Cogumelos mágicos promovem mudanças permamentes na personalidade

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Apenas uma dose forte de cogumelos alucinógenos pode alterar a personalidade de uma pessoa por mais de um ano e, talvez de forma permanente, diz estudo.

As pessoas que receberam a psilocibina, o componente ativo dos “cogumelos mágicos” que provocavisões e sentimentos de transcendência, demonstraram uma personalidade mais aberta”, após suas experiências, um efeito que persistiu por pelo menos 14 meses. Essa “Abertura” é um termo psicológico referindo-se a uma apreciação por novas experiências. As pessoas que estão mais abertas tendem a terimaginação mais ampla e valorizam a emoção a arte e a curiosidade.

Essa mudança de personalidade é incomum, disse a pesquisadora Katherine MacLean, porque a personalidade raramente muda muito após os 25 ou 30 anos.

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Escola de Medicina Johns Hopkins, em Baltimore

A raiz da mudança parece não ser a substância em si, disse a pesquisadora à LiveScience, mas sim as experiências místicas que a psilocibina frequentemente desencadeia. Estes profundossentimentos transcendentais não são menos reais para as pessoas que os vivenciaram só por terem sido induzidos quimicamente, disse ela.“Este é um dos primeiros estudos que mostra que você realmentepode mudar a personalidade adulta“, disse MacLean, pesquisadora de pós-doutorado na Escola deMedicina da Universidade JohnsHopkins.

Muitos anos mais tarde, as pessoas estão dizendo que foi uma das experiências mais profundas de suas vidas“, disse MacLean. “Se você pensar sobre isso nesse contexto, não é surpreendente que pode serpermanente.

 

Viajando pela ciência

Pesquisas sobre alucinógenos são geralmente associados a figuras da contracultura dos anos 1960, comoKen Kesey e suas festas do “Acid Test” movidas a LSD. Mas na última década, emergiu uma abordagemsóbria, que busca passo-a-passo estudar o efeito dos alucinógenos, disse MacLean. Os experimentos são rigidamente controlados – não é fácil de obter permissão para dar a voluntários drogas ilegais – mas elesestão revelando que essas substâncias, que normalmente são mais associadas aos shows do Grateful Dead do que o escritório do psiquiatra, podem afinal ter uma série de usos médicos.

mapsEm Massachusetts, a organização sem fins lucrativos MAPS(Associação Multidisciplinar para o Estudo de Psicodélicos), está investigando, dentre outros estudos, a possibilidade de usar o MDMA para tratar o transtorno de estresse pós-traumático. Ambos LSD e psilocibinaestão sob investigação para a sua utilização no tratamento da ansiedade; O Orientador de pós-doutorado de MacLean na Universidade JohnsHopkins, Roland Griffiths, está conduzindo um estudo para descobrir se psilocibina pode aliviar a ansiedade e depressão em pacientes com câncer. Outro dos estudos de Griffiths se concentra no uso de psilocibinapara quebrar a dependência da nicotina.

No estudo atual, MacLean e seus colegas analisaram questionários de personalidade a partir de 51 pessoas que tinham tomado a psilocibina como parte de dois estudos separados da Johns Hopkins. Os voluntários eram todos novatos para drogas alucinógenas.

Cada pessoa compareceu entre duas a cinco sessões de oito horas com a droga, em que se sentava com os olhos vendados em um sofá ouvindo música uma forma de incentivar a introspecção. Durante uma das sessões, os voluntários receberam uma dose de moderada a alta de psilocibina, mas nem eles nemos pesquisadores sabiam se seriam de uma pílula de psilocibina ou um placebo em cada dia.

Em um experimento, os participantes entraram no laboratório duas vezes. Em uma visita que lhes foi dada psilocibina de fato e na outra vez lhes deram ritalina que lhes daria efeitos colaterais sem as alucinações.

Em outro experimento, ao longo de um curso de cinco sessões, os participantes receberam ou um placebo ou uma dose variável do fármaco. Para as finalidades deste estudo, os investigadores concentraram-se na sessão de dose elevada, que foi a mesma dose administrada durante o primeiroexperimento.

Antes das sessões com a psilocibina, os participantes preencheram o questionário de personalidade que media ‘abertura’. Eles também preencheram o mesmo questionário algumas semanas mais tarde e, em seguida, novamente cerca de 14 meses após a sua alta dose de alucinógeno.

 

Transcendência em uma pílula

Pill1Os resultados, publicados em setembro de 2011 no Journal of Psychopharmacology,revelou que, apesar de outros aspectos da personalidade permanecerem os mesmos, a ‘abertura’ aumentou após uma experiência de psilocibina. O efeito foi especialmentepersistente para aqueles que relataram umaexperiência mística” com sua dosagem. Estasexperiências místicas foram marcados por um sentimento de profunda conexão, juntamente com sentimentos de alegria, reverência e paz,disse MacLean.

Provavelmente não é apenas psilocibina que provoca alterações como esta, mas outras substânciasmais que desencadeiam esses tipos de experiências de mudança profunda de vida, qualquer sabor queelas tenham”, disse ela. Para muitas pessoas, a psilocibina lhes permitiu transcender as suas formas de pensar sobre o mundo.”

Cerca de 30 dos 51 voluntários tiveram uma experiência mística, disse MacLean. As mudanças deabertura’ nestes participantes foram maiores do que essas alterações são tipicamente observadas ao longo de décadas de experiência de vida em adultos.

MacLean alertou para não tentar fazer este experimento em casa. Os participantes do estudo estavam sob estrita supervisão durante a sua sessão com psilocibina. O apoio psicológico e preparação ajudaram a manter transtornos e bad trips a um nível mínimo, mas muitos participantes ainda relataram medo,ansiedade e angústia depois de tomar psilocibina.

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“Eu posso imaginar como em um cenário sem supervisão, esse tipo de medo ou ansiedade em conjunto, a clássica bad trip, poderia ser muito perigosa”, disse MacLean

Não é ainda claro se o uso sem supervisão resultaria nas mesmas alterações na abertura da personalidade como pode ser visto no estudo, disse MacLean. O grupo de estudo era pequeno, e já estava mais propenso a uma abertura do que a população em geral.

MacLean está agora investigando os efeitos da combinação da psilocibina com a meditação. Ela diz que poderia haver muitos benefícios terapêuticos para aumentar a abertura, inclusive ajudando a pessoa a romper com padrões de pensamentos negativos. Esses estudos também poderão iluminar a conexão anedótica entre alucinógenos e a arte, disse ela: “No lado mais especulativo, isto sugere que pode haver uma aplicação da psilocibina para a criatividade ou outras obras intelectuais que realmente ainda não têm sido exploradas a fundo.”

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Dra. Katherine MacLean
Dra. Katherine MacLean

Como os Psicodélicos Salvaram Minha Vida

Agradecemos ao Vitor Reinaque Mutinari por ter contribuído ao blog com a tradução do artigo.

Eu te convido para dar um passo atrás e limpar sua mente de décadas de falsa propaganda. Os governos do mundo todo mentiram para nós sobre os benefícios da maconha medicinal. O público também foi desinformado sobre psicodélicos.

