A Experiência de Contato com OVNI’s como Crise de Transformação

Por Keith Thompson
Extraído do livro “Emergência Espiritual – Crise e Transformação Espiritual”, de Stanislav Grof e Christina Grof

Eles não me tocaram, mas estenderam as mãos como se me dessem assistência. Parece haver uma plataforma lá… e estou pisando nela. A luz está acima. É brilhante, bem brilhante – e ela tem aquelas faixas de luz saindo dela. Parece que ela está me levando para cima!… A luz está ficando cada vez mais brilhante… Estou envolta em luz… uma brilhante luz branca. Estou parada ali. A luz não parece ferir. Não é quente. É apenas luz branca, em torno de mim e em mim..

Betty Andreasson Descrevendo o Seu Contato Com Ocupantes de um OVNI em 1967 em The Andreasson Affair

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Embora a existência de vida inteligente fora do planeta continue sendo uma questão aberta, são extremamente comuns, vividas e convincentes as experiências de comunicação e de encontros com seres extraterrestres. Elas são parte dos mais interessantes e curiosos fenômenos do domínio transpessoal. Fica cada vez mais claro que elas merecem um estudo sério, reflitam ou não a realidade objetiva.

As experiências que envolvem contatos com a inteligência extraterrestre compartilham muitas das características das experiências místicas e podem levar a uma confusão e a crises psico-espirituais muito semelhantes. O curso mais interessante e promissor da pesquisa dos OVNIs afasta-se do acalorado debate acerca da factualidade da visita de seres de outros universos à terra e se dirige para o estudo da experiência com OVNIs como um fascinante fenômeno em si mesmo.

Keith Thompson é um ardoroso estudioso das características psicológicas desses contatos. Graduado em literatura inglesa na Universidade Estadual de Ohio, é um escritor altamente sensível e perceptivo que explora novos desenvolvimentos da filosofia, da psicologia, da psicoterapia, da ciência e da espiritualidade modernas. Seus artigos são publicados regularmente em Common Boudary (de que ele é editor-colaborador), Esquire, New Age, Utne Reader, San Francisco Chronicle e Yoga Journal. Ele também tem uma coluna semanal na Oakland Tribune, onde trata de temas relativos à “alma da ciência moderna e à ciência emergente da alma”.

Residente em Mill Valley, Califórnia, Thompson tem acompanhado com grande interesse os desenvolvimentos no campo da psicologia transpessoal, uma disciplina que surgiu na área da Baía de São Francisco. Ele se interessa em particular pela sua enriquecedora relação com os avanços revolucionários da ciência. Seu estreito vínculo com o Instituto Esalen, de Big Sur, Califórnia, permitiu-lhe adquirir conhecimento de uma variedade de técnicas psicoterapêuticas.

Tendo feito treinamento avançado em hipnose e terapia Gestalt, Thompson usa essas duas abordagens para estudar o significado mais profundo dos estados de consciência incomuns, área que há muitos anos constitui um dos seus apaixonados interesses. As experiências de contato com OVNIs e com a inteligência extraterrestre parecem-lhe especialmente desafiadoras e curiosas. Thompson está escrevendo um livro, Aliens, Angels, and Archetypes, que explora a dimensão mítica do fenômeno dos OVNIs.

Embora a contribuição de Thompson trate dos problemas específicos das pessoas que tiveram experiências relacionadas com os OVNIs, os temas por ele desenvolvidos no tocante a esses episódios, entendidos como formas de iniciação, têm algo a dizer a todos quantos foram atingidos por crises espirituais.

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Dentre todas as perguntas complicadas feitas por pessoas que tiveram contato direto com um OVNI, a mais espantosa – e mais comum – talvez seja: “Por que eu?” Essa questão está presente em todo o conhecido relato feito por Whitley Streiber de sua experiência de rapto, Communion (1987), bem como na crônica sobre o fenômeno do rapto por OVNIs feita por Budd Hopkins, Intruders (1987).

Desejo tratar precisamente dessa sensação de ter sido escolhido por alguma razão desconhecida para realizar algum propósito ou missão desconhecidos. Por meio de longas conversas com pessoas que decidiram – muito corajosamente, me parece – lidar de perto com a sua experiência, descobri que a questão costuma apresentar-se como “Fui aliciado ou iniciado? Se fui, por que ou por quem? Com que objetivo?” Mais tarde, procurei dados antropológicos a fim de obter uma melhor compreensão dos estágios, das estruturas e da dinâmica das cerimônias de iniciação, e de ver se faz sentido falar de paralelos entre as iniciações da escala humana e as experiências humanas com o Outro desconhecido chamado OVNIs.

Trato aqui daquilo que as pessoas relatam acerca da sua experiência, e não daquilo que é objetivamente, em última análise, verdadeiro – sendo esta última questão uma outra discussão, que me levaria a seguir uma direção bem distinta. Minha abordagem é fenomenológica: tomo como dados primários aquilo que a pessoa que recebe o OVNI relata como sua experiência. Deixarei aos outros as inferências sobre a natureza da realidade que serve de base e que causa “meras aparências”. Esse debate é povoado invariavelmente por pressupostos sobre o que pode ou não ser real, enquanto minha abordagem deixa esses pressupostos entre parênteses. Isso permite a exploração das Experiências com OVNIs (ou EOVNIs) e outros fenômenos extraordinários sem ser perturbado por tendências metafísicas e crenças exclusivistas no tocante aos dados importantes.

A intensidade da crise existencial ou transpessoal que pode ser precipitada por uma EOVNI não parece depender do fato de o receptor sentir ou não que interagiu com um objeto voador não identificado tradicional ou, em vez disso, teve uma; experiência “mediúnica”, “imaginária”, “arquetípica”, “de proximidade da morte”, “de saída do corpo” ou “xamânica”. A autenticidade experiencial de uma EOVNI parece depender em larga medida do grau até o qual o receptor passa pela interação com seres, presenças ou objetos de outro mundo como experiência significativamente substancial e fundamentalmente real – e até “mais do que real”. Se essas condições forem atendidas, também a profundidade de uma crise transpessoal relacionada com os OVNIs não parece depender do tipo de hipótese feita pelo receptor com relação aos “seres do OVNI” – cidadãos do “espaço exterior”, de “universos paralelos”, do “inconsciente coletivo”, do “céu”, do “inferno” ou de outros lugares numinosos. Tomo por ponto de partida, na exploração da natureza iniciatória das EOVNIs, os padrões desses relatos.

O professor Arnold Van Gennep definiu os ritos de passagem como “ritos que acompanham toda mudança de lugar, de estado, de posição social e de idade”. O nosso movimento do ventre ao túmulo é pontuado por algumas transições críticas marcada por rituais apropriados que têm como alvo tornar clara a significação do indivíduo e do grupo diante de todos os membros da comunidade. Essas passagens ritualizadas incluem o nascimento, a puberdade, o casamento e a confirmação religiosa, incluindo a introdução em escolas de mistério de vários tipos. Adiciono a essa relação uma nova categoria de experiência: o contato OVNI/ ser humano, uma interação que tem muitas semelhanças estruturais e funcionais com outras ocasiões iniciatórias.

Diante do que considero o paradoxo central da interação ser humano/alienígena –  isto é, a contínua irredutibilidade do fenômeno dos OVNIs através de meios e modelos convencionais, aliada à permanente manifestação do fenômeno em formas cada vez mais estranhas -, é difícil evitar a impressão de que a própria tensão que constitui esse paradoxo tem tido um impacto iniciatório. Enquanto o debate entre os verdadeiros crentes de ambos os lados da questão dos OVNIs segue na sua previsível banalidade, nossos sistemas de crença pessoais e coletivos têm sofrido mudanças imperceptíveis e, ao mesmo tempo, significativas.

Sem que nos demos conta, a estrutura mitológica humana tem passado por uma modificação fundamental. As pesquisas de opinião e outros termômetros das tendências coletivas revelam que hoje há um número nunca antes alcançado de pessoa que têm por certo que não estamos sozinhos no universo. A própria relutância do fenômeno dos OVNIs em desaparecer ou em chegar consideravelmente mais próximo de nós de uma vez tem nos condicionado – ou, se se desejar, iniciado – a considerar extraordinárias possibilidades acerca daquilo que somos no íntimo e sobre quais devem ser as condições definitórias do jogo que denominamos realidade.

Van Gennep demonstrou que todos os ritos de transição se desdobram em três fases: separação, marginalidade e agregação ou consumação. A fase um, a separação, envolve o afastamento das pessoas e grupos de uma posição social fixa anterior ou conjunto prévio de condições culturais, uma saída ou abandono de um estado precedente. Por exemplo, o jovem que participa de uma cerimônia iniciatória masculina numa cultura tradicional é forçado a deixar a sua auto-identificação de “menino” na porta do local de iniciação.
A fase dois, a marginalidade, implica a entrada numa condição de vida à margem, que não está em um nem em outro lugar, que não está propriamente aqui nem ali. A marginalidade (também chamada liminaridade, do latim limen, “limiar”) se caracteriza por uma profunda sensação de ambigüidade sobre quem a pessoa de fato é. O jovem deixou de ser um menino mas ainda não se tornou, por meio de um ritual especialmente concebido, um homem.

A agregação, por sua vez, é o momento de voltar a conviver com os outros, mas de uma nova maneira, saindo das margens para entrar num novo estado de ser. Trata-se da consumação ou culminação do processo. Agora, o ser humano masculino obteve o direito de ser chamado de homem e de se considerar tal.

Joseph Campbell, que é de longe o mais criativo e perceptivo mapeador dos domínios mitológicos, escreveu muito sobre as muitas formas que a fase de separação pode assumir. Em sua obra clássica sobre o mito universal da jornada do herói, The Hero with a Thousand Faces [O Herói de Mil Faces], ele escreve: “Um herói vindo do mundo cotidiano se aventura numa região de prodígios sobrenaturais.” Que descrição magnificamente sucinta dos primeiros momentos do contato com um OVNI – embora, com efeito, os OVNIs não sejam mencionados uma única vez no livro de Campbell. Ele prossegue, denominando essa primeira fase da jornada O Chamado da Aventura; ela significa que

o destino convocou o herói e transferiu-lhe o centro de gravidade do seio da sociedade para uma região desconhecida. Essa fatídica região dos tesouros e dos perigos pode ser representada sob várias formas: como uma terra distante, uma floresta, um reino subterrâneo, a parte inferior das ondas, a parte superior do céu, uma ilha secreta, o topo de uma elevada montanha ou um profundo estado onírico. Mas sempre é um lugar habitado por seres estranhamente fluidos e poliformos, tormentos inimagináveis, façanhas sobre-humanas e delícias impossíveis. O herói pode agir por vontade própria na realização da aventura, como faz Teseu ao chegar à cidade do seu pai, Atenas, e ouvir a horrível história do Minotauro; da mesma forma, pode ser levado ou enviado para longe por algum agente benigno ou maligno, como ocorreu com Ulisses, levado Mediterrâneo afora pelos ventos de um deus enfurecido, Posêidon. A aventura pode começar como um mero erro, como ocorreu com a aventura da princesa do conto de fadas; igualmente, o herói pode estar simplesmente caminhando a esmo quando algum fenômeno passageiro atrai seu olhar errante e o leva para longe dos caminhos comuns do homem. Os exemplos podem ser multiplicados, ad infinitum, vindos de todos os cantos do planeta. [P. 66 da edição em português]

Tomei a liberdade de fazer essa longa citação por que estou cativado pelos muitos paralelos entre o chamado da aventura do herói, na mitologia, e os inúmeros exemplos das aventuras com OVNIs de pessoas convocadas “do seio da sociedade para uma região desconhecida”. Muitos contatados se abrem, curiosos, e até excitados, ao encontro com alienígenas dos OVNIs; os raptados são levados contra a sua vontade. Conheci muitas pessoas que estiveram “em contato” com agentes dos OVNIs por meio do que eles consideram ser uma espécie de erro ou apenas em conseqüência de seguirem com a sua vida, cuidando de suas próprias coisas.

De qualquer maneira, o herói (ou contatado ou raptado) é afastado ou separado do coletivo, da corrente principal, de uma forma forte, transformadora da vida. Isso nos leva à resposta muito freqüente ao Chamado da Aventura: a recusa. Como a separação do coletivo costuma ser terrível, o herói muitas vezes diz, tão-somente: “Diabos, eu não vou” – ou mais precisamente, “Eu não fui”.

