A terapeuta que foi presa por usar LSD e MDMA com os pacientes

Notoriamente ilegal e sinônimo de hedonismo, o LSD e Ecstasy começaram a vida como ajuda à psicoterapia. Sam Wong encontra o grupo de psiquiatras que estão trabalhando para recuperá-los para a medicina novamente.

Às 6:30 da manhã na quinta-feira , 29 de outubro de 2009,a campainha de Friederike Meckel Fischer tocou. Havia dez policiais lá fora. Eles vasculharam a casa, colocaram algemas em Friederike- uma pequena mulher em seus sessenta anos- e em seu marido, e os levaram a uma prisão preventiva. O casal teve suas fotografias e impressões digitais tiradas e foram colocados em celas separadas isoladamente. Depois de algumas horas, Friederike, uma psicoterapeuta, foi levada para interrogatório.

O oficial leu de volta para ela à promessa de sigilo que ela tinha feito cada cliente fazer no início de suas sessões de terapia de grupo. “Então eu sabia que eu estava realmente em apuros”, diz ela.
“Eu prometo não divulgar o local ou nomes das pessoas presentes ou a medicação. Prometo não prejudicar a mim ou aos outros de forma alguma durante ou após esta experiência. Eu prometo que vou sair dessa experiência mais saudável e mais sábia. Eu assumo a responsabilidade pessoal para o que eu faço aqui”.

A polícia suíça havia sido contatada por uma ex-cliente cujo marido a deixou depois dela ter feito terapia. Ela alegou responsabilidade a Friederike.

As 16:00 os pacientes eram convocados a discutir suas experiências, então um motorista levava-os para casa, as vezes ainda enquanto eles estavam sob a influência da droga

O que colocou Friederike em apuros foram seus métodos de terapia não-ortodoxas. Juntamente com sessões separadas de conversas terapêuticas convencionais, ela ofereceu um catalisador, uma ferramenta para ajudar seus clientes a se reconectar com seus sentimentos, com as pessoas ao seu redor, e com experiências difíceis em suas vidas. Esse catalisador foi o LSD. Em muitas de suas sessões, eles também usariam outra substância: MDMA, ou Ecstasy.

Friederike foi acusada de colocar seus clientes em perigo, tráfico de drogas para lucro próprio, e pondo em risco a sociedade com “drogas intrinsecamente perigosas”. Tal terapia psicodélica está na periferia de ambos: psiquiatria e sociedade. No entanto, o LSD e MDMA começaram a vida como medicamentos para a terapia e novos ensaios estão testando se eles poderiam ser usados novamente.


 

Em 1943, Albert Hofmann, um químico no laboratório de farmacêutica Sandoz, em Basileia, na Suíça, estava tentando desenvolver drogas para contrair os vasos sanguíneos, quando ele acidentalmente ingeriu uma pequena quantidade de dietilamida do ácido lisérgico, o LSD. Os efeitos o sacudiram. Como ele escreve em seu livro LSD: Minha Criança Problema:

“Os objetos, bem como a forma de meus colegas no laboratório começaram a sofrer mudanças ópticas… A luz era tão intensa a ponto de ser desagradável. Eu tirei as cortinas e imediatamente caí em um estado peculiar de “embriaguez”, caracterizada por uma imaginação exagerada. Com os olhos fechados, imagens fantásticas de extraordinária plasticidade e cor intensa pareciam surgir para mim. Depois de duas horas, este estado gradualmente desapareceu e eu era capaz de comer o jantar com um bom apetite”.

Intrigado, ele decidiu tomar o medicamento uma segunda vez na presença de seus colegas, um experimento para determinar se era realmente a causa. Os rostos de seus colegas logo apareceram “como máscaras coloridas grotescas”, ele escreve:

“Eu perdi todo o controle de tempo: o espaço e o tempo tornaram-se mais e mais desorganizados e eu fui tomado com um medo de que eu estava ficando louco. A pior parte era que eu estava claramente consciente da minha condição que eu era incapaz de parar. Às vezes eu senti como estando fora do meu corpo. Eu pensei que eu tinha morrido. O meu ‘ego’ foi suspenso em algum lugar no espaço e vi meu corpo morto no sofá. Eu observei e registrei claramente que o meu ‘alter ego’ estava se movendo ao redor da sala, gemendo”.

Mas ele parecia particularmente impressionado com o que ele sentia na manhã seguinte: “O café da manhã tinha um sabor delicioso e foi um prazer extraordinário. Quando mais tarde eu saí para o jardim, onde o sol brilhava, depois de uma chuva de primavera, tudo brilhava em uma nova luz. O mundo era como se tivesse sido recém-criado. Todos os meus sentidos vibrando em uma condição de maior sensibilidade que persistiu durante todo o dia”.

Hofmann sentiu que era de grande importância que ele poderia lembrar a experiência em detalhes. Ele acreditava que a droga poderia de ser um enorme valor para a psiquiatria. Os laboratórios Sandoz, depois de assegurar que era não-tóxico para ratos, camundongos e seres humanos, logo começaram a oferecê-los para uso científico e médico.

Um dos primeiros a começar a usar a droga foi Ronald Sandison. O psiquiatra britânico visitou Sandoz em 1952 e, impressionado com a pesquisa de Hofmann, voltou com 100 frascos do que foi então chamado Delysid. Sandison imediatamente começou dando a pacientes no Hospital Powick em Worcestershire, que estavam deixando de fazer progressos na psicoterapia tradicional. Após três anos, os chefes do hospital estavam tão satisfeitos com os resultados que eles construíram uma nova clínica LSD. Os pacientes que chegavam na parte da manhã, tomavam o seu LSD, em seguida, deitavam-se em salas privadas. Cada um tinha um toca-discos e um quadro negro para desenhar, e enfermeiras ou registradores iam verificar-los regularmente. Ás 16:00 os pacientes eram convocados a discutir suas experiências, e em seguida, o condutor os levava para casa, por vezes, enquanto eles ainda estavam sob a influência da droga.

Dra. Friederike Meckel Fischer
Dra. Friederike Meckel Fischer

Na mesma época, outro psiquiatra britânico, Humphrey Osmond, trabalhando no Canadá, fez experiências com o uso de LSD para ajudar alcoólicos a parar de beber. Ele relatou que a droga, em combinação com a psiquiatria de suporte, alcançou taxas de abstinência de 40-45 por cento, muito maior do que qualquer outro tratamento no momento, ou antes. Em outros lugares, os estudos de pessoas com câncer terminal mostraram que a terapia com o LSD poderia aliviar a dor, melhorar a qualidade de vida e aliviar o medo da morte.

Nos EUA, a CIA tentou dar LSD para membros inocentes do público para ver se era possível fazê-los desistirem de segredos. Enquanto isso na Universidade de Harvard, Timothy Leary, incentivado por, entre outros, o poeta beat Allen Ginsberg distribuiu a substância para artistas e escritores, que, então, descrevem as suas experiências. Quando surgiram rumores de que ele estava dando drogas para estudantes, oficiais da lei começaram a investigar e a universidade alertou os estudantes contra a tomar o medicamento. Leary aproveitou a oportunidade para pregar sobre o poder da droga como uma ajuda para o desenvolvimento espiritual, e logo foi demitido de Harvard, o que alimentou ainda mais a sua notoriedade e a da droga. O escândalo chamou a atenção da imprensa e logo todo o país tinha ouvido falar de LSD.

Em 1962, a Sandoz teve a sua distribuição de LSD cortada, devido ao resultado das restrições ao uso de drogas experimentais provocadas por um escândalo de drogas completamente diferente: defeitos congênitos ligados à droga contra enjôos matinais – talidomida. Paradoxalmente, as restrições coincidiram com um aumento da disponibilidade do LSD- a fórmula não foi difícil ou dispendiosa de obter, e aqueles que foram determinados para sintetizar poderiam realizar com dificuldade moderada e em grandes quantidades.

Ainda assim, o pânico moral em cima dos efeitos sobre as mentes dos jovens eram abundantes. As autoridades também estavam preocupados com a associação de LSD com o movimento de contracultura e a disseminação de pontos de vista anti-autoritários. Logo em seguida foram solicitadas proibições pra toda a nação, e muitos psiquiatras deixaram de usar o LSD à medida que sua reputação negativa ia crescendo.

Uma das muitas histórias na imprensa falou de Stephen Kessler, que assassinou sua sogra e afirmou mais tarde que ele não se lembrava do que tinha feito enquanto estava “voando com o LSD”. No julgamento, foi revelado que ele havia tomado LSD um mês antes, e no momento do assassinato estava embriagado apenas com álcool e comprimidos para dormir, mas milhões acreditavam que o LSD o tinha transformado em um assassino. Outro relatório contava de estudantes universitários que ficaram cegos depois de olharem para o sol no LSD.