Essas substâncias não viciantes – MDMA, Ayahuasca, Ibogaína, Cogumelos com Psilocibina, Peyote e muitos mais – são comprovadamente rápidas e eficientes ao ajudar pessoas a se curarem de traumas, TEPT (Transtorno de Estresse Pós Traumático), ansiedade, vício e depressão.

Psicodélicos salvaram minha vida.

Minha experiência com sintomas de Ansiedade e TEPT

Eu fui atraída para o jornalismo desde jovem pelo desejo de fornecer uma voz ao ‘pequeno cara’. Por quase uma década trabalhando como correspondente investigativa da CNN e jornalista independente, eu me tornei uma porta voz dos oprimidos, vitimados e marginalizados. Meu caminho de jornalismo submersivo trouxe-me mais próxima de minhas fontes, vivendo a história para ter uma real compreensão do que estava acontecendo.

Falando em uma conferência de imprensa no Líbano sobre abusos dos direitos humanos que presenciei enquanto repórter no Barein.
Falando em uma conferência de imprensa no Líbano sobre abusos dos direitos humanos que presenciei enquanto repórter no Barein.

Após muitos anos de reportagem, eu percebi uma infeliz consequência do meu estilo – havia-me imergido muito profundamente nos traumas e sofrimento das pessoas que entrevistei. Comecei a ter problemas para dormir quando suas faces apareceram nos meus sonhos mais sombrios. Passei muito tempo absorvida em um mundo de desespero e minha incapacidade de defesa permitiu que o trauma dos outros se estabelecesse dentro de minha mente e ser. Combinando isso com as diversas experiências violentas enquanto trabalhando no campo e eu estava no meu pior. Uma vida de reportagens no limite levou-me à beira da minha própria sanidade.

Porque eu não consegui encontrar uma maneira de processar minha angustia, ela cresceu como um monstro, manifestando-se em um estado constante de ansiedade, perda de memória de curto prazo, sonolência e hiperexcitação. As palpitações me fizeram sentir como se estivesse batendo na porta da morte.

Porque escolhi Medicinas Psicodélicas

Remédios prescritos e antidepressivos servem um propósito, mas eu sabia que eles não estavam no meu caminho de cura após minhas investigações terem exposto seus efeitos colaterais sinistros, incluindo crianças nascendo dependentes das medicações após suas mães não conseguirem largar seus vícios. Mascarar os sintomas de uma condição psicológica mais profunda com uma pílula parecia como colocar um Band-Aid num ferimento à bala.

Eu fiquei ciente dos poderes curativos em potencial dos psicodélicos como uma convidada do podcast Joe Rogan Experience em Outubro de 2012. Joe me contou que cogumelos psicodélicos transformaram sua vida e tinham potencial para mudar o curso da humanidade para melhor. Minha reação inicial foi achar divertido e ficar um pouco incrédula, mas a semente havia sido plantada.

Psicodélicos eram uma escolha estranha para alguém como eu. Eu cresci no Centro-Oeste e fui alimentada por 30 anos de propaganda explicando o quão horrível essas substâncias eram para minha saúde. Você pode imaginar meu queixo caído de surpresa quando, após o podcast do Rogan, encontrei artigos sobre os maravilhosos efeitos dessas substâncias que se comportavam mais como medicinas do que drogas. Artigos como este aqui, este, este, este, e este. E estudos como este, este, este, este, este… e este… todos exemplos angustiantes de come fomos enganados pelas autoridades que classificaram os psicodélicos como narcóticos schedule 1 (classificação oficial norte-americana), ‘sem valores medicinais’ apesar de dezenas de estudos científicos provando o contrário.

Viajando Pelo Mundo

Tendo apenas experimentado uma única vez um estranho baseado de maconha na faculdade, em Março de 2013 eu me encontrava embarcando em um avião para Iquitos, Peru para experimentar um dos mais poderosos psicodélicos da terra. Deixei meu carro no aeroporto, apressadamente arrumei meus pertences em uma mochila e me dirigi para a floresta Amazônica colocando minha fé cega em uma substância que a uma semana atrás eu mal conseguia pronunciar: ayahuasca.

Ayahuasca_e-a-humanidadeAyahuasca é um chá medicinal que contém o composto psicodélico dimetiltriptamina, ou DMT. A bebida está se espalhando pelo mundo após inúmeras anedotas terem mostrado que a bebida tem o poder de curar ansiedade, TEPT, depressão, dores inexplicáveis, e inúmeras aflições físicas e mentais. Estudos sobre bebedores de longo prazo de ayahuasca mostraram que eles são menos suscetíveis a vícios e possuem níveis elevados de serotonina, neurotransmissor responsável pela felicidade.

Se eu tinha alguma ressalva, dúvida, ou descrença, elas foram rapidamente expelidas logo após minha primeira experiência com ayahuasca. O chá de gosto horrível vibrou através de minhas veias e dentro do meu cérebro enquanto a medicina escaneava meu corpo. Meu campo de visão foi engolfado com uma profusão de cores e padrões geométricos. Quase instantaneamente, eu tive uma visão de um muro de tijolos. A palavra ‘ansiedade’ estava pintada em spray em grandes letras no muro. “Você deve curar sua ansiedade, ” a medicina sussurrou. Eu entrei num estado de sonho onde memórias traumáticas foram finalmente desalojadas do meu subconsciente.

Era como se eu estivesse assistindo um filme da minha vida inteira, não como meu ‘eu emocional’, mas como uma observadora objetiva. Esse vívido filme introspectivo foi exibido em minha mente enquanto eu revivia minhas cenas mais dolorosas – o divórcio dos meus pais quando eu tinha apenas 4 anos de idade, relacionamentos passados, ser baleada por policiais enquanto fotografava um protesto em Anaheim e sendo esmagada em baixo de uma multidão enquanto fotografava um protesto em Chicago. A ayahuasca me permitiu reprocessar esses eventos, separando o medo e emoção das memórias. A experiência foi equivalente a dez anos de terapia em uma sessão de ayahuasca de oito horas.

Nós esperamos nervosamente que a cerimônia de ayahuasca começasse. Nós deram dado baldes para os intensos efeitos abortivos da medicina.
Nós esperamos nervosamente que a cerimônia de ayahuasca começasse. Nós deram dado baldes para os intensos efeitos abortivos da medicina.

Mas a experiência, e muitas experiências psicodélicas para esse propósito, foi aterrorizante algumas vezes. Ayahuasca não é para todos- você deve estar disposto a revisitar alguns lugares bem escuros e se render para o incontrolável, fluxo feroz da medicina. Ayahuasca também causa vômitos e diarreia violentos, que os xamãs chamam de “melhorar” porque você está purgando o trauma de seu corpo.

Após sete sessões de ayahuasca nas selvas do Peru, o nevoeiro que encobriu minha mente sumiu. Eu era capaz de dormir novamente e noticiei melhoras na minha memória e menos ansiedade. Eu ansiava absorver o máximo de conhecimento possível sobre essas medicinas e passei o ano seguinte viajando pelo mundo em busca de mais curadores, professores e experiências pelo jornalismo submersivo.

Eu fui atraída para os cogumelos com psilocibina após ler como eles reduziam a ansiedade em pacientes terminais de câncer. Ayahuasca mostrou me que meu distúrbio principal era ansiedade, e eu sabia que ainda tinha trabalho a fazer para consertar isso. Cogumelos com psilocibina não são neurotóxicos, são não viciantes, e estudos mostraram que eles reduzem ansiedade, depressão, e até levam a neurogênese, ou o crescimento de células cerebrais. Porque governos do mundo todo mantem fungos tão profundos fora do alcance do povo?