Em termos da experiência com OVNIs, o contato ou rapto conclui (freqüentemente para preservar sua própria sanidade) que “Não podia ser real… Não aconteceu comigo… Foi apenas um sonho… Se eu guardar a lembrança para mim, talvez tudo se dissipe…” Recusar o chamado, escreve Campbell, representa a esperança do herói de que o seu atual sistema de ideais, virtudes, objetivos e vantagens possa ser consolidado e garantido por meio do ato de negação. Mas não está prevista essa sorte: “Somos perseguidos, dia e noite, pelo divino ser que é a imagem do eu vivo presente no labirinto fechado da nossa própria psique desorientada. Os caminhos para as portas se perderam; não há saída.”

As grandes religiões e tradições filosóficas do mundo falam de várias maneiras desse momento crucial, que podemos descrever como “o combate com o anjo pessoal”. O ser ou seres que guardam o limiar não admitem desvios; o caminho para além é a passagem pelo limiar. O Outro numinoso costuma exigir, em todos os seus disfarces, algo que parece inaceitável ao iniciado; mas a recusa parece impossível quando se está nessa zona nova e desconhecida. O terror muitas vezes toma conta da pessoa, como o diz Whitley Streiber ao descrever o seu rapto por um OVNI:

“Whitley” deixou de existir. Restou um corpo num estado de terror tamanho que tomou conta de mim como uma espessa e sufocante cortina, tornando a paralisia uma condição que parecia próxima da morte. Não creio que a minha humanidade comum tenha sobrevivido à transição.

Quão vívida é essa descrição da separação forçada do mais profundo sentido de identidade por um agente alienígena – e do ser deixado nas ambíguas margens do ser! A experiência de Streiber é comum a muitos – mas não a todos – os raptados por OVNIs.

Seria justificável sugerir que o que está em jogo nos contatos alienígena/ser humano é um certo conceito de humanidade? Parece mais do que provável que nossa ambivalência – que permeia toda a cultura – com relação à aceitação do fenômeno dos OVNIs como uma coisa real reflete a sensação coletiva de que a aposta é de fato alta. Encarar o rosto do Outro requer que enfrentemos a dolorosa admissão de Rainer Maria Rilke: “Não há nenhum lugar além de você mesmo: Você precisa mudar a sua vida.”

Como cultura – talvez como espécie -, somos fatalmente atraídos por esse misterioso desconhecido, somos chamados por ele – e, no entanto, o medo de Streiber não é só seu. O reconhecimento de que existe há muito tempo aquilo que Streiber chama de “fenômeno do visitante” nos convida a aceitar, em suas palavras, “que podemos muito bem ser alguma coisa distinta daquilo que acreditamos ser, que podemos estar na terra por razões que podemos não saber e cuja compreensão será um imenso desafio”.

abductionPara quem não foi levado e molestado por alienígenas, a recusa do chamado pode ser muito sutil. Muitas pessoas cujo contato com o Outro é telepático, ou caracterizado por fenômenos visionários com motivos mitológicos, podem ver-se, no início, resistindo à experiência simplesmente desligando-se dela. Quem de nós deseja desistir do sentido seguro e familiar de identidade? Todos somos assombrados pela presença da própria Sombra, aquela coisa dentro de nós e ao nosso redor que se recusa a ser facilmente colonizada pelo avaro ponto focal chamado ego. Contudo, uma vez vivida uma certa parcela da vida, fica mais difícil ignorar o constante apelo de reconhecimento que o Outro nos faz, visando retornar a um lugar central e ativo em nossa vida.

Os antigos sabiam a importância de manter um diálogo íntimo com o nosso duplo ou daemon, chamado genius em latim, “anjo da guarda” pelo cristianismo, “homem reflexo” pelos escoceses, vardogr pelos noruegueses, Doppelgänger pelos alemães. A idéia era: ao cuidar do desenvolvimento do nosso “gênio”, esse ser espiritual nos daria ajuda por toda a vida mortal humana e na próxima. Os seres humanos que não cuidavam do seu Outro pessoal tornavam-se uma entidade maléfica e ameaçadora chamada de “larva”, dada a pairar sobre aterrorizadas pessoas adormecidas e a levar as pessoas à loucura.

Portanto, o herói transcende a recusa do chamado porque, em última análise, é impossível não aceitá-lo. Preferimos trabalhar com os desdobramentos das experiências com OVNIs, trilhar o caminho espiritual ou aceitar aquilo que se apresenta como um chamado pessoal quando percebemos que aceitar o chamado é menos doloroso do que as temidas ramificações do abandono do coletivo, da massa, ou de qualquer coisa que se deseje descrever como o modo de vida anterior. Paracelso disse que todos têm dois corpos, um composto pelos elementos e, o outro, pelas estrelas. Aceitar o Chamado da Aventura – seja na forma da “assimilação” do nosso contato com OVNIs ou na experiência de proximidade da morte ou de algum outro confronto com a realidade não comum – eqüivale a decidir habitar o nosso Corpo Estelar.

Isso nos leva à segunda – e, de certo modo, ainda mais difícil – fase de iniciação: viver no ambíguo “não-propriamente-aqui-não-propriamente-lá”. Desejo concentrar a minha atenção nessa transição entre estados de ser, pois creio tratar-se de um terreno fertilíssimo e de enorme potencial, mesmo que a maioria de nós tenda a viver a abertura e a receptividade como vazio e perda. Em seu ensaio clássico: “Betwixt and Between: The Liminal Period of Rites of Passage”, Victor Turner afirma que a principal função da transição entre estados é tornar o sujeito invisível. Para propósitos cerimoniais, o neófito – isto é, aquele que passa pela iniciação – é considerado estruturalmente “morto”, ou seja, não classificável à maneira antiga nem à nova, invisível: não visto.

No livro em que examina os detalhes de vários raptos praticados por OVNIs, Intruders, Budd Hopkins inclui uma enorme passagem de uma carta que recebeu de uma jovem de Minnesota que relatou ter sido raptada por alienígenas quando criança e depois de adulta. Como essa mulher descreve bem a crise existencial que os raptados sofrem, cito um grande trecho de sua correspondência:

“Para a maioria de nós, tudo começava com as lembranças. Embora alguns se recordassem de parte da experiência ou de toda a experiência, era mais comum que tivéssemos de fazer um esforço por encontrar essas lembranças – escondidas numa espécie de amnésia. Fazíamos isso, com freqüência, por meio da hipnose, que era, para muitos de nós, uma nova experiência. E que sentimentos confusos advinham quando lidávamos com essas lembranças! Quase sem exceção, ficávamos terrificados quando revivíamos esses eventos  traumáticos, com uma sensação de sermos esmagados sob o seu impacto. Mas havia também descrença. Isso não pode ser real. Devo estar sonhando. Isso não está acontecendo. E assim começava a vacilação e a dúvida com relação a nós mesmos, os períodos alternados de ceticismo e de crença, em nossa tentativa de incorporar nossas lembranças no nosso sentido do que somos e do que sabemos. Muitas vezes sentíamos que estávamos loucos; continuamos a nossa busca da explicação “real”. Tentávamos entender o que havia de errado conosco para que essas imagens subissem à superfície. Por que a minha mente faz isso comigo?”

Essa mulher mostra que entende muito bem os sentimentos associados com o fato de se tornar “invisível” em virtude de relatar uma experiência que se desvia das possibilidades admitidas pela “realidade consensual”:

“E havia também o problema de falar com os outros sobre as nossas experiências. Muitos dos nossos amigos eram, naturalmente, céticos, e, embora nos magoasse o fato de não sermos compreendidos, o que poderíamos esperar? Também nós tínhamos os nossos momentos de ceticismo, ou talvez tivéssemos sido céticos no passado. As respostas que obtínhamos dos outros refletiam as nossas. As pessoas com quem falávamos acreditavam em nós… e duvidavam de nós, ficavam confusas e, como tínhamos feito, procuravam outras explicações. Muitas eram rígidas em sua negação, não admitindo a mínima possibilidade desses raptos e, fossem quais fossem as suas palavras, a mensagem pressuposta era clara: sei melhor do que você o que é e o que não é real. Sentíamo-nos num círculo vicioso que parecia imposto a nós, raptados, por uma sociedade cética:

Por que você acredita que foi raptado?
Porque você é louco.
Como sabemos que você é louco?
Porque você acredita que foi raptado.

… Aprendemos do modo mais difícil, por meio de tentativa e erro, em quem podíamos ou não confiar. Aprendemos a sutil diferença entre segredo e privacidade. Mas muitos de nós tiveram uma forte sensação de isolamento. Sentíamos a dor de sermos diferentes, como se apenas estivéssemos “passando” por normais.Alguns chegaram à difícil compreensão de que não havia ninguém com quem pudéssemos ser quem de fato éramos, o que era uma posição muito solitária para se ficar.”

Em resumo: muitos contatados e raptados por OVNIs, ao lado dos que tiveram uma experiência direta, imediata e inegável do Mysterium, do sagrado, sabem o que é ser invisível para aqueles que não receberam o mesmo chamado – ou que ainda recusam esse chamado. Essa ambivalência é especialmente pronunciada para quem voltou do limiar da morte. Tendo sido declarados clinicamente mortos e tendo flutuado na direção de um túnel povoado por seres de luz que acenavam, apenas para voltarem ao mundo dos vivos com um sentido inexplicavelmente radiante de ser e de objetivos, muitos iniciados em experiências de proximidade da morte contam que deixaram de se sentir humanos exatamente da mesma forma anterior à experiência. Essa ambivalência aumenta quando a família, os amigos e várias figuras de autoridade desdenham a experiência.

Ao falar informalmente com iniciados por OVNIs sobre essas idéias, percebi que eles em geral reconhecem os sentimentos do mundo marginal. É como se o neófito vislumbrasse algo tão profundo que certos “fatos da vida” anteriores à experiência deixam de ser os únicos verdadeiros. É comum que a pessoa sinta frustração porque os outros não vêem que as regras do jogo mudaram, ou que as velhas regras sempre foram uma de muitas maneiras de organização da percepção, em vez de imutáveis “leis da natureza”.

Na outra extremidade da frustração do viver à margem está a percepção disponível para quantos desejem entrar nela: o não ser capaz de se classificar também significa estar livre da necessidade de se apegar a uma única identidade. Viver nem aqui nem lá, no reino da incerteza e do não-saber, pode possibilitar novas percepções, novas maneiras de “construir a realidade”. Nesse sentido, a experiência com OVNIs serve de agente de desconstrução cultural, incitando-nos a destruir idéias fáceis acerca do hiato supostamente interminável entre a mente e a matéria, entre o espírito e o corpo, entre o masculino e o feminino, entre a natureza e a cultura e outras dicotomias familiares.

Viver na ambivalência da marginalidade pode ser considerado em termos de paraíso perdido ou de uma revigorante libertação da necessidade de manter um sentido unidimensional particular de paraíso intacto. Podemos lamentar a morte das fronteiras claras, do branco e do negro, do certo e do errado, do nós e do eles, assim como podemos entrar voluntariamente nos reinos marginais, liminares e indistintos do ser, descobrindo cara a cara os nossos demônios e anjos desconhecidos – encarando-os, se o desejarmos, com a mesma ferocidade com que eles nos encaram.

Em suma, o jogo pode ser considerado como uma escolha entre penetrar no paradoxo e nele viver, ou, como o diz o meu amigo Don Michael, “pousar com os dois pés apoiados firmemente no ar”. Muito pode ser dito sobre o lugar em que extremidades indistinguíveis apresentam não somente um desafio de restauração da ordem perdida como uma oportunidade de brincar na vasta perversidade polimorfa da Matriz Criadora; o espaço em que reside o Trapaceiro, meio Madre Teresa, meio Pee-wee Herman; em que, como no conto “João de Ferro”, dos irmãos Grimm, onde se descobre que o Selvagem seco e peludo descoberto no fundo do poço também tem uma ligação especial com o ouro. Caracteristicamente, sentimos um vazio ao percebermos quão irremediavelmente a nossa herança judeu-cristã negou o vínculo entre a selvageria sensual e afirmadora da vida e a experiência do sagrado.

