Por Steven Bancarz | Traduzido pela equipe mundocogumelo
Recentemente publiquei um estudo científico que valida as experiências fora do corpo. Há uma grande variedade de dados existentes que seriam melhor explicados ao inferirmos a existência de uma alma não física. Um grande tabu que as pessoas eventualmente batem de fente, está agora tentando ser elucidado para entender como a alma poderia caber em nossa compreensão científica da consciência. Felizmente, agora temos um modelo teórico que explica a existência da alma e até mesmo da vida após a morte.
De acordo com o Dr. Stuart Hameroff, professor da Universidade do Arizona, uma experiência de quase-morte acontece quando a informação quântica que habita o sistema nervoso deixa o corpo e se dissipa no universo. Contrariando o que contam os materialistas da consciência, Dr. Hameroff oferece uma explicação alternativa de que consciência pode, talvez, ser pauta de ambas, mente científica racional e intuições pessoais.
A consciência reside, de acordo com Stuart, o físico britânico Sir Roger Penrose, (e também Robert Lanza (diretor científico da Advanced Cell Technology Company)) ; nos microtúbulos das células cerebrais, que são os sítios primários do processamento quântico. Após a morte, esta informação é liberada de seu corpo, o que significa que a sua consciência vai com ele. Eles argumentam que a nossa experiência da consciência é o resultado dos efeitos da gravidade quântica nesses microtúbulos, uma teoria que eles (Hameroff e Penrose) batizaram redução objetiva orquestrada (Orch-OR).
A consciência, ou, pelo menos, proto-consciência, é teorizada por eles como uma propriedade fundamental do universo, presente até mesmo no primeiro momento do universo durante o Big Bang. “Em um esquema desses, a experiência da proto consciencia é uma propriedade básica da realidade física, acessível por um processo quântico associado com a atividade cerebral.”
Nossas almas são de fato construídas a partir do próprio tecido do universo – e podem ter existido desde o início dos tempos. Nossos cérebros são apenas receptores e amplificadores para a proto-consciência que é intrínseca ao tecido do espaço-tempo. Então, há realmente uma parte de sua consciência que é imaterial e vai viver após a morte de seu corpo físico?
Dr Hameroff disse no documentário “Through the Wormhole” do ‘Science Channel’: “Vamos dizer que o coração para de bater, o sangue para de fluir, os microtúbulos perdem seu estado quântico. A informação quântica dentro dos microtúbulos não é destruída, ela não pode ser destruída, ele só se espalha e se dissipa com o universo em geral.
Se o paciente sofre uma ressuscitação, esta informação quântica pode voltar para os microtúbulos e o paciente diz: “Eu tive uma experiência de quase morte“.
Ele acrescenta: “Se o paciente não for ressuscitado e morrer, é possível que esta informação quântica possa existir fora do corpo, talvez indefinidamente, como uma alma.”
Esta conta de consciência quântica sugere uma explicação para coisas como experiências de quase morte, projeção astral, experiências fora do corpo, e até mesmo a reencarnação (que eu considero ser a mais forte evidência científica para a existência de uma alma) sem a necessidade de recorrer à ideologia religiosa. Em cima de evidências anedóticas, argumentos filosóficos, e evidência científica, agora também temos um quadro teórico que possa acomodar a existência da alma.
A energia da sua consciência se afasta do seu veículo físico no momento da morte, da mesma forma que um pianista pode se levantar e caminhar para longe do piano. Para onde vai a informação quântica e o que ela experimenta uma vez que deixa o corpo na morte está aberto para especulação e maior investigação científica.
Aqui está uma entrevista incrível Deepak Chopra fez com Stuart Hameroff sobre sua teoria da consciência quântica:
(em inglês)
Existemdenominadores comuns quepodem fundamentar aspráticas deimportantes físicos cientistas, alquimistas da Renascença, e curandeiros ayahuasqueirosindígenas da Amazônia? Existem, obviamente,uma infinidade de coisasque essas práticasnãotêm em comum.No entanto,através deuma análise docorpo e dos sentidose estilos degramática eprática social, estes aparentemente muitodiferentesmodos de existênciapodem sertrianguladospara revelarum conjuntocuriosode lógicasem andamento. Formaspelas quais seus praticantes identificamsuas subjetividades(ou‘self’) com entidadesnão-humanase processos“naturais”são detalhadosnos trêscontextos.Alógica da identificaçãoilustrasemelhançase tambémdiferenças,nas práticasdefísica avançada, alquimia renascentista,e experiencias de cura comayahuasca.
