Este trabalho propõe uma análise do fenômeno conhecido como “psiconáutica”, que constituiria um renascimento do movimento psicodélico iniciado na década de 1990 principalmente através da internet (CARNEIRO, 2005). A análise é desenvolvida através dois eixos exploratórios. No primeiro eixo, o autor esboça uma genealogia da contracultura das décadas de 1960 e 1970, em vias de compreender em que sentido a psiconáutica é um “renascimento” do movimento psicodélico. No segundo eixo o autor empreende uma “netnografia” em uma comunidade parte da cena psiconáutica, chamada “Enteógenos Sem Dogmas”. Por “netnografia” o autor entende uma adaptação da etnografia tradicional para os meios de socialização online (KOZINETS, 2002). A abordagem dos dois eixos é efetivada segundo uma perspectiva analítica e política designada provisoriamente como “pós-estruturalista”, perspectiva esta que abarca as obras de Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault e Bruno Latour, entre outras. O autor observa que tanto a contracultura quanto a psiconáutica põem em operação processos relacionados ao desmonte de estruturas transcendentes de autoridade. Estes processos de desmonte engendram uma série de riscos – podendo resultar em corpos vazios, fragmentados ou cancerosos. O autor conclui com a observação de que, se estes riscos são devidamente contornados, os processos em questão conduzem à constituição de o que Deleuze e Guattari (1996) designam plano de imanência.
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