço inter-estelar , ela será bastante confiável.

60GCAT: Em seus livros, você detalha a melhora de dados nos casos europeus.

Vallee: Existe uma unidade do CNES , que é o equivalente francês da NASA, que tem permissão para investigar qualquer caso de UFO. Eles começaram na metade dos anos 70 e eles tem caminhado desde então. Eles encontraram uma infinidade de casos que não pode ser explicado, e alguns casos nunca foram publicados com todos os dados. Casos onde existem traços no chão, onde existe evidencia de calor, evidencia de radiação, incluindo radiação por microondas pulsantes, e evidencias de plantas (vegetais) sendo afetadas. Novamente, isto não prova nada. Apenas prova que alguma coisa esteve lá. Não diz o que era. Mas é certamente uma evidencia técnica valida. Este dado não lhe diz se o fenômeno é natural ou não, porque ele não diz o suficiente sobre as condições onde tal aconteceu. E isto é onde eu penso que uma quantidade maior de pesquisas deve ser feita. Pessoas vem a mim dizendo, “Olhe, eu era um piloto ou uma estação de radar, e nós monitoramos UFOs — nós gravamos os dados, e eu era o piloto e segui uma destas coisas e tirei fotos com a câmara de bordo. Quando eu posei havia um sujeito esperando por mim, em blue jeans e um suéter, que disse” Você não viu nada lá em cima”. Ao mesmo tempo, um outro cara com uma chave de fenda esta soltando a câmera da fuselagem. Usualmente as testemunhas não tem a mínima idéia de onde estes sujeitos aparecem. Mas alguém tem um monte de dados, e eu penso que estes dados brutos podem ser transformados em ciência, certamente o miolo de 20 anos atrás — Eu digo, o quanto confidencial pode ele ser? Hoje, podemos conhecer se ele é um inimigo, então devemos enviá-los para a comunidade cientifica. Deixe os céticos analisarem do seu ponto de vista e deixe qualquer um analisar do seu ponto de vista. Este é o modo que a ciência deve funcionar.

60GCAT: Vamos falar sobre as outras formas de evidencia bruta que os cientistas podem olhar quando estudam o problema dos OVNIs. De inicio, pedaços de metal derretido, o chamado “liquid sky”

Vallee: Por sí próprios, estes pedaços não representam evidencia. Mas a existência deste material mostra que existem informações que os cientistas podem pesquisar. Quando nós recebemos de Bogotá na Colômbia, amostra (supostamente remanescente de um liquido ejetado de um disco voador sobre a Universidade de Bogotá nos meados dos anos 70) nós salvamos um pequeno pedaço para analise. Demonstrou-se ser a maior parte alumínio. Novamente, isto não prova nada: você pode fazer uma porção deste material em seu jardim simplesmente pondo metal liquido em uma piscina de água. Metalurgicamente, a amostra de Bogotá não é incomum — exceto que ela sofreu um aquecimento violento, não até o ponto de ebulição mas além dele. Meu ponto tem sido sempre que é interessante ver que caminhos surgem das analises destas amostras. Se você ficar picando amostras como estas , elas podem direcionar a sua pesquisa em um determinado rumo.

60GCAT: Uma teoria diz que este metal liquido é parte do sistema de propulsão dos OVNIs.

Vallee: Existem motores (terrestres) que usam metal liquido — usualmente mercúrio — para contato (elétrico) em liquido. Mas a temperatura necessária para liquefazer o alumínio e outros metais costumam ser muito elevadas.

60GCAT: E sobre as amostras de “liquid sky” que são de feitura levemente mais exótica que a escória de alumínio?

Vallee: A única que parece incomum é a que o Prof. Peter Sturrock (um físico de plasma da Universidade de Stanford) tem. Ela veio de Ubatuba no Brasil. No inicio do ano de 1930, um objeto explodiu sobre uma praia em Ubatuba. (Em 1957, um alegado fragmento desta explosão apareceu, sua origem é desconhecida). Uma analise para a Universidade do Colorado e Stanford confirmou que o material era oxido de magnésio, com uma quantidade mínima de impurezas. Se o metal realmente era originário de 1930, então é algo bem incomum devido ao fato que a tecnologia da época não permitiria este grau de pureza com extrema facilidade.

60GCAT: Vamos falar sobre a implicação de suas pesquisas. Se o fenômeno OVNI é real, mas não são alienígenas do espaço exterior, estamos falando sobre novos modos de pensar sobre a realidade e a cosmologia, não estamos?

Vallee: Sim. Neste sentido, o fenômeno é muito mais importante do que os visitantes de outro planeta seriam. Porque isto altera fundamentalmente a natureza da realidade. Se os UFOs são uma realidade física, eles certamente violam tudo que pensamos conhecer sobre a realidade. Existem relatos de OVNIs materiais que se tornam imateriais e desaparecem num “flash”.

60GCAT: Suas teorias sobre UFOs e outros fenômenos “paranormais” envolve sua metáfora do “universo informal”, onde o tempo e o espaço e talvez outras dimensões podem agir como um banco de dados de um computador cósmico. O que você pretende dizer com isto?

Vallee: Você pode conseguir uma consistente representação da realidade se você olhar para o mundo como uma coleção de eventos, ou “exemplos” (como a filosofia de Ocasionalismo o fez no século onze), muito mais do que uma coleção de objetos materiais movendo-se em um espaço tridimensional na medida que o tempo flui. Na realidade virtual, é claro, você não pode dizer a diferença. No mundo real a informação e a energia são atualmente a mesma quantidade física. Em um universo visto como de “eventos informais” você deve esperar coincidências, telepatia, realidades múltiplas e todas estas coisas que pareceriam impossíveis no universo energético de 4-D. Para mim esta é a razão porque os OVNIs são interessantes. Eu não tenho uma teoria pessoal para “explicar-los”, mas eu os vejo como uma oportunidade de postar novas questões. Se é verdadeiro que a informação reside nas questões que nós fazemos, caminhar com problemas incomuns pode ser mais importante que obter as respostas, neste estágio de nosso limitado conhecimento do universo.

60GCAT: Então a realidade é como um banco de dados de computador na qual uma palavra de busca correta (ou “encantamento”) pode ocasionar que pedaços de informação — um OVNI , um fantasma ou outra anomalia — se materializem .

Vallee: Se você pensar (a realidade) como o software para o universo, tudo que alguém precisa fazer é alterar uma vírgula no programa e a cadeira que você está sentado não será mais uma cadeira de forma alguma. O maior beneficio deste modelo é que ele manuseia anomalias muito bem. Coincidências serão de uma expectativa normal. Se você endereçar um banco de dados com uma questão sobre a palavra “piscina” você obterá complementos como óculos de sol, loções de bronzeamento, bolas e um ou dois prospectos de investimento. Em parapsicologia sujeitos premiados podem estar forçando coincidências similares entre locais ou mentes separadas. Um modo de testar a teoria é criar anomalias massiças de informação e ver o que acontece quando elas entram em colapso.

60GCAT: Claro que, agora você está falando sobre a intersecção de ciência e misticismo. Você se considera uma pessoa mística?

Vallee: Eu nunca fico confortável com uma arbitrária separação do mundo entre universo físico (que é presumivelmente aquele que a ciência estuda) e o psicológico, social e psíquico lado da vida. Para mim esta separação arbitrária é a maior fraqueza do nosso sistema intelectual. A maior parte dos cientistas estudam astronomia desde uma idade prematura, como eu fiz, provavelmente motivados por algo semelhante ao desejo místico de entender o céu noturno e abraçar o seu maior significado. Como o tempo passa, é claro, este desejo se corrompe e se torna trivial. No meu caso eu o manejei de forma a manter esta curiosidade sempre nova sobretudo porque eu não tive uma “experiência mística” no sentido religioso, eu sempre suspeitei que deve haver um outro nível de consciência e que isto sempre foi acessível para a mente humana. Eu tenho encontrado sentimentos similares entre muitos programadores da Net, que foram projetados ao trabalho de rede pela impressão de operarem, apesar dos normais limites de tempo e espaço, algo próximo aquilo que os místicos descrevem, se bem que de um modo muito mais mundano.

60GCAT: Você disse que os OVNIs representam uma forma de inteligência alienígena que esta manipulando continuamente a sociedade humana. Como e com que finalidade?