Duas subcomissões do Senado dos Estados Unidos, realizadas em 1966, ouviram de médicos que afirmaram que o LSD causava psicose e “a perda de todos os valores culturais”, bem como de apoiadores do LSD como Leary e do senador Robert Kennedy, cuja esposa Ethel foi dito ter sido submetida a terapia de LSD . “Talvez, em certa medida, perdemos de vista o fato de que ele pode ser muito, muito útil em nossa sociedade, se usado corretamente”, disse Kennedy, desafiando a Food and Drug Administration para fechar programas de investigação sobre o LSD.

A posse de LSD se tornou ilegal no Reino Unido em 1966 e nos EUA em 1968. O uso experimental por pesquisadores ainda era possível com licença, mas com o estigma associado ao status legal de drogas, estes se tornaram extremamente difíceis de obter. As pesquisas pararam, mas o uso recreativo ilegal continuou.


 

Na idade de 40, após 21 anos de casamento, Friederike Meckel Fischer se apaixonou por outro homem. Infelizmente, como ela logo descobriu, ele estava usando ela para sair de seu próprio casamento. “Eu tinha uma dor dentro de mim com o fato desse homem ter me deixado, e com o meu marido que eu não conseguia me conectar”, diz ela. “Foi como se eu estivesse fora de mim mesmo.”

Sua solução era se tornar uma psicoterapeuta. Ela diz que nunca pensou em ir fazer terapia, que na Alemanha Ocidental em 1980, foi reservada apenas para as condições mais graves. Além do que, sua educação lhe ensinou a fazer as coisas por si mesmas, em vez de procurar a ajuda de outros.

Friederike na época trabalhava como médica do trabalho. Ela reconheceu que muitos dos problemas que ela viu em seus pacientes foram enraizados em problemas com seus chefes, colegas ou familiares. “Eu vim à conclusão de que tudo o que eles estavam tendo problemas estava ligado a questões de relacionamento”, diz ela.

Um ex-professor dela recomendou que ela tentasse uma técnica chamada respiração holotrópica. Desenvolvido por Stanislav Grof, um dos pioneiros da psicoterapia com o LSD, esta é uma forma de induzir estados alterados de consciência através respirações aceleradas e profundas, como a hiperventilação. Grof tinha desenvolvido a respiração holotrópica em resposta à proibição de consumo de LSD ao redor do mundo.

Ao longo de três anos, viajou várias vezes para os EUA em feriados, e Friederike foi submetida a treinamento com Grof como facilitador na respiração holotrópica. No final do mesmo, Grof a encorajou a tentar psicodélicos.

No último seminário, um colega lhe deu duas pequenas pílulas azuis como um presente. Quando ela voltou para a Alemanha, Friederike partilhou uma das pílulas azuis com seu amigo Konrad, que mais tarde se tornou seu marido. Ela diz que se sentiu levantada por uma onda e jogada em uma praia branca, capaz de acessar partes de sua psique que antes estavam fora dos limites. “A primeira experiência foi impressionante para mim”, diz ela. “Eu só pensei: ‘É isso. Eu posso ver as coisas. “E comecei a sentir. Isso foi, para mim, inacreditável. ”

As pílulas eram MDMA, uma droga que tinha sido o centro das atenções em 1976 quando o químico americano Alexander ‘Sasha’ Shulgin redescobriu 62 anos depois que foi patenteado pela Merck e depois esquecido. Em uma história com as origens parecidas com a do LSD, após tomá-lo, Shulgin observou sentimentos de “euforia pura” e “força interior sólida”, e sentiu que podia “falar sobre assuntos profundos ou pessoais com clareza especial”. Ele apresentou a seu amigo Leo Zeff, um psicoterapeuta aposentado que trabalhou com LSD e acreditava que a obrigação de ajudar os pacientes tomou prioridade sobre a lei. Zeff tinha continuado a trabalhar com LSD secretamente após a sua proibição. O potencial de MDMA tirou Zeff da aposentadoria. Ele viajou ao redor do EUA e na Europa para instruir terapeutas em terapia com MDMA. Ele o chamou de “Adão”, por colocar o paciente em um estado primordial de inocência, mas, ao mesmo tempo, ele havia adquirido outro nome em casas noturnas: Ecstasy.

O MDMA tornou-se ilegal no Reino Unido por uma decisão em 1977 que pôs toda a família química na categoria mais rigorosamente controlada: classe A. Nos EUA, a Drug Enforcement Administration (DEA), criado por Richard Nixon em 1973, declarou uma proibição temporária, em 1985. Em uma audiência para decidir seu status permanente, o juiz recomendou que ele devesse ser colocado no “Schedule III”, o que permitiria o uso por terapeutas. Mas a DEA anulou a decisão do juiz e colocou MDMA no Schedule I, a categoria mais restritiva. Sob a influência americana, a Comissão das Nações Unidas sobre Narcóticos deu ao MDMA uma classificação semelhante dentro da lei (embora um comitê de peritos formado pela Organização Mundial da Saúde argumentou que tais restrições graves não eram justificadas).

Substâncias em Schedule I são permitidas o uso em pesquisas no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre Substâncias Psicotrópicas. Na Grã-Bretanha e nos EUA, os pesquisadores e suas instituições devem solicitar licenças especiais, mas estes são caros para obter, e encontrar fabricantes que irão fornecer drogas controladas é difícil.

Mas, na Suíça, que na época não fazia parte da convenção, um pequeno grupo de psiquiatras persuadiram o governo a permitir o uso de LSD e MDMA em terapia. De 1985 até meados da década de 1990, foi autorizado aos terapeutas licenciados dar a droga para quaisquer pacientes, para treinar outros terapeutas no uso das drogas, e para uso próprio, com pouca supervisão.

Ele o chamou de “Adão”, porque coloca o paciente em um estado primordial de inocência

Acreditando que o MDMA podia ajudá-la a ganhar uma compreensão mais profunda de seus próprios problemas, Friederike procurou por um lugar onde tivesse um curso de “terapia psicolítica” na Suíça. Em 1992, ela e Konrad foram aceitos em um grupo de treinamento executado por um terapeuta licenciado chamado Samuel Widmer.

O curso acontecia no fim de semana a cada três meses na casa de Widmer em Solothurn, uma cidade a oeste de Zurique. A formação central consistia em tomar as substâncias um número de vezes, 12 no total, para conhecer os seus efeitos e passar por um processo de auto-exploração. Friederike diz que as experiências com drogas mostraram-lhe como toda a sua vida tinha sido colorido pela perda de seu pai com a idade de cinco anos e as dificuldades de crescer em pós-guerra na Alemanha Ocidental.

“Eu posso detectar relações, interconexões entre coisas que eu não podia ver antes”, diz ela sobre suas experiências com MDMA. “Eu poderia olhar para as experiências difíceis em minha vida sem ser imediatamente atirada para elas novamente. Eu poderia, por exemplo, ver uma experiência traumática, mas não se conectar a sensação horrível do momento. Eu sabia que era uma coisa horrível, e eu podia sentir que eu tive medo, mas eu não senti o medo.”


 

Pessoas em experiências psicodélicas, muitas vezes falam de experiências profundas e espirituais. Voltando na década de 1960, Walter Pahnke, um estudante de Timothy Leary, realizou uma experiência notória em Chapel Marsh da Universidade de Boston mostrando o que os psicodélicos poderiam induzir.

Ele deu a dez voluntários uma grande dose de psilocibina- o ingrediente ativo nos cogumelos mágicos – e deu a dez voluntários um placebo ativo, ácido nicotínico, o que causou uma sensação de formigamento, mas sem efeitos mentais. Oito pessoas do grupo da psilocibina tiveram experiências espirituais, comparado com uma pessoa do grupo de placebo. Em estudos posteriores, os investigadores identificaram características fundamentais de tais experiências, incluindo inefabilidade, a incapacidade de colocar em palavras; paradoxalidade, a crença de que as coisas contraditórias são verdadeiras ao mesmo tempo; e a sensação de se sentir mais ligado a outras pessoas ou coisas.

“Eu sinto que há espaço em torno de mim. Parecia quando minha mãe ainda estava viva, quando eu conheci o meu parceiro, e tudo era uma espécie de OK, e foi tão perceptível porque eu não tinha tido isso em um bom tempo.”