Físicos e o “eu” e “você” da experimentação
Um pequenogrupo de físicosde uma importante universidadeamericanano início de 1990está investigandotemporalidade magnética espinsnuclearesem uma estrutura cristalina; empregando experimentosno campo dafísica da matéria condensada. Os cientistascolaboram entre si, apresentando achados experimentaisou teóricosem quadros-negros, retroprojetores,páginas impressas evárias outras formas demídiavisual.Miguel, um pesquisador,descrevea um colegaos experimentosque eleacaba de realizar. Eleaponta para baixoe depois para cimaatravés de umarepresentação visualdo experimento, descrevendo um aspectoda experiência,“Nós abaixamos o campo[e] levantamoso campo“. Em resposta,seu colaboradorRonresponde usandoo que éum tipo comum delinguagem científicainformal.Oestilo delinguagemidentifica, funde, ou aproxima o pesquisador doobjeto que está sendopesquisado. Na seguinteresposta, o pronome “ele”refere-se tantoMiguele o objetoou processosob investigação: Ron pergunta: “Existe uma possibilidade de que ‘ele’nãotenha visto nadareal?Quero dizer que háum[ele aponta para o esquema] “. Miguelinterrompebruscamente“é..é.. é possível …Estou impressionado comessamedição, porque quando eu abaixo eu venho para o estadode domínio“. AquiMiguelestá se referindo aum processo físicode mudança de temperatura; um resfriamentoque se move“para baixo”parao “estadode domínio‘. Ronresponde: “Você reduz de cinco para doistesla,um ímã, um ímãsupercondutor“. O queé centralaqui emrelação aosdenominadores comunsexplorados nestetrabalho éa maneira pela qualos cientistascolaboram comcertos estilosfigurativosda linguagemque confundem as fronteiras entre eles, os físicos e o processo da física.
A colaboração entreMigueleRonfoi filmada eanalisadapelos etnógrafoslinguísticasElinorOchs, SallyJacoby, ePatrickGonzales(1994, 1996: 328). No experimento,os físicos, Ochsetalilustram, referem-se a“si mesmos como os agentestemáticos eexperimentadoresdo fenômeno (físico) ‘(Oschetal, 1996:335). Ao empregaros pronomes“você”, “ele”, e“eu”para se referir aosprocessos físicose estadossob investigação, os físicos identificamsuas própriassubjetividades, corpos e investigaçõescom os objetosque estão estudando.
Nolaboratório de física, os membros estão tentando entenderos mundosfísicos quenão são diretamente acessíveispor qualquerde suashabilidades perceptivas. Paracolmatar esta lacuna, ao que parece, eles encarnamviagensinterpretativasatravésde visíveis e palpáveisartefatosbidimensionaisqueconvencionalmentesimbolizamesses mundos…A gesticulação motora-sensorialé ummeio não sóde representaros (possíveis)mundos, mas também deimaginarouindiretamentevivê-los…Por meio derepresentaçõesverbais egestuaisdos processos físicosconstruídos, o físico e aentidade física, são conjugados em multiplos e simultâneos mundos construídos: a interação doaqui-e-agora,a representaçãovisual,e o processofísicorepresentado. Asconstruções gramaticaisindeterminadas, juntamente comviagensgestuaisatravés deapresentações visuais,constituem o físicoe a entidade físicacomocoexperimentadoresdeprocessos dinâmicose, portanto, como coreferentesdopronome pessoal. (Ochs etal1994:163.164)
QuandoMigueldiz: “Euestou emestadode domínio“, ele está usandoum tipo de‘discurso científicoinformalprivado “que tem sido observado emmuitos outros tipos deprática científica(Latour &Woolgar, 1987; Gilbert &Mulkay1984).Este estilo deerudição ecolaboração científica, obviamente, estabeleceu-seemuniversidades de primeira linha, dada a utilidadeque ele ofereceemrelação aos problemasempíricos eao desenvolvimento deidéias científicas.