Vallee: Uma nova analise computacional de tendências históricas, compilado nos anos 70, fez-me plotar um gráfico impressionante de ondas de atividade de UFOs que podiam ser qualquer coisa mas periódicas. Fred Beckman e o Dr. Price Williams da UCLA apontaram que isto remontava uma programação de reforcamento típico de uma aprendizagem ou processo de treinamento: o fenômeno era mais um sistema de controle que mais que um evento exploratório de alienígenas viajantes.
Existem muitos sistemas de controle ao redor de nos, e alguns são parte da natureza: ecologia, clima, etc.. Alguns são feitos pelos homens: o processo de educação, o termostato na sua casa. Se o fenômeno dos UFOs representa um sistema de controle, podemos testá-lo para determinar se ele e natural ou artificial, aberto ou fechado? Esta e uma das mais interessantes questões sobre o fenômeno que nunca foram respondidas.

60GCAT: Falando de sistema de controle, alguns dos outros caminhos nas pesquisas de OVNIs tem permitido sugerir que de tempos em tempos agencias governamentais, cultos e outros grupos interessados em manipular crenças pessoais tem projetado fraudes e decepções de OVNIs. Agora estamos realmente sendo conspiracionais. . .

Vallee: Eu penso que o lugar onde a ufologia — no modo que esta desenvolvida hoje — bate com os meus interesses na comunicação, e os meus interesses nos grupos de trabalho é na manipulação e na decepção. Eu penso que e uma área na qual as pessoas deveriam ser cautelosas. Porque eu penso que um monte de coisas que estão sendo discutidas hoje em dia, entre pessoas que acreditam em UFOs, tanto podem ser místicas como parte de alguma forma de manipulação de alguma espécie, que incluem historias de pequenos alienígenas, híbridos e abduções e por ai em diante. Um monte que pode ter sido tanto como material que os cultos injetaram na cultura porque isto se ajusta com suas próprias fantasias sobre um final do mundo ou do milênio e com todo o resto. Ou, em um sentido mais sinistro, em alguns casos que eu investiguei, a decepção esconde um experimento de controle de mente. Qualquer um que e’ consciente de tecnologia hoje em dia deve saber que há mais do que um caça stealth voando por ai. Nos temos capacidades, teóricas ou praticas, para fazer qualquer tipo de coisa. Existe um desenvolvimento maciço de plataformas naoletais do que aquelas que devem ser testadas em algum lugar, eles tem que ser disfarçadas como algo mais de tempos em tempos. Tem sido desenvolvido maciçamente os RPVs — remotely piloted vehicles — alguns dos quais são em forma de disco. Existe um maciço desenvolvimento de tecnologias de baixa observação que são usadas em reconhecimento e podem ser usadas para qualquer tipo de coisa. E em muitos casos, os UFOs não são simplesmente fantasias nas mentes de algumas poucas testemunhas , mas foram plantadas como parte de uma cobertura para uma mui terrestre tecnologia que esta sendo desenvolvida.

60GCAT: O culto UMMO, que você discutiu extensamente em seus livros, Revelações e Mensageiros da Decepção, tem um impressionante história de uma elaborada decepção. Fale-nos a respeito.

Vallee: Eu penso que o mito UMMO começou com um grupo pequeno de pessoas, essencialmente cultistas. O que era intrigante sobre UMMO eram todas suas revelações pseudo-cientificas (supostamente mandados aos cientistas terrestres como Vallée por parte dos UMMOitas, seres que vieram de um planeta 14,6 anos luz distante do nosso Sol). Mas estes supostas revelações não estavam dentro do estado da arte. Eles não vieram com provas do teorema de Fermat ou algo parecido, era uma perfeita ficção cientifica.

60GCAT: E sobre a teoria francesa que UMMO era um experimento psicológico?

Vallee: Sim, eles pensavam que o culto foi utilizado ou manipulado pela KGB . Por causa de uma coisa, alguma de suas idéias — alguns dos dados que foram supostamente canalizados da organização UMMO nos céus era de uma cosmologia muito avançada. Uma muito avançada cosmologia sobre dois universos envolvendo alguns dados que não eram estúpidos — eles pareciam vir direto das anotações de André Sakarav , incluindo algumas notas não publicadas de Sakarav , algumas coisas que ele tinha trabalhado mas não publicado . E então algumas pessoas — e eu não sei quem estava certo — sentiram que alguém que tiveram acesso a estas notas, para inspirar estas mensagens, talvez a KGB. Isto não era exatamente ficção cientifica, era alguém que sabia o que os mais avançados cosmologistas estavam pensando.

60GCAT: Porque a KGB ou qualquer agencia iria perpetrar um engodo como este?

Vallee: Bem, deixe-me contar uma pequena historia. Cerca de quinze anos atrás havia um grupo que apareceu subitamente em São Francisco. Eles fizeram uma festa. E convidaram todos que eram alguma coisa em parapsicologia. E eles fizeram uma pequena fala dizendo,

“Nós temos todo este dinheiro de alguém que quer fazer o bem e ajudar nas pesquisas, sabemos que não existe muito dinheiro em parapsicologia, nós vamos atender propósitos de pesquisa, de-nos suas melhores idéias, nós enviaremos para um painel que ira revisa-las e fundear (financiar) as melhores pesquisas.”

Após a festa, um monte de pessoas correram para suas casas para seus computadores e digitaram suas melhores idéias, enviando-as — mas a organização nunca existira, nunca se ouviu falar dela depois disto. Alguém estava pescando alguma coisa.

Então tendo uma cobertura como um grupo algumas vezes, um grupo completamente estranho, pode ser um modo conveniente de obter inteligência técnica. Ë um bom meio de estabelecer uma base tecnológica. Então alguns destes estranhos grupos podem ser utilizados para isto. Agora, isto não explica porque eles fazem isto por dez anos seguidos. Neste caso de UMMO, porque eles vão em frente? Eu penso que UMMO se tornou um alinhamento de interesses por sí próprio. Ele se tornou um fim em sí mesmo porque muitas pessoas se projetaram psicologicamente nele. Eles começaram escrevendo coisas sobre cada um deles e isto se tornou um mito auto-sustentado. Eles continuam me mandando material. Existe um índice, catálogos; para algumas pessoas ele se tornou a própria vida. de forma crescente, estamos vendo estes estas espécies de cultos aparecendo na internet, no ciberespaço.

60GCAT: Existe algo nas comunicações on-line que ajudam a promover mitos e decepções?

Vallee: Porque vivemos em um mundo onde com os meios de comunicação são baseados em redes digitais, um grupo pequeno de pessoas pode ter um tremendo impacto na crença das massas. E nós ainda vivemos em um mundo onde a crença das massas é uma arma estratégica. Nós temos bombas H mas não podemos utilizá-la . Nós temos bombas de nêutrons, mas não podemos usá-las. Mas se acharmos um meio de influenciar crenças de massas de pessoas, isto seria de grande impacto estratégico. O grande problema no mundo são os problemas do fundamentalismo e da religião — seja islâmico ou outras formas de religião.

Estes são a grande força de desestabilização no mundo de hoje. Bem, crenças em Extraterrestres que venham aqui para salvar-nos podem induzir grande massas de pessoas com os significados técnicos que existem hoje em dia.

O potencial de contágio de crenças absurdas é real. Nas mãos de pessoas que podem deliberadamente usar a Internet para criar uma epidemia de irracionalismo nós podemos ver a emergência de uma nova classe de extremamente perigosos e poderosos cultos com toda a espécie de trapaças de alta tecnologia.

E eu penso que alguém tem que prestar atenção a este angulo. Então eu fui levado a isto encontrando — eu estava investigando alguns casos que eram fisicamente reais, mas eram engodos — mas não um engodo por parte da testemunha. E a história sobre o objeto foi de fato plantada.

O caso Bentwaters (no qual um americano a serviço da Força Aérea americana com base na Inglaterra observou um artefato em forma de disco pousar na floresta) é um clássico. Para o local de aterrizagem, eles tiveram um misto de guardas comuns, oficiais, sentinelas e então tiveram ordens de ir ao local dentro de um cenário (explicação). E isto não é o que aconteceria se o encontro fosse real — se um estranho objeto aterra na base você não manda centenas de pessoas sem armas. A coisa toda tinha todo o destino de ser planejada para os benefícios das testemunhas, então elas poderiam ser estudadas e, da mesma forma, as reações de diferentes tipos psicológicos e de diferentes níveis hierárquicos. E quando você pensa a respeito, não se torna tão estranho. Se você está a cargo de um projeto como este, você terá que testa-lo em condições onde ninguém está em perigo e você pode conseguir a maior quantidade de dados que precisar. Em casos como este — não muitos mas poucos deles — que eu investiguei , tive que concluir que foram testes de projetores de realidade virtual

60GCAT: Então deve haver aplicações militares para esta tecnologia da decepção?