Há também uma dimensão coletiva da marginalidade, como o torna claro a contínua percepção fronteiriça dos OVNIs a partir do final dos anos 40: gostemos ou não, nossa cultura, a cultura humana, também vive à margem, nas extremidades, no meio. Heidegger disse que vivemos numa época intermediária entre a morte dos velhos deuses e o nascimento dos novos, e Jung acreditava que os OVNIs eram um símbolo fundamental das “mudanças da constelação de dominantes psíquicos, dos arquétipos – ou ‘deuses’, como costumavam ser chamados -, que produzem, ou acompanham, transformações duradouras da psique coletiva”.

Mas, como vamos fundamentar, concretizar essas idéias? Começando pelo ponto em que estamos – aqui, aumentando a “rachadura do ovo cósmico”. Por definição, as transições são fluidas, entidades não definíveis com facilidade em termos estáticos ou estruturais; e é isso que acontece com as iniciações via OVNIs. Muitos que passaram por elas sentem ter deixado de existir. Na verdade, eles deixaram de existir no nível com que estavam familiarizados e com o qual se sentiam à vontade. Também a nossa cultura saiu do colo, do conforto e da segurança do dualismo newtoniano-cartesiano. “Nenhuma criatura pode alcançar um nível de natureza superior sem cessar de existir”, disse o filósofo Coomaraswami.

As pessoas que tiveram um contato imediato me dizem que foram forçadas a chegar a um acordo com a idéia de que o mundo não é tão simples quanto parecia enquanto elas cresciam com papai e mamãe por perto. Elas tiveram de perceber que o mundo está cheio de panoramas e abismos. De que modo a experiência com OVNIs faz isso? Não tenho certeza, mas suspeito que tem alguma relação com a revelação do segredo, a piada cósmica, com o fato de ter “visto tanto” que voltar a um mundo de pensamento atomístico newtoniano ingênuo deixou de ser uma opção honesta.

É possível que os OVNIs, a experiência de proximidade da morte, as aparições da Virgem Maria e outros modernos contatos visionários xamânicos são tanto um estímulo para o nosso próximo nível de consciência quanto o são as premências sexuais em rápido desabrochar para a passagem do adolescente da infância para a idade adulta. Ambos os tipos de processo representam a morte de um estado de ser ingênuo precedente. O privilégio de ser jovem – uma pessoa jovem, um planeta jovem, uma alma jovem – é acreditar que podemos ficar eternamente inocentes. Mas uma vez que o limiar do domínio marginal – nem aqui nem lá – do ser, seja cruzado, só podemos evitar morrer para as identidades precedentes seguindo o caminho do falso ser, a vida de negação.

Parece perfeitamente apropriado, a meu ver, o fato de os OVNIs terem confundido a ciência, os acadêmicos e as comissões governamentais de investigação. A própria perturbação dos nossos sinais cognitivos deve ser considerada, se optarmos por isso, uma maravilhosa oportunidade para parar de montar Humpty Dumpty outra vez começando, em vez disso, a eliminar o ruído dos circuitos de comunicação, as distorções advindas da consciência individualizada, limitada, orientada para o ego, que se toma erroneamente pelo todo. Permitir que o ovo cósmico permaneça quebrado liberta-nos para que comecemos a fugir do lixo da cultura profana, de um modo de vida baseado na negação de um relacionamento simbiótico com Gaia, a Terra, cujo contínuo fluxo de comunicação fingimos não perceber, graças ao estado alterado de consciência especial que chamamos de inteligência racional.

Acredito que não há muito a ganhar em esperarmos por uma “solução” abstrata para o “problema” dos OVNIs, como se uma solução dessas pudesse algum dia ser separada ou separável do nosso próprio esforço de saber. Afastamo-nos muito daquilo a que tínhamos direito ao nascer – a presença sentida do mysterium tremendum, o mistério do ser que nos faz estremecer – e somente nós mesmos podemos dar uma reviravolta nisso. Terence McKenna o formula da seguinte maneira: “A gnose é o conhecimento privilegiado transmitido ao corajoso.” Poderemos reunir a coragem para receber o verdadeiro conhecimento?

Joseph Campbell refere-se a quem sai da realidade comum e entra em contato com prodígios sobrenaturais – e que depois retorna a essa realidade – como o Senhor de Dois Mundos. Livre para cruzar em todas as direções as divisões entre os domínios, do tempo para a intemporalidade, das superfícies para as profundezas causais e destas àquelas, o Senhor conhece ambas as realidades e não se instala exclusivamente em nenhuma delas.

Diz Campbell:

O discípulo foi abençoado pela visão que transcende o alcance do destino humano normal, equivalente a um vislumbre da natureza essencial do cosmos. Não o seu destino pessoal, mas o da humanidade, da vida como um todo, do átomo de todos os sistemas solares, foi posto diante dos seus olhos; e em termos passíveis de apreensão humana, isto é, em termos de uma visão antropomórfica: o Homem Cósmico. [Página 229 da edição brasileira.]

Observe-se a insistência de Campbell no fato de que a visão transformadora é revelada “em termos passíveis de compreensão humana”. Entre outras coisas, isso nos acautela da enorme inflação do ego que costuma acompanhar a experiência com OVNIs, especialmente quando está envolvida a canalização. Precisamente porque a visão de OVNIs parece absurda para a consciência comum, não-iniciada, a experiência (e a pessoa que por ela passou) vai ser ridicularizada pelo coletivo. Com sentimentos de rejeição como o insulto acrescentado à injúria da experiência com OVNIs, que abala a realidade, o iniciado pelos OVNIs é tentado a compensar a sensação de ser inferior ao comum fingindo ser fora do comum, por vezes assumindo o papel de profeta cósmico que vislumbrou o novo horizonte cósmico.

Todos os que tiverem tido experiências extraordinárias devem estar alertas para essa tendência. Devemos ter em mente que ser invisível para a cultura como um todo pode ser tanto uma bênção como uma maldição – que ser desconsiderado, ignorado e desvalorizado pode ser o impulso para que se tome uma outra rota: o caminho da calma, a trilha suave, firme, que fica nos bastidores. Trata-se do caminho invisível de aquisição do conhecimento, a trilha lenta da alquimia. O trabalho da alma requer tempo. Isso significa que devemos intencionalmente reservar tempo, especialmente em nossa cultura secular extrovertida, cada vez mais hiperativa. A pergunta que devemos formular, envolvidos como estamos na exploração de fenômenos extraordinários desvalorizados pela consciência corriqueira, refere-se a saber se o ônus de ser desconsiderado por não-iniciados é de fato maior do que o de tentar convencê-los de que tivemos uma experiência que, ao menos por implicação, nos faz um tanto “especiais”.

Prefiro o primeiro caminho, por causa do sentido de libertação da necessidade de saber o que é a realidade que ele dá. Porque, na medida em que é uma “sacudidela” nos velhos hábitos, uma experiência com OVNIs também oferece uma oportunidade de florescimento fora dos domínios aceitos de classificação da nossa cultura, fazer perguntas sobre coisas que antes tínhamos por certo e alcançar a perspectiva de uma transição ainda mais ampla do que a nossa transição pessoal: a passagem para um novo modo de ser para a humanidade.

Posso dizer que tive a sorte de encontrar uns quantos iniciados por OVNIs que, tal como aqueles que penetraram no mistério do sagrado por outros caminhos, se tornaram Senhores de Dois Mundos precisamente porque transcenderam a ilusão de que a sua experiência, positiva ou negativa, lhes pertence ou ocorreu com eles pessoalmente. Whitley Streiber, que na verdade tomou a sua experiência como algo pessoal, admite, num ponto de Communion, que, quando perguntou aos seus captores do OVNI “Por que eu?”, eles responderam: “Porque a luz estava acesa -nós vimos a luz.”
Numa atitude que constitui um golpe para o seu ego, Whitley é informado de que eles foram até onde ele estava não para ungi-lo como avatar da Nova Era, nem sequer para levá-lo a escrever um relato pessoal campeão de vendas sobre as suas experiências, mas porque ele tinha deixado a luz acesa na sala de estar! Mais uma vez, uma maravilhosa oportunidade de aproveitar ao máximo a própria invisibilidade, de permitir que o contato com o OVNI libere novos níveis de identificação do ego, limitações pessoais e temores.

“Suas ambições pessoais estão dissolvidas”, escreve Campbell, “razão pela qual ele já não tenta viver, mas simplesmente relaxa diante de tudo o que venha a se passar nele; ele se torna, por assim dizer, um anônimo.”
Como a pessoa vai viver “anonimamente” no mundo, com o segredo do conhecimento extraordinário tão ao seu alcance? Ouçamos as palavras do erudito religioso Shankaracharya sobre isso:

Por vezes um tolo, por vezes um sábio, por vezes coberto de régio esplendor; por vezes vagando, por vezes imóvel como um píton, por vezes exibindo uma expressão benigna; por vezes honrado, por vezes insultado, por vezes desconhecido – assim vive o homem realizado, eternamente feliz com a bênção suprema. Assim como um ator é sempre um homem, ponha o traje do seu papel ou o retire, assim também é o perfeito conhecedor do Imperecível sempre Imperecível, e nada mais.

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Adaptado de uma apresentação feita em julho de 1987 na Oitava Conferência de Rocky Mountain sobre Investigações de OVNIs, realizada em Laramie, Wyoming. Essa conferência anual é conhecida informalmente, nos círculos de ufólogos, como “a Conferência dos Contactados”. O promotor, o dr. Leo Sprinkle, procura oferecer um “lugar seguro” onde pessoas que passaram pelo que consideram ser uma “experiência com OVNIs” e investigadores desses eventos possam reunir-se para explorar as dimensões experienciais de um fenômeno perturbador.

Fenômeno UFO (OVNI), por Jacques Vallée

vallee“O fenômeno UFO genuíno, é associado com uma forma de consciência inumana que manipula o “espaço-tempo” de uma forma que não compreendemos… Esta é a verdade mais simples: se existe uma forma de vida e consciência que opera as propriedades do “espaço-tempo”, nós ainda não a descobrimos e ela não deve ser, necessariamente, extraterrestre. Pode ser proveniente de qualquer lugar ou tempo, até mesmo do nosso próprio ambiente. Certamente, pode também ser proveniente de um outro sistema solar na nossa galáxia, ou de outra galáxia. Pode também, coexistir conosco e nós não a percebemos. As entidades podem ser multidimensionais além do próprio espaço-tempo. Elas podem mesmo ser uma espécie de seres fracionados. A terra pode ser o seu lugar de origem.” (grifo do autor: Revelations – J. Vallee – pág. 259 – Ed. Ballantine Book).

 

Em uma trilogia: “Dimensions, Confrontations e Revelations” (sem tradução) o cientista e ufólogo Jacques Vallee relata (e adverte) à humanidade realidades que ela desconhece e que estão contidas da pesquisa ufológica. Jacques Vallee é astrofísico e Ph.D em “computer sciences” pela Northwestern University (1967).

Vallee era associado com o Dr. J. Allen Hynek, já falecido, ilustre e famoso pesquisador científico, figura de proa na pesquisa ufológica internacional. Vallee foi o “MODELO” do cientista francês encarnado pelo ator François Truffaut no filme “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” – produzido por Steven Spielberg. Jacques Vallee é francês.

– Posterei a seguir trechos de entrevistas, onde Jacques vallé expõe suas idéias singulares sobre o fenômeno UFO.
Aos 15/04/1995, James Mosely publicou “Sauce Smear” uma carta de Jacques Vallee que dizia, entre outras coisas,: -“Minha decisão de deixar o campo ufológico é consistente com a observação de que otrabalho científico construtivo e sério, é impossível nas condições presentes. Nos últimos anos a ufologia malbaratou perto de um milhão de dólares… em trabalhos absurdos e não científicos centrados na “pesquisa” de abduções, no fiasco de Roswell… e em várias investigações do tipo Roswell e Gulf Breeze. Não posso permanecer associado a nada disto, portanto, é o tempo de me retirar silenciosamente.” – Jacques Vallee.

A explicação dada pelo seu editor é a de que Vallee, somente, deseja colocar distância entre ele e o sensacionalismo que invadiu e não quer deixar esta área. Agora, ano de 2002, ainda presenciamos os mesmos espetáculos que desgostaram Jacques Vallee. Os casos que continuam em pauta já foram explicados muitas vezes, pelos seus próprios promulgadores, os falsificadores foram desmascarados, alguns deles em público, como Bill Moore o fez com prejuízo próprio… mas ninguém abandonou a arena, tudo tinha e tem que ser da forma como acreditam e querem que seja. O marasmo tomou conta da ufologia!