A curandeira abençoou me enquanto eu comia uma folha cheia de cogumelos com psilocibina para a cerimônia de cura. A curandeira abençoou me enquanto eu comia uma folha cheia de cogumelos com psilocibina para a cerimônia de cura.
A curandeira abençoou me enquanto eu comia uma folha cheia de cogumelos com psilocibina para a cerimônia de cura.
A curandeira abençoou me enquanto eu comia uma folha cheia de cogumelos com psilocibina para a cerimônia de cura.

Depois de Peru, eu visitei curandeiras em Oaxaca, Mexico. Os mazatecos haviam usado cogumelos com psilocibina como sacramento e medicinalmente por centenas de anos. Curandeira Dona Augustine me serviu uma folha repleta de cogumelos durante uma belíssima cerimônia diante de um altar católico. Enquanto ela cantava canções milenares, eu observava o pôr-do-sol sobre a paisagem montanhosa em Oaxaca e um profundo senso de conexão lavou meu inteiro ser. A beleza inata me levou a uma perda das palavras; uma súbita manifestação de emoção me pôs em lagrimas. Eu chorei pela noite e junto com cada lagrima, uma pequena porção do meu trauma escorria pelo meu rosto e dissolvia-se no chão da floresta, me libertando de sua energia tóxica.

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Cogumelos com psilocibina não são neurotóxicos, são não viciantes, e um estudo da Universidade do Sul da Florida mostrou que eles podem reparar danos cerebrais causados por trauma.

Talvez o mais espantoso, os cogumelos silenciaram a parte autocritica de minha mente por tempo suficiente para eu reprocessar a memória sem medo ou emoção. Os cogumelos possibilitaram-me lembrar de um dos momentos mais aterrorizantes de minha carreira: quando fui detida sob miras de armas no Bahrein enquanto filmava um documentário para CNN. Eu havia perdido qualquer lembrança daquele dia quando homens mascarados apontaram armas em nossas cabeças e forçaram minha equipe e eu ao chão. Durante uma boa meia hora, eu não sabia exatamente se iriamos ou não sobreviver.

Eu passei muitas noites sem dormir procurando desesperadamente por memórias daquele dia, mas elas estavam trancadas em meu subconsciente. Eu sabia que as memórias ainda me assombravam porque a qualquer momento eu iria ver ‘disparadores’ de TEPT, como barulhos altos, helicópteros, soldados, ou armas, e uma onda de ansiedade e pânico iriam inundar meu corpo.

A psilocibina era a chave para destrancar o trauma, possibilitando-me aliviar o aprisionamento momento a momento, fora do meu corpo, como um observador objetivo sem emoção. Eu espiei dentro da van da CNN e vi meu antigo eu sentada no banco traseiro, helicópteros barulhentos sob nossas cabeças. Minha produtora Taryn estava sentada a minha direita tentando freneticamente fechar a porta da van enquanto nos tentávamos escapar. Eu ouvi Taryn gritar “armas!” quando homens mascarados pularam dos veículos de segurança que cercavam a van. Eu observei enquanto eu rastejava desesperadamente até uma mochila no chão, pegando meu cartão de identificação da CNN e pulando fora da van. Vi-me deitada no chão em posição de criança, poeira cobrindo meu corpo e face. Observei-me enquanto lancei minha mão com o emblema da CNN no ar acima da minha cabeça gritando “CNN, CNN, não atirem!!”

Eu vi a dor em minha face quando as forças de segurança jogaram o ativista de direitos humanos e amigo querido Nabeel Rajab contra o carro de segurança e começaram a perturba-lo. Eu vi o terror em minha face enquanto olhei para minha camisa, braços no ar, rezando para que as fitas de vídeo escondidas em meu corpo não caíssem no chão.

Durante a cerimônia a psilocibina libera memórias traumáticas armazenadas no fundo do meu subconsciente para que eu possa processa-las e curar. A experiência é intensamente introspectiva.
Durante a cerimônia a psilocibina libera memórias traumáticas armazenadas no fundo do meu subconsciente para que eu possa processa-las e curar. A experiência é intensamente introspectiva.

Enquanto revivia cada momento de aprisionamento, reprocessei cada memória movendo-as da pasta “medo” para seu novo permanente lar na pasta “seguro” no disco rígido de meu cérebro.

Cinco cerimônias com cogumelos com psilocibina curaram minha ansiedade e os sintomas de TEPT. As borboletas que tinha um lar permanente em meu estomago voaram para longe.

Psicodélicos não são a solução completa. Para mim, eles foram uma chave que abriu a porta para a cura. Ainda tenho que trabalhar para manter a cura com o uso de tanques de flutuação, meditação, e yoga. Para os psicodélicos serem efetivos, é essencial que eles sejam tomados com o estado mental adequado em um ambiente descontraído propicio para a cura, e que todas as possíveis interações medicamentosas tenham sido cuidadosamente pesquisadas. Pode ser fatal se Ayahuasca for misturada com antidepressivos prescritos.

Fui abençoada com uma natureza curiosa e uma teimosia de sempre questionar autoridade. Se tivesse optado por um roteiro de um médico e me resignado na esperança que as coisas simplesmente melhorassem, eu nunca teria descoberto todo o alcance da minha mente e coração. Tivesse eu bebido o Kool-Aid e acreditado que todas as ‘drogas’ fossem ruins e sem valor medicinal, talvez estivesse no meio de uma batalha com TEPT.

A Criação do Reset.me

Este mesmo mundo que exalta a guerra, a violência, o mercantilismo, a destruição ambiental e o sofrimento proibiu algumas das chaves mais profundas para a paz interior. A Guerra às Drogas não é baseada na ciência. Se fosse, duas das drogas mais mortais da Terra – álcoole tabaco – seriam ilegais. Aqueles que sofrem com trauma se tornaram vitimas dessa guerra falida e perderam um dos modos mais eficientes de cura.

A humanidade enlouqueceu como resultado.

Lyon e um cientista abrem o estômago de peixe para procurar lixo plástico durante filmagens de um documentário sobre a poluição oceânica excessiva de plástico.
Lyon e um cientista abrem o estômago de peixe para procurar lixo plástico durante filmagens de um documentário sobre a poluição oceânica excessiva de plástico.

Passei dez anos testemunhando a insanidade coletiva como jornalista da linha de frente – guerras, derramamento de sangue, destruição ambiental, escravidão sexual, mentiras, vicio, ódio, medo.

Mas eu entendi tudo errado jornalisticamente. Eu estava focando nos sintomas de uma sociedade doente, ao invés de estar atacando a raiz da causa: trauma não processado.
Nós todos temos trauma. Trauma se aloja em criminosos violentos, a esposa que traí, políticos corruptos, aqueles que sofrem de transtornos mentais, vícios, dentro deles muito medo de assumir riscos e atingir seu pleno potencial.