Vallee: Nossos deuses sempre vem dos céus. E como um deus viria do céu hoje? Ele desceria em alguma espécie de nave espacial. Ele não apareceria simplesmente saindo das nuvens, eu quero dizer, que isto não funcionaria. Se bem que na Primeira Grande Guerra os alemães estavam usando guerra psicológica pela projeção de fotografias, slides, ao longo das linhas de defesa francesas. E eu estou certo que os franceses estavam fazendo a mesma coisa com os alemães. E deve haver alguns sofisticados dispositivos, agora, sendo utilizados em combate psicológico para criar visões, hologramas, para influenciar pessoas. Eles podem não funcionar com você ou comigo se sairmos para fora e virmos alguma coisa nos céus, eles podem não desestabilizar-nos. Mas se estivermos sob um monte de stress — se você estiver lutando por um mês em uma pequena ilha, e subitamente algo como isto acontece —

Eu me lembro de uma carta para a Força Aérea dos EUA de um homem que finalmente reportava algo que ele havia visto durante a Segunda Grande Guerra no Pacifico. Ele disse que estava no topo de uma pequena ilha num ponto de observação. Eles estavam esperando um ataque japonês. Eles tinham lutado intensamente por diversas semanas. Eles estavam justamente isolados. Eles viram um objeto no céu que era absolutamente físico, que circundou a ilha, era um disco, não apresentava meios de propulsão, nenhum barulho. Ele circundou a ilha e se foi. E o homem disse que nunca reportou-o, mesmo a sua própria esposa. A razão de ele não reporta-lo é que estes homens estavam sob um tremendo stress que ele não poderia quere que pensassem que o seu comandante estava dobrando-se (desmoronando). Então a mesma espécie de significado psicológico que não funcionaria com pessoas comuns podem funcionar em casos excepcionais.

60GCAT: E sobretudo ocultistas e crentes da realidade dos OVNIs — que estão sob alguma espécie de stress psicológico — podem ser vistos como alvos ideais para estes tipos de manipulação.

Vallee: Em alguns casos a comunidade ufológica pode ser simplesmente utilizada em algum experimento sociológico porque eles são um grupo conveniente de pessoas para serem vistos em como reagem a diferentes rumores. (Suponha que o governo perca uma arma nuclear em um pais estrangeiro) Você tem que ir e recuperar esta coisa. E você não pode dizer as pessoas o que você está fazendo, então você tem que ser muito hábil em plantar uma história. Você pode plantar uma história curta dizendo que isto era um disco voador de Vênus. Isto seria tão ridículo que cientistas não iriam checar. Você pode ter alguns jornalistas lá, mas você não poderá dizer-lhes o que você realmente quer, e você dá algumas fotos de qualquer coisa. E então o que você precisa é só distrair as pessoas por dois ou três dias, tempo de trazer o equipamento, conseguir qualquer coisa de fora, recuperar o que você esta procurando e ir embora. Eu penso que existem casos que foi o que exatamente aconteceu. E aqueles são da espécie de grandes historias de UFOs que as pessoas contam ao redor de fogueiras em acampamentos.

Mas eu penso que não existem OVNIs aqui. Eu penso que essas histórias de UFOs são inventadas — Eu estava dizendo no inicio que é saudável sermos cépticos. Eu respeito pessoas que tenham argumentos céticos lá. Jim Oberg, que era um especialista no programa espacial russo, apontava para mim que alguns dos avistamentos que eu publiquei provenientes da União Soviética — um estranho amarelado crescente visto correr os céus por diversas pessoas na URSS — era ensaios com foguetes que eram ilegais sob o tratado do SALT, e obviamente, eles não poderiam escondê-lo nos céus. . . Então o governo plantou a história que havia um disco voador, e foi o que foi para os jornais.

Novamente, a comunidade de pesquisas ufológicas é um laboratório formidável no qual se observa os efeitos da propaganda e da desinformação, desde que ela é “dirigida” em sua maior parte com a intenção de expor “o acobertamento”. Isto cria uma oportunidade para as pessoas para mascarar como bons rapazes e “revelar” toda a sorte de rumores inverificáveis. Eles encontram uma audiência receptiva porque o conteúdo é um de idéias não-conformistas, originais e ressaltadas. Não significa que vamos acreditar no homem que afirmou que estava na inteligência da NATO e viu documentos classificados sobre quatro raças de humanóides vivendo na Lua? Eu não penso que faríamos.

Fontes

http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=65

http://www.vigilia.com.br/vforum/viewtopic.php?p=3836&sid=466ebff7365dece33ad9d5629a8a76df

Rupert Sheldrake e os Campos Morfogenéticos

Ressonância mórfica: A teoria do centésimo macaco

Na biologia, surge uma nova hipótese que promete revolucionar toda a ciência

Por José Tadeu Arantes,
ilustrações Dawidson França

*Matéria publicada originalmente em http://galileu.globo.com/edic/91/conhecimento1.htm
Era uma vez duas ilhas tropicais, habitadas pela mesma espécie de macaco, mas sem qualquer contato perceptível entre si. Depois de várias tentativas e erros, um esperto símio da ilha “A” descobre uma maneira engenhosa de quebrar cocos, que lhe permite aproveitar melhor a água e a polpa. Ninguém jamais havia quebrado cocos dessa forma. Por imitação, o procedimento rapidamente se difunde entre os seus companheiros e logo uma população crítica de 99 macacos domina a nova metodologia. Quando o centésimo símio da ilha “A” aprende a técnica recém-descoberta, os macacos da ilha “B” começam espontaneamente a quebrar cocos da mesma maneira.

Não houve nenhuma comunicação convencional entre as duas populações: o conhecimento simplesmente se incorporou aos hábitos da espécie. Este é uma história fictícia, não um relato verdadeiro. Numa versão alternativa, em vez de quebrarem cocos, os macacos aprendem a lavar raízes antes de comê-las. De um modo ou de outro, porém, ela ilustra uma das mais ousadas e instigantes idéias científicas da atualidade: a hipótese dos “campos mórficos”, proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake. Segundo o cientista, os campos mórficos são estruturas que se estendem no espaço-tempo e moldam a forma e o comportamento de todos os sistemas do mundo material.

Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfico específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.

Sua atuação é semelhante à dos campos magnéticos, da física. Quando colocamos uma folha de papel sobre um ímã e espalhamos pó de ferro em cima dela, os grânulos metálicos distribuem-se ao longo de linhas geometricamente precisas. Isso acontece porque o campo magnético do ímã afeta toda a região à sua volta. Não podemos percebê-lo diretamente, mas somos capazes de detectar sua presença por meio do efeito que ele produz, direcionando as partículas de ferro. De modo parecido, os campos mórficos distribuem-se imperceptivelmente pelo espaço-tempo, conectando todos os sistemas individuais que a eles estão associados.
A analogia termina aqui, porém. Porque, ao contrário dos campos físicos, os campos mórficos de Sheldrake não envolvem transmissão de energia. Por isso, sua intensidade não decai com o quadrado da distância, como ocorre, por exemplo, com os campos gravitacional e eletromagnético. O que se transmite através deles é pura informação. É isso que nos mostra o exemplo dos macacos. Nele, o conhecimento adquirido por um conjunto de indivíduos agrega-se ao patrimônio coletivo, provocando um acréscimo de consciência que passa a ser compartilhado por toda a espécie.

Até os cristais
Oprocesso responsável por essa coletivização da informação foi batizado por Sheldrake com o nome de “ressonância mórfica”. Por meio dela, as informações se propagam no interior do campo mórfico, alimentando uma espécie de memória coletiva. Em nosso exemplo, a ressonância mórfica entre macacos da mesma espécie teria feito com que a nova técnica de quebrar cocos chegasse à ilha “B”, sem que para isso fosse utilizado qualquer meio usual de transmissão de informações.

Parece telepatia. Mas não é. Porque, tal como a conhecemos, a telepatia é uma atividade mental superior, focalizada e intencional que relaciona dois ou mais indivíduos da espécie humana. A ressonância mórfica, ao contrário, é um processo básico, difuso e não-intencional que articula coletividades de qualquer tipo. Sheldrake apresenta um exemplo desconcer- tante dessa propriedade.

Quando uma nova substância química é sintetizada em laboratório – diz ele -, não existe nenhum precedente que determine a maneira exata de como ela deverá cristalizar-se. Dependendo das características da molécula, várias formas de cristalização são possíveis. Por acaso ou pela intervenção de fatores puramente circunstanciais, uma dessas possibilidades se efetiva e a substância segue um padrão determinado de cristalização. Uma vez que isso ocorra, porém, um novo campo mórfico passa a existir. A partir de então, a ressonância mórfica gerada pelos primeiros cristais faz com que a ocorrência do mesmo padrão de cristalização se torne mais provável em qualquer laboratório do mundo. E quanto mais vezes ele se efetivar, maior será a probabilidade de que aconteça novamente em experimentos futuros.
Com afirmações como essa, não espanta que a hipótese de Sheldrake tenha causado tanta polêmica. Em 1981, quando ele publicou seu primeiro livro, A New Science of Life (Uma nova ciência da vida), a obra foi recebida de maneira diametralmente oposta pelas duas principais revistas científicas da Inglaterra. Enquanto a New Scientist elogiava o trabalho como “uma importante pesquisa científica”, a Nature o considerava “o melhor candidato à fogueira em muitos anos”.