“A experiência pode ser realmente útil quando eles sentem uma conexão mesmo com alguém que lhes causou ferida, e uma compreensão de que o que pode ter causado a eles para se comportarem da maneira que eles fizeram”, diz Robin Carhart-Harris, pesquisador de psicodélicos no Imperial College London. “Eu acho que o poder de alcançar esses tipos de realizações realmente mostra o incrível valor de psicodélicos e captura o porquê eles podem ser tão eficazes e valiosos na terapia. Eu acho que só pode realmente acontecer quando as defesas se dissolverem. Defesas que ficam no caminho dessas realizações”.

Ele compara o sentimento de conexão com coisas além de si mesmo ao “efeito de visão geral” sentida pelos astronautas quando eles olham para trás na Terra. “De repente, eles pensam: ‘Que bobagem minha e das pessoas em geral a ter conflitos bobos que achamos que são enormes e importantes.” Quando você está no espaço, olhando para a totalidade da Terra, o coloca em perspectiva. Eu acho que um tipo semelhante de visão geral é engendrado por psicodélicos. ”

Carhart-Harris está a realizar o primeiro ensaio clínico para estudar a psilocibina como um tratamento para a depressão. Ele é um dos poucos pesquisadores em todo o mundo que estão indo adiante com a pesquisa sobre terapia psicodélica. Doze pessoas participaram no seu estudo até agora.

Eles começam com uma varredura do cérebro, e uma longa sessão de preparação com os psiquiatras. No dia da terapia, eles chegam às 9 da manhã, preenchem um questionário e fazem testes para se certificar de que eles não tenham tomado outras drogas. A sala de terapia foi decorada com cortinas, enfeites, luzes brilhantes coloridas, velas elétricas, e um aromatizador. Um estudante PhD, que também é músico, preparou uma lista de reprodução, que o paciente pode ouvir através de fones de ouvido ou de alto-falantes de alta qualidade na sala. Eles passam a maior parte da sessão deitados em uma cama, explorando os seus pensamentos. Dois psiquiatras sentam com eles e interagem quando o paciente quer falar. Os pacientes têm duas sessões de terapia: um com uma dose baixa, em seguida, uma com uma dose alta. Depois disso, eles têm uma sessão de acompanhamento para ajudá-los a integrar as suas experiências e cultivar maneiras mais saudáveis de pensar.

Eu encontrei Kirk, um dos participantes, dois meses após a sua sessão de alta dose. Kirk tinha estado depressivo, especialmente desde a morte de sua mãe há três anos. Ele experimentou repetitivos padrões de comportamento, dando voltas e voltas em uma pista de pensamentos negativos, diz ele.

“Eu não estava tão motivado, eu não estava fazendo tanto, eu não estava exercendo mais, eu não estava tão social, eu estava tendo um pouco de ansiedade. Apenas foi se deteriorando. Cheguei ao ponto em que eu me senti bastante desesperado. Não se encontrava realmente o que estava acontecendo na minha vida. Eu tinha um monte de coisas boas acontecendo na minha vida. Eu estou empregado, eu tenho um trabalho, eu tenho família, mas realmente era como um atoleiro que você afunda.”

No auge da experiência com drogas, Kirk foi profundamente afetado pela música. Ele entregou-se a música e sentiu-se tomado de temor. Quando a música estava triste, ele pensou na sua mãe, que estava doente há muitos anos antes de sua morte. “Eu costumava ir para o hospital e vê-la, e uma grande parte do tempo que ela estava dormindo, então eu não a acordava; Eu tinha acabado de se sentar na cama. E ela estaria ciente de que eu estava lá e acordaria. Foi uma sensação muito amorosa. Eu passei por esse momento muito intensamente. Eu acho que foi muito bom em uma maneira. Eu acho que ajudou a deixar ir.”

Durante as sessões de terapia, houve momentos de ansiedade quando os efeitos da droga começaram a tomar conta, quando Kirk sentiu frio e tornou-se preocupado com a sua respiração. Mas ele foi tranqüilizado pelos terapeutas, e o desconforto passou. Ele viu cores brilhantes, “como estar no parque de diversões”, e sentiu vibrações permear seu corpo. Em um ponto, ele viu o deus elefante hindu Ganesha olhando para ele, como se estivesse olhando uma criança.

Embora a experiência tivesse o afetado, ele notou pouca melhora em seu estado de espírito nos primeiros dez dias depois. Então, enquanto estava fazendo compras com amigos em um domingo de manhã, ele sentiu uma agitação.

“Eu sinto que há espaço em torno de mim. Parecia quando minha mãe ainda estava viva, quando eu conheci a minha parceira, e tudo era uma espécie de OK, e foi tão perceptível porque eu não tinha tido isso em um bom tempo.”

Houve altos e baixos desde então, mas no geral, ele se sente muito mais otimista. “Eu não tenho mais aquela negatividade. Estou sendo mais social; Eu estou fazendo coisas. Esse tipo de peso, que suprimiu o sentimento se foi, o que é incrível, realmente. Isso levantou uma pesada capa de cima de mim”.

Fischer dando uma palestra sobre psicoterapia com psicodélicos.

Outro participante, Michael, vinha lutando contra a depressão há 30 anos, e tentou quase todos os tratamentos disponíveis. Antes de tomar parte no julgamento, ele tinha praticamente desistido. Desde o dia de sua primeira dose de psilocibina, ele se sentiu completamente diferente. “Eu não podia acreditar o quanto ela tinha me mudado tão rapidamente”, diz ele. “A minha abordagem à vida, a minha atitude, a minha maneira de olhar o mundo, apenas tudo, dentro de um dia.”

Uma das partes mais valiosas da experiência o ajudou a superar o medo arraigado de morte. “Eu senti como se estivesse sendo mostrado o que acontece depois da vida após a morte”, diz ele. “Eu não sou uma pessoa religiosa e eu me sinto pressionado a dizer que eu era nada espiritual também, mas eu senti como se tivesse experimentado alguma coisa disso, e experimentei a sensação de uma vida futura, quase como uma pré-visualização, e eu me senti totalmente calmo, totalmente relaxado, totalmente em paz. Para que, quando chegar esse momento para mim, eu não tenha medo nenhum”


 

Durante seu treinamento com Samuel Widmer, Friederike também trabalhou em uma clínica de dependência. O insight de suas experiências com drogas deu-lhe nova empatia. “De repente, eu poderia entender meus clientes na clínica com sua dependência de álcool”, diz ela. “Eles estavam lidando de forma diferente do que eu tinha feito. Eles tinham quase os mesmos problemas ou sintomas que eu tinha só que eu não tinha começado a beber. “Mas só alguns deles foram capazes de se abrir sobre como essas experiências os fizeram sentir. Ela perguntou-se: poderia uma experiência com MDMA ajudá-los a liberar essas emoções?

MDMA é um parente mais doméstico dos clássicos psicodélicos-psilocibina, LSD, Mescalina, DMT. Eles têm efeitos que podem ser perturbadores, como distorções sensoriais, a dissolução do senso de si mesmo, e o reviver vívido de memórias assustadoras. Os efeitos do MDMA são mais curtos na duração, tornando-o mais fácil de manusear em uma sessão de psicoterapia.

Friederike abriu seu próprio consultório particular de terapia psicodélica em Zurique no ano de 1997. Durante os próximos anos, ela começou a hospedar sessões de terapia com grupos aos fins de semana com psicodélicos em sua casa, convidando os clientes que tinham falhado a fazer progressos na terapia de fala convencional.

Desde os anos 1950, os psiquiatras têm reconhecido a importância do contexto para determinar que tipo de experiência o usuário de LSD teria. Eles enfatizaram a importância de “set” – mentalidade do usuário, suas crenças, expectativas e experiências e “setting” – o meio físico onde a droga é tomada, os sons e as características do ambiente e as outras pessoas presentes.

Um ambiente de apoio e um terapeuta experiente podem diminuir o risco de uma bad trip, mas experiências assustadoras ainda acontecem. De acordo com Friederike, elas são parte da experiência terapêutica. “Se um cliente é capaz de passar por ou deixa-se conduzir através e trabalhar com, a bad trip se transforma no passo mais importante no caminho para si mesmo”, diz ela.

“Mas sem uma definição correta, sem um terapeuta que sabe o que está fazendo e sem o compromisso do cliente, acabamos em uma bad trip“.