Se não for adequadamente processado e purgado, trauma é cimentado no disco rígido da mente, crescendo em uma parasita obscuro que eleva sua cabeça feia por toda a vida de uma pessoa. Os ferimentos nos mantem trancados em uma grade de medo, preso atrás de uma personalidade não verdadeira para a alma, trabalhando em um emprego mundano ao invés de seguir uma paixão, repetindo o ciclo de abuso, destruindo o ambiente, ferindo uns aos outros. O sofrimento mais comum e severo é infligido na infância sequestrando o lugar do motorista para a fase adulta, conduzindo o indivíduo em uma estrada privada de felicidade. Renomado especialista em vícios Gabor Mate diz, “O maior causador de vícios severos é sempre o trauma infantil”.

Nós vivemos em um mundo cheio de feridas e quando deixadas sem tratamento, elas são passadas sem cerimônia de uma geração para outra, assim o ciclo traumático continua com toda sua brutalidade destrutiva.

Mas há esperança. Nós podemos transformar o curso da humanidade ao purgar coletivamente nossa mágoa/pesar e curando a nível individual, com ajuda das medicinas psicodélicas. Uma vez curados em nível individual, nós veremos uma dramática transformação positiva na sociedade como um todo.

Eu fundei o website reset.me para produzir e agregar jornalismo sobre consciência, medicinas naturais, e terapias. O explorador psicodélico Terrence McKenna comparou tomar psicodélicos com apertar o ‘botão reiniciar’ no seu disco rígido interno, limpando todo lixo, e recomeçando. Eu criei o reset.me para ajudar conectar aqueles que precisam apertar o ‘botão reiniciar’ na vida com o jornalismo cobrindo as ferramentas que nos permitem curar.

É uma crise de direitos humanos os psicodélicos não estarem acessíveis para a população em geral. É insano que governos do mundo todo tenham proibido as próprias medicinas que pode emancipar nossas almas do sofrimento.

É tempo de parar essa loucura.

A Experiência de Contato com OVNI’s como Crise de Transformação

Por Keith Thompson
Extraído do livro “Emergência Espiritual – Crise e Transformação Espiritual”, de Stanislav Grof e Christina Grof

Eles não me tocaram, mas estenderam as mãos como se me dessem assistência. Parece haver uma plataforma lá… e estou pisando nela. A luz está acima. É brilhante, bem brilhante – e ela tem aquelas faixas de luz saindo dela. Parece que ela está me levando para cima!… A luz está ficando cada vez mais brilhante… Estou envolta em luz… uma brilhante luz branca. Estou parada ali. A luz não parece ferir. Não é quente. É apenas luz branca, em torno de mim e em mim..

Betty Andreasson Descrevendo o Seu Contato Com Ocupantes de um OVNI em 1967 em The Andreasson Affair

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Embora a existência de vida inteligente fora do planeta continue sendo uma questão aberta, são extremamente comuns, vividas e convincentes as experiências de comunicação e de encontros com seres extraterrestres. Elas são parte dos mais interessantes e curiosos fenômenos do domínio transpessoal. Fica cada vez mais claro que elas merecem um estudo sério, reflitam ou não a realidade objetiva.

As experiências que envolvem contatos com a inteligência extraterrestre compartilham muitas das características das experiências místicas e podem levar a uma confusão e a crises psico-espirituais muito semelhantes. O curso mais interessante e promissor da pesquisa dos OVNIs afasta-se do acalorado debate acerca da factualidade da visita de seres de outros universos à terra e se dirige para o estudo da experiência com OVNIs como um fascinante fenômeno em si mesmo.

Keith Thompson é um ardoroso estudioso das características psicológicas desses contatos. Graduado em literatura inglesa na Universidade Estadual de Ohio, é um escritor altamente sensível e perceptivo que explora novos desenvolvimentos da filosofia, da psicologia, da psicoterapia, da ciência e da espiritualidade modernas. Seus artigos são publicados regularmente em Common Boudary (de que ele é editor-colaborador), Esquire, New Age, Utne Reader, San Francisco Chronicle e Yoga Journal. Ele também tem uma coluna semanal na Oakland Tribune, onde trata de temas relativos à “alma da ciência moderna e à ciência emergente da alma”.

Residente em Mill Valley, Califórnia, Thompson tem acompanhado com grande interesse os desenvolvimentos no campo da psicologia transpessoal, uma disciplina que surgiu na área da Baía de São Francisco. Ele se interessa em particular pela sua enriquecedora relação com os avanços revolucionários da ciência. Seu estreito vínculo com o Instituto Esalen, de Big Sur, Califórnia, permitiu-lhe adquirir conhecimento de uma variedade de técnicas psicoterapêuticas.

Tendo feito treinamento avançado em hipnose e terapia Gestalt, Thompson usa essas duas abordagens para estudar o significado mais profundo dos estados de consciência incomuns, área que há muitos anos constitui um dos seus apaixonados interesses. As experiências de contato com OVNIs e com a inteligência extraterrestre parecem-lhe especialmente desafiadoras e curiosas. Thompson está escrevendo um livro, Aliens, Angels, and Archetypes, que explora a dimensão mítica do fenômeno dos OVNIs.

Embora a contribuição de Thompson trate dos problemas específicos das pessoas que tiveram experiências relacionadas com os OVNIs, os temas por ele desenvolvidos no tocante a esses episódios, entendidos como formas de iniciação, têm algo a dizer a todos quantos foram atingidos por crises espirituais.

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Dentre todas as perguntas complicadas feitas por pessoas que tiveram contato direto com um OVNI, a mais espantosa – e mais comum – talvez seja: “Por que eu?” Essa questão está presente em todo o conhecido relato feito por Whitley Streiber de sua experiência de rapto, Communion (1987), bem como na crônica sobre o fenômeno do rapto por OVNIs feita por Budd Hopkins, Intruders (1987).

Desejo tratar precisamente dessa sensação de ter sido escolhido por alguma razão desconhecida para realizar algum propósito ou missão desconhecidos. Por meio de longas conversas com pessoas que decidiram – muito corajosamente, me parece – lidar de perto com a sua experiência, descobri que a questão costuma apresentar-se como “Fui aliciado ou iniciado? Se fui, por que ou por quem? Com que objetivo?” Mais tarde, procurei dados antropológicos a fim de obter uma melhor compreensão dos estágios, das estruturas e da dinâmica das cerimônias de iniciação, e de ver se faz sentido falar de paralelos entre as iniciações da escala humana e as experiências humanas com o Outro desconhecido chamado OVNIs.

Trato aqui daquilo que as pessoas relatam acerca da sua experiência, e não daquilo que é objetivamente, em última análise, verdadeiro – sendo esta última questão uma outra discussão, que me levaria a seguir uma direção bem distinta. Minha abordagem é fenomenológica: tomo como dados primários aquilo que a pessoa que recebe o OVNI relata como sua experiência. Deixarei aos outros as inferências sobre a natureza da realidade que serve de base e que causa “meras aparências”. Esse debate é povoado invariavelmente por pressupostos sobre o que pode ou não ser real, enquanto minha abordagem deixa esses pressupostos entre parênteses. Isso permite a exploração das Experiências com OVNIs (ou EOVNIs) e outros fenômenos extraordinários sem ser perturbado por tendências metafísicas e crenças exclusivistas no tocante aos dados importantes.