Doutor em biologia pela tradicional Universidade de Cambridge e dono de uma larga experiência de vida, Sheldrake já era, então, suficientemente seguro de si para não se deixar destruir pelas críticas. Ele sabia muito bem que suas idéias heterodoxas não seriam aceitas com facilidade pela comunidade científica. Anos antes, havia experimentado uma pequena amostra disso, quando, na condição de pesquisador da Universidade de Cambridge e da Royal Society, lhe ocorreu pela primeira vez a hipótese dos campos mórficos. A idéia foi assimilada com entusiasmo por filósofos de mente aberta, mas Sheldrake virou motivo de gozação entre seus colegas biólogos. Cada vez que dizia alguma coisa do tipo “eu preciso telefonar”, eles retrucavam com um “telefonar para quê? Comunique-se por ressonância mórfica”.

Era uma brincadeira amistosa, mas traduzia o desconforto da comunidade científica diante de uma hipótese que trombava de frente com a visão de mundo dominante. Afinal, a corrente majoritária da biologia vangloriava-se de reduzir a atividade dos organismos vivos à mera interação físico-química entre moléculas e fazia do DNA uma resposta para todos os mistérios da vida. A realidade, porém, é exuberante demais para caber na saia justa do figurino reducionista.

Exemplo disso é o processo de diferenciação e especialização celular que caracteriza o desenvolvimento embrionário. Como explicar que um aglomerado de células absolutamente iguais, dotadas do mesmo patrimônio genético, dê origem a um organismo complexo, no qual órgãos diferentes e especializados se formam, com precisão milimétrica, no lugar certo e no momento adequado?

A biologia reducionista diz que isso se deve à ativação ou inativação de genes específicos e que tal fato depende das interações de cada célula com sua vizinhança (entendendo-se por vizinhança as outras células do aglomerado e o meio ambiente). É preciso estar completamente entorpecido por um sistema de crenças para engolir uma “explicação” dessas. Como é que interações entre partes vizinhas, sujeitas a tantos fatores casuais ou acidentais, podem produzir um resultado de conjunto tão exato e previsível? Com todos os defeitos que possa ter, a hipótese dos campos mórficos é bem mais plausível. Uma estrutura espaço-temporal desse tipo direcionaria a diferenciação celular, fornecendo uma espécie de roteiro básico ou matriz para a ativação ou inativação dos genes.

Ação modesta
Abiologia reducionista transformou o DNA numa cartola de mágico, da qual é possível tirar qualquer coisa. Na vida real, porém, a atuação do DNA é bem mais modesta. O código genético nele inscrito coordena a síntese das proteínas, determinando a seqüência exata dos aminoácidos na construção dessas macromoléculas. Os genes ditam essa estrutura primária e ponto.
“A maneira como as proteínas se distribuem dentro das células, as células nos tecidos, os tecidos nos órgãos e os órgãos nos organismos não estão programadas no código genético”, afirma Sheldrake. “Dados os genes corretos, e portanto as proteínas adequadas, supõe-se que o organismo, de alguma maneira, se monte automaticamente. Isso é mais ou menos o mesmo que enviar, na ocasião certa, os materiais corretos para um local de construção e esperar que a casa se construa espontaneamente.”
A morfogênese, isto é, a modelagem formal de sistemas biológicos como as células, os tecidos, os órgãos e os organismos seria ditada por um tipo particular de campo mórfico: os chamados “campos morfogenéticos”. Se as proteínas correspondem ao material de construção, os “campos morfogenéticos” desempenham um papel semelhante ao da planta do edifício. Devemos ter claras, porém, as limitações dessa analogia. Porque a planta é um conjunto estático de informações, que só pode ser implementado pela força de trabalho dos operários envolvidos na construção. Os campos morfogenéticos, ao contrário, estão eles mesmos em permanente interação com os sistemas vivos e se transformam o tempo todo graças ao processo de ressonância mórfica.

Tanto quanto a diferenciação celular, a regeneração de organismos simples é um outro fenômeno que desafia a biologia reducionista e conspira a favor da hipótese dos campos morfogenéticos. Ela ocorre em espécies como a dos platelmintos, por exemplo. Se um animal desses for cortado em pedaços, cada parte se transforma num organismo completo.

Forma original
Como mostra a ilustração da página ao lado, o sucesso da operação independe da forma como o pequeno verme é seccionado. O paradigma científico mecanicista, herdado do filósofo francês René Descartes (1596-1650), capota desastrosamente diante de um caso assim. Porque Descartes concebia os animais como autômatos e uma máquina perde a integridade e deixa de funcionar se algumas de suas peças forem retiradas. Um organismo como o platelminto, ao contrário, parece estar associado a uma matriz invisível, que lhe permite regenerar sua forma original mesmo que partes importantes sejam removidas.

A hipótese dos campos morfogenéticos é bem anterior a Sheldrake, tendo surgido nas cabeças de vários biólogos durante a década de 20. O que Sheldrake fez foi generalizar essa idéia, elaborando o conceito mais amplo de campos mórficos, aplicável a todos os sistemas naturais e não apenas aos entes biológicos. Propôs também a existência do processo de ressonância mórfica, como princípio capaz de explicar o surgimento e a transformação dos campos mórficos. Não é difícil perceber os impactos que tal processo teria na vida humana. “Experimentos em psicologia mostram que é mais fácil aprender o que outras pessoas já aprenderam”, informa Sheldrake.

Ele mesmo vem fazendo interessantes experimentos nessa área. Um deles mostrou que uma figura oculta numa ilustração em alto constraste torna-se mais fácil de perceber depois de ter sido percebida por várias pessoas (veja o quadro na página ao lado). Isso foi verificado numa pesquisa realizada entre populações da Europa, das Américas e da África em 1983. Em duas ocasiões, os pesquisadores mostraram as ilustrações 1 e 2 a pessoas que não conheciam suas respectivas “soluções”. Entre uma enquete e outra, a figura 2 e sua “resposta” foram transmitidas pela TV. Verificou-se que o índice de acerto na segunda mostra subiu 76% para a ilustração 2, contra apenas 9% para a 1.

Aprendizado
Se for definitivamente comprovado que os conteúdos mentais se transmitem imperceptivelmente de pessoa a pessoa, essa propriedade terá aplicações óbvias no domínio da educação. “Métodos educacionais que realcem o processo de ressonância mórfica podem levar a uma notável aceleração do aprendizado”, conjectura Sheldrake. E essa possibilidade vem sendo testada na Ross School, uma escola experimental de Nova York dirigida pelo matemático e filósofo Ralph Abraham.

Outra conseqüência ocorreria no campo da psicologia. Teorias psicológicas como as de Carl Gustav Jung e Stanislav Grof, que enfatizam as dimensões coletivas ou transpessoais da psique, receberiam um notável reforço, em contraposição ao modelo reducionista de Sigmund Freud (leia o artigo “Nas fronteiras da consciência”, em Globo Ciência nº 32).

Sem excluir outros fatores, o processo de ressonância mórfica forneceria um novo e importante ingrediente para a compreensão de patologias coletivas, como o sadomasoquismo e os cultos da morbidez e da violência, que assumiram proporções epidêmicas no mundo contemporâneo, e poderia propiciar a criação de métodos mais efetivos de terapia.

“A ressonância mórfica tende a reforçar qualquer padrão repetitivo, seja ele bom ou mal”, afirmou Sheldrake a Galileu. “Por isso, cada um de nós é mais responsável do que imagina. Pois nossas ações podem influenciar os outros e serem repetidas”.

De todas as aplicações da ressonância mórfica, porém, as mais fantásticas insinuam-se no domínio da tecnologia. Computadores quânticos, cujo funcionamento comporta uma grande margem de indeterminação, seriam conectados por ressonância mórfica, produzindo sistemas em permanente transformação. “Isso poderia tornar-se uma das tecnologias dominantes do novo milênio”, entusiasma-se Sheldrake.