“Vallee não deseja associar-se com estes chamados questionários sobre as abduções alienígenas e mutilações do gado”, diz Richard Grossing em 30/04/1997.

“Tendo sido responsável, através da sua obra, por elevar o nível da ufologia como digno de um sério estudo científico, será muito desanimador se a comunidade séria dos investigadores de UFOS ficar privada, não só de uma das poucas vozes remanescentes da razão nesta área, mas também do deão dos ufólogos.” J. R.

Atualmente – (Entrevista)

“As pessoas julgaram que eu tenha me retirado, para subir ao topo de uma montanha e filosofar. A razão pela qual abandonei a cena da ufologia, é a de que eu queria trabalhar na investigação de UFOS e estava cansado de comparecer a congressos e encontros onde só se falavam nas mesmas coisas. O que acontecia era somente, muita falação. Penso que o caminho do conhecimento nesta área, não é o de se dialogar uns com os outros e sim o de dialogar com as testemunhas. Isto é o que eu quero fazer e o farei em primeiro lugar. Eu desejo ser capaz de ir ao local, encontrar-me com as testemunhas e monitorar o que aconteceu dentro de um certo período de tempo. Portanto, a minha maior prioridade é os casos de primeira mão que não foram publicados ou comunicados aos grupos ufológicos, porque, no momento o qual eles se tornam parte de muita discussão, ficam polarizados. Quero produzir pesquisas a longo tempo. Em dez anos, acumulei cerca de 200 destes casos. Meu livro (Confrontations) é realmente um sumário dos casos mais interessantes.”

Como você contatou estes casos?

“Através de pessoas que me escreveram, presentes às minhas palestras, ou leitores dos meus livros. Recebo várias cartas, diariamente, desde que DIMENSIONS foi publicado, há um ano. Pego as mais interessantes, constantemente, são mandadas por pessoas que ocupam posições importantes, como a de um vice-presidente da IBM. A última coisa que ele deseja fazer é encaminhar-se a uma organização ufológica. Não quer a mínima das publicidades. Não deseja ver seu nome em nenhum livro, mas teve um “avistamento” que é muito válido.”

A quais conclusões a sua pesquisa o levou?

“Sinto que posso comparecer a um comitê de cientistas e convencê-los de que existe uma evidência avassaladora de que o fenômeno UFO existe e é um irreconhecido e inexplicado fenômeno para a ciência, mas o que sinto posso provar.

Minha convicção pessoal é a de que este fenômeno resulta de uma inteligência e que esta inteligência é capaz de manipular o “espaço-tempo” de um modo incompreensível para nós. Posso convencer um comitê, das minhas observações atentas de que o fenômeno é real, é físico e que não o compreendemos. Só não posso convencê-los de que as minhas especulações são corretas, talvez existam outras especulações. A conclusão essencial: minha tendência é a de que a origem do fenômeno e da inteligência não são, necessariamente, extraterrestres.

Você diz que encara uma interpretação multidimensional que não especifica a existência de humanóides de outros planetas aterrissando aqui fisicamente? Parece-nos que, algumas vezes, você fala sobre o fenômeno como sendo um tipo de sentimento religioso jorrando do espírito humano. Outras vezes, fala como se houvesse uma força potencialmente maléfica que é imposta de fora como um sistema de controle.

“Penso que é uma oportunidade de se aprender alguma coisa muito fundamental sobre o universo, porque, não existe apenas o fenômeno ou tecnologia capazes de manipular o espaço-tempo de formas que não entendemos, esta força está manipulando a ambientação psíquica da testemunha. Tentei introduzir esta idéia quando escrevi “Le College Invisible”. Nesta época, a comunidade ufológica não estava madura para isto. A New Age e a parapsicologia e suas comunidades, interpretaram as minhas conclusões crendo que eu me referia aos DEVAS do mundo dos sonhos, que não são físicos, ou de que o aspecto físico não era importante, Na verdade, penso que estamos lidando com algo que é ao mesmo tempo, tecnológico e psíquico, e parece possuir a capacidade de manipular outras dimensões.”

“O que eu disse não é pensamento irreal nem especulação pessoal, da minha parte. É a conclusão de entrevistas feitas com testemunhas muito críticas, escutando o que elas tinham a me dizer. E o que tinham a dizer não era que haviam visto uma nave espacial descendo dos céus e depois retornando a ele. Na maioria das vezes reportavam que haviam visto algo aparecer instantaneamente, tomar uma forma física, às vezes trocando a forma e desaparecer, algumas vezes mais depressa do que num piscar de olhos. Em uma ocasião, este algo desapareceu num local fechado, começando a ficar transparente e depois desvanecendo ou se concentrando apenas em um ponto. Um exemplo comum quando me relatam estes fatos é o efeito de quem desliga a TV e a imagem dá um “zoom” transformando-se num simples ponto.”

“Não tenho uma resposta plausível para a questão de porque a tecnologia parece acontecer e usar a forma de imagens que se encontram no nosso próprio inconsciente. Estaria brincando se dissesse que compreendo. Há casos de observações repetidas onde o fenômeno se inicia amorfo e depois começa a preencher as expectativas das testemunhas. Há duas maneiras de se interagir intelectualmente com isto. Uma delas é dizer que este é um fenômeno cerebral, é muito bom reconhecer imagens em coisas amorfas como nuvens e manchas de tinta. Portanto, as testemunhas talvez, estejam sendo usadas por este fenômeno e estão começando a ler coisas dentro dele. Esta não é a explicação. Pode ser que o fenômeno esteja usando as nossas reações a ele, de forma a se tornar em alguma coisa esperada ou compreendida por nós. Nós podemos estar carregando a matriz das imagens e algo as retira de nós. Um bom exemplo é o de Fátima. As aparições testemunhadas em Fátima não se iniciaram em 1917. Começaram a surgir dois anos antes. Algumas daquelas crianças envolvidas no evento de Fátima, pois havia outras crianças, de início viram um globo de luz com um tipo de ser dentro. Então, começaram a chamar o ser de Anjo, e o Anjo dialogou com elas e lhes forneceu uma prece. O caso se desenvolveu em estágios e culminou em 1917, mas até mesmo a Virgem Maria não foi vista por nenhum dos presentes ao evento.”

“Nos casos contemporâneos de UFOS, você tem também objetos que são vistos por parte da multidão, mas a outra parte não os percebe. Estava em um programa de rádio, cerca de um ano atrás, e alguém me telefonou de Sacramento e me forneceu, exatamente, este tipo de reportagem. A pessoa estava à beira de um lago com a sua família e testemunhou um objeto que se dirigia para o lago e as pessoas que estavam com ela também o viram. Haviam pessoas junto ao lago também, mas estas pessoas não viram coisa alguma. O que estaria lidando com este evento é um fenômeno interessante que possui dois aspectos: um psíquico e um físico.”

O que é interessante é que as pessoas observaram o objeto, viram o mesmo objeto ou não viram? Ou isto pode variar?

“Usualmente, há um consenso nos aspectos maiores dos parâmetros físicos do fenômeno, mas as pessoas podem discordar, por exemplo, quando há inteiração com as entidades. Pessoas podem percebê-las de formas diferentes.”

Depois que você vê alguma coisa como esta você imagina o consenso de processo interativo, Você começa a combinar os fatos entre si.

“Mas há um aspecto social e muito lógico nisto também, que pode ser muito mágico ou enganoso. Penso que é importante explica-lo para que as pessoas estejam alertas quanto a isto, especialmente, desde a publicação de Communion. Há um grande marketing detrás de Communion, que fez muito sucesso. Verdade, é um livro poderoso, mas Communion também tocou as pessoas que jamais o leram, porque o livro tem uma capa poderosa. O rosto da capa tornou-se no modelo da nossa sociedade de como os alienígenas deveriam ser. Este modelo atingiu um tal ponto que, quando uma testemunha não descreve algo de semelhante, algo que, pelo menos, lembre o rosto que está estampado na capa de Communion, ela é rejeitada como farsante. Os ufólogos não aceitam as pessoas que descrevem visões que se afastam deste modelo. Então, estes casos são postos de lado e não fazem parte das datas bases. Assim, a análise científica tende a recuperar mais e mais padrões que correspondem a estes padrões que esperamos, em primeira instancia. Há uma profecia envolvida, o que é muito mágico e enganador.”

Você encontrou nos casos que estudou desde que Communion foi impresso, de que uma grande maioria de pessoas está encontrando este tipo de ser?

“Sim, mas recentemente estive estudando outros casos nos quais os seres são radicalmente diferentes. Novamente, uso a palavra “seres” como citação, na verdade, não sei o que eles são.

Com a chegada do milênio, espero ver o fenômeno noticiado de uma forma que exceda tudo o que já vivemos até agora, pela razão de que o povo espera por mudanças e esta expectativa, por si própria, é o campo fértil para que estas mudanças ocorram.

“Penso que o modo de estudarmos os UFOS nos acarretou problemas, nós misturamos todos os níveis envolvidos no fenômeno. Misturamos o nível físico, o psicológico e o mitológico ou social. Desejo identificar, claramente, estes três níveis porque necessitamos de um tipo de mitologia diferente, para lidarmos com cada nível e com cada grupo de eventos. No nível físico tudo o que sabemos, é de que há objetos físicos, materiais, pelo menos uma parte do tempo. Deixam rastros; interagem com o ambiente, expelem fumaça e acendem luzes e, provavelmente, pulsam, microondas de maneiras muito importantes. Eles contêm uma grande potência energética. Coloquei alguns cálculos de energia no livro CONFRONTATIONS.”

“Penso que fiz um grande progresso nos últimos anos, na compreensão dos níveis psicológicos e fisiológicos. Há alguns padrões, muito claros, que variam de queimaduras a conjuntivites. Às vezes ocorre a cegueira temporária. Outras vezes as testemunhas reportam uma forma de paralisia, onde perdem o controle dos seus músculos durante o tempo o qual o objeto esteve presente. Penso que nisto há implicações médicas muito interessantes. As testemunhas, na sua maioria, se desorientam. Em CONFRONTATION, cito um caso que investiguei, onde as pessoas pensavam estarem dirigindo na direção norte quando estavam dirigindo para o sul. Esta confusão do espaço – tempo, na maioria das vezes, contribui para que os cientistas avaliem que estas pessoas não são dignas de atenção e não são confiáveis. Não sabemos muito a respeito do efeito da pulsação do microondas no cérebro humano. Um destes efeitos pode ser o de alucinações. Você pode, finalmente, encontrar testemunhas contando-lhe estórias inacreditáveis, porque submetidas a estranhos efeitos psicológicos colaterais de algo que, realmente, estava ali. Não penso que a maioria da comunidade ufológica está apta para lidar com isto, Também não penso que a comunidade científica também possa. Entretanto, há o terceiro nível, o mitológico e o sociológico. Neste nível, a realidade física do UFO verdadeiro, é totalmente irrelevante. Provar que Jesus Cristo jamais existiu, jamais ocasionará um mínimo efeito na nossa sociedade em termos de sistema de crenças; neste ponto, a influência de Jesus permanecerá, mesmo sem o Jesus histórico.”

Porque você decidiu concentrar-se no estudo de tantos casos? Temos milhares de estudos de casos. Qual a vantagem de se acrescentar a eles um milhão a mais?

“Penso que esta é uma pergunta justificável. Número um, eu não publiquei todos os estudos dos casos. Só publiquei os selecionados, os que ilustram certos pontos. O que desejo fazer é iniciar, gradualmente, desde o lado físico, enfocando os casos que envolvem rastros físicos. O que desejo fazer é voltar aos básicos, processá-los passo a passo, e descobrir o que sabemos sobre o fenômeno. Para realizar isto, concentrei-me nos casos que todo o cientista refuta. O primeiro deles, no corpo do livro, é o caso no qual existiam dois submarinos franceses ancorados na baía da Martinica. Um dos submarinos e todos os seus marinheiros e oficiais, viram um objeto que se colocou sobre a baía e executou três grandes acrobacias, desvaneceu-se e reapareceu cinco minutos depois. E repetiu a mesma coisa. Havia cerca de duzentas e cinqüenta testemunhas. Mantive muitas conversas em particular com uma delas, o homem do leme do submarino francês, o mais veloz do Mediterrâneo. Ele era alguém que possuía um golpe de vista muito bom e era, também, ótimo observador. Não somente ele viu o objeto, quanto teve o tempo necessário para ir à torre e voltar com seis pares de binóculos, que deu aos seus amigos oficiais. Todos eles observaram a coisa através dos binóculos. Havia também, um observatório metereológico no morro que se sobrepõe a baía, e todos os que estavam no observatório viram o evento. Você não pode afirmar que não aconteceu. Você não pode afirmar que era um meteoro ou um cometa ou qualquer coisa no gênero. Estou tentando usar casos, como este, para estabelecer a realidade física do fenômeno e partir dali.”