Seus clientes iam pra sua casa numa sexta-feira à noite, falar sobre seus problemas recentes e discutir o que eles queriam alcançar na sessão de drogas. No sábado de manhã, eles sentavam-se em um círculo no tatame, faziam a promessa de sigilo, e cada um tomava uma dose pessoal de MDMA proposto por Friederike com antecedência. Friederike iria começar com o silêncio, em seguida, tocar música, e falar com os clientes individualmente ou como um grupo para trabalhar através de seus problemas. Às vezes, ela pedia a outros membros do grupo para assumir o papel de membros da família de um cliente, e juntos a discutir os problemas em seu relacionamento. Na parte da tarde eles iriam fazer o mesmo com o LSD, o que muitas vezes permitem que os participantes se sintam como se estivessem revivendo memórias traumáticas. Friederike os guiava através da experiência, e ajudava-os a entender isso de uma maneira nova. No domingo, eles discutiam as experiências do dia anterior e como integrá-los em suas vidas.

A prática de Friederike, no entanto, era ilegal. As licenças terapêuticas para usar as drogas foram retiradas pelo governo suíço por volta de 1993, após a morte de um paciente na França sob o efeito da ibogaína, outra droga psicotrópica. (Determinou-se mais tarde que ele morreu de uma doença cardíaca não diagnosticada).


 

Os primeiro pesquisadores do LSD não tinham nenhuma maneira de olhar para o que estava fazendo dentro do cérebro. Agora temos scans cerebrais. Robin Carhart-Harris realizou esses estudos com a psilocibina, LSD e MDMA. Ele me diz que há dois princípios básicos de como os psicodélicos clássicos operam. A primeira é a desintegração: as partes que compõem redes diferentes no cérebro tornam-se menos coesivas. A segunda é a desagregação: os sistemas que se especializam em funções específicas de como o cérebro se desenvolvem, tornam-se, em suas palavras, “menos diferentes” uns dos outros.

Estes efeitos de alguma forma podem explicar como os psicodélicos poderiam ser terapeuticamente úteis. Certas doenças, como depressão e dependência, estão associados a padrões característicos de atividade cerebral que são difíceis de romper.

“O cérebro entra por esses padrões, padrões patológicos e os padrões podem se enraizarem. O cérebro gravita facilmente por esses padrões e fica preso neles. Eles são como redemoinhos, e a mente é sugada para dentro destes redemoinhos e fica presa. “

Psicodélicos dissolvem padrões e organizações, e introduzem “uma espécie de caos”, diz Carhart-Harris. Por um lado, o caos pode ser visto como uma coisa ruim, ligada com coisas como psicose, uma espécie de “tempestade na mente”, como ele diz. Mas você também pode ver o caos como tendo valor terapêutico.

“A tempestade poderia vir e lavar alguns dos padrões patológicos e padrões arraigados que se formaram e estão na base da desordem. Os psicodélicos parecem ter o potencial através deste efeito sobre o cérebro para dissolver ou desintegrar-se padrões patologicamente arraigados de atividade cerebral.”

O potencial terapêutico sugerido por Carhart-Harris através de estudos com scans no cérebro persuadiu o Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido a financiar o tratamento com psilocibina para a depressão. É muito cedo para avaliar o seu sucesso, mas os resultados até agora têm sido encorajadores. “Alguns pacientes agora estão em remissão meses depois de ter tido o seu tratamento”, diz Carhart-Harris.

“Anteriormente suas depressões eram muito graves, então eu acho que esses casos podem ser considerados transformações. Eu não tenho certeza se existem quaisquer outros tratamentos lá fora, que realmente tenha esse potencial para transformar a situação de um paciente depois de apenas duas sessões de tratamento.”


 

No caminho da proibição de MDMA, o psicólogo americano Rick Doblin fundou a Associação Multidisciplinar para Estudos Psicodélicos (MAPS) para apoiar a investigação com o objetivo de restabelecer o lugar dos psicodélicos na medicina. Quando o psiquiatra suíço Peter Oehen ouviu que eles estavam financiando um estudo sobre o uso de MDMA para ajudar as pessoas com transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), ele pulou em um avião para conhecer Doblin, em Boston.

Como Friederike, Oehen foi treinado em terapia psicodélica, enquanto ela ainda era legal na Suíça no início de 1990. Doblin concordou em apoiar um pequeno estudo com 12 pacientes no consultório particular de Oehen em Biberist, uma pequena cidade cerca de meia hora de trem da capital suíça, Berna.

Oehen acha que a elevação de humor do MDMA, a redução do medo e os efeitos pró-sociais tornam uma ferramenta promissora para facilitar a psicoterapia para PTSD. “Muitas dessas pessoas traumatizadas foram traumatizadas por algum tipo de violência interpessoal e perderam a sua capacidade de se conectar, estão desconfiados, distantes”, diz Oehen. “Isso os ajuda a recuperar a confiança. Isso ajuda a construir uma relação sonora e respeitável no relacionamento terapêutico”. E também coloca o paciente em um estado de espírito onde eles podem enfrentar as suas memórias traumáticas sem tornar-se angustiados, diz ele, ajudando a começar a reprocessar o trauma de uma maneira diferente.

O primeiro estudo PTSD da MAPS nos EUA foi publicado em 2011, e os resultados foram de abrir os olhos. Depois de duas sessões de psicoterapia com MDMA, 10 dos 12 participantes já não preenchiam os critérios para PTSD. Os benefícios ainda eram evidentes quando os pacientes foram acompanhados de três a quatro anos após a terapia.

Os resultados de Oehen eram menos dramáticos, mas todos os pacientes que tiveram a terapia assistida por MDMA sentiram alguma melhoria. “Eu ainda estou em contato com quase metade das pessoas”, diz ele. “Eu posso ver as pessoas ainda ficarem melhores depois de anos durante o processo e resolvendo os seus problemas. Vimos isso no acompanhamento em longo prazo, que os sintomas melhoram após o tempo, porque as experiências lhes permitiam melhorar de uma maneira diferente à psicoterapia normal. Estes efeitos- estar mais aberto, mais calmo, mais disposto a enfrentar difíceis problemas – isso continua.”

Em pessoas com PTSD, a amígdala cerebral, uma parte primitiva do cérebro que orquestra respostas de medo, é hiperativa. O córtex pré-frontal, uma parte mais sofisticada do cérebro que permite que pensamentos racionais substituam o medo, é menos ativo. Estudos de imagem cerebral com voluntários saudáveis demonstraram que o MDMA tem os efeitos de aumento de opostos na resposta do córtex pré-frontal e diminuindo a resposta da amígdala.

“Eu fui abençoada por um advogado compreensivo e um juiz inteligente.”

Ben Sessa, um psiquiatra que trabalha em torno de Bristol, no Reino Unido, está se preparando para realizar um estudo da Universidade de Cardiff para testar se as pessoas com PTSD respondem ao MDMA da mesma forma. Ele acredita que as experiências negativas iniciais estão na raiz não apenas de PTSD, mas também de muitos outros transtornos psiquiátricos, e nisso os psicodélicos dão aos pacientes a capacidade de reprocessar essas memórias.

“Eu tenho estado na psiquiatria há quase 20 anos agora e cada um dos meus pacientes tem uma história de trauma”, diz ele. “Maus-tratos de crianças é a causa da doença mental, na minha opinião. Uma vez que a personalidade de uma pessoa ter sido formada na infância e adolescência e na idade adulta precoce, é muito difícil para incentivar o paciente a pensar o contrário. “O que psicodélicos fazem, mais do que qualquer outro tratamento, diz ele, é oferecer uma oportunidade para “pressionar o botão de reset” e dar ao paciente uma nova experiência de uma narrativa pessoal.”

Sessa está a planejar um estudo separado para testar MDMA como um tratamento para a síndrome de dependência do álcool – pegando o rastro de pesquisa de Humphrey Osmond com o LSD há 60 anos.

Ele acredita que a psiquiatria seria muito diferente hoje, se a pesquisa com psicodélicos tivesse procedido de uma forma livre desde os anos 1950. Psiquiatras, desde então, viraram-se para os antidepressivos, estabilizadores de humor e antipsicóticos. Estas drogas, diz ele, ajudam a gerir a condição do paciente, mas não são curativos, e também carregam efeitos colaterais perigosos.

“Nós nos tornamos tão acostumados à psiquiatria sendo um campo de cuidados paliativos da medicina”, diz Sessa. “Que nós estamos com você para toda a vida. Você vem para nós em seus 20 e poucos anos com grave transtorno de ansiedade; Eu ainda estarei cuidando de você em seus 70 anos. Estamos acostumados a isso.”

Será que as drogas psicodélicas vão ser medicamentos legais de novo? O MAPS está a apoiar ensaios de psicoterapia assistida com MDMA para PTSD nos EUA, Austrália, Canadá e Israel, e eles esperam ter provas suficientes para convencer os reguladores para aprová-lo até 2021. Enquanto isso, ensaios utilizando psilocibina para tratar a ansiedade em pessoas com câncer vêm ocorrendo na Johns Hopkins University e da Universidade de New York desde 2007.