Sem nenhum contato entre si, macacos de uma ilha incorporam os conhecimentos desenvolvidos na outra.É os campos invisíveis comandariam
processos e atitudes: da formação do embrião aos modismos

O desenvolvimento do embrião (ao alto): a ciência reducionista não explica como é que células iguais formam órgãos tão diferentes. Nas outras imagens, a moda do piercing e da tatuagem e a febre do futebol, que toma conta do Brasil nas copas do mundo: comportamentos que poderiam ser influenciados pela ressonância mórfica

É mais fácil aprender o que já foi aprendido por outros:
a idéia que pode mudar o ensino
A regeneração do platelminto (no pé da página): um fenômeno que desafia a biologia mecanicista. Na outra imagem, uma aula no interior do Brasil: processo que pode estar sendo facilitado pelo ensino praticado
em qualquer parte do mundo

Descubra as figuras ocultas
Um experimento coordenado por Sheldrake mostrou que é mais fácil identificar uma figura oculta numa ilustração em alto contraste depois de ela já ter sido percebida por outras pessoas. O índice de acerto para a ilustração 2 cresceu 76% depois de ela ter sido transmitida pela televisão. O da ilustração 1, que não foi televisionada, subiu apenas 9%. A enquete foi realizada na Europa, nas Américas e na África e as pessoas entrevistadas não conheciam de antemão as “respostas”. As ilustrações 3 e 4, no pé da página, estão sendo publicadas atualmente na Internet pela revista espanh
ola El Mercurio. Quem quiser participar da pesquisa deve acessar o endereço http://www.mercurialis.com/ciencia/sheldrake/ introduccion.html

Abaixo, os melhores momentos da palestra de Rupert Sheldrake, intitulada “A mente ampliada” (que pode ser lida integralmente aqui):

*publicado originalmente em http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2007/06/campos_morfogeneticos.html

EXPERIMENTO DO CACHORRO

Deixe-me dar um exemplo do tipo de histórias que temos em nosso banco de dados, sobre um cachorro que sabe quando seu dono está chegando em casa. Essa é de uma pessoa no Havaí: “Meu cachorro Debby sempre fica esperando na porta uma meia hora antes de meu pai chegar em casa do trabalho. Como meu pai estava no exército, ele tinha um horário de trabalho muito irregular. Não fazia diferença se meu pai ligava antes, e uma época eu achei que o cachorro reagia à chamada telefónica, mas isso obviamente não era o caso, porque às vezes meu pai dizia que estava vindo para casa mais cedo, mas tinha que ficar até mais tarde. Às vezes ele nem telefonava. O cachorro nunca se enganava, portanto eu eliminei a teoria do telefone. Minha mãe foi a primeira pessoa que notou esse comportamento. Ela estava sempre preparando o jantar quando o cachorro ia para a porta. Se o cachorro não fosse até a porta, nós sabíamos que papai ia chegar mais tarde. Se ele chegasse tarde, o cachorro mesmo assim o esperava, mas só quando ele já estivesse no caminho de casa”.

Temos agora em nosso banco de dados cerca de 580 relatos de cachorros que fazem isso, e cerca de 300 relatos de gatos que fazem isso, com esse tipo de qualidades. O cético de carteirinha irá dizer “bem, é apenas uma rotina”, mas na maioria dos casos não é uma rotina (se fosse as pessoas nem notariam). O próximo argumento do cético de carteirinha é “bom, o que deve acontecer é que as pessoas da casa sabem quando o dono está vindo e com isso seu estado emocional muda, e o animal capta essa mudança através de deixas sutis”. Bem, é claro que isso é possível se as pessoas realmente prevêem que alguém está vindo para casa, seu estado emocional pode mudar, elas podem ficar excitadas ou talvez deprimidas e o animal pode captar essa mudança emocional e reagir a ela. Mas, em muitos dos casos, as pessoas na casa não sabem quando a outra está vindo para casa, é o animal que lhes diz, e não elas que dizem ao animal.

Quando eu estava discutindo esse assunto com Nicholas Humphrey, meu amigo cético disse: “bem, tudo isso ainda não elimina a possibilidade de que eles ouvem o barulho do motor do carro, um motor de carro familiar a 30, 40 quilômetros de distância”, e eu disse: “isso é obviamente impossível”. E ele: “pelo contrário, apenas demonstra como a audição dos cachorros é aguçada”. Foi essa discussão que levou à ideia de fazer um experimento. Eu disse: “OK, e se eles vierem para casa de táxi, ou no carro de um amigo, ou de trem, ou de bicicleta da estação em uma bicicleta emprestada, para que não haja sons familiares?” E ele disse: “nesse caso, o cachorro não reagiria”, e desde a publicação deste livro eu já descobri muitos cachorros, gatos e outros animais que fazem isso.

Telefonamos para pessoas escolhidas aleatoriamente usando técnicas padronizadas de amostragem e perguntamos se elas tinham animais. Dos donos de animais, havia mais donos de cachorros do que de gatos na maior parte das localidades. Perguntávamos: então “seu animal parece saber previamente quando um membro da família está vindo para casa?” Aproximadamente 50% dos donos de cachorro em todas as localidades disseram que sim – em Los Angeles foram mais de 60% – e podemos ver através desses resultados que os gatos em todas as localidades fazem isso menos que os cachorros.

Nos primeiros experimentos que foram feitos, pedíamos às pessoas que anotassem em um caderno o comportamento do cachorro, mas os céticos disseram: “bem, assim você tem uma tendência subjetiva”. Portanto, agora nós fazemos uma fita de vídeo de todos os experimentos. Temos uma câmera de vídeo em tripé, apontando para o lugar onde o cachorro ou o gato esperam pela pessoa que vem para casa. Há um controle de tempo na câmera e ela fica funcionando por horas. Então, temos horas de filme que irão mostrar se o cachorro ou o gato vão até a janela, e por quanto tempo ficam lá, um registro objetivo e perfeito. O que vou lhes mostrar é um vídeo de um desses experimentos que foi feito com um cachorro com que trabalhei principalmente na Inglaterra. O cachorro chama-se JT e o nome de sua dona é Pam. Quando Pam sai, ela deixa JT com seus pais, que vivem no apartamento ao lado do dela. Eles observaram há muitos anos que JT sempre ia para a janela quando Pam estava a caminho de casa, ou quase sempre. Esse experimento foi filmado profissionalmente pela televisão estatal austríaca, e foi filmado com duas câmeras, para que pudéssemos ver o cachorro e a pessoa que estava na rua ao mesmo tempo. E foi combinado que eles escolhessem as horas de sua vinda para casa de maneira aleatória, que nem ela mesma soubesse previamente, que ninguém soubesse previamente; e ela viria para casa de táxi, para eliminar a possibilidade de sons de carros familiares. Esse, portanto, é um experimento que foi realizado dentro dessas condições.

Na vida real, Pam não vem para casa em horas escolhidas aleatoriamente, e que ela própria desconheça previamente. Quando está no trabalho, ou quando sai para fazer compras ou visitar amigos, ela vem para casa em vários momentos diferentes, e nós monitoramos regularmente as horas em que ela volta, mais de 200 experimentos foram monitorados, temos dezenas deles em vídeo. O cachorro nem sempre reage, cerca de 85% das vezes JT realmente espera por ela quando ela está vindo para casa, cerca de 15% ele não o faz. Analisamos as ocasiões em que ele não faz, a maioria das vezes ocorreu quando a cadela do apartamento vizinho estava no cio. Isso mostra que JT pode se distrair. Isso também ocorreu algumas vezes quando havia visitas na casa ou outro cachorro, e algumas vezes sem nenhum motivo. De qualquer forma, JT normalmente reage quando Pam decide que vai para casa. No filme vê-se que ele não começa a reagir quando ela entra no táxi, e sim quando ela estava pronta para ir para casa. Na vida real ele não reage quando ela entra no carro para ir para casa, e sim quando ela começa a se despedir dos amigos e pensando “bem, vou-me embora”. Ele parece captar essa intenção dela. É bem verdade que JT vai até a janela ocasionalmente quando Pam não está a caminho de casa, normalmente porque vai latir para um gato que passa na rua ou está olhando alguma coisa que está acontecendo do lado de fora. Nesses gráficos incluímos todos esses casos, embora fique claro no vídeo que ele não está esperando, mas como os céticos dizem que, se você usar evidência seletiva isso demonstra que você inventou a coisa toda, não fizemos nenhuma seleção aqui. Às vezes há uns trechos barulhentos, quando ele vai até a janela de qualquer maneira, mas podemos ver que isso é a média de 12 ocasiões diferentes quando ela estava fora por mais de 3 horas. O tempo que ele está esperando na janela é maior quando ela está no caminho de casa do que quando ela não está. Vemos um pequeno aumento antes de ela ir para casa que, a meu ver, tem relação com esse efeito antecipatório.