A intensidade da crise existencial ou transpessoal que pode ser precipitada por uma EOVNI não parece depender do fato de o receptor sentir ou não que interagiu com um objeto voador não identificado tradicional ou, em vez disso, teve uma; experiência “mediúnica”, “imaginária”, “arquetípica”, “de proximidade da morte”, “de saída do corpo” ou “xamânica”. A autenticidade experiencial de uma EOVNI parece depender em larga medida do grau até o qual o receptor passa pela interação com seres, presenças ou objetos de outro mundo como experiência significativamente substancial e fundamentalmente real – e até “mais do que real”. Se essas condições forem atendidas, também a profundidade de uma crise transpessoal relacionada com os OVNIs não parece depender do tipo de hipótese feita pelo receptor com relação aos “seres do OVNI” – cidadãos do “espaço exterior”, de “universos paralelos”, do “inconsciente coletivo”, do “céu”, do “inferno” ou de outros lugares numinosos. Tomo por ponto de partida, na exploração da natureza iniciatória das EOVNIs, os padrões desses relatos.

O professor Arnold Van Gennep definiu os ritos de passagem como “ritos que acompanham toda mudança de lugar, de estado, de posição social e de idade”. O nosso movimento do ventre ao túmulo é pontuado por algumas transições críticas marcada por rituais apropriados que têm como alvo tornar clara a significação do indivíduo e do grupo diante de todos os membros da comunidade. Essas passagens ritualizadas incluem o nascimento, a puberdade, o casamento e a confirmação religiosa, incluindo a introdução em escolas de mistério de vários tipos. Adiciono a essa relação uma nova categoria de experiência: o contato OVNI/ ser humano, uma interação que tem muitas semelhanças estruturais e funcionais com outras ocasiões iniciatórias.

Diante do que considero o paradoxo central da interação ser humano/alienígena –  isto é, a contínua irredutibilidade do fenômeno dos OVNIs através de meios e modelos convencionais, aliada à permanente manifestação do fenômeno em formas cada vez mais estranhas -, é difícil evitar a impressão de que a própria tensão que constitui esse paradoxo tem tido um impacto iniciatório. Enquanto o debate entre os verdadeiros crentes de ambos os lados da questão dos OVNIs segue na sua previsível banalidade, nossos sistemas de crença pessoais e coletivos têm sofrido mudanças imperceptíveis e, ao mesmo tempo, significativas.

Sem que nos demos conta, a estrutura mitológica humana tem passado por uma modificação fundamental. As pesquisas de opinião e outros termômetros das tendências coletivas revelam que hoje há um número nunca antes alcançado de pessoa que têm por certo que não estamos sozinhos no universo. A própria relutância do fenômeno dos OVNIs em desaparecer ou em chegar consideravelmente mais próximo de nós de uma vez tem nos condicionado – ou, se se desejar, iniciado – a considerar extraordinárias possibilidades acerca daquilo que somos no íntimo e sobre quais devem ser as condições definitórias do jogo que denominamos realidade.

Van Gennep demonstrou que todos os ritos de transição se desdobram em três fases: separação, marginalidade e agregação ou consumação. A fase um, a separação, envolve o afastamento das pessoas e grupos de uma posição social fixa anterior ou conjunto prévio de condições culturais, uma saída ou abandono de um estado precedente. Por exemplo, o jovem que participa de uma cerimônia iniciatória masculina numa cultura tradicional é forçado a deixar a sua auto-identificação de “menino” na porta do local de iniciação.
A fase dois, a marginalidade, implica a entrada numa condição de vida à margem, que não está em um nem em outro lugar, que não está propriamente aqui nem ali. A marginalidade (também chamada liminaridade, do latim limen, “limiar”) se caracteriza por uma profunda sensação de ambigüidade sobre quem a pessoa de fato é. O jovem deixou de ser um menino mas ainda não se tornou, por meio de um ritual especialmente concebido, um homem.

A agregação, por sua vez, é o momento de voltar a conviver com os outros, mas de uma nova maneira, saindo das margens para entrar num novo estado de ser. Trata-se da consumação ou culminação do processo. Agora, o ser humano masculino obteve o direito de ser chamado de homem e de se considerar tal.

Joseph Campbell, que é de longe o mais criativo e perceptivo mapeador dos domínios mitológicos, escreveu muito sobre as muitas formas que a fase de separação pode assumir. Em sua obra clássica sobre o mito universal da jornada do herói, The Hero with a Thousand Faces [O Herói de Mil Faces], ele escreve: “Um herói vindo do mundo cotidiano se aventura numa região de prodígios sobrenaturais.” Que descrição magnificamente sucinta dos primeiros momentos do contato com um OVNI – embora, com efeito, os OVNIs não sejam mencionados uma única vez no livro de Campbell. Ele prossegue, denominando essa primeira fase da jornada O Chamado da Aventura; ela significa que

o destino convocou o herói e transferiu-lhe o centro de gravidade do seio da sociedade para uma região desconhecida. Essa fatídica região dos tesouros e dos perigos pode ser representada sob várias formas: como uma terra distante, uma floresta, um reino subterrâneo, a parte inferior das ondas, a parte superior do céu, uma ilha secreta, o topo de uma elevada montanha ou um profundo estado onírico. Mas sempre é um lugar habitado por seres estranhamente fluidos e poliformos, tormentos inimagináveis, façanhas sobre-humanas e delícias impossíveis. O herói pode agir por vontade própria na realização da aventura, como faz Teseu ao chegar à cidade do seu pai, Atenas, e ouvir a horrível história do Minotauro; da mesma forma, pode ser levado ou enviado para longe por algum agente benigno ou maligno, como ocorreu com Ulisses, levado Mediterrâneo afora pelos ventos de um deus enfurecido, Posêidon. A aventura pode começar como um mero erro, como ocorreu com a aventura da princesa do conto de fadas; igualmente, o herói pode estar simplesmente caminhando a esmo quando algum fenômeno passageiro atrai seu olhar errante e o leva para longe dos caminhos comuns do homem. Os exemplos podem ser multiplicados, ad infinitum, vindos de todos os cantos do planeta. [P. 66 da edição em português]

Tomei a liberdade de fazer essa longa citação por que estou cativado pelos muitos paralelos entre o chamado da aventura do herói, na mitologia, e os inúmeros exemplos das aventuras com OVNIs de pessoas convocadas “do seio da sociedade para uma região desconhecida”. Muitos contatados se abrem, curiosos, e até excitados, ao encontro com alienígenas dos OVNIs; os raptados são levados contra a sua vontade. Conheci muitas pessoas que estiveram “em contato” com agentes dos OVNIs por meio do que eles consideram ser uma espécie de erro ou apenas em conseqüência de seguirem com a sua vida, cuidando de suas próprias coisas.

De qualquer maneira, o herói (ou contatado ou raptado) é afastado ou separado do coletivo, da corrente principal, de uma forma forte, transformadora da vida. Isso nos leva à resposta muito freqüente ao Chamado da Aventura: a recusa. Como a separação do coletivo costuma ser terrível, o herói muitas vezes diz, tão-somente: “Diabos, eu não vou” – ou mais precisamente, “Eu não fui”.