“Também selecionei casos onde fui ao local, esperando encontrar algo que seria fácil rejeitar, apenas, para encontrar um jogo de circunstâncias completo que hoje, levaram-me à conclusão de que os eventos foram realmente ufológicos. Incluí, também, os caos nos quais esperava por evidências apontando para um UFO real e encontrei, ao invés disto, uma explicação trivial. Finalmente, há caos que, francamente, não compreendo o que aconteceu.”

Parece-me que você está criando sua própria maneira de filtrar o mecanismo – selecionando estes casos para estudar, porque seguem padrões, enquanto descarta os que merecem análise irrelevante.

“Deixe-me explicar o que fiz. Os casos selecionados foram escolhidos, não porque dizem alguma coisa sobre UFOS, mas porque dizem algo específico a respeito de metodologia. A questão que estava tentando responder era: Como poderemos investigar estas coisas, fornecendo as únicas características do fenômeno? Propositalmente, selecionei casos de um tipo e de outro para ilustrar a complexidade desta espécie de pesquisa. Penso que a mensagem principal que persigo é esta, mesmo que você despenda, cinco ou dez mil dólares investigando um caso, não saberá coisa alguma a mais do que já sabia, de princípio. Creio que é muito importante que todos realizem isto.”

Você já viu algum disco voador?

“Vi coisas que não deveriam estar lá, quando rastreava satélites no observatório de Paris. Eu as percebi visualmente, como parte de uma equipe, e, realmente, foi aí que se iniciou a minha pesquisa. Obviamente, sabia a respeito de UFOS antes disto, mas sempre pensei que se eles estivessem lá e se fossem reais, os astrônomos os veriam e nos relatariam o que haviam visto. O meu primeiro emprego como astrônomo, deixou-me decepcionado. Era parte de uma equipe que rastreava satélites para o “Comitê Espacial Francês”. Nos encontrávamos rastreando objetos que não eram satélites, nem nada reconhecível. Uma noite, nós pegamos onze pontos de dados sobre um destes objetos em um tape magnético, e desejávamos rodar o tape em um computador para completarmos uma órbita para observá-lo outra vez. Não posso lhe dizer se aquilo era uma peça de tecnologia e se alguém a possuía. Podia ser uma peça muito estranha, mas pertencente à tecnologia humana. O que me intrigou foi que o homem encarregado do projeto confiscou o tape e o apagou. Isto me decidiu a começar, realizei, subitamente, que os astrônomos vêem coisas que eles não reportam.

Na realidade, a parte importante de Confrontations, está nos últimos capítulos e se relaciona com as investigações que Jeanine e eu fizemos no Brasil. Fomos ao Brasil, especificamente, para checar estórias de pessoas que haviam sido feridas pela exposição às luzes dos UFOS. Ficamos por lá, cerca de duas semanas, indo de uma cidadezinha a outra e conversando com o povo. Não atingimos nada mais do que a superfície, mas em dez dias, falamos com umas cinqüenta pessoas que foram feridas por estes raios e algumas delas haviam visto estes objetos, apenas, uma semana antes de nossa chegada”.

Eles viram a mesma classe de aparelho tecnológico?

“Muito semelhante. Havia uma variedade de objetos, mas os que emitem estes raios são clássicos, em termos de modelo. São objetos semelhantes a uma caixa retangular que não fazem barulho ou apenas um “hum”, como o barulho de um refrigerador. Eles chegam à noite e o raio é uma luz que não só queima como alfineta. Quando perguntávamos aos brasileiros sobre o fenômeno, descobríamos que eles não o vêem como uma coisa de um outro planeta, mas algo que vem de um plano espiritual. Esta é a sua colocação, mas não oferecem maiores e mais profundas explicações. Havia um rapaz, um amigo, que era cego e havia desenvolvido poderes paranormais, tentei faze-lo falar. Perguntei-lhe qual a espécie de espíritos que ele havia encontrado, mas ele era muito humilde e franco. Disse-me que ele podia invocar os deuses da sua tradição, mas aquelas coisas eram alguma outra coisa. Algo semelhante a: -“Sim, estas coisas existem, mas estão além do meu alcance.”

Na sua cultura, esta explanação poderia ser olhada como algo de mais absurdo do que atividades extraterrestres.

“É o absurdo, a mesma coisa que ouvi de pessoas da nossa cultura: o absurdo. Mas o absurdo não significa falta de sentido. O absurdo é um sinal que possui a propriedade de tirá-lo da sua maneira habitual de pensar, para introduzi-lo em uma outra forma de pensamento que você não sabe que existe. O absurdo força você a perceber a realidade de um outro nível. Os Koans do Zen Budismo, por exemplo, são absurdos, mas a sua intenção, em serem absurdos, é a de parar com o seu processo habitual de pensar. Eles fazem você ficar consciente do seu processo mental, parando este processo.”.

E qual o tipo de estado mental foi criado nestes aldeões?

“O “dia seguinte” a um encontro, as testemunhas estavam extremamente fracas e mal podiam andar. Foram levadas a um médico, se havia algum por perto. Falei com alguns destes médicos, um deles havia tratado de trinta e cinco pessoas, na boca do Amazonas.”.

O que você pensa disto? Tal concentração de atividade em uma área?

“Você encontrava a mesma coisa na União soviética, mas ninguém comentava isto”.

Existem pessoas queimadas por raios na União Soviética?

“Sim, mas não ouvi casos de verdadeiras injúrias na Rússia embora tenha escutado a respeito de raios derretendo o asfalto. Passei uma semana com uma jornalista francesa na União Soviética” (Jornal Infinito: pesquisa do Caso Voronezh).

“Penso que a penetração básica para mim, é a de entender que o fenômeno UFO não é um sistema. Se fosse um sistema poderíamos, provavelmente, entendê-lo. Somos muito bons em analisar sistemas quando estes sistemas são sociais, sistemas de “hardware” ou sistemas físicos. Penso que não chegamos ainda a lugar algum, porque necessitamos investigar o fenômeno, não como a um sistema, mas como sendo um meta-sistema. Em outras palavras, é um sistema gerador de sistemas. Para lhe oferecer uma analogia simples, suponhamos que iremos estudar uma civilização sobre a qual sabemos muito pouco. Assim, vemos, Sábado à noite, que uma multidão se dirige a um certo edifício. Perguntamos? “Porque vocês estão indo para lá?” E eles respondem: “Oh, foi sensacional, assistimos Bambi.” Anotamos a experiência muito consistente, pois basicamente, todos dizem a mesma coisa. Atravessamos a rua e fazemos pergunta idêntica a uma outra multidão, que está indo para outro edifício, e as pessoas respondem: “Fomos assistir Rambo.”
Uma informação, também consistente, mas diferente da outra. O próximo passo é nos encaminharmos aos edifícios para checarmos as coisas por nós mesmos. Tudo o que vemos é uma tela branca e uma série de cadeiras defronte da tela. A teoria óbvia é psicológica – estas pessoas gostam de se encontrar aqui e suas consciências criam mitos das suas próprias fantasias. Umas amam Bambi e as outras, Rambo. Assumimos que não há realidade física alguma. Podemos estar errados nesta assumpção, mas é uma teoria a ser desenvolvida.”

“As pessoas fazem o mesmo em relação aos UFOS. Dizem: “É mitologia, Vem do inconsciente em um certo tempo. Às vezes gosta de se assemelhar à Virgem Maria, em outras vezes se parecem com as fadas, e em certos tempos, gostam de se assemelhar a naves espaciais.”

“Bem, se você for ao cinema enquanto o filme está sendo rodado será totalmente diferente, porque agora, estará acontecendo uma experiência sensória – você vê, você reage ao que vê!”

“O que vê acelera o seu coração e causa muitos fatores fisiológicos em você. Mas isto significa que Bambi existe? É lógico que não. Há uma falha básica neste nível de análise, e creio que é uma armadilha na qual toda a ufologia, e em especial a americana, caiu nela. Há, apenas, uma leitura superficial. Penso que é o que está acontecendo com a pesquisa da abdução atualmente. Quando eles hipnotizam testemunhas e elas regridem à experiência, o que elas conseguiriam de fato, seria somente uma tela branca. Não acredito que possam atingir uma realidade”.

“Ao invés de olhar para a tela, o que desejo é dar meia volta e olhar em outra direção. Se fizer isto, verei um buraquinho no topo da parede com uma luz vinda de lá. É nisto que desejo embarcar. Desejo roubar a chave da cabine do projecionista e depois voltar lá quando todos se forem. E o que eu encontrar lá será um meta-sistema. É um sistema de rodas que pode gerar o que você quiser – Bambi, Rambo, Encontros Imediatos… Este é o meu próximo projeto: interferir com o próprio fenômeno e de brincar com o projetor. Penso que se assim nós o fizermos o forçaremos a reagir”.

Como fazer este tipo de coisa? Como você pode saber o tempo onde isto irá acontecer para que você possa interferir com ele?

“Não sei, mas talvez haja um modo de saber. Se isto é um sistema de controle, então há um ponto de “feedback” em algum local. Uma vez que você o encontre, poderá atarraxa-lo em volta dele mesmo.”.

Você possui algum tipo de conhecimento de que haja algum tipo de tecnologia avançada possuída por seres humanos neste planeta, que poderia ser responsável por tal fenômeno?

“A tecnologia existente pode assumir muitas coisas relatadas pelas pessoas. Pense na bomba Stealth, por exemplo. Estou convencido de que algumas das quedas de naves comentadas, falam dos princípios das experiências com a bomba Stealth. Duas coisas apontam nesta direção: as formas e métodos através das quais foi resgatada e os locais onde se originaram os relatos. Penso que as testemunhas estavam, de boa fé, relatando algo que foi uma experiência militar, Outra coisa, deveria ser óbvia se pensar nisto, é que as pessoas que estão no comando para preservarem a segurança do local da “queda” ficariam deliciadas se as testemunhas acreditassem que viram um disco voador. Em alguns casos, penso que a estória da do local da “queda”, foi plantada para assegurar que a testemunha poderia ser desacreditada se descrevesse alguma coisa muito estranha caindo do céu e sendo descartada pelos militares. Penso que foi exatamente o que aconteceu. Eles ficariam encantados em usarem a narrativa acerca do UFO. para encobertar a verdadeira estória. Se dez anos depois, você preencher uma “requisição de informação”, você encontrará a estória encobertada, como sendo uma estória contrária ao relato real do fato. Como resultado, você pode passar anos tentando compreender este fato, porque ele jamais irá levá-lo ao que seria a tecnologia real. Agora que conhecemos um pouquinho mais sobre estas experiências, penso que podemos colocar dois mais dois juntos. Em decorrência, isto não explica o que sucedeu em 1947, ou 1964, porque mesta época nós não tínhamos nada parecido com o Stealth.”

Você já chegou ou tem quaisquer provas, na sua mente, de que o governo tem a guarda de alienígenas? Muita coisa está vindo à tona agora, na mídia. É muito interessante.

“Sim, é muito interessante em um nível sociológico, porque, quando você começa a observar uma aceitação crescente desta hipótese, compreende que as pessoas podem estar, talvez, mais interessadas em satisfazer a lógica do que à verdade. A reação típica é esta: “esta classe de informação somente poderia ser dada por alguém, do lado de dentro, e que tem acesso a ela. Portanto, a estória é real e verdadeira.”Tudo o que isto realmente significa é que alguém, do lado de dentro, possui alguma razão para liberar a estória. Mas isto não significa que ela seja verdadeira”.

Porque alguém gostaria de plantar este tipo de estórias?

“Bem, podem existir várias razões. Escrevi uma novela, “Arlental”, de muito sucesso. Na novela existe uma agência chamada “A Agência da Inteligência Alienígena”. Uma das coisas que esta agência faz é usar a crença, ou expectativa sobre os UFOS na população, como suporte para a sua própria propaganda. É uma explicação.”

Qual é a proposta a que serve este tipo de propaganda?