JT está obviamente esperando por ela principalmente quando ela está no caminho de casa. O que é claro nesses gráficos é que JT não vai para a janela com mais frequência quanto mais tempo ela estiver fora. Ele obviamente está muito mais na janela aqui, quando ela está no caminho de volta, do que nos períodos correspondentes aqui. Esses efeitos têm uma enorme significância estatística. Vários tipos de análise mostram significâncias que vão mais além da escala de meu computador. Esses efeitos são do tipo p é menor que .00001.

Esses resultados foram amplamente publicados na Grã-Bretanha, nos jornais, e – é claro – foram criticados pelos céticos, que estão sempre prontos para dizer que nada semelhante poderia ocorrer. Um dos céticos mais ativos na Grã-Bretanha, cujo nome é Richard Wiseman, disse que eu não tinha usado procedimentos adequados, não os tinha registrado de forma adequada, etc. Eu fiz também muitos experimentos com horas de retorno aleatórias. Pam tem umpager em seu bolso que eu ativei por telefone de Londres e ela vem para casa em momentos verdadeiramente aleatórios, usando um desses pagers da telecom. De qualquer forma, ele criticou os detalhes, então eu disse: “Tudo bem, por que você mesmo não faz o experimento? Eu organizo tudo para que você possa fazê-lo com o mesmo cachorro. Emprestamos uma câmera de vídeo, Pam irá onde você quiser, o seu ajudante ficará observando-a”. Na verdade, então, o próprio Wiseman filmou o cachorro e ficou no apartamento dos pais da Pam, enquanto seu ajudante ia com a Pam para pubs, ou outros lugares, até que em um momento determinado aleatoriamente fosse decidido que eles voltariam para casa. Eles checavam o tempo todo para garantir que não haveria chamadas telefônicas secretas, nenhum meio de comunicação invisível, nenhuma fraude ou trapaça.

Wiseman é um mágico, e ele é um desses céticos que está sempre afirmando que tudo pode ser feito por trapaça ou ilusionismo. Bem, ele mesmo esteve lá, e eles estavam se protegendo de tudo, e ele realizou três experimentos com Pam na casa de seus pais, e esses foram os resultados dos três experimentos que ele fez, usando todos seus controles rigorosíssimos, seu próprio procedimento aleatório, e outras coisas mais (os resultados são exatamente iguais aos outros; o público ri). Portanto, esses resultados são sólidos, mesmo com um cético, que ao fazer o experimento na verdade não quer que ele dê certo. Atualmente realizo uma série de experimentos em Santa Cruz, Califórnia, com um tipo de periquito italiano que mostra o mesmo tipo de reação: eles guincham quando o dono está vindo para casa, e obtemos quase o mesmo tipo de gráficos, mostrando que os guinchos vão aumentando de intensidade quando o dono está a caminho de casa em horas aleatórias.

Um cão e um ser humano, quando formam uma união entre eles, são parte de um grupo social. Os cães são animais intensamente sociais, eles descendem dos lobos que têm uma vida social intensa. Portanto, eu acho que o que ocorre quando uma pessoa sai de casa, é que ela ainda continua conectada pelo campo mórfico da família, do qual o cão é parte. O campo mórfico se estica, por assim dizer, mas eles ainda estão ligados por esse campo mórfico, e é devido a essa conexão contínua invisível que a informação pode viajar, as intenções da pessoa podem afetar o cachorro em casa.

Portanto, eu interpreto tudo isso em termos de campos mórfícos. É claro, outras pessoas podem querer interpretá-lo em termos de outras coisas, e pode ser que isso esteja relacionado com a não-localidade quântica, ninguém sabe. Existem na física quântica, fenômenos não-locais misteriosos, sistemas que foram conectados como parte do mesmo sistema, e quando são separados retêm essa conexão não-local e não separável à distância. Bem, uma pessoa e um cachorro, que estiveram conectados por terem vivido juntos como companheiros, quando se separam podem ter uma conexão não-local semelhante. Mas ninguém sabe se essa não-localidade quântica se estende aos fenômenos macroscópicos ou não.

MEMÓRIA COLETIVA

Acho que esses campos têm uma espécie de memória, essa é minha ideia de ressonância mórfíca, o que significa que cada tipo de campo mórfico tem uma memória de sistemas passados semelhantes, por meio de um processo de ressonância através do espaço e do tempo. Os campos são locais, estão dentro e ao redor do sistema que eles organizam, mas sistemas semelhantes têm uma influência não-local através do espaço e do tempo, oriunda da ressonância mórfíca, que dá uma memória coletiva para cada espécie. Não tenho tempo de explicar os detalhes da teoria da ressonância mórfíca, a não ser para dizer que cada espécie neste planeta teria uma memória coletiva. Todos os ratos extrairiam memórias da memória coletiva de ratos anteriores. Se ratos aprenderem um novo truque no laboratório, outros ratos em outros locais deveriam ser capazes de aprender o mesmo truque mais rapidamente. Haja evidência, que eu discuti em meus livros, de que isso realmente ocorre.

No reino humano, se as pessoas aprendem uma nova habilidade, como windsurf, ou andar de skate, ou programação de computador, o fato de que muitas pessoas já aprenderam a mesma coisa deveria fazer com que fosse mais fácil para os outros aprenderem. Bem, essa é uma teoria que, claramente, é muito polêmica, e eu a descrevi em detalhe em meus livros A new science of life e A presença do passado. Já houve um número considerável de testes experimentais, e quando um número grande de pessoas está envolvida, eles dão resultados positivos; com uma amostra pequena (20, 30 pessoas) aprendendo algo novo, os resultados são às vezes positivos e às vezes não significativos. Esses efeitos são relativamente pequenos e difíceis de detectar no contexto de variações individuais. Mas há certos tipos de evidência que surgiram espontaneamente, que são relevantes aqui, e um deles está relacionado com testes de QI. Como vocês sabem, os testes padrão de QI vêm sendo ministrados por muitos anos para medir a inteligência e esses mesmos testes são aplicados ano após ano. Foram feitos estudos para examinar a contagem de testes de QI no decorrer do tempo; quando examinamos o desempenho absoluto nesses testes – e aqui estamos falando de testes feitos por milhões de pessoas – os testes mostram um efeito muito interessante que foi descoberto pela primeira vez por James Flynn, e portanto é chamado de Efeito Flynn: há um aumento misterioso e inesperado nas porcentagens do QI com o correr do tempo. Aqui temos um gráfico mostrando resultados de testes de QI, tirado de um número recente da revista Scientific American. As porcentagens aumentaram uns três por cento a cada década, não só nos Estados Unidos, mas também na Inglaterra, na Alemanha e na França. Por que o QI é uma questão polêmica na psicologia, tem havido muita discussão sobre a razão pela qual isso aconteceu: melhor nutrição, escolas melhores, mais experiência com os testes, e assim por diante. Mas nenhuma dessas teorias foi capaz de explicar mais do que uma fração desse efeito. O próprio Flynn, após 10 anos pensando sobre isso, e testando todas essas explicações, chegou à conclusão que o efeito é desconcertante, não há explicação para ele na ciência convencional. No entanto, é apenas o tipo de efeito que seria de se esperar com a ressonância mórfíca. Não é porque as pessoas estão realmente ficando mais inteligentes, mas o que está acontecendo é que elas simplesmente estão mais eficientes quando fazem os testes de QI, e eu acho que isso ocorre porque milhões de pessoas já fizeram os mesmos testes.

CRISTAIS

Se você fizer um novo cristal que nunca existiu antes, não poderia existir um campo mórfico para esse cristal. Essa teoria se aplica também a moléculas. Se você a cristalizar repetidamente, o campo mórfico ficará mais forte, e ficaria mais fácil para a substância se cristalizar. Na verdade isso é um fato bem conhecido dos químicos, que os novos compostos se cristalizam com mais facilidade com o passar do tempo nos vários laboratórios. A explicação desses químicos é que isso ocorre porque fragmentos dos cristais anteriores são levados de um laboratório para o outro, nas barbas de químicos migrantes, ou que foram transportados da atmosfera como partículas invisíveis de poeira. Mas eu estou sugerindo que isso poderia ser um efeito da ressonância mórfica e essa é uma das áreas em que ela pode ser testada. Na química existem também outras áreas onde ela pode ser testada.

O UNIVERSO E OS ANJOS

Átomos, moléculas, cristais, organelas, células, tecidos, órgãos, organismos, sociedades, ecossistemas, sistemas planetários, sistemas solares, galáxias: cada uma dessas entidades estaria associada a um campo mórfogenético específico. São eles que fazem com que um sistema seja um sistema, isto é, uma totalidade articulada e não um mero ajuntamento de partes.