O que poderiaeste estilo depráticater em comumcom aspráticas de curados xamãsda Amazônia e dapoderosabebida psicoativaayahuasca? Antes de passarà análise dagramática edo corpo emtipos de uso daayahuasca, a prática da alquimiarenascentistaéintroduzido para ser a ponteentre essaspráticas científicase rituais extáticos decura.
Alquimia Renascentista, “O que está acima é como o que está em baixo”
Heinrich Khunrath: 1595 engraving Amphitheatre
AAlquimiafloresceu no período renascentistaefoi recorridapelaselites, como arainhaElizabethIe o SantoImperadorde Roma,RudolfII.Como prática centraldosAlquimistasdaRenascençaestava a crençade quede todos osmetaissurgiramaPartirde uma unica fonte nas profundezasdaterrae que esse processopoderia serrevertidoetodos osmetaispoderiam ser transformados em ouro. Do processo de“transmutação” ou Reversãoda Natureza, também era dito que poderia levar ao elixirda vida,apedrafilosofal, ou aeterna juventudeeimortalidade. Foi uma busca espiritualde purificaçãoe regeneração quedependiafortementedaexperimentaçãoda ciêncianatural.Graduado pela Academia Médicade Basileiaem 1588, o físico HeinrichKhunrathdefendeu sua tesequediz respeito a umdesenvolvimentoespecíficoda relação entrealquimia emedicina.Inspirado pelasobras defiguras-chave namedicinaromana egrega, alquimistas fundamentais epraticantes das artesherméticas, além de botânicos importantes, filósofos e outros,Khunrathpassou a produzir textose ilustraçõesinovadores e influentesqueinformava váriastrajetóriasna prática médica e do ocultismo.
Experimentosalquímicoseram realizados normalmenteem um laboratório ealquimistaseram frequentementecontratadospelas elitespara finspragmáticosrelacionados à mineração, serviços médicos, bem como a produção de produtos químicos, metais e pedras preciosas(Nummedal 2007).AllisonCoudertdescreve edestila aprática daalquimiarenascentistacomuma visão geralda relação entreum alquimistaedas entidadesnaturais “de sua prática.
Todosos ingredientes mencionadosem receitasalquímicas – osminerais, metais, ácidos, compostos e misturas – eram, na verdade, apenas um, o alquimista si mesmo.Eleera o problemade basena necessidade depurificaçãodo fogo; e oácidonecessário pararealizar essa transformaçãoveio de seuprópriomal-estarespirituale desejode plenitudee paz.Os váriosprocessos alquímicos…erampassos nomisterioso processo deregeneração espiritual. (citado emHanegraaff1996:395)
O médico–alquimista Khunrathtrabalhoudentro de umlaboratório/oratório, que incluiu vários aparatosde alquimia, incluindo ‘equipamento de fundiçãopara a extração demetaisa partir de minérios…recipientes de vidro, fornos …[a] fornalha ouathanor…[e] um espelho“. Khunrathfaloude usar oespelho como um“instrumentofísico-mágico para acender um carvãoou uma lâmpacom o calordo sol”(Forshaw 2005:205).UrszulaSzulakowskaargumenta queeste usodo espelhoencarna oprocesso alquímicogeral e da finalidadeda práticadeKhunruth. As funções dasua práticaesuas ilustraçõesalquímicase glifos(comosuagravaçãoAmphitheatreacima) são voltados paravários resultadosdetransmutaçãoou reversãoda natureza. Sobre as gravuras e ilustrações deKhunruth,Szulakowska afirma: (2000: 9)
destinam-se aestimulara imaginação doespectadorpara queaalquimiamísticapossa ter lugaratravés do ato decontemplaçãovisual… O teatrode imagensdeKhunrath, como um espelho, reflete asesferas celestesparaa mente humana, despertando a faculdadede empatiado espírito humanoque une, através da imaginação, com os reinoscelestiais.Assim, aimagem visualdostratados deKhunrathtornaram-sea quintessênciaalquímica, a matériaespiritualizada dapedra filosofal.
Khunrathchamou a si mesmo de um “amante de ambas medicinasosmedicamentos”, referindo-se a inseparabilidadedeformas materiaise espirituais damedicina.Ilustrandoa centralidade dapráticaalquímicaem suaabordagem médica, ele descreveu sua “Físico-Química Celestial da Natureza“, como:
A arte da dissolução química, purificando, reunindo racionalmente coisas físicaspelo métododa natureza; O Universal(Macro-cosmicamente, a Pedra Filosofal; Micro-cosmicamente, aspartes docorpo humano …) etodos os elementosdo globo inferior.(citado emForshaw2005:205).
