O Químico Legendário Alexander Shulgin Morre aos 88
O Doutor Alexander Shulgin, químico legendário e pioneiro no campo da pesquisa psicodélica, faleceu na idade de 88 anos. A saúde de Shulgin começou a declinar em 2010, e ele morreu de câncer no fígado em 2 de Junho de 2014.
Apelidado de “padrinho dos psicodélicos”, Shulgin descobriu, sintetizou e testou centenas de drogas psicoativas. Shulgin devotou sua vida à pesquisa de químicos expansores da mente – ele explica por que nessa entrevista eloquente – e seu impacto foi permanente.
O Legado de Shulgin
Alexander, ou Sasha Shulgin, foi famoso por descobrir, sintetizar e testar ele mesmo centenas de novas drogas psicoativas. Ele e sua esposa, Ann – uma terapeuta psicodélica, palestrante, e autora – testou regularmente novos componentes do laboratório de Sasha. Se, depois de considerável auto-experimentação, um componente se provou merecedor de análises mais aprofundadas, eles o compartilhariam com um grupo de amigos próximos. O “grupo de pesquisa” testaria o novo componente e o daria uma duração, qualidades psicodélicas, e outros efeitos.
Mas Sasha sempre testou primeiramente ele mesmo, começando com dosagens baixas para minimizar o risco de toxicidade. Ele estima que viajou mais de 4.000 vezes em sua vida – isso é mais que uma vez por semana por mais de 50 anos!
Os Shulgins publicaram os resultados da sua pesquisa em dois volumes revolucionários, PiHKAL e TiHKAL. Os títulos são abreviações de Feniletilaminas e Triptaminas Que Eu Conheci e Amei. Para novatos em química, as triptaminas são uma família química incluindo LSD, DMT e psilocibina; as feniletilaminas incluem mescalina, MDMA, 2C-B, e MDA. Ambas as classes contém muitos compostos psicodélicos – especialidade de Shulgin.
Os dois volumes, auto-publicados em 1991 e 1997, empregam um formato similar. Cada um dos volumes de 800 páginas ou mais é dividido em duas partes – metade autobiografia, detalhando a história de amor pessoal do casal, e metade livro de receitas, com instruções para sintetização passo a passo e impressões subjetivas sobre os efeitos de cada droga. (TiHKAL e PiHKAL possuem pouco sobre farmacologia, químicos e outros que precisam de uma análise mais aprofundada dos compostos devem olhar no The Shulgin Index).
Os Shulgins acreditavam que a informação sobre os psicodélicos deveria estar disponível gratuitamente, então as seções químicas do PiHKAL e TiHKAL foram publicadas online (aqui e aqui). Assim como Shasha apontou uma vez, todo mundo tem “a licença para explorar a natureza da sua própria alma”. Somente as primeiras partes autobiográficas são protegidas, para essas seções, você deve comprar o livro. Como um testamento do objetivo do casal de fornecer acesso livre e público à informação, até mesmo as notas de laboratório de Sasha estão sendo publicadas online no Erowid, com os nomes dos tentadores das drogas removidos para a proteção deles.
A influência desses livros, junto com os diversos trabalhos científicos de Sasha, não pode ser exagerada. Ele era um químico open-source, compartilhando livremente os passos químicos para a síntese de centenas de novos componentes que ele criou. Seus métodos focaram em precursores facilmente encontrados, presumivelmente para ajudar químicos amadores. A síntese de Shulgin para o MDMA, por exemplo, é ainda muito utilizada.
O mundo das drogas estava assistindo. Em cerca de semanas da publicação das síntese para um novo componente, ele apareceria para venda, para o bem ou para o mal, com frequência produzido por algum laboratório na China e então comprado por psiconautas ao redor do mundo. E então, claro, o DEA o baniria, e uma nova leva de químicos surgiria, com frequência inspirada por outra publicação de Shulgin. Por décadas, químicos, usuários, legisladores, agentes federais assistiram de perto conforme novos componentes saíam do laboratório de Sasha.
Descanse em paz, Shulgin!
Leia mais sobre o trabalho de Sasha aqui.