Se, através da teoria de Gaya, estamos passando a enxergar a Terra como um organismo vivo, então será que a Terra pensa? Será que ela poderia ser consciente? E o Sol? Todas as religiões tradicionais tratam o Sol como sendo consciente. É um deus (Hélios), na religião grega. Mitra, na Pérsia. Surya, na Índia, onde seus devotos o saúdam pela manhã, através de um exercício de yoga chamado Surya namaskar. Portanto, estas são tradições que existem em todas as partes, mas, é claro, para nós, com uma estrutura científica, o Sol é apenas uma grande explosão nuclear do tipo que ocorre o tempo todo emitindo radiação.

O Sol, sabemos hoje em dia, tem uma série incrível de mutações de ressonância elétrica e magnética ocorrendo em seu interior: ciclos de onze anos, explosões de manchas solares, dinâmica caótica, freqüências ressonantes. Atualmente sistemas estão monitorando, com um detalhamento anteriormente considerado impossível, essas incríveis mudanças eletromagnéticas – minuciosas e complexas – que estão ocorrendo no Sol. Bem, se padrões elétricos complexos são uma interface suficiente para a consciência e o cérebro humano, por que é que o Sol não poderia tê-los também? Por que o Sol não poderia pensar? E se o Sol é consciente, por que não as estrelas? E se as estrelas são conscientes, por que não as galáxias? Essas últimas teriam uma consciência de um tipo muito mais inclusivo do que a das estrelas que elas contêm. E se galáxias, por que não os grupos de galaxias? Então teríamos uma idéia de níveis hierárquicos de consciência por todo o universo. É claro, na tradição ocidental, como em todas as tradições, temos uma idéia exatamente desse tipo. A idéia das hierarquias dos anjos na Idade Média não era a de seres com asas – isso era apenas uma maneira bastante ingênua de representá-los. Eles eram compreendidos tradicionalmente como níveis de consciência além do humano. Havia nove níveis, dos quais três ou mais eram relacionados com as estrelas e com a organização de corpos celestiais. Eles eram as inteligências das estrelas e dos planetas, os três níveis intermediários dos anjos. Portanto, já existe a tradição no ocidente sobre uma consciência super-humana.

Referência: Site de Rupert Sheldrake;
O Renascimento da Natureza: o Reflorescimento da Ciência e de Deus; Rupert Sheldrake – Ed. Cultrix;
Caos, Criatividade e o Retorno do Sagrado: Triálogos nas Fronteiras do Ocidente; Ralph Abraham, Terence McKenna e Rupert Sheldrake – Ed. Cultrix/Pensamento;
A revolução da consciência – novas descobertas sobre a mente no século XXI; Francisco Di Biase e Richard Amoroso – Ed. Vozes;
(1994). Seven experiments that could change the world. Londres, Fourth Estate;
(l998). The sense of being stared at: experiments in schools. Journal of the Society for PsychicalResearch, 62, p. 311-323;
(1998). Experimenter effects in scientific research: how widely are they neglected? Journal of Scientific Exploration, 12, p. 73-78;
(1999). The sense of being stared at confirmed by simple experiments. Biology Forum, 92, p. 53-76;
(1999). Dogs that know when their owners are coming home. Londres, Hutchinson;
(1999). How widely is blind assessment used in scientific research? Alternative Therapies, 5, p. 88-90.

O Eu e o Inconsciente – C.G.Jung

Segue abaixo um trecho editado do capítulo “A persona como segmento da psique coletiva” extraído do livro “O Eu e o Incosciente” de C. G. Jung

Neste capítulo abordaremos um problema que, se negligenciado, causará a maior confusão. Mencionei antes que, na análise do inconsciente pessoal, a primeira coisa a ser acrescentada à consciência é constituída por conteúdos pessoais; sugeri que tais conteúdos reprimidos podem ser conscientizados, representando o que poderíamos chamar de inconsciente pessoal. Mostrarei também que, através da anexação das camadas mais profundas do inconsciente, para os quais propus o nome de inconsciente coletivo, se produz uma ampliação da personalidade, que pode levar à inflação. Tal estado ocorre mediante o mero prosseguimento do trabalho analítico, como no caso antes citado. Continuando a análise, acrescentamos à consciencia pessoal certas qualidades básicas e impessoais da humanidade, fato este que desencadeia a inflação descrita anteriormente e que pode ser encarada como uma das consequências desagradáveis da plena conscientização. (1) A consciência pessoal é mais ou menos um segmento arbitrário da psique coletiva.

1. Este fenômeno decorrente da expansão da consciência não é de forma alguma específico do tratamento analítico, mas ocorre sempre que os homens são subjulgados por um novo saber ou conhecimento. “O saber infla”, escreve S. Paulo na epístola aos coríntios, pois o novo conhecimento subira à cabeça de alguns, como sempre sucede. A inflação nada tem a ver com a espécie do conhecimento, mas sim com o modo pelo qual ele se apodera de uma cabeça fraca, quando o indivíduo torna-se incapaz de ver ou ouvir qualquer outra coisa. Fica como que hipnotizado e acredita ter descoberto a solução do enigma universal. Isto já significa presunção. Tal processo é uma forma de reação tão geral que já no livro do Gênesis 2,17 comer da árvore do conhecimento representa um pecado que conduz à morte. Não é fácil de compreender por que um acréscimo de consciência, acompanhado de presunção, é tão perigoso. O Gênesis representa o ato de consciência como uma infração do tabu, como se através do conhecimento se transpusesse criminosamente um limiar sacrossanto. Creio que o Gênesis está certo, na medida em que cada passo em direção a uma consciência mais ampla é uma espécie de culpa prometêica: mediante o conhecimento rouba-se, por assim dizer, o fogo dos deuses, isto é, o patrimônio dos poderes inconscientes é arrancado do contexto natural e subordinado à arbitrariedade da consciência. O homem que usurpou o novo conhecimento sofre uma transformação ou alargamento da consciência, mediante o nível humano de sua época (“sereis semelhantes a Deus”), mas isto o afasta dos homens. O tormento dessa solidão é a vingança dos deuses: tal homem não poderá voltar ao convívio humano. Como diz o mito, é agrilhoado à solitária rocha do Cáucaso, abandonado por deuses e homens.

Ela consiste numa soma de fatos psíquicos sentidos como algo de pessoal. O atributo “pessoal” significa: pertencente de modo exclusivo a uma dada pessoa. Uma consciência apenas pessoal acentua com certa ansiedade seus direitos de autor e de propriedade no que concerne aos seus conteúdos, procurando deste modo criar um todo. Mas todos os conteúdos que não se ajustam a esse todo são negligenciados, esquecidos, ou então reprimidos e negados. Isto constitui uma forma de auto-educação que não deixa de ser, porém, demasiado arbitrária e violenta. Em benefício de uma imagem ideal, à qual o indivíduo aspira moldar-se, sacrifica-se muito de sua humanidade. Indivíduos desse tipo, extremamente pessoais, costumam ser muito sensitivos, já que é tão fácil ocorrer-lhes algo que traz à consciência certos detalhes indesejáveis de seu verdadeiro caráter (“individual”).

A este segmento arbitrário da psique coletiva, elaborado às vezes com grande esforço, dei o nome de persona. A palavra persona é realmente uma expressão muito apropriada, porquanto designava originalmente a máscara usada pelo autor, significando o papel que ia desempenhar. Se tentarmos estabelecer uma distinção entre o material psíquico consciente e o inconsciente, logo nos encontraremos diante do maior dilema: no fundo teremos de admitir que a afirmação acerca do inconsciente coletivo, isto é, de que seus conteúdos são gerais, também é válida no que concerne aos conteúdos da persona. Sendo esta última um recorte mais ou menos arbitrário e acidental da psique coletiva, cometeríamos um erro se a considerássemos (à persona), in toto, como algo de “individual”. Como seu nome revela, ela é uma simples máscara da psique coletiva, uma máscara que aparenta uma individualidade, procurando convencer aos outros e a si mesma que é uma individualidade, quando, na realidade, não passa de um papel, no qual, no qual fala a psique coletiva.

Ao analisarmos a persona, dissolvemos a máscara e descobrimos que, aparentando ser individual, ela é no fundo coletiva: em outras palavras, a persona não passa de uma máscara da psique coletiva. No fundo, nada tem de real; ela representa um compromisso entre o indivíduo e a sociedade, acerca daquilo que “alguém parece ser: nome, título, ocupação, isto ou aquilo. De certo modo, tais dados são reais; mas em relação à individualidade essencial da pessoa, representam algo de secundário, uma vez que resultam de um compromisso no qual outros podem ter uma quota maior do que a do indivíduo em questão. A persona é uma aparência, uma realidade bidimensional, como se poderia designá-la ironicamente.