Eu pedi para alguns psiquiatras darem suas opiniões sobre o uso legal de psicodélicos em terapia. Um dos poucos que o fizeram, Falk Kiefer, diretor médico do Departamento de Comportamento de Vício e Dependência Medicina no Instituto Central de Saúde Mental de Mannheim, na Alemanha, diz que ele é cético sobre a capacidade de as drogas mudarem comportamento dos pacientes. “O tratamento psicodélico pode resultar na obtenção de novos conhecimentos, ‘ver o mundo de uma maneira diferente”. Isso é bom, mas se ele não resultar em aprendizado de novas estratégias para lidar com o mundo real, a evolução clínica será limitada. ”

Carhart-Harris diz que a única maneira de mudar a mente das pessoas é para a ciência ser tão boa que os financiadores e reguladores não podem ignorá-la. “A idéia é que podemos apresentar dados que realmente se tornam irrefutáveis para essas autoridades que têm reservas, e podemos começar a mudar suas perspectivas e trazê-los ao redor para levar isso a sério.”


 

Após 13 dias em prisão, Friederike foi solta. Ela apareceu no tribunal em julho de 2010, acusada de violar a lei de narcóticos e colocando em risco seus clientes, o último dos quais poderia significar até 20 anos de prisão. Um número de neurocientistas e psicoterapeutas testemunharam em sua defesa, argumentando que uma porção de LSD não é uma substância perigosa e não tem efeitos prejudiciais significativos quando tomado em um ambiente controlado (MDMA não foi incluído no caso da acusação).

O juiz aceitou que Friederike tinha dado seus medicamentos aos clientes como parte de um quadro terapêutico, com uma análise cuidadosa para a sua saúde e bem-estar, e a declarou culpada de posse de LSD, mas não a culparam de pôr em perigo as pessoas. Para o crime de narcóticos, ela foi multada em 2.000 francos suíços e dada uma sentença suspensa de 16 meses de liberdade condicional de dois anos.

“Eu fui abençoada por um advogado muito compreensivo e um juiz inteligente”, diz ela. Ela ainda considera a mulher que relatou ela à polícia uma bênção, uma vez que o caso lhe permitiu falar abertamente sobre seu trabalho com psicodélicos. Ela dá palestras ocasionais em conferências psicodélicas, e escreveu um livro sobre sua experiência, que ela espera guiar outros terapeutas em como trabalhar com as substâncias de forma segura.

FONTE VICE

Agradecemos imensamente a tradução feita pelo colaborador Kaio Shimanski.
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Testando as substâncias encontradas em um festival

Escrito por Michael Segalov

Aterrizando na Ilha de Wight, peguei um táxi com mais dois caras de Londres. Íamos todos para o Bestival, o último grande festival britânico do verão, e meus colegas que cada um tinham tomado umas pílulas antes de cruzar o Solent (um estreito que separa Wight da Grã-Bretanha) estavam ansiosos.

“Ainda temos mais um monte sobrando”, me disse com orgulho um deles. “Vou esconder os comprimidos no meio das bolas. Faço isso todo ano. Funciona que é uma beleza.”

Chegando no festival numa sexta-feira, um dia depois de ter começado, e próximo dos portões, passei pelos “amnesty bins” , umas latas parecidas com essas de lixo onde as pessoas deveriam jogar suas drogas e não sofreriam penalidades legais. A maioria deles estavam vazios, ou cheios de papelão. Claramente, aqueles que planejavam esgotar suas reservas de serotonina durante o fim de semana estavam dispostos a se arriscar ao passar pelos seguranças que olhavam as bolsas e pelos cães farejadores.

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Eu também estava interessado naquilo que as pessoas estavam trazendo amarrados aos genitais, mas não pela mesma razão que os policiais e seguranças postos à entrada. Eu trouxe comigo vários kits de testar drogas, que te permitem medir a pureza dos narcóticos e ver com o que mais eles estão misturados. Qual a razão: eu queria descobrir exatamente o que os jovens estão colocando em seus organismos frenéticos durante os festivais de música britânicos, e se eles se importam que as drogas estejam cheias de outros agente químicos que são usados até como vermicidas em bois.

Depois de armar minha barraca, fui em direção aos acampamentos, pronto para convencer estranhos de ressaca a me dar um pouco das drogas que estavam usando para que eu pudesse estragá-las colocando dentro de um tubo de teste.

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“Você é um policial?” era a maioria das respostas que me davam. “Porque se for, pode dar o fora.”

“Não, não sou policial,” o que convencia – de uma forma surpreendentemente fácil – as pessoas de que eu era confiável; que eu não iria os algemar e confiscar todas as drogas que eles tinham conseguido depois de uma semana no Whatsapp procurando por um traficante e convencê-lo a te encontrar no estacionamento de um supermercado.

Cocaína não parecia muito popular, sendo encontrada com apenas seis grupos dos 35 abordados. Três das amostras eram de Londres, e todas eram exatamente da qualidade que eu esperava – isto é, não muito boa, uma vez que a coca encontrada em Londres é quase nunca de alta qualidade. Cada amostra indicava “conteúdo médio de cocaína”, o que, de acordo com os especialistas que desenharam os testes, corresponde a cerca de 40% de pureza.

Na maioria das amostras, a cocaína estava misturada com benzocaína, uma droga farmacêutica usada para anestesia dental e sprays de garganta. É regularmente misturada com a cocaína porque deixa a gengiva dormente, o que, de acordo com o que se vê na televisão, é um bom sinal de que o produto que você adquiriu é de alta qualidade.

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Um cara que olhou o resultado de sua cocaína ficou desagradavelmente surpreso quando viu sua amostra ficar verde, o que indica a presença de Levamisol na farinha que ele tinha comprado por 120 libras a grama. Em 2014, um ministro alegou que ate 80% da cocaína no Reino Unido era misturada com remédio usados na veterinária como vermicida para cavalos e vacas. Os produtores da América Latina o utilizam para aumentar o volume da sua produção porque é mais barato e apresenta efeitos semelhantes quando usados em humanos. O problema é que o medicamento também inibe a nossa produção de leucócitos e faz com que nossa pele apodreça.

“Eu compro desse traficante já fazem meses, e se eu tivesse testado essa merda antes nunca teria chegado perto de novo”, disse o cara da cocaína com Levamisol. “Provavelmente ainda vou usar mais esse fim de semana porque já trouxe, mas assim que eu voltar, vou procurar por algo novo.”

Encontrar outras amostras de cocaína com baixa pureza é bastante comum não só na Ilha de Wight mas em toda a região fora da capital Londres; os outros testes mostraram baixo teor de cocaína e níveis substanciais de lidocaína, que assim como a benzocaína, causa dormência na pele e gengiva. Benzocaína e lidocaína podem ser compradas por 15 libras o quilo, e revendidas a valores que chegam a 77 mil libras quando vendidas como cocaína – o que desperta o interesse dos traficantes.

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Quando testei as pílulas, queria saber se elas eram puro ecstasy ou se tinham algum outro composto químico. Três grupos de Brighton apareceram com uns comprimidos amarelos bem coloridos, e que ficaram roxos no tubo de teste, confirmando altos níveis de ecstasy. Duas amostras de Manchester também pareciam estar limpas.

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Todos estes gostaram da ideia de que tivesse alguém verificando a qualidade de suas drogas.

Mas nem todo mundo foi assim.

Um tal de Harry de Catford conseguiu uns comprimidos tarde da noite anterior. “Peguei dum cara na Big Top [uma barraca] noite passada enquanto Action Bronson fumava um baseado no palco,” ele me disse.

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Pelo preço de 30 libras, suas pílulas tinham o preço mais salgado o que levava a pensar que eram de alta qualidade, mas depois ele tomou uma e disse que não teve efeito nenhum. Depois de vários testes (testei cada amostra do fim de semana três vezes para ter certeza de que estava tendo resultados precisos; só essa, testei seis vezes) e uma visita à farmácia, concluímos que metade era um Rennie sabor laranja, uma espécie de Estomasil da Inglaterra e que nunca fez ninguém abraçar loucamente um desconhecido declarando amor pelo cosmos.

“Para ser honesto, tinha um pouco de gosto de Rennie” admitiu Harry, antes de seguir caminho rumo à multidão na tentativa de revender seu produto.

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Um outro comprimido que mostrou uma mistura de ecstasy e DXM (dextrometorfano), o que é um pouco preocupante – DXM é uma substância encontrada em xarope para gripe e que, em altas doses, podem te deixar um pouco mais exaltado, e que quando misturado com ecstasy em uma noite de agito podem te deixar propensos a um ataque cardíaco.

