Meditação
Pensem na mente como um oceano, sendo suas ondulações os pensamentos. Tais ondulações são inseparáveis do oceano, assim como pensamentos são inseparáveis da natureza da mente. Em um oceano muito revolto poderá cair um caminhão, que não perceberemos os efeitos causados por este fato, enquanto em um oceano calmo, poderemos ver claramente as reações de qualquer mínimo estímulo, como uma pequena gota caindo na água.
Meditar, pra mim, não objetiva parar de pensar, mas acalmar o “oceano” com a intenção de clarear a consciência para a natureza dos pensamentos. “Parar de pensar” é consequência do meio utilizado, e conseguimos isso através da prática da concentração, seja na respiração, em mantras e sons ou simplesmente na observação da própria mente, testemunhando sua manifestação natural. Meditar é testemunhar, e a melhor testemunha de um fato é sempre aquela que apenas o observa , de forma alheia, sem envolvimento ou agregação de valores.
Os pensamentos surgem naturalmente em um fluxo, mas no estado de meditação nos tornamos os observadores, sem se apegar a emoções e pensamentos específicos. Assim passamos a conhecer melhor o oceano, não apenas as ondas em sua superfície. Muitas pessoas falam que para meditar devemos nos esforçar para “afastar todos os pensamentos”, porém pra mim isso não faz sentido, pois nunca poderemos calar a mente com um esforço mental incessante como este. Existe uma grande diferença entre “afastar pensamentos” e “se afastar dos pensamentos”, sendo esta segunda a única forma de meditação, na minha opinião. O erro está em pensar na meditação como uma luta contra os processos naturais da mente. Quando nos esforçamos para simplesmente afastar os pensamentos, sempre fazemos isso através de novos pensamentos e nunca entramos no silêncio. Porém se não nos preocuparmos com isso e praticarmos apenas a concentração, o silêncio virá naturalmente.
Os efeitos da prática podem ser observados pela diminuição natural do fluxo de pensamentos, que permite uma observação mais clara, e pela permanência no “espaço vazio” entre os pensamentos, que caracteriza o estado de meditação. A meditação proporciona auto-conhecimento, ao ponto que buscamos não interpretar a realidade com nossos conceitos contaminados de valores sociais, culturais ou o que quer que sejam. Nesse momento não se busca compreender nada, apenas sentir.