Na alquimia renascentistahá uma certaespécie de laboratóriomistura de forma visionária oque acontece entreo corpo humano eostemperamentoshumanose“entidades”e osprocessos do mundonatural. Istoé condensadano ditadohermético“O que está acima, é como o que está abaixo“, onde as assinaturasda natureza(“acima”) podem ser encontradasno corpo humano(“abaixo”). Osexperimentos envolveramcertas práticasde percepção, contemplação e linguagem,queforam realizadosem condições de laboratório.
A prática daalquimiarenascentista, ilustrada emreceitas,glifose textosinstrucionais, incluiestilos degramáticaem queminerais, metaise outras entidadesnaturaisestão animadascom a subjetividadeetemperamentoshumanos. O Chumbo“quer” ou “deseja” se transmutarem ouro; O antimôniosente uma“atração” intencionalaprata(Kaiser2010;Waite1894). Esta forma degramáticaestá implicadona doutrina dapráticamédico-alquímico descrita porKhunrathacima.Sob certascircunstâncias e condições, minerais, metais e outras entidadesnaturaispodem incorporaraspectos do ‘self’, oua subjetividade doalquimista,e vice-versa.
A linguagem e a prática alquímica da renascença demonstramum certo nível desemelhança com aspráticas contemporâneasde físicos ecientistas eas formas pelas quaiselesse identificamcom os objetose processos deseus experimentos.Os métodosde físicosparecem diferirconsideravelmentena medida em queeles usammetáforase trocam o espiritual porabordagensfigurativasquando ‘viajam através de’ tarefas cognitivas, incorporando gestos erepresentações visuais deprocessosempíricosounaturais.Não é por acasoque os cientistascontemporâneos de primeira linha estão empregandoformas de linguagemepráticaalquímicaemtiposavançados deexperimentação. O Pensamento hermético e oalquímicoforam muito influentesno surgimento dasformas modernas deciência (Moran 2006;Newman2006;Hanegraaff2013).
Ayahuasca, Xamanismo e mudança de forma
Pablo Amaringo
A bebidapsicoativafornece aos xamãs um meio de invocar a assistência para curadepessoas espirituaisbenevolentesdo mundo natural(como as plantas-pessoas, pessoas-animais, o pessoa-sol, etc) ede baniras pessoas-espírito maléficasque estão afetandoo bem-estardeumpaciente. A práticaYaminahuadexamanismo com ayahuascase assemelha a tiposmais amplos dexamanismo amazônico. Mudança de forma, oua metamorfosedas pessoas humanasempessoasnão-humanas(como pessoas-jaguare pessoas-Anaconda) é central para acompreensãoda doençae das práticasde curaem vários tipos dexamanismo amazônico(Chaumeil 1992;Praet2009;Riviere, 1994).
Os estilosgramaticais e as experiências sensoriaisdos rituais ayahuasqueiros curaindígenae cançõesrevelam algumas semelhanças coma lógica daidentificaçãoverificadas nasseções sobrea física e aalquimia,acima.Townsley(1993)descreve umritualYaminahuaondeum xamã, tenta curar uma pacienteque aindaestava sangrandovários diasapós o parto.As cançõesde cura queo xamãcanta(chamadawai, que também significa“caminho”e“mito”oumoradas dosespíritos) fazemmuitopouca referênciaà doençaem queelessão destinados acurar.Cançõesdo xamãnão comunicamsignificadosparao paciente, maseles encarnammetáforase analogiascomplexas, ou o que Yaminahuachamam de
Queixada
“linguagem torcida‘;uma línguasócompreensível paraos xamãs. Há“semelhançasperceptíveis” que informama lógica da linguagem torcidaYaminahua. Por exemplo, queixadas se tornampeixes, dadas as semelhanças entreas brânquiasdos peixese as faixas brancas no pescoço dosqueixadas. O uso daressonânciavisual ousensorialem metáforasde músicasxamânicasnão é arbitrária, mas é central paraa práticaYaminahua decura com ayahuasca.