Seria incorreto, porém, encerrar o assunto, sem reconhecer que subjaz algo de individual na escolha e na definição da persona; embora a consciência do ego possa identificar-se com ela de modo exclusivo, o si-mesmo inconsciente, a verdadeira individualidade, não deixa de estar sempre presente, fazendo-se sentir de forma indireta. Assim, apesar da consciência do ego identificar-se inicialmente com a persona – essa figura de compromisso que representamos diante da coletividade, o si-mesmo inconsciente não pode ser reprimido a ponto de extinguir-se. Sua influência manifesta-se principalmente no caráter especial dos conteúdos contrastantes e compensadores do inconsciente. A atitude meramente pessoal da consciência produz reações da parte do inconsciente e estas, juntamente com as repressões pessoais, contêm as sementes do desenvolvimento individual, sob o invólucro de fantasias coletivas. Mediante a análise do inconsciente pessoal, a consciência abre-se e é alimentada pelo material coletivo, que traz consigo elementos da individualidade. Sei muito bem que isto é incompreensível para os que desconhecem meus pontos de vista e minha técnica e principalmente para os que encaram o inconsciente do ponto de vista freudiano. Mas se o leitor lembrar-se do exemplo já citado da estudante de filosofia, poderá ter uma idéia aproximada do que aqui estou tentando formular. No início do tratamento, a enferma era quase inconsciente da fixação que subjazia à sua relação com o pai. Ignorava de um modo quase total que buscava um homem semelhante ao pai, fato este com que seu intelecto logo se defrontou. Isto não constituiria propriamente um erro se seu intelecto não tivesse aquele caráter de protesto peculiar, infelizmente comum nas mulheres intelectuais. Esse tipo de intelecto se caracteriza pela tendência de apontar os erros alheios; é crítico em demasia, de tonalidade desagradavelmente pessoal, com a pretensão, no entanto, de ser objetivo. Isto geralmente irrita os homens, sobretudo se a crítica a eles endereçada (como acontece muitas vezes) tocar-lhes um ponto fraco; em benefício de uma discussão fecunda, seria justamente este o ponto a evitar. Longe disto, é uma peculiaridade infeliz de tal tipo de mulher procurar os pontos fracos do homem e fixá-los, exasperando o interlocutor. Em geral, sua intenção não é consciente; pelo contrário, seu propósito inconsciente é o de impelir o homem a uma posição superior, tornando-o deste modo um objeto de admiração. Mas em geral este não percebe que está sendo forçado a assumir o papel de herói; na realidade acha esses insultos tão odiosos que tratará de desviar-se o mais possível de tal mulher. Finalmente, o único homem que lhe restará só poderá ser o que desde o início se apequenou e que, portanto, nada tem de admirável.

(…) Depois desta digressão, voltemos ás reflexões iniciais. Uma vez abolidas as repressões de ordem pessoal, a individualidade e a psique coletiva começam a emergir, fundidas uma na outra, liberando as fantasias pessoais até então reprimidar. Aparecem sonhos e fantasias, que se revestem de um aspecto diferente. O “cósmico” parece ser um sinal inefável das imagens coletivas; as imagens de sonhos e fantasias são associadas ao eterno “cósmico”, tais como tempo e espaço infinitos, a enorme velocidade e a extensão dos movimentos, conexões “astrológicas”, analogias telúricas, lunares e solares, alterações nas proporções do corpo, etc. O aparecimento de motivos mitológicos e religiosos nos sonhos também indica a atividade do inconsciente coletivo. O elemento coletivo é anunciado muitas vezes por sintomas peculiares: (2) sonhos em que se voa através do espaço, a modo de um cometa, ou se tem a impressão de ser a terra, o sol ou uma estrela; ora se é extraordinariamente grande, ora pequeno como um anão; ou, como um morto, chega-se a um lugar estranho, num estado de alheamento, confusão, loucura, etc. Do mesmo modo, podem ocorrer sentimentos de desorientação, vertigem e outros semelhantes, juntamente com os sintomas de inflação

(2)Não será demais observar que os elementos coletivos dos sonhos não ocorrem apenas neste estádio do tratamento analítico. Há muitas espécies de situações psicológicas nas quais se manifesta a atividade do inconsciente coletivo. Mas não é este o lugar adequado para o exame dessas condições.

A riqueza de possibilidades da psique coletiva confunde e ofusca. Com a issolução da persona desencadeia-se a fantasia espontânea, a qual, aparentemente, não é mais do que a atividade específica da psique coletiva. Tal atividade traz à tona conteúdos, cuja existência era antes totalmente ignorada. Na medida em que aumenta a influência do inconsciente coletivo, a consciência perde seu poder de liderança. Imperceptivelmente, vai sendo dirigida, enquanto o processo inconsciente e impessoal toma o controle. Assi pois, sem que o perceba, a personalidade consciente, como se fora uma peça entre outras num tabuleiro de xadrez, é movida por um jogador invisível. É este quem decide o jogo do destino e não a consciência e suas intenções. No exemplo anteriormente citado, foi deste modo que se processou a liberação da transferncia, apesar de afigurar-se tão impossível à consciência.

Sempre que surja uma dificuldade aparentemente insuperável, é inevitável ter-se que mergulhar neste processo. Entretanto, nem sempre ocorre tal necessidade, uma vez que a maioria dos casos de neurose só pede a remoção de dificuldades temporárias de adaptação. Mas os casos graves não podem ser curados, sem uma profunda “mudança do caráter” ou da atitude. Na maioria dos casos, a adaptação à realidade exterior exige tanto trabalho, que a adaptação interior, voltada para o inconsciente coletivo, só pode ser considerada a longo prazo. No entantp, quando a adaptação interior se torna um problema, provém do inconsciente uma atração singular e irresistível, que exerce uma influência poderosa na direção do consciente da vida. A predominância das influências inconscientes, assim como a desintegração da persona e a redução da força condutora do consciente constituem um estado de desequilíbrio psíquico, induzido artificialmente no decorrer do tratamento analítico; é claro que a intenção desta terapia é a de resolver uma dificuldade inibidora que barra a via de um desenvolvimento ulterior. Naturalmente há inúmeros obstáculos que podem ser superados com um bom conselho e com um pouco de ajuda moral, ajudados pela boa vontade e compreensão por parte do paciente. Deste modo são obtidos excelentes resultados e até mesmo a cura. Não são raros os casos em que não há necessidade de dizer uma só palavra acerca do inconsciente. No entanto, há dificuldades frente as quais não se vislumbra qualquer solução satisfatória. Nessa eventualidade, se o transtorno do equilíbrio psíquico não ocorreu antes do tratamento, certamente aparecerá durante a análise, e ás vezes sem qualquer interferência do médico. É como se tais pacientes estivessem à espera de uma pessoa de confiança a fim de entregar-se e sucumbir. Essa perda de equilíbrio é, em princípio, semelhante a um distúrbio psicótico; isto é, difere dos estádios iniciais da doença mental pelo fato de conduzir finalmente a uma saúde mais plena, enquanto que nas psicoses há uma destruição crescente. No primeiro caso, a pessoa entra em pânico e como que se abandona diante de complicações aparentemente desesperadas. Em geral, tudo começa por um esforço pertinaz de dominar a situação problemática pela força de vontade; ocorre então o colapso e essa vontade diretora é completamente aniquilada. A energia assim liberada desaparece do consciente e cai no inconsciente. É então que costumam sobrevir os primeiros sinais da atividade inconsciente. (assinalo aqui o exemplo do jovem que sucumbiu à psicose.) Evidentemente, nesse caso, a energia que desapareceu da consciência ativou o inconsciente. O resultado imediato foi a brusca alteração dos sentidos. Podemos imaginar que se o jovem mencionado tivesse uma mente mais forte, tomaria a visão das estrelas como uma imagem salvadora, conseguindo então encarar o sofrimento humano sub specie aeternitatis, e neste caso seu equilíbrio seria restaurado. (3)

Deste modo, um obstáculo aparentemente invencível seria superado. Assim, pois, encaro a perda de equilíbrio como algo adequado, pois substitui uma consciência falha, pela atividade automática e instintiva do inconsciente, que sempre visa a criação de um novo equilíbrio; tal meta será alcançada sempre que a consciência for capaz de assimilar os conteúdos produzidos pelo inconsciente, isto é, quando puder compreendê-los e digerí-los. Se o inconsciente dominar a consciência, desenvolver-se-á um estado psicótico. No caso de não prevalecer nem processar-se uma compreensão adequada, o resultado será um conflito que paralisará todo o progresso ulterior. O problema da compreensão do inconsciente coletivo coloca-nos diante de uma considerável dificuldade, que será o tema do próximo capítulo.