“Para ser honesto, eu certamente não tomarei isso”, disse Sarah de Portsmouth, cujo teste deu positivo para ecstasy e o que pareceu ser traços de PMA – um químico que pode ser responsável por mais de 100 mortes no Reino Unido, três delas no começo deste ano. PMA é bem mais forte, e bem mais tóxico que o composto MDMA (a molécula que você teoricamente encontra no ecstasy), já provado letal em doses baixas. Outro problema é que o PMA pode demorar a bater, o que significa que as pessoas geralmente tomam outra pílula antes de sentir os efeitos da primeira, aumentando o perigo.

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Tendo testado 15 amostras ao redor do Reino Unido, a pureza da maioria do MDMA em pó foi alta. Dois grupos vindos de Wales traziam baixo nível de MDMA, mas nenhum dos testes conseguiu detectar o que mais estava misturado ali.

A amostra de Alice que veio de Cornwall não mostrou nenhum traço de MDMA. “Estou um pouco preocupada agora,” ela disse enquanto olhava que o líquido teste não indicava sua droga. “Tomei meio grama disso noite passada e eu senti algo, mas agora não tenho a menor ideia de que porra estou tomando.”

Ao contrário de algumas pessoas com quem conversamos, Alice conhecia bem seu traficante, então ela tirou seu celular do bolso e começou a mandar vários snapchats brava.

Havia anfetaminas numa amostra de MDMA, o que aparentemente fez o dono “reconsiderar” se tomaria ou não – apesar dele não parecer tão convincente.

Planejei testar também cetaminas enquanto estava lá, mas somente duas pessoas que abordei admitiram ter um pouco da droga. Será que os frequentadores do Bestival estavam com vergonha de admitir que ainda tomavam isso? Ou talvez a seca de cetamina de 2014 ainda afeta a disponibilidade de 2015? Ou será que o pessoal que tinha trazido estava ocupado demais usando dentro de suas barracas?

Nunca saberei. No entanto, um coisa que sei é que as duas amostras que testei pareceram não reagir, o que pode significar que elas eram 100% puras ou eram apenas giz moído. Ou que os testes não estavam funcionando. Ou que eu não fiz o teste corretamente. Explicando de forma detalhada e resumida: O teste para cetamina foi um fiasco.

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Enquanto forneciam alguma ideia sobre que tipo de drogas as pessoas estavam tomando, meus testes não podem ser encarados de maneira geral, e estes kits que usei são apenas o início; máquinas que custam uma fortuna podem ser usadas para descobrir exatamente o que está em cada composto. De fato, o doutor Adam Winstock do Global Drug Survey argumenta que estes testes caseiros como o que eu estava usando, não são adequados para uma leitura totalmente precisa. “Existem grandes limitações sobre o que ele pode lhe dizer,” ele disse .

Deveriam então os festivais estarem fazendo mais para que os testes acontecessem, providenciando locais específicos para que as pessoas se certificassem de que aquilo que tomam é seguro?

Nick Jones, o diretor do EZTest – a empresa que nos forneceu os kits – sugere que o que ele e outros podem fazer sobre isso ainda é uma área complicada. “Eles poderiam estar disponíveis muito mais rapidamente, mas não investimos tanto com medo que isso nos coloque em risco,” me falou pelo telefone. Disse também que vender testes que explicitamente minimizam os riscos podem ser “considerados como contrários à lei.”


Quando perguntei a Jones o por quê deles não fazerem testes nos festivais do Reino Unido, ele disse que as pessoas não querem perder suas licenças e que conversas tidas com as autoridades locais e a polícia levaram os organizadores a dar um passo atrás. “Ao admitir que se tem um local que se testam drogas, estamos admitindo que temos drogas no festival, o que incomoda a polícia e demais dirigentes,” ele me disse.

É claro que independente do que agrada a polícia ou as autoridades, sempre existiu esse empecilho das drogas e sempre existirá – as pessoas continuarão colocando químicos nos seus organismos que os fazem sentir estranhos, vibrantes ou cheios de amor. E elas vão continuar fazendo isso em festivais em todo o Reino Unido, assim como têm feito há décadas. E sem a existência de algum método de prevenção de danos no lugar, algumas pessoas irão passar por momentos difíceis.

Este ano no Kendal Calling – um festival de três dias para 12 mil pessoas em Lake District – um jovem de 18 anos morreu depois de ter tomado umas pílulas duvidosas. O mesmo lote deixou oito pessoas hospitalizadas. No total, só testamos 22 amostras diferentes, o que corresponde à droga ingerida por 100 participantes do Bestival. Mas mesmo neste número pequeno encontramos resultados alarmantes.

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Os kits podem ser comprados de forma direta e legal pela internet por poucas libras. Eles podem até mesmo salvar vidas, e eu encorajo todos os aqueles que consomem alguma droga a adquiri-los antes de engolirem um punhado de comprimidos misteriosos de uma vez.

Mas algo também precisa ser feito pelos organizadores, seguindo o exemplo duma boate em Manchester no chamado Warehouse Project realizado dois anos atrás, que permitia com que os frequentadores passassem com suas drogas pela segurança para que fossem realizados testes de pureza por profissionais. O fato é que a atitude tomada atualmente pelas autoridades responsáveis são o exemplo da ineficiência do controle de drogas no Reino Unido: fazer as pessoas terem medo de falar sobre drogas; fingir que não sabem do assunto; e não fazer nada para apoiar e proteger as pessoas dos potenciais danos ao ingeri-las.

As pessoas com quem conversei se mostraram agradecidas por saberem o que estavam tomando. Alguns jogaram suas compras fora, e sim, alguns usaram de qualquer jeito, mas pelo menos agora eles sabiam o que estavam fazendo e estavam em condições de tomar decisões com embasamento.

Aprendi algumas coisas este ano no Bestival. Os festivais britânicos precisam reconsiderar sua abordagem ao teste de drogas e seguir o exemplo de alguns festivais americanos, os quais já permitem que este tipo de teste. Empresas como a EZTest também precisam saber que não serão processadas por distribuírem kits como este, umas vez que pode prevenir certas mortes.

E não, nunca compre nada de um maluco numa barraca qualquer às três da manhã a menos que esteja com sérios problemas de má digestão.

FONTE VICE

Agradecemos imensamente a tradução feita pelo colaborador Pedro Reis.
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Assista abaixo um ótimo documentário sobre festivais e testagem de drogas.
(ainda sem legenda, estamos trabalhando nisso)

Além da Imagem: O Movimento de Arte Visionária

Desde que nos conhecemos por humanos, seres humanos têm tido experiências visionárias e criado arte em resposta a esses acontecimentos. Muitas delas foram facilitadas pela ingestão de plantas enteógenas, consenso entre toda cultura ancestral como uma das mais eficazes rotas para um vislumbre da divindade. Hoje, a florescente comunidade de Arte Visionária engloba nossa rica herança de formas transcendentais de experiências – fazendo sua missão prover o mundo com um belo e assombroso olhar através das portas da percepção. A Arte Visionária encontrou um lar no circuito mundial de festivais de arte e música, e um veículo para seu crescimento através da internet (ela mesma uma poderosa iniciação psicodélica à qual o religioso acadêmico Henry Corbin chamou de “reinos imaginários”). Enquanto o movimento de Arte Visionária prospera às margens da sociedade, também orienta uma nova era de consciência social.

“Healing” por Autumn Skye
“Healing” por Autumn Skye

Conexões espirituais com um espaço fora da realidade convencional podem ser encontradas em uma série de trabalhos artísticos clássicos, de William Blake a Max Ernst e de Gustav Moreau a Salvador Dalí. Existe uma vasta herança de sonhadores surrealistas, santeiros religiosos medievais e artistas psicodélicos que a atual Arte Visionária reconhece como seus predecessores e equivalentes. Em um mundo de classificação e gêneros, a Arte Visionária é, atualmente, mais uma comunidade de artistas ligados menos por um estilo em comum do que por sua tendência em comum a compartilhar experiências espirituais ressonantes por meio da arte.

“The Ancient of Days” por William Blake
“The Ancient of Days” por William Blake
“Ascension” por Salvador Dali
“Ascension” por Salvador Dali

Em seu artigo “The New Eye: Visionary Art and Tradition”, o crítico cultural Erik Davis explica que “quando artistas visionários contemporâneos se apropriam e reproduzem aspectos dessas diferentes tradições culturais, esses domínios distintos começam a aparecer”. Esses domínios foram descritos como uma dimensão transpessoal, um plano cósmico. O artista visionário americano Alex Grey e o residente de Viena Laurence Caruana redigiram textos seminais detalhando a exploração desses reinos por artistas ao longo da história humana. Mais e mais, encontramos artistas visuais usando diversos meios digitais e físicos para transmitir suas interpretações das obras internas do ser e do mundo.