“Há várias propostas. Uma delas é o exercício psicológico da arte da guerra. Em Arlental, as pessoas encaravam a história cinicamente. A Primeira Guerra Mundial foi uma guerra de camponeses – a massa contra ela mesma. A Segunda Guerra foi diferente. Foi uma guerra dos poderes econômicos e industriais onde o que determinou a vitória tinha muito pouco a ver com números. Tinha a ver com a maior capacidade de produção de mais tanques, aeroplanos e armas, por dia, do que a do seu antagonista. Os mesmos cínicos decidem que a Terceira Guerra Mundial será uma guerra de sistemas de informação, que tem a ver com o controle dos sistemas de crenças das massas por pequenos grupos de pessoas, que vivem em ambientes secretos, com meios muito sofisticados de comunicação: computadores, satélites e coisas assim. A sua assunção, na novela, é a de que a chave de controle do mundo, hoje, é o controle dos sistemas de crença nas massas. Não são as armas nucleares na verdade, sabemos que não poderemos usá-las. De fato, é isto que está acontecendo no mundo atual. Vejam qual é a influência maior atualmente. O capitalismo é a predominância no desenvolvimento da Polônia. A força das crenças islâmicas estão influenciando, predominantemente, as polícias russas. O controle de crenças é um ponto de culminante importância. Dentro deste contexto os UFOS são muito importantes, porque, se você pode fazer o povo acreditar em que os extraterrestres estão chegando, então poderia usar a força deste medo para realizar o que quiser.”

– Parte de uma entrevista de Jacques Vallee feita com J. R. nos inícios da década de 1990: aos 14/11/1990.
Chamando a si mesmo de “o herético entre os heréticos” Vallee, mais recentemente, foi entrevistado por Jonathan Vankin e permanece alimentando as mesmas idéias.

Entrevista à “GCAT

GCAT: Por que os americanos são obssediados com a idéia que os pilotos dos OVNIs são alienigenas do espaço exterior?

Vallee: Eu penso que os americanos , se eles estão interessados no assunto, são muito literais. Eles querem chutar os pneus , que é o que um bom americano quer fazer. Eles querem fazer engenharia reversa no sistema de propulsão. E quando eu digo , “Olhe , talvez estas coisas não tenham um sistema de propulsão” , voce obtem uma estranha reação . Exatamente , se voce lembrar , em Encontros do 3 Grau , o personagem de Truffatt ficava dizendo que aquilo era um fenomeno sociológico , não exatamente fisico . E ele consegue um monte de problemas com isto.

60GCAT: Neste ponto voce subscreveu à teoria que os Ovnis podem ser extraterrestres na sua origem. . .

Vallee: Quando conheci Spielberg , eu argumentei que o objetivo seria mais interessante se ele não fosse extraterrestre. Se fosse real , físico , mas não extraterrestre. Então ele disse , “Voce provavelmente esta correto , mas não é o que o publico esta esperando — isto é Hollywood e eu quero dar as pessoas algo próximo aquilo que elas esperam.” O que é razoavel.

60GCAT: Então o que temos de certo sobre o fenomeno dos Ovnis?

Vallee: Existe um fenomeno . Não sabemos de onde ele vem. Ele é caracterizado pelos seus traços físicos. Oitenta por cento dos casos tem explicações triviais. Mas eu estou falando sobre o amago do problema. Ele parece envolver uma quantidade imensa de energia em um pequeno espaço físico, ele parece envolver microondas pulsantes, entre outras coisas. Não existe muito conhecimento sobre o efeito das microondas no cérebro , então é muito possivel que algumas das histórias que voce consegue das pessoas são essencialmente alucinações induzidas em testemunhas sinceras — as testemunhas não estão mentindo. Elas realmente estiveram expostas à alguma coisa genuina mas não existe meio de voltar ao que era esta coisa , baseado em suas descrições, por que o seu cérebro foi afetado pela proximidade desta energia. Tendo dito isto , eu tive um monte de colegas na ciencia e na tecnologia que eu respeito que dizem-me que isto pode ser um fenomeno natural — isto pode ser uma desconhecida forma de energia na atmosfera. Nós não sabemos muito sobre o efeito de campos eletromagnéticos no sistema nervoso. Nós estamos descobrindo aos poucos. Na medida que pesquisamos o assunto. Então é bem possivel que seja um fenomeno como este, uma coisa bem expontanea. Ou então ele pode ser artificial. Se é artificial , o fenomeno pode vir de uma outra forma de consciencia , que pode ou não ser extraterrestre. Existe um universo enorme por aí afora. Como podemos dizer de onde a coisa vem? Nós podemos apenas especular a respeito.

60GCAT: Como podemos usar a nossa tecnologia atrasada para investigar o assunto?

Vallee: Onde eu penso que esta tecnologia pode ser util , é em pesquisar caminhos. E eu fiz tudo o que alguem pode fazer . Eu construi , com minha esposa , o primeiro banco de dados de computador de avistamento de OVNIs. Mas onde eu penso que computadores podem ser de grande ajuda é na aplicação da inteligencia artificial, razão e dedução dos relatos que tem causas naturais. Eu desenvolvi um protótipo de software disto , que é chamado OVNIBASE , que eu converti para o frances CNES , presumivelmente eles estão desenvolvendo uma nova versão dele, e rodando em seus próprios banco de dados.

60GCAT: E sobre as outras tecnologias que podem nos ajudar a analisar evidencias melhor do que fariamos , por exemplo, há 10 anos atrás?

Vallee: Digitalização de fotografias é muito util. Em meu livro Confrontos , eu menciono a fotografia que eu trouxe da Costa Rica , que era incomum porque o objeto estava sobre o lago ( Lago de Cote ) , então havia um fundo negro bem uniforme . Tudo é conhecido sobre o avião que tirou a foto . No instante que a foto foi tirada ( em 1971 ), ninguém no avião tinha visto o objeto. Foi apenas quando o filme foi revelado que o objeto foi descoberto. A câmera usada estava excepcional : Ela produziu um negativo — 10 polegadas , muito detalhado. Voce pode ver vacas pastando no campo . O tempo é conhecido ; a latitude , longitude e altitude do avião são conhecidos . Então nós passamos um longo tempo analisando a fotografia , sem encontrar uma obvia resposta natural para o objeto. Ele parece ser muito grande e de forma sólida. Eu obtive o negativo do governo da Costa Rica — se você não tem o negativo , a analise é uma perda de tempo. Eu também obtive o negativo da foto tirada antes e depois daquela , todas sem cortes. Eu levei os negativos a um amigo meu na França que trabalha para uma firma que analisa digitalmente fotografias de satélites. Ele digitalizou a coisa toda, e depois analisou-a da forma o mais completa possível, e não conseguiu encontrar uma explicação para o objeto.

60GCAT: É duro para os americanos conviverem com a idéia de que os OVNIs podem ser a manifestação de uma outra dimensão. . .

Vallee: Você tem que manter a sua mente sempre aberta. O que eu tento fazer é o que um policial investigador faz: eu tento ouvir a testemunha ao invés de projetar minhas próprias teorias. Teorias existem às dúzias. Elas não trazem nada de útil. São quase sempre inúteis, eu penso, simplesmente ouça o que as pessoas estão lhe dizendo, e eu tenho tentado isto não só aqui nos EUA, mas também na Europa e outros lugares que eu visitei, como o Brasil e a Argentina, e tento encontrar novos caminhos.

60GCAT: Você tem sido uma figura controvertida entre os pesquisadores de OVNIs, principalmente por que você mantém teorias mais exóticas do que aquelas que o paradigma dos UFOs provenientes do espaço exterior.

Vallee: Eu tenho criado atrito com um numero elevado de crentes em UFOs. Numero um, porque eu não estou pronto para pular para qualquer conclusão que seja necessariamente extraterrestre — nós não somos suficientemente espertos para saber o que eles são neste ponto. E a pesquisa não o fez. Eu certamente relembro o suficiente do meu treinamento como astrônomo para lhe dizer que o universo é grande o bastante para ter outras formas de vida que não as nossas; no mínimo esperamos que assim o seja. Mas até o momento não o podemos provar. Logo nós não podemos ver como eles podem vir aqui — provavelmente eles são muito mais avançados com respeito à Física, e devem ter conseguido um meio de o faze-lo. Mas isto não explica os OVNIs. Eu também antagonizei uma porção de pessoas porque eu penso que o modo como são manuseadas as abduções são incorretas. Não apenas erradas cientificamente, mas erradas moralmente e eticamente. Eu tenho falado as pessoas, não deixe ninguém hipnotiza-lo se você ver uma estranha luz no céu. Eu penso que um monte destas pessoas proeminentes na mídia e no National Enquirer e nos “talk show” e por aí afora estão criando abduzidos sob hipnose. Eles estão hipnotizando todo mundo que tenha tido alguma estranha experiência e dizendo-lhes que eles foram abduzidos por mera sugestão. E eles estão fazendo isto com boas intenções. Eles não tem noção exata do que estão fazendo. Mas no meu modo de pensar, isto é anti-ético.

60GCAT: O que você pensa de John Mack, um psicólogo de Harvard que acredita que as abduções alienígenas são um fenômeno real? É claro, ele usa hipnose em seus pacientes para liberar “memórias reprimidas” destas abduções.

Vallee: Eu o respeito por sua coragem em tratar deste assunto, mas não concordo com os seus métodos.
Eu tive algumas testemunhas que queriam ser hipnotizadas, levei-as em apenas dois casos de 70 no total de casos de abdução que eu estudei. E usualmente os especialistas dizem-me que a hipnose não é necessariamente o melhor meio de auxiliar estas pessoas. Não é nem mesmo o melhor método de recuperar memórias. Pode ser útil em casos específicos. Mas eu nunca hipnotizei ninguém, eu não sou qualificado para fazê-lo.

60GCAT: Como você ficou inicialmente interessado em fenômenos paranormais e OVNIs?

Vallee: Eu comecei querendo fazer astronomia e arruinei uma perfeita carreira na ciência por ficar interessado em computadores. Isto foi na França nos tempos iniciais dos cursos de computação nas universidades francesas. Meu trabalho inicial foi no observatório de Paris, monitorando satélites. E começamos seguindo objetos que não eram satélites, e então decidimos prestar atenção a estes objetos mesmo que eles não estivessem no escopo dos satélites normais. E uma noite obtivemos onze pontos de dados de um destes objetos — ele era muito brilhante. E era retrogrado. Era o tempo em que não era possível um foguete poderoso o suficiente para lançar satélites retrógrados. , um satélite que vai em sentido contrário à rotação terrestre, onde você obviamente necessita compensar a gravidade terrestre dirigindo-se na outra direção. Você tem que alcançar a velocidade de escape na direção oposta à rotação da Terra, o que necessita um monte a mais de energia do que na direção direta da rotação terrestre. E o homem a cargo do projeto confiscou o tape e o apagou na manhã seguinte. Então foi isto que me deixou interessado. Porque acima deles eu pensei, cientistas não parecem interessados em OVNIs, astrônomos não reportam nada não usual nos céus, logo não é nada que tenha a haver com eles. Efetivamente, eu estava na mesma posição que muitos cientistas estão hoje em dia — você confia em seus colegas, e porque você não vê nenhum relatório de testemunhas técnicas creditáveis, você assume que aquilo não é nada. E lá estava eu com um relatório técnico — eu não sabia o que era ou foi aquilo. Não era um disco-voador — ele não pousou próximo ao observatório. Mas permanece sendo um mistério. E invés de olhar para os dados e preserva-los, nós os destruímos.

60GCAT: Por que ele o destruiu?

Vallee: Justamente por medo do ridículo. Ele pensou que os americanos iriam rir de nós, se nós o enviássemos — todos os dados de satélites estavam concentrados nos EUA. E nós estávamos trocando informações (dados) com instituições internacionais. E ele não queria que o observatório de Paris parecesse tolo por reportar algo que não conseguia identificar nos céus. Isto era 1961. Depois eu descobri que outros observatórios fizeram exatamente a mesma observação, e de fato os americanos monitorando estações tinham fotografado a mesma coisa e não conseguiram identifica-lo também. Era um objeto de primeira magnitude: ele era tão brilhante quanto (a estrela) Sirius.
Você não conseguiria perde-lo. Ele não reapareceu nas semanas seguinte. Aquilo era uma pequena anedota, mas para mim o fato de o destruirmos foi mais importante que o que nós vimos. . E reabriu a questão fundamental para mim: O que os cientistas estão observando e não estão falando a respeito? E então eu comecei a extender uma pequena rede de cientistas, que permanece ainda ativa, e descobrir que havia uma porção de dados que nunca foram publicados. De fato, os melhores dados nunca foram publicados. Eu penso que uma boa parte de mal entendidos a respeito dos OVNIs entre os cientistas é devido ao fato que eles nunca têm acesso aos melhores dados.