Em termos da experiência com OVNIs, o contato ou rapto conclui (freqüentemente para preservar sua própria sanidade) que “Não podia ser real… Não aconteceu comigo… Foi apenas um sonho… Se eu guardar a lembrança para mim, talvez tudo se dissipe…” Recusar o chamado, escreve Campbell, representa a esperança do herói de que o seu atual sistema de ideais, virtudes, objetivos e vantagens possa ser consolidado e garantido por meio do ato de negação. Mas não está prevista essa sorte: “Somos perseguidos, dia e noite, pelo divino ser que é a imagem do eu vivo presente no labirinto fechado da nossa própria psique desorientada. Os caminhos para as portas se perderam; não há saída.”

As grandes religiões e tradições filosóficas do mundo falam de várias maneiras desse momento crucial, que podemos descrever como “o combate com o anjo pessoal”. O ser ou seres que guardam o limiar não admitem desvios; o caminho para além é a passagem pelo limiar. O Outro numinoso costuma exigir, em todos os seus disfarces, algo que parece inaceitável ao iniciado; mas a recusa parece impossível quando se está nessa zona nova e desconhecida. O terror muitas vezes toma conta da pessoa, como o diz Whitley Streiber ao descrever o seu rapto por um OVNI:

“Whitley” deixou de existir. Restou um corpo num estado de terror tamanho que tomou conta de mim como uma espessa e sufocante cortina, tornando a paralisia uma condição que parecia próxima da morte. Não creio que a minha humanidade comum tenha sobrevivido à transição.

Quão vívida é essa descrição da separação forçada do mais profundo sentido de identidade por um agente alienígena – e do ser deixado nas ambíguas margens do ser! A experiência de Streiber é comum a muitos – mas não a todos – os raptados por OVNIs.

Seria justificável sugerir que o que está em jogo nos contatos alienígena/ser humano é um certo conceito de humanidade? Parece mais do que provável que nossa ambivalência – que permeia toda a cultura – com relação à aceitação do fenômeno dos OVNIs como uma coisa real reflete a sensação coletiva de que a aposta é de fato alta. Encarar o rosto do Outro requer que enfrentemos a dolorosa admissão de Rainer Maria Rilke: “Não há nenhum lugar além de você mesmo: Você precisa mudar a sua vida.”

Como cultura – talvez como espécie -, somos fatalmente atraídos por esse misterioso desconhecido, somos chamados por ele – e, no entanto, o medo de Streiber não é só seu. O reconhecimento de que existe há muito tempo aquilo que Streiber chama de “fenômeno do visitante” nos convida a aceitar, em suas palavras, “que podemos muito bem ser alguma coisa distinta daquilo que acreditamos ser, que podemos estar na terra por razões que podemos não saber e cuja compreensão será um imenso desafio”.

abductionPara quem não foi levado e molestado por alienígenas, a recusa do chamado pode ser muito sutil. Muitas pessoas cujo contato com o Outro é telepático, ou caracterizado por fenômenos visionários com motivos mitológicos, podem ver-se, no início, resistindo à experiência simplesmente desligando-se dela. Quem de nós deseja desistir do sentido seguro e familiar de identidade? Todos somos assombrados pela presença da própria Sombra, aquela coisa dentro de nós e ao nosso redor que se recusa a ser facilmente colonizada pelo avaro ponto focal chamado ego. Contudo, uma vez vivida uma certa parcela da vida, fica mais difícil ignorar o constante apelo de reconhecimento que o Outro nos faz, visando retornar a um lugar central e ativo em nossa vida.

Os antigos sabiam a importância de manter um diálogo íntimo com o nosso duplo ou daemon, chamado genius em latim, “anjo da guarda” pelo cristianismo, “homem reflexo” pelos escoceses, vardogr pelos noruegueses, Doppelgänger pelos alemães. A idéia era: ao cuidar do desenvolvimento do nosso “gênio”, esse ser espiritual nos daria ajuda por toda a vida mortal humana e na próxima. Os seres humanos que não cuidavam do seu Outro pessoal tornavam-se uma entidade maléfica e ameaçadora chamada de “larva”, dada a pairar sobre aterrorizadas pessoas adormecidas e a levar as pessoas à loucura.

Portanto, o herói transcende a recusa do chamado porque, em última análise, é impossível não aceitá-lo. Preferimos trabalhar com os desdobramentos das experiências com OVNIs, trilhar o caminho espiritual ou aceitar aquilo que se apresenta como um chamado pessoal quando percebemos que aceitar o chamado é menos doloroso do que as temidas ramificações do abandono do coletivo, da massa, ou de qualquer coisa que se deseje descrever como o modo de vida anterior. Paracelso disse que todos têm dois corpos, um composto pelos elementos e, o outro, pelas estrelas. Aceitar o Chamado da Aventura – seja na forma da “assimilação” do nosso contato com OVNIs ou na experiência de proximidade da morte ou de algum outro confronto com a realidade não comum – eqüivale a decidir habitar o nosso Corpo Estelar.

Isso nos leva à segunda – e, de certo modo, ainda mais difícil – fase de iniciação: viver no ambíguo “não-propriamente-aqui-não-propriamente-lá”. Desejo concentrar a minha atenção nessa transição entre estados de ser, pois creio tratar-se de um terreno fertilíssimo e de enorme potencial, mesmo que a maioria de nós tenda a viver a abertura e a receptividade como vazio e perda. Em seu ensaio clássico: “Betwixt and Between: The Liminal Period of Rites of Passage”, Victor Turner afirma que a principal função da transição entre estados é tornar o sujeito invisível. Para propósitos cerimoniais, o neófito – isto é, aquele que passa pela iniciação – é considerado estruturalmente “morto”, ou seja, não classificável à maneira antiga nem à nova, invisível: não visto.

No livro em que examina os detalhes de vários raptos praticados por OVNIs, Intruders, Budd Hopkins inclui uma enorme passagem de uma carta que recebeu de uma jovem de Minnesota que relatou ter sido raptada por alienígenas quando criança e depois de adulta. Como essa mulher descreve bem a crise existencial que os raptados sofrem, cito um grande trecho de sua correspondência:

“Para a maioria de nós, tudo começava com as lembranças. Embora alguns se recordassem de parte da experiência ou de toda a experiência, era mais comum que tivéssemos de fazer um esforço por encontrar essas lembranças – escondidas numa espécie de amnésia. Fazíamos isso, com freqüência, por meio da hipnose, que era, para muitos de nós, uma nova experiência. E que sentimentos confusos advinham quando lidávamos com essas lembranças! Quase sem exceção, ficávamos terrificados quando revivíamos esses eventos  traumáticos, com uma sensação de sermos esmagados sob o seu impacto. Mas havia também descrença. Isso não pode ser real. Devo estar sonhando. Isso não está acontecendo. E assim começava a vacilação e a dúvida com relação a nós mesmos, os períodos alternados de ceticismo e de crença, em nossa tentativa de incorporar nossas lembranças no nosso sentido do que somos e do que sabemos. Muitas vezes sentíamos que estávamos loucos; continuamos a nossa busca da explicação “real”. Tentávamos entender o que havia de errado conosco para que essas imagens subissem à superfície. Por que a minha mente faz isso comigo?”