Feira de Arte Visionária em Asheville, NC by Wesley Wolfbear Pinkham
Feira de Arte Visionária em Asheville, NC by Wesley Wolfbear Pinkham

“Ver artistas colaborar e improvisas em murais, cercados por dançarinos e música ao vivo nutriu uma experiência de se sentir conectado à sopa cósmica da criação. Era jazz visual, músicos fazem isso o tempo inteiro, mas nós raramente compartilhamos essas experiências com pintores”, declarou Jacob Devaney em seu artigo “Visionary Art, You’re Painted into the Picture”, publicado no portal Huffington Post, e que descreve sua experiência no The Symbiosis Gathering, em Oakdale, Califórnia. Todo verão, dezenas de festivais e encontros “transformadores” (não confundir com eventos espalhafatosos como o Electric Daisy Carnival ou o Ultra Music Festival), focados na co-criação de arte e música e a celebração do novo pensar, são realizados ao redor do mundo e, em particular, na costa oeste norte-americana. Não é mais apenas um disparo tiro experimental no escuro, como muitas das congregações contraculturais dos anos 1960. Ao invés disso, esses encontros “neotribais” estão, como afirma Davis, “recriando e reinventando padrões de cultura orgânica inspirados pelo passado pré-moderno mas desenhados para um planeta tecnológico que se debate em um período de mudança global sem precedentes”. Cada vez mais, os nomes de artistas visionários crescem tanto quanto as bandas e os DJs populares escalados para esses eventos. No livro “The Mission of Art”, Grey descreve a tradução da arte em uma reunião comunal:

“A alma atemporal artística do grupo se realiza através da projeção de símbolos na imaginação do artista. A graça radiante de Deus preenche o coração e a mente com esses dons de Visão. O artista honra esses dons ao transformá-los em obras de arte e compartilhar com a comunidade. A comunidade os usa como asas para planar sobre as mesmas vistas brilhantes e além”.

O impacto da Arte Visionária como movimento popular no cenário da música e dos festivais é comunitário e econômico. Nesses eventos, você pode olhar sobre o ombro de um artista visionário enquanto ele cria desenvolve uma peça em tempo real e simultaneamente a apresentações musicais, ou comprar uma de suas imagens de suas próprias mãos em um mercado aberto. No contexto da perpétua discussão do “murmúrio” em um mercado artístico, no qual o quadro “Os Três Estudos de Lucian Freud” de Francis Bacon foi vendido por 142 milhões de dólares, a Arte Visionária enfatiza o processo criativo como um meio de revelações e riqueza espiritual acima de tudo. Como no início do movimento de grafite, a comunidade cria e compartilha como um fim em si mesmo. “Em muitas partes do ocidente ‘afortunado’, as pessoas estão sedentas espiritualmente por algo significativo em suas vidas, os valores centrais de paciência, compaixão, beleza, verdade e humildade estão enterrados muito profundamente nas fachadas da nossa insignificância plástica e fabricada em série”, disse Kuba Ambrose, um palestrante da Academia de Arte Visionária de Viena e criador da obra no topo desta página.

Alex e Allyson Grey em Los Angeles
Alex e Allyson Grey em Los Angeles

Então por que deveríamos apostar na validade da comunidade de artistas visionários? Suas puras intencionais não vão eventualmente se tornar instrumentos dos caprichos da sociedade capitalista neoliberal? Em uma entrevista ao SolPurpose.com (o qual site tem um incrível catalogo de artistas visionários), Caruana explica porque não:

“Realmente se torna uma mudança de paradigmas – da experiência momentânea individual muda-se sua perspectiva interna de uma visão pessoal para uma visão transpessoal das coisas – um planeta baseado em perspectivas ao invés do ego.”

Os trabalhos ainda provem um colírio abstrato para os olhos ou até uma afirmação política. Existe uma tendência no trabalho dos artistas visionários atuais à união entre conceitos espirituais antigos e o futurismo tecnológico. Artistas como Android Jones, Randal Roberts e Amanda Sage frequentemente utilizam novas descobertas científicas, como genética e metafísica, como temas em suas obras. Ao mesmo tempo, geometria e imagens sagradas naturais são igualmente difundidas.

Limbic Resonance por Amanda Sage
Limbic Resonance por Amanda Sage

De fato, a Arte Visionária sempre foi, como definiram os europeus, um tipo de “Realismo Fantástico”. Por mais excêntricas que possam parecer, essas são tentativas válidas de descrever estados extraordinários de consciência por uma facção global de ilustradores científicos pioneiros. Por mais estranhas que sejam as paisagens de Hieronymous Bosch ou a arquitetura hiperespacial de Paul Laffoley, eles são herdeiros de uma tradição que remonta às pinturas rupestres de Altamira e Lascaux e servem a um objetivo similar de iniciação ritualística nos mistérios esotéricos.

A Timothy Leary, o catalisador da cultura psicodélica, é atribuída a afirmação de que “a internet é o LSD dos anos 1990”. A hipercomunicação da internet oferece a esses artistas a oportunidade de aliar a mensagem de expansão da consciência à arte – mas mais ainda, a arte fornece metáforas úteis à nossa espécie em uma era em aceleração que desafia nossos conceitos de espaço e tempo e redefine a barreira entre o ser e o outro. Ao propagar a mensagem em vídeos e podcasts, os artistas visionários agem como mais do que criadores de imagens e podem se conectar para mutuamente inspirar uns aos outros de formas inimagináveis às gerações passadas. Novas formas de pinturas em tempo real colaborativas emergiram – formas aludindo à nova ênfase na co-criação e na improvisação surgiram através da nossa sociedade digital hiperconectada. Em uma entrevista no Huffington Post a Jonathan Talat Phillips, co-fundador do Evolver.net, Grey afirmou: “Minha arte sempre foi uma resposta às visões. Mais do que confinar meus temas a representações de mundos externos, eu incluo retratos dos meios imaginários multidimensionais que nos empurram em direção à evolução da consciência”. O trabalho dos artistas visionários tem uma missão: impulsionar nossa sociedade seguramente por uma evolução no pensamento e no indivíduo. O que é expansão da consciência – seja através da Arte Visionária ou uma trip de ayahuasca – senão uma revolução interna? E se tem uma coisa com que as pessoas em todos os cantos da sociedade podem concordar é que estamos vivendo em uma era de revolução.

“Love is a Riot” por Android Jones
“Love is a Riot” por Android Jones

Se você alguma vez sentir um desejo súbito de vivenciar uma transcendência pessoal, dance perto de artistas em um festival transformacional desses. Se você gostaria de espiar a expressão visual do espírito coletivo, visite a Chapel Of Sacred Mirrors ao norte de Nova Iorque. Como notou o historiador cultural William Irwin Thompson, o formato de uma nova era aparece primeiro nos insanos, depois nos artistas, antes que se torne mundano. Esse cintilar de mudança no horizonte sempre foi evidente primeiro nas criações dos pensadores livres marginais da época…mas em tempos em que as orlas estão em todo lugar e o centro em lugar nenhum, visionários antes marginalizados estão tomando a dianteira como nossos navegadores em um mundo crescentemente psicodélico. A comunidade da Arte Visionária pode muito bem ser a enzima enteógena para uma comunidade mais forte e um amanhã mais iluminado.

FONTE SOLPURPOSE

Agradecemos imensamente a tradução feita pelo colaborador Leonardo Moreira.
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COMO CULTIVAR COGUMELOS MÁGICOS

Se você já está nesta jornada dos enteógenos, tenho certeza que este programa de aulas irá lhe agradar. Aprenda a cultivar Cogumelos Mágicos com itens simples que você já tem em casa. O programa todo está em português, e aborda a mais simples das técnicas de cultivo, do inicio ao fim.

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A  missão deste canal é espalhar conhecimento, conscientização sobre a medicina dos cogumelos sagrados e seus potenciais terapêuticos. Fica claro que o maior perigo em relação a estes cogumelos é a desinformação!
A intenção é iluminar o caminho de quem já está nessa jornada até a psilocibina.