60GCAT: Por que os melhores dados nunca foram publicados?

Vallee: Eu falo com um monte de companhias técnicas onde os executivos são conscientes dos meus interesses, e eu tenho um monte de relatórios com o selo de confidencialidade de pessoas nas ciências e nos negócios que tem visto coisas. Há cerca de um ano atrás, um vice-presidente da IBM me puxou de lado após uma conferencia e disse, “Você é o mesmo Jacques Vallée que é interessado em UFOs?” e ele descreveu um perfeito clássico encontro com um OVNI que ele e a sua família tiveram no estado de Nova York. Não era nada que estaria no National Enquirer.

Eu conheci um homem que é presidente de uma companhia técnica no Silicon Valley , ele queria contar-me sobre as suas experiências. Ele tinha sido um elevado oficial da marinha no comando de um grande navio, e ele teve três experiências com UFOs, duas delas em serviço numa muito sensível posição — e uma vez quando ele era um piloto de testes. Ele nunca reportou nenhum dos encontros, mesmo quando ele era piloto. Eu disse, “Você não era obrigado a reportar tal incidente?” E ele disse, “Talvez eu fosse, mas se eles tivessem a mínima dúvida sobre o que você está vendo lá em cima, você será considerado louco — e eles não o deixarão se aproximar de um cockpit de um avião experimental nunca mais”. E ele continuou, “Se você é um piloto, você quer é voar. Você não que ficar os próximos meses preenchendo formulários para um bando de psiquiatras”. O que realmente iria acontecer. Eu penso que qualquer piloto lhe dirá a mesma coisa, você sabe, sobre uma cerveja. Então estes são os casos que eu estou interessado. Os casos que não foram reportados na imprensa, que não foram distorcidos no re-depoimento. Quando eu tenho tempo, eu sigo um destes casos com meus próprios recursos basicamente por curiosidade, sem idéias preconcebidas.

60GCAT: Mas os céticos argumentam que mesmos estes podem ser casos anedóticos, visto que não existem dados científicos. . .

Vallee: Existem uma quantidade enorme de dados — e isto pode ser analisado futuramente. Mas eu não penso que isto irá gerar um propulsor para um disco voador. Eu penso que serão coisas que serão interessantes se você encontrar o caminho para o material. Eu sou cético sobre histórias sobre discos espatifados. Eu mantenho uma mente aberta sobre isto mas eu ouvi tantas histórias por tanto tempo e nada realmente tangível . Também sou cético por outra razão: Nós construímos tecnologia agora que é realmente útil onde é necessária. Com que freqüência o seu Winchester (disco rígido) se quebra? Eu digo, se você mantiver seu computador por 15 anos, eventualmente o disco rígido irá se quebrar. Mas você não espera que ele se quebre. Se você vai construir uma tecnologia que permite cruzar o espaço inter-estelar , ela será bastante confiável.

60GCAT: Em seus livros, você detalha a melhora de dados nos casos europeus.

Vallee: Existe uma unidade do CNES , que é o equivalente francês da NASA, que tem permissão para investigar qualquer caso de UFO. Eles começaram na metade dos anos 70 e eles tem caminhado desde então. Eles encontraram uma infinidade de casos que não pode ser explicado, e alguns casos nunca foram publicados com todos os dados. Casos onde existem traços no chão, onde existe evidencia de calor, evidencia de radiação, incluindo radiação por microondas pulsantes, e evidencias de plantas (vegetais) sendo afetadas. Novamente, isto não prova nada. Apenas prova que alguma coisa esteve lá. Não diz o que era. Mas é certamente uma evidencia técnica valida. Este dado não lhe diz se o fenômeno é natural ou não, porque ele não diz o suficiente sobre as condições onde tal aconteceu. E isto é onde eu penso que uma quantidade maior de pesquisas deve ser feita. Pessoas vem a mim dizendo, “Olhe, eu era um piloto ou uma estação de radar, e nós monitoramos UFOs — nós gravamos os dados, e eu era o piloto e segui uma destas coisas e tirei fotos com a câmara de bordo. Quando eu posei havia um sujeito esperando por mim, em blue jeans e um suéter, que disse” Você não viu nada lá em cima”. Ao mesmo tempo, um outro cara com uma chave de fenda esta soltando a câmera da fuselagem. Usualmente as testemunhas não tem a mínima idéia de onde estes sujeitos aparecem. Mas alguém tem um monte de dados, e eu penso que estes dados brutos podem ser transformados em ciência, certamente o miolo de 20 anos atrás — Eu digo, o quanto confidencial pode ele ser? Hoje, podemos conhecer se ele é um inimigo, então devemos enviá-los para a comunidade cientifica. Deixe os céticos analisarem do seu ponto de vista e deixe qualquer um analisar do seu ponto de vista. Este é o modo que a ciência deve funcionar.

60GCAT: Vamos falar sobre as outras formas de evidencia bruta que os cientistas podem olhar quando estudam o problema dos OVNIs. De inicio, pedaços de metal derretido, o chamado “liquid sky”

Vallee: Por sí próprios, estes pedaços não representam evidencia. Mas a existência deste material mostra que existem informações que os cientistas podem pesquisar. Quando nós recebemos de Bogotá na Colômbia, amostra (supostamente remanescente de um liquido ejetado de um disco voador sobre a Universidade de Bogotá nos meados dos anos 70) nós salvamos um pequeno pedaço para analise. Demonstrou-se ser a maior parte alumínio. Novamente, isto não prova nada: você pode fazer uma porção deste material em seu jardim simplesmente pondo metal liquido em uma piscina de água. Metalurgicamente, a amostra de Bogotá não é incomum — exceto que ela sofreu um aquecimento violento, não até o ponto de ebulição mas além dele. Meu ponto tem sido sempre que é interessante ver que caminhos surgem das analises destas amostras. Se você ficar picando amostras como estas , elas podem direcionar a sua pesquisa em um determinado rumo.

60GCAT: Uma teoria diz que este metal liquido é parte do sistema de propulsão dos OVNIs.

Vallee: Existem motores (terrestres) que usam metal liquido — usualmente mercúrio — para contato (elétrico) em liquido. Mas a temperatura necessária para liquefazer o alumínio e outros metais costumam ser muito elevadas.

60GCAT: E sobre as amostras de “liquid sky” que são de feitura levemente mais exótica que a escória de alumínio?

Vallee: A única que parece incomum é a que o Prof. Peter Sturrock (um físico de plasma da Universidade de Stanford) tem. Ela veio de Ubatuba no Brasil. No inicio do ano de 1930, um objeto explodiu sobre uma praia em Ubatuba. (Em 1957, um alegado fragmento desta explosão apareceu, sua origem é desconhecida). Uma analise para a Universidade do Colorado e Stanford confirmou que o material era oxido de magnésio, com uma quantidade mínima de impurezas. Se o metal realmente era originário de 1930, então é algo bem incomum devido ao fato que a tecnologia da época não permitiria este grau de pureza com extrema facilidade.

60GCAT: Vamos falar sobre a implicação de suas pesquisas. Se o fenômeno OVNI é real, mas não são alienígenas do espaço exterior, estamos falando sobre novos modos de pensar sobre a realidade e a cosmologia, não estamos?

Vallee: Sim. Neste sentido, o fenômeno é muito mais importante do que os visitantes de outro planeta seriam. Porque isto altera fundamentalmente a natureza da realidade. Se os UFOs são uma realidade física, eles certamente violam tudo que pensamos conhecer sobre a realidade. Existem relatos de OVNIs materiais que se tornam imateriais e desaparecem num “flash”.

60GCAT: Suas teorias sobre UFOs e outros fenômenos “paranormais” envolve sua metáfora do “universo informal”, onde o tempo e o espaço e talvez outras dimensões podem agir como um banco de dados de um computador cósmico. O que você pretende dizer com isto?

Vallee: Você pode conseguir uma consistente representação da realidade se você olhar para o mundo como uma coleção de eventos, ou “exemplos” (como a filosofia de Ocasionalismo o fez no século onze), muito mais do que uma coleção de objetos materiais movendo-se em um espaço tridimensional na medida que o tempo flui. Na realidade virtual, é claro, você não pode dizer a diferença. No mundo real a informação e a energia são atualmente a mesma quantidade física. Em um universo visto como de “eventos informais” você deve esperar coincidências, telepatia, realidades múltiplas e todas estas coisas que pareceriam impossíveis no universo energético de 4-D. Para mim esta é a razão porque os OVNIs são interessantes. Eu não tenho uma teoria pessoal para “explicar-los”, mas eu os vejo como uma oportunidade de postar novas questões. Se é verdadeiro que a informação reside nas questões que nós fazemos, caminhar com problemas incomuns pode ser mais importante que obter as respostas, neste estágio de nosso limitado conhecimento do universo.

60GCAT: Então a realidade é como um banco de dados de computador na qual uma palavra de busca correta (ou “encantamento”) pode ocasionar que pedaços de informação — um OVNI , um fantasma ou outra anomalia — se materializem .

Vallee: Se você pensar (a realidade) como o software para o universo, tudo que alguém precisa fazer é alterar uma vírgula no programa e a cadeira que você está sentado não será mais uma cadeira de forma alguma. O maior beneficio deste modelo é que ele manuseia anomalias muito bem. Coincidências serão de uma expectativa normal. Se você endereçar um banco de dados com uma questão sobre a palavra “piscina” você obterá complementos como óculos de sol, loções de bronzeamento, bolas e um ou dois prospectos de investimento. Em parapsicologia sujeitos premiados podem estar forçando coincidências similares entre locais ou mentes separadas. Um modo de testar a teoria é criar anomalias massiças de informação e ver o que acontece quando elas entram em colapso.

60GCAT: Claro que, agora você está falando sobre a intersecção de ciência e misticismo. Você se considera uma pessoa mística?

Vallee: Eu nunca fico confortável com uma arbitrária separação do mundo entre universo físico (que é presumivelmente aquele que a ciência estuda) e o psicológico, social e psíquico lado da vida. Para mim esta separação arbitrária é a maior fraqueza do nosso sistema intelectual. A maior parte dos cientistas estudam astronomia desde uma idade prematura, como eu fiz, provavelmente motivados por algo semelhante ao desejo místico de entender o céu noturno e abraçar o seu maior significado. Como o tempo passa, é claro, este desejo se corrompe e se torna trivial. No meu caso eu o manejei de forma a manter esta curiosidade sempre nova sobretudo porque eu não tive uma “experiência mística” no sentido religioso, eu sempre suspeitei que deve haver um outro nível de consciência e que isto sempre foi acessível para a mente humana. Eu tenho encontrado sentimentos similares entre muitos programadores da Net, que foram projetados ao trabalho de rede pela impressão de operarem, apesar dos normais limites de tempo e espaço, algo próximo aquilo que os místicos descrevem, se bem que de um modo muito mais mundano.

60GCAT: Você disse que os OVNIs representam uma forma de inteligência alienígena que esta manipulando continuamente a sociedade humana. Como e com que finalidade?

Vallee: Uma nova analise computacional de tendências históricas, compilado nos anos 70, fez-me plotar um gráfico impressionante de ondas de atividade de UFOs que podiam ser qualquer coisa mas periódicas. Fred Beckman e o Dr. Price Williams da UCLA apontaram que isto remontava uma programação de reforcamento típico de uma aprendizagem ou processo de treinamento: o fenômeno era mais um sistema de controle que mais que um evento exploratório de alienígenas viajantes.
Existem muitos sistemas de controle ao redor de nos, e alguns são parte da natureza: ecologia, clima, etc.. Alguns são feitos pelos homens: o processo de educação, o termostato na sua casa. Se o fenômeno dos UFOs representa um sistema de controle, podemos testá-lo para determinar se ele e natural ou artificial, aberto ou fechado? Esta e uma das mais interessantes questões sobre o fenômeno que nunca foram respondidas.