Essa mulher mostra que entende muito bem os sentimentos associados com o fato de se tornar “invisível” em virtude de relatar uma experiência que se desvia das possibilidades admitidas pela “realidade consensual”:

“E havia também o problema de falar com os outros sobre as nossas experiências. Muitos dos nossos amigos eram, naturalmente, céticos, e, embora nos magoasse o fato de não sermos compreendidos, o que poderíamos esperar? Também nós tínhamos os nossos momentos de ceticismo, ou talvez tivéssemos sido céticos no passado. As respostas que obtínhamos dos outros refletiam as nossas. As pessoas com quem falávamos acreditavam em nós… e duvidavam de nós, ficavam confusas e, como tínhamos feito, procuravam outras explicações. Muitas eram rígidas em sua negação, não admitindo a mínima possibilidade desses raptos e, fossem quais fossem as suas palavras, a mensagem pressuposta era clara: sei melhor do que você o que é e o que não é real. Sentíamo-nos num círculo vicioso que parecia imposto a nós, raptados, por uma sociedade cética:

Por que você acredita que foi raptado?
Porque você é louco.
Como sabemos que você é louco?
Porque você acredita que foi raptado.

… Aprendemos do modo mais difícil, por meio de tentativa e erro, em quem podíamos ou não confiar. Aprendemos a sutil diferença entre segredo e privacidade. Mas muitos de nós tiveram uma forte sensação de isolamento. Sentíamos a dor de sermos diferentes, como se apenas estivéssemos “passando” por normais.Alguns chegaram à difícil compreensão de que não havia ninguém com quem pudéssemos ser quem de fato éramos, o que era uma posição muito solitária para se ficar.”

Em resumo: muitos contatados e raptados por OVNIs, ao lado dos que tiveram uma experiência direta, imediata e inegável do Mysterium, do sagrado, sabem o que é ser invisível para aqueles que não receberam o mesmo chamado – ou que ainda recusam esse chamado. Essa ambivalência é especialmente pronunciada para quem voltou do limiar da morte. Tendo sido declarados clinicamente mortos e tendo flutuado na direção de um túnel povoado por seres de luz que acenavam, apenas para voltarem ao mundo dos vivos com um sentido inexplicavelmente radiante de ser e de objetivos, muitos iniciados em experiências de proximidade da morte contam que deixaram de se sentir humanos exatamente da mesma forma anterior à experiência. Essa ambivalência aumenta quando a família, os amigos e várias figuras de autoridade desdenham a experiência.

Ao falar informalmente com iniciados por OVNIs sobre essas idéias, percebi que eles em geral reconhecem os sentimentos do mundo marginal. É como se o neófito vislumbrasse algo tão profundo que certos “fatos da vida” anteriores à experiência deixam de ser os únicos verdadeiros. É comum que a pessoa sinta frustração porque os outros não vêem que as regras do jogo mudaram, ou que as velhas regras sempre foram uma de muitas maneiras de organização da percepção, em vez de imutáveis “leis da natureza”.

Na outra extremidade da frustração do viver à margem está a percepção disponível para quantos desejem entrar nela: o não ser capaz de se classificar também significa estar livre da necessidade de se apegar a uma única identidade. Viver nem aqui nem lá, no reino da incerteza e do não-saber, pode possibilitar novas percepções, novas maneiras de “construir a realidade”. Nesse sentido, a experiência com OVNIs serve de agente de desconstrução cultural, incitando-nos a destruir idéias fáceis acerca do hiato supostamente interminável entre a mente e a matéria, entre o espírito e o corpo, entre o masculino e o feminino, entre a natureza e a cultura e outras dicotomias familiares.

Viver na ambivalência da marginalidade pode ser considerado em termos de paraíso perdido ou de uma revigorante libertação da necessidade de manter um sentido unidimensional particular de paraíso intacto. Podemos lamentar a morte das fronteiras claras, do branco e do negro, do certo e do errado, do nós e do eles, assim como podemos entrar voluntariamente nos reinos marginais, liminares e indistintos do ser, descobrindo cara a cara os nossos demônios e anjos desconhecidos – encarando-os, se o desejarmos, com a mesma ferocidade com que eles nos encaram.

Em suma, o jogo pode ser considerado como uma escolha entre penetrar no paradoxo e nele viver, ou, como o diz o meu amigo Don Michael, “pousar com os dois pés apoiados firmemente no ar”. Muito pode ser dito sobre o lugar em que extremidades indistinguíveis apresentam não somente um desafio de restauração da ordem perdida como uma oportunidade de brincar na vasta perversidade polimorfa da Matriz Criadora; o espaço em que reside o Trapaceiro, meio Madre Teresa, meio Pee-wee Herman; em que, como no conto “João de Ferro”, dos irmãos Grimm, onde se descobre que o Selvagem seco e peludo descoberto no fundo do poço também tem uma ligação especial com o ouro. Caracteristicamente, sentimos um vazio ao percebermos quão irremediavelmente a nossa herança judeu-cristã negou o vínculo entre a selvageria sensual e afirmadora da vida e a experiência do sagrado.

Há também uma dimensão coletiva da marginalidade, como o torna claro a contínua percepção fronteiriça dos OVNIs a partir do final dos anos 40: gostemos ou não, nossa cultura, a cultura humana, também vive à margem, nas extremidades, no meio. Heidegger disse que vivemos numa época intermediária entre a morte dos velhos deuses e o nascimento dos novos, e Jung acreditava que os OVNIs eram um símbolo fundamental das “mudanças da constelação de dominantes psíquicos, dos arquétipos – ou ‘deuses’, como costumavam ser chamados -, que produzem, ou acompanham, transformações duradouras da psique coletiva”.

Mas, como vamos fundamentar, concretizar essas idéias? Começando pelo ponto em que estamos – aqui, aumentando a “rachadura do ovo cósmico”. Por definição, as transições são fluidas, entidades não definíveis com facilidade em termos estáticos ou estruturais; e é isso que acontece com as iniciações via OVNIs. Muitos que passaram por elas sentem ter deixado de existir. Na verdade, eles deixaram de existir no nível com que estavam familiarizados e com o qual se sentiam à vontade. Também a nossa cultura saiu do colo, do conforto e da segurança do dualismo newtoniano-cartesiano. “Nenhuma criatura pode alcançar um nível de natureza superior sem cessar de existir”, disse o filósofo Coomaraswami.

As pessoas que tiveram um contato imediato me dizem que foram forçadas a chegar a um acordo com a idéia de que o mundo não é tão simples quanto parecia enquanto elas cresciam com papai e mamãe por perto. Elas tiveram de perceber que o mundo está cheio de panoramas e abismos. De que modo a experiência com OVNIs faz isso? Não tenho certeza, mas suspeito que tem alguma relação com a revelação do segredo, a piada cósmica, com o fato de ter “visto tanto” que voltar a um mundo de pensamento atomístico newtoniano ingênuo deixou de ser uma opção honesta.

É possível que os OVNIs, a experiência de proximidade da morte, as aparições da Virgem Maria e outros modernos contatos visionários xamânicos são tanto um estímulo para o nosso próximo nível de consciência quanto o são as premências sexuais em rápido desabrochar para a passagem do adolescente da infância para a idade adulta. Ambos os tipos de processo representam a morte de um estado de ser ingênuo precedente. O privilégio de ser jovem – uma pessoa jovem, um planeta jovem, uma alma jovem – é acreditar que podemos ficar eternamente inocentes. Mas uma vez que o limiar do domínio marginal – nem aqui nem lá – do ser, seja cruzado, só podemos evitar morrer para as identidades precedentes seguindo o caminho do falso ser, a vida de negação.