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Entrando em Estado Psicodélico com Respiração Holotrópica

Escrito por Kevin Franciotti

Retrato de Stanislav Grof pintado por Alex Grey
Retrato de Stanislav Grof pintado por Alex Grey

“Agora comecem a aumentar o ritmo de sua respiração. Respirem cada vez mais rápido e profundamente.” Dr. Stanislav Grof orienta uma sala cheia de participantes que estão para embarcar um uma jornada de três horas, utilizando uma poderosa técnica denominada respiração holotrópica. Com uma fala calma e ponderada, Dr. Grof lidera um breve exercício de relaxamento antes de sinalizar o início da música catalítica que auxilia a experiência imersiva. A música começa a ser tocada em uma aparelhagem de som de alta potência – um ritmo alto e rápido, som de tambores produzindo batidas pulsantes. Durante as próximas três horas, os “respirantes” utilizarão o poder dessa técnica a fim de alcançar um estado de consciência profundo, denominado “não-ordinário”.

A respiração holotrópica surgiu em meados da década de 70. Grof desenvolveu a técnica com a colaboração de sua falecida esposa, embora seu trabalho anterior com LSD tenha fornecido o contexto vital para a adaptação da técnica no âmbito terapêutico. Parte desse contexto inclui o nome em si, cujas raízes são derivadas das palavras gregas holos, que significa “todo, inteiro” e trepein, “voltar-se em direção a”; assim, holotrópico significa “mover-se em direção ao todo” Aos 83 anos, Grof continua a conduzir vários retiros e treinamentos em respiração holotrópica ao redor do mundo.

Grof define os estados holotrópicos como os que se encontram além do estado normal de consciência desperta, possuidores de uma qualidade mística, e que podem por vezes ser alcançados através da meditação, uso de drogas psicodélicas ou em alguns casos pela emergência espontânea dos mesmos. Grof argumenta que tais estados possuem mecanismos curativos inerentes, semelhantes às respostas imunológicas e histológicas ao sofrimento físico. Estabelecer uma intenção objetivando a cura e o crescimento psico-espiritual ao atingir os estados holotrópicos dá início a um processo de auto-cura mental, ele explica.

Em 1971, à medida que drogas psicodélicas se tornavam cada vez mais populares na esfera recreativa, o governo federal tomava medidas repressoras. Esse fato representou um entrave às pesquisas lideradas por Grof, que então utilizava substâncias psicodélicas no Centro de Pesquisas Psiquiátricas de Maryland (ele foi voluntário para os primeiros experimentos com LSD logo após a descoberta da substância por Albert Hofmann). Contudo, Grof havia aprendido o suficiente sobre a relação entre a mente e o poder curativo dos estados não-ordinários de consciência (ENOC) para que pudesse desenvolver uma técnica para atingir tais estados sem o uso de drogas. A teoria da consciência desenvolvida por Grof, que representou uma importante contribuição ao campo da Psicologia Transpessoal, e no final da década de 70 os estágios iniciais do que mais tarde se tornaria o “Treinamento Transpessoal de Grof”, começou com pequenas sessões de respiração holotrópica, inicialmente com a participação de terapeutas.

“A respiração holotrópica é uma técnica simples e elegante, que torna ainda mais claro que a cura está em nosso interior,” escreveu Rick Doblin, diretor executivo da MAPS (Associação Multidisciplinar de Estudos Psicodélicos), em um e-mail ao Reset. https://jetx-gameplay.com

Doblin foi um dos primeiros formandos do programa de certificação formal, tendo ajudado a organizar um retiro para um grupo de terapeutas internacionais na Áustria. Doblin atribui a Grof por sustentar a fundação da prática de cura e crescimento psico-espiritual através dos estados não-ordinários após a extinção dos programas de psicoterapia psicodélica clínica.

“A respiração holotrópica foi o conector entre a proibição e o renascimento da pesquisa psicodélica,” disse Doblin. “O trabalho de Stan e Christina tem sido fundamental no treinamento de muitos dos pesquisadores da atualidade que investigam a psicoterapia psicodélica, incluindo os Investigadores do Princípio MDMA-PTSD (Ecstasy e Stress Pós-Traumático) em nossos estudos na Carolina do Sul [MAPS] e Canadá.”

 

 

Entrando em Estado Holotrópico com Stan Grof

8886902Quando a música começa, me pergunto se algo realmente vai acontecer. Como a respiração profunda pode causar uma ponderosa experiência, semelhante ao efeito do LSD? Estou em um programa holotrópico denominado “A Jornada para Autodescobrimento: Experiência da Respiração Holotrópica” em um centro de retiro de yoga localizado nas Montanhas Berkshire ao oeste de Massachusetts. Após ter lido sobre a cura aparentemente milagrosa trazida pelas sessões de psicoterapia com uso de LSD no livro escrito Grof, Psicoterapia com LSD Psychotherapy, eu não poderia perder a oportunidade de participar. Após a palestra introdutória extremamente cativante, Grof colocou-se à disposição para responder perguntas sobre o tema e os aproximadamente 60 participantes foram divididos em grupos, liderados pelos facilitadores de Grof. Apesar de meu ceticismo, a música me envolve instantaneamente.

O relaxamento comandado por Grof, apesar de breve, é suficiente para que eu volte meu foco para meu interior e passe a utilizar minha respiração como um veículo. Minha meditação pessoal me ensinou a permanecer atento à respiração para a fim de me centrar e ao mesmo tempo permanecer consciente em relação ao momento presente, mas o que experimento aqui é diferente. É muito rápido. Não estou acostumado a respirar assim e após alguns minutos meu corpo começa a formigar. Continuo respirando. Logo sinto como se meu corpo começasse a vibrar, uma sensação agradável que me distrai. A euforia me convida a ir mais longe, mas desacelero minha respiração, satisfeito com a sensação física. O sentimento começa a arrefecer e peço a meu guia para que me ajude a levantar para que eu possa usar o banheiro. Meu estado de consciência é certamente não-ordinário, meus passos são irregulares e apesar de minha visão estar intacta, visualizo os arredores como se tivesse acabado de acordar de um sonho.

Volto à sala e me deito, imediatamente reengajando com a música e imergindo meu corpo em uma respiração profunda e ritmada. Ao sentir novamente o formigamento, continuo respirando mais rápida e profundamente, e a sensação se intensifica. Lembro que os guias me orientavam a ‘ouvir’ o corpo e por vezes senti vontade de pressão física. Meu corpo vibra mais intensamente que antes e sinto meus antebraços se curvarem devido à hiperventilação. Isso faz minha respiração desacelerar, mas após alguns momentos, quando a vibração diminui e meu braço relaxa, intensifico minha espiração novamente. Peço a ajuda de meu guia e peço alguma pressão física, pareço ter atingido um bloco psicossomático o qual não consigo quebrar.

Minha sessão de respiração pode não ser tão arrebatadoramente poderosa e transformadora como a de alguns de meus colegas; observo-os algumas vezes tão imersos em suas experiências que seus corpos tremem incontrolavelmente enquanto rolam pelo chão, gritando violentamente e acenando para obter intervenção física dos guias e facilitadores.

Decido não mais forçar a respiração, permanecendo deitado, apenas respirando relaxadamente até me sentir cansado. Viro de lado e adormeço. Quando acordo, a música está mais calma e melódica. Olho para meu guia e digo: “Acho que terminei”.

A experiência com a respiração holotrópica é intuitiva, é como ter uma conversa com a mente e o corpo simultaneamente. Enquanto uma experiência com drogas ou o surgimento espontâneo de um estado não-ordinário de consciência podem às vezes colidir com um estado psicológico desagradável, utilizar a respiração oferece uma experiência singularmente ajustável. Como Doblin explicou em seu e-mail, “A respiração Holotrópica é um processo mais controlável, uma vez que você inicia e interrompe o processo por si só”.

Explorar quaisquer aspectos raramente expostos da mente pode ser um desafio, mesmo sem o uso de catalizadores químicos.

Dublin acrescenta: “A natureza voluntária é corajosa, porém de uma forma diferente em relação a tomar uma droga psicodélica, uma vez que aqui trata-se mais de ‘deixar se levar’ do que ‘ser levado’. Entretanto, a mesma natureza voluntária significa que por vezes é difícil superar suas próprias defesas e ilusões.”

Para pessoas sofrendo alguma crise psicológica, buscando crescimento sustentado ou a cura de questões profundas e não resolvidas, a aventura do autodescobrimento que acompanham os estados não-ordinários de consciência pode ser profundamente influenciadora ao delinear a vida pessoal. Muitas pessoas integram o que aprenderam nas sessões de respiração para cura interior a seus papéis profissionais.

“O Trabalho de Respiração Holotrópica trouxe uma dimensão maior ao meu trabalho, uma vez que me permitiu atingir mais profundamente minha dimensão psico-espiritual”, relata uma enfermeira psiquiátrica e facilitadora certificada do trabalho de respiração holotrópica de Grof que liderou um dos pequenos grupos durante o programa realizado no final de semana no qual participei. “O Trabalho de