60GCAT: Falando de sistema de controle, alguns dos outros caminhos nas pesquisas de OVNIs tem permitido sugerir que de tempos em tempos agencias governamentais, cultos e outros grupos interessados em manipular crenças pessoais tem projetado fraudes e decepções de OVNIs. Agora estamos realmente sendo conspiracionais. . .

Vallee: Eu penso que o lugar onde a ufologia — no modo que esta desenvolvida hoje — bate com os meus interesses na comunicação, e os meus interesses nos grupos de trabalho é na manipulação e na decepção. Eu penso que e uma área na qual as pessoas deveriam ser cautelosas. Porque eu penso que um monte de coisas que estão sendo discutidas hoje em dia, entre pessoas que acreditam em UFOs, tanto podem ser místicas como parte de alguma forma de manipulação de alguma espécie, que incluem historias de pequenos alienígenas, híbridos e abduções e por ai em diante. Um monte que pode ter sido tanto como material que os cultos injetaram na cultura porque isto se ajusta com suas próprias fantasias sobre um final do mundo ou do milênio e com todo o resto. Ou, em um sentido mais sinistro, em alguns casos que eu investiguei, a decepção esconde um experimento de controle de mente. Qualquer um que e’ consciente de tecnologia hoje em dia deve saber que há mais do que um caça stealth voando por ai. Nos temos capacidades, teóricas ou praticas, para fazer qualquer tipo de coisa. Existe um desenvolvimento maciço de plataformas naoletais do que aquelas que devem ser testadas em algum lugar, eles tem que ser disfarçadas como algo mais de tempos em tempos. Tem sido desenvolvido maciçamente os RPVs — remotely piloted vehicles — alguns dos quais são em forma de disco. Existe um maciço desenvolvimento de tecnologias de baixa observação que são usadas em reconhecimento e podem ser usadas para qualquer tipo de coisa. E em muitos casos, os UFOs não são simplesmente fantasias nas mentes de algumas poucas testemunhas , mas foram plantadas como parte de uma cobertura para uma mui terrestre tecnologia que esta sendo desenvolvida.

60GCAT: O culto UMMO, que você discutiu extensamente em seus livros, Revelações e Mensageiros da Decepção, tem um impressionante história de uma elaborada decepção. Fale-nos a respeito.

Vallee: Eu penso que o mito UMMO começou com um grupo pequeno de pessoas, essencialmente cultistas. O que era intrigante sobre UMMO eram todas suas revelações pseudo-cientificas (supostamente mandados aos cientistas terrestres como Vallée por parte dos UMMOitas, seres que vieram de um planeta 14,6 anos luz distante do nosso Sol). Mas estes supostas revelações não estavam dentro do estado da arte. Eles não vieram com provas do teorema de Fermat ou algo parecido, era uma perfeita ficção cientifica.

60GCAT: E sobre a teoria francesa que UMMO era um experimento psicológico?

Vallee: Sim, eles pensavam que o culto foi utilizado ou manipulado pela KGB . Por causa de uma coisa, alguma de suas idéias — alguns dos dados que foram supostamente canalizados da organização UMMO nos céus era de uma cosmologia muito avançada. Uma muito avançada cosmologia sobre dois universos envolvendo alguns dados que não eram estúpidos — eles pareciam vir direto das anotações de André Sakarav , incluindo algumas notas não publicadas de Sakarav , algumas coisas que ele tinha trabalhado mas não publicado . E então algumas pessoas — e eu não sei quem estava certo — sentiram que alguém que tiveram acesso a estas notas, para inspirar estas mensagens, talvez a KGB. Isto não era exatamente ficção cientifica, era alguém que sabia o que os mais avançados cosmologistas estavam pensando.

60GCAT: Porque a KGB ou qualquer agencia iria perpetrar um engodo como este?

Vallee: Bem, deixe-me contar uma pequena historia. Cerca de quinze anos atrás havia um grupo que apareceu subitamente em São Francisco. Eles fizeram uma festa. E convidaram todos que eram alguma coisa em parapsicologia. E eles fizeram uma pequena fala dizendo,

“Nós temos todo este dinheiro de alguém que quer fazer o bem e ajudar nas pesquisas, sabemos que não existe muito dinheiro em parapsicologia, nós vamos atender propósitos de pesquisa, de-nos suas melhores idéias, nós enviaremos para um painel que ira revisa-las e fundear (financiar) as melhores pesquisas.”

Após a festa, um monte de pessoas correram para suas casas para seus computadores e digitaram suas melhores idéias, enviando-as — mas a organização nunca existira, nunca se ouviu falar dela depois disto. Alguém estava pescando alguma coisa.

Então tendo uma cobertura como um grupo algumas vezes, um grupo completamente estranho, pode ser um modo conveniente de obter inteligência técnica. Ë um bom meio de estabelecer uma base tecnológica. Então alguns destes estranhos grupos podem ser utilizados para isto. Agora, isto não explica porque eles fazem isto por dez anos seguidos. Neste caso de UMMO, porque eles vão em frente? Eu penso que UMMO se tornou um alinhamento de interesses por sí próprio. Ele se tornou um fim em sí mesmo porque muitas pessoas se projetaram psicologicamente nele. Eles começaram escrevendo coisas sobre cada um deles e isto se tornou um mito auto-sustentado. Eles continuam me mandando material. Existe um índice, catálogos; para algumas pessoas ele se tornou a própria vida. de forma crescente, estamos vendo estes estas espécies de cultos aparecendo na internet, no ciberespaço.

60GCAT: Existe algo nas comunicações on-line que ajudam a promover mitos e decepções?

Vallee: Porque vivemos em um mundo onde com os meios de comunicação são baseados em redes digitais, um grupo pequeno de pessoas pode ter um tremendo impacto na crença das massas. E nós ainda vivemos em um mundo onde a crença das massas é uma arma estratégica. Nós temos bombas H mas não podemos utilizá-la . Nós temos bombas de nêutrons, mas não podemos usá-las. Mas se acharmos um meio de influenciar crenças de massas de pessoas, isto seria de grande impacto estratégico. O grande problema no mundo são os problemas do fundamentalismo e da religião — seja islâmico ou outras formas de religião.

Estes são a grande força de desestabilização no mundo de hoje. Bem, crenças em Extraterrestres que venham aqui para salvar-nos podem induzir grande massas de pessoas com os significados técnicos que existem hoje em dia.

O potencial de contágio de crenças absurdas é real. Nas mãos de pessoas que podem deliberadamente usar a Internet para criar uma epidemia de irracionalismo nós podemos ver a emergência de uma nova classe de extremamente perigosos e poderosos cultos com toda a espécie de trapaças de alta tecnologia.

E eu penso que alguém tem que prestar atenção a este angulo. Então eu fui levado a isto encontrando — eu estava investigando alguns casos que eram fisicamente reais, mas eram engodos — mas não um engodo por parte da testemunha. E a história sobre o objeto foi de fato plantada.

O caso Bentwaters (no qual um americano a serviço da Força Aérea americana com base na Inglaterra observou um artefato em forma de disco pousar na floresta) é um clássico. Para o local de aterrizagem, eles tiveram um misto de guardas comuns, oficiais, sentinelas e então tiveram ordens de ir ao local dentro de um cenário (explicação). E isto não é o que aconteceria se o encontro fosse real — se um estranho objeto aterra na base você não manda centenas de pessoas sem armas. A coisa toda tinha todo o destino de ser planejada para os benefícios das testemunhas, então elas poderiam ser estudadas e, da mesma forma, as reações de diferentes tipos psicológicos e de diferentes níveis hierárquicos. E quando você pensa a respeito, não se torna tão estranho. Se você está a cargo de um projeto como este, você terá que testa-lo em condições onde ninguém está em perigo e você pode conseguir a maior quantidade de dados que precisar. Em casos como este — não muitos mas poucos deles — que eu investiguei , tive que concluir que foram testes de projetores de realidade virtual

60GCAT: Então deve haver aplicações militares para esta tecnologia da decepção?

Vallee: Nossos deuses sempre vem dos céus. E como um deus viria do céu hoje? Ele desceria em alguma espécie de nave espacial. Ele não apareceria simplesmente saindo das nuvens, eu quero dizer, que isto não funcionaria. Se bem que na Primeira Grande Guerra os alemães estavam usando guerra psicológica pela projeção de fotografias, slides, ao longo das linhas de defesa francesas. E eu estou certo que os franceses estavam fazendo a mesma coisa com os alemães. E deve haver alguns sofisticados dispositivos, agora, sendo utilizados em combate psicológico para criar visões, hologramas, para influenciar pessoas. Eles podem não funcionar com você ou comigo se sairmos para fora e virmos alguma coisa nos céus, eles podem não desestabilizar-nos. Mas se estivermos sob um monte de stress — se você estiver lutando por um mês em uma pequena ilha, e subitamente algo como isto acontece —

Eu me lembro de uma carta para a Força Aérea dos EUA de um homem que finalmente reportava algo que ele havia visto durante a Segunda Grande Guerra no Pacifico. Ele disse que estava no topo de uma pequena ilha num ponto de observação. Eles estavam esperando um ataque japonês. Eles tinham lutado intensamente por diversas semanas. Eles estavam justamente isolados. Eles viram um objeto no céu que era absolutamente físico, que circundou a ilha, era um disco, não apresentava meios de propulsão, nenhum barulho. Ele circundou a ilha e se foi. E o homem disse que nunca reportou-o, mesmo a sua própria esposa. A razão de ele não reporta-lo é que estes homens estavam sob um tremendo stress que ele não poderia quere que pensassem que o seu comandante estava dobrando-se (desmoronando). Então a mesma espécie de significado psicológico que não funcionaria com pessoas comuns podem funcionar em casos excepcionais.

60GCAT: E sobretudo ocultistas e crentes da realidade dos OVNIs — que estão sob alguma espécie de stress psicológico — podem ser vistos como alvos ideais para estes tipos de manipulação.

Vallee: Em alguns casos a comunidade ufológica pode ser simplesmente utilizada em algum experimento sociológico porque eles são um grupo conveniente de pessoas para serem vistos em como reagem a diferentes rumores. (Suponha que o governo perca uma arma nuclear em um pais estrangeiro) Você tem que ir e recuperar esta coisa. E você não pode dizer as pessoas o que você está fazendo, então você tem que ser muito hábil em plantar uma história. Você pode plantar uma história curta dizendo que isto era um disco voador de Vênus. Isto seria tão ridículo que cientistas não iriam checar. Você pode ter alguns jornalistas lá, mas você não poderá dizer-lhes o que você realmente quer, e você dá algumas fotos de qualquer coisa. E então o que você precisa é só distrair as pessoas por dois ou três dias, tempo de trazer o equipamento, conseguir qualquer coisa de fora, recuperar o que você esta procurando e ir embora. Eu penso que existem casos que foi o que exatamente aconteceu. E aqueles são da espécie de grandes historias de UFOs que as pessoas contam ao redor de fogueiras em acampamentos.

Mas eu penso que não existem OVNIs aqui. Eu penso que essas histórias de UFOs são inventadas — Eu estava dizendo no inicio que é saudável sermos cépticos. Eu respeito pessoas que tenham argumentos céticos lá. Jim Oberg, que era um especialista no programa espacial russo, apontava para mim que alguns dos avistamentos que eu publiquei provenientes da União Soviética — um estranho amarelado crescente visto correr os céus por diversas pessoas na URSS — era ensaios com foguetes que eram ilegais sob o tratado do SALT, e obviamente, eles não poderiam escondê-lo nos céus. . . Então o governo plantou a história que havia um disco voador, e foi o que foi para os jornais.

Novamente, a comunidade de pesquisas ufológicas é um laboratório formidável no qual se observa os efeitos da propaganda e da desinformação, desde que ela é “dirigida” em sua maior parte com a intenção de expor “o acobertamento”. Isto cria uma oportunidade para as pessoas para mascarar como bons rapazes e “revelar” toda a sorte de rumores inverificáveis. Eles encontram uma audiência receptiva porque o conteúdo é um de idéias não-conformistas, originais e ressaltadas. Não significa que vamos acreditar no homem que afirmou que estava na inteligência da NATO e viu documentos classificados sobre quatro raças de humanóides vivendo na Lua? Eu não penso que faríamos.

Fontes

http://www.jornalinfinito.com.br/series.asp?cod=65

http://www.vigilia.com.br/vforum/viewtopic.php?p=3836&sid=466ebff7365dece33ad9d5629a8a76df