Ayahuascanormalmente produzuma poderosaexperiência visionária. Usode metáforascomplexas do xamãna cançãoritualajuda amoldarsuas visõesetrazer um nível decontrole para oconteúdo visionário.Assemelhando-seos denominadores comunselógica da identificaçãoexploradaacima, as músicas permitem queo xamãpercebaas váriasperspectivas queos significados dasmetáforas (ou espíritos) carregam.
Tudo que é dito sobrecantos xamânicosaponta parao fato deque, enquanto elessão cantados,o xamãvisualizaativamenteas imagensreferidaspela analogiaexternada canção,mas elefaz isso através deumcuidadosamente controlado ponto de vista sobreascoisas diferentes nomeadas pelas metáforas internasdesua canção. Este“modo empático de ver” de alguma forma criaum espaço no qualpoderosaexperiência visionáriapode ocorrer. (Townsley 1993:460)
O uso deanalogias e metáforasforneceum meio particularmente poderosode navegarpela experiênciavisionária daayahuasca.Parece haveralgo depragmáticoenvolvidos nouso da metáforasobresignificados literais. Por exemplo, um estadoxamânico, “a linguagemtorcida me traz pra perto, mas não muito perto[para os significados dasmetáforas] -compalavras normaiseupoderia falharem coisas– mas de forma torcidaeucirculo em torno delas, eu possovê-las com clareza” (Townsley1993:460). Através deste métodode “modo empático de ver“, o xamã incorporauma variedade deespíritos animaiseda natureza,ou ‘yoshi’emYaminahua, incluindoanaconda–yoshi, jaguar-yoshi e osol–yoshi, a fim derealizar atos decura evárias outrasatividadesxamânicas.
EnquantoxamãsYaminahuausammetáforaspara controlar as visõesemetamorfoses(ou “forma empática de ver” (traduzido do original ‘seeing as‘), eles, eos nativosde modo mais geral, supostamenteentendemmetamorfoseem termosliterais.Por exemplo,Lenaertsdescreveesta noçãode “vercomo osespíritos”, e a visão “física”ouliteralque oAshéninka tem e estásegurono que diz à respeito da prática demetamorfoseinduzida pelaayahuasca.
O queestá em jogo aquié umprocesso corporaltemporário, em que um ser humanoassumeo pontode vistaencarnadode outra espécie…Não há necessidadede recorrera qualquer tipo desentido metafóricoaqui.Ainterpretaçãoliteraldesse processo dedesencarnação/ re-encarnação é absolutamenteconsistente comtodos osfatos conhecidos que um Ashéninka sabe e sentediretamentedurante esta experiência, em um sentidomuitofísico.(2006, 13)
As práticas ayahuasqueiras dos xamãsindígenasestão centradas nacapacidadede se metamorfoseare “ver os não-humanoscomo eles[os não-humanos] se vêem” (Viveiros deCastro2004:468). Praticantesnão apenas seidentificamcompessoas não humanasoucom entidadesnaturais “, mas eles encarnamo seu ponto devistacom a ajuda deplantas psicoativase da “linguagemtorcida”na canção.
Algumas considerações finais
Através de umabreve exploraçãodetécnicas empregadaspelos físicosavançados,alquimistasrenascentistase xamãsda ayahuascada Amazônia, numa lógica deidentificação podeser observada naqual os praticantesencarnamdiferentes meios detranscender a si mesmoe tornanr-seobjetos ouespíritos desuas respectivas práticas. Enquantoos físicostendem a incorporarprincípios secularese a se relacionar comesta lógicadeidentificaçãoem um sentidopuramente figurativosoumetafórico,alquimistasrenascentistas examãsda Amazôniaincorporamposturasepistemológicas que carregammuito maispesoparaas qualidadesexistenciais e“pessoas”ou“espíritos”desuarespectivas práticas.Umvalor cognitivoem empregarformas de linguagemeexperiência sensorial quemomentaneamentelevamo praticantealém desi mesmoé evidenciadopor estas trêspráticas diferentes.No entanto, há, sem dúvida,maisem jogo do queos valoresconfinados ao pensamento racional. Os limitesdos corpos, subjetividades ehumanidadeemcada uma dessas práticasse tornam porosos, turvos,esão transcendidos, enquanto os contornos devárias formas depossibilidadesão expostos, definidos, e postos em prática–possibilidadesque informamos resultados daspráticas eas definições do ser humanoque elasimplicam.
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