Parece perfeitamente apropriado, a meu ver, o fato de os OVNIs terem confundido a ciência, os acadêmicos e as comissões governamentais de investigação. A própria perturbação dos nossos sinais cognitivos deve ser considerada, se optarmos por isso, uma maravilhosa oportunidade para parar de montar Humpty Dumpty outra vez começando, em vez disso, a eliminar o ruído dos circuitos de comunicação, as distorções advindas da consciência individualizada, limitada, orientada para o ego, que se toma erroneamente pelo todo. Permitir que o ovo cósmico permaneça quebrado liberta-nos para que comecemos a fugir do lixo da cultura profana, de um modo de vida baseado na negação de um relacionamento simbiótico com Gaia, a Terra, cujo contínuo fluxo de comunicação fingimos não perceber, graças ao estado alterado de consciência especial que chamamos de inteligência racional.

Acredito que não há muito a ganhar em esperarmos por uma “solução” abstrata para o “problema” dos OVNIs, como se uma solução dessas pudesse algum dia ser separada ou separável do nosso próprio esforço de saber. Afastamo-nos muito daquilo a que tínhamos direito ao nascer – a presença sentida do mysterium tremendum, o mistério do ser que nos faz estremecer – e somente nós mesmos podemos dar uma reviravolta nisso. Terence McKenna o formula da seguinte maneira: “A gnose é o conhecimento privilegiado transmitido ao corajoso.” Poderemos reunir a coragem para receber o verdadeiro conhecimento?

Joseph Campbell refere-se a quem sai da realidade comum e entra em contato com prodígios sobrenaturais – e que depois retorna a essa realidade – como o Senhor de Dois Mundos. Livre para cruzar em todas as direções as divisões entre os domínios, do tempo para a intemporalidade, das superfícies para as profundezas causais e destas àquelas, o Senhor conhece ambas as realidades e não se instala exclusivamente em nenhuma delas.

Diz Campbell:

O discípulo foi abençoado pela visão que transcende o alcance do destino humano normal, equivalente a um vislumbre da natureza essencial do cosmos. Não o seu destino pessoal, mas o da humanidade, da vida como um todo, do átomo de todos os sistemas solares, foi posto diante dos seus olhos; e em termos passíveis de apreensão humana, isto é, em termos de uma visão antropomórfica: o Homem Cósmico. [Página 229 da edição brasileira.]

Observe-se a insistência de Campbell no fato de que a visão transformadora é revelada “em termos passíveis de compreensão humana”. Entre outras coisas, isso nos acautela da enorme inflação do ego que costuma acompanhar a experiência com OVNIs, especialmente quando está envolvida a canalização. Precisamente porque a visão de OVNIs parece absurda para a consciência comum, não-iniciada, a experiência (e a pessoa que por ela passou) vai ser ridicularizada pelo coletivo. Com sentimentos de rejeição como o insulto acrescentado à injúria da experiência com OVNIs, que abala a realidade, o iniciado pelos OVNIs é tentado a compensar a sensação de ser inferior ao comum fingindo ser fora do comum, por vezes assumindo o papel de profeta cósmico que vislumbrou o novo horizonte cósmico.

Todos os que tiverem tido experiências extraordinárias devem estar alertas para essa tendência. Devemos ter em mente que ser invisível para a cultura como um todo pode ser tanto uma bênção como uma maldição – que ser desconsiderado, ignorado e desvalorizado pode ser o impulso para que se tome uma outra rota: o caminho da calma, a trilha suave, firme, que fica nos bastidores. Trata-se do caminho invisível de aquisição do conhecimento, a trilha lenta da alquimia. O trabalho da alma requer tempo. Isso significa que devemos intencionalmente reservar tempo, especialmente em nossa cultura secular extrovertida, cada vez mais hiperativa. A pergunta que devemos formular, envolvidos como estamos na exploração de fenômenos extraordinários desvalorizados pela consciência corriqueira, refere-se a saber se o ônus de ser desconsiderado por não-iniciados é de fato maior do que o de tentar convencê-los de que tivemos uma experiência que, ao menos por implicação, nos faz um tanto “especiais”.

Prefiro o primeiro caminho, por causa do sentido de libertação da necessidade de saber o que é a realidade que ele dá. Porque, na medida em que é uma “sacudidela” nos velhos hábitos, uma experiência com OVNIs também oferece uma oportunidade de florescimento fora dos domínios aceitos de classificação da nossa cultura, fazer perguntas sobre coisas que antes tínhamos por certo e alcançar a perspectiva de uma transição ainda mais ampla do que a nossa transição pessoal: a passagem para um novo modo de ser para a humanidade.

Posso dizer que tive a sorte de encontrar uns quantos iniciados por OVNIs que, tal como aqueles que penetraram no mistério do sagrado por outros caminhos, se tornaram Senhores de Dois Mundos precisamente porque transcenderam a ilusão de que a sua experiência, positiva ou negativa, lhes pertence ou ocorreu com eles pessoalmente. Whitley Streiber, que na verdade tomou a sua experiência como algo pessoal, admite, num ponto de Communion, que, quando perguntou aos seus captores do OVNI “Por que eu?”, eles responderam: “Porque a luz estava acesa -nós vimos a luz.”
Numa atitude que constitui um golpe para o seu ego, Whitley é informado de que eles foram até onde ele estava não para ungi-lo como avatar da Nova Era, nem sequer para levá-lo a escrever um relato pessoal campeão de vendas sobre as suas experiências, mas porque ele tinha deixado a luz acesa na sala de estar! Mais uma vez, uma maravilhosa oportunidade de aproveitar ao máximo a própria invisibilidade, de permitir que o contato com o OVNI libere novos níveis de identificação do ego, limitações pessoais e temores.

“Suas ambições pessoais estão dissolvidas”, escreve Campbell, “razão pela qual ele já não tenta viver, mas simplesmente relaxa diante de tudo o que venha a se passar nele; ele se torna, por assim dizer, um anônimo.”
Como a pessoa vai viver “anonimamente” no mundo, com o segredo do conhecimento extraordinário tão ao seu alcance? Ouçamos as palavras do erudito religioso Shankaracharya sobre isso:

Por vezes um tolo, por vezes um sábio, por vezes coberto de régio esplendor; por vezes vagando, por vezes imóvel como um píton, por vezes exibindo uma expressão benigna; por vezes honrado, por vezes insultado, por vezes desconhecido – assim vive o homem realizado, eternamente feliz com a bênção suprema. Assim como um ator é sempre um homem, ponha o traje do seu papel ou o retire, assim também é o perfeito conhecedor do Imperecível sempre Imperecível, e nada mais.

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Adaptado de uma apresentação feita em julho de 1987 na Oitava Conferência de Rocky Mountain sobre Investigações de OVNIs, realizada em Laramie, Wyoming. Essa conferência anual é conhecida informalmente, nos círculos de ufólogos, como “a Conferência dos Contactados”. O promotor, o dr. Leo Sprinkle, procura oferecer um “lugar seguro” onde pessoas que passaram pelo que consideram ser uma “experiência com OVNIs” e investigadores desses eventos possam reunir-se para explorar as dimensões experienciais de um fenômeno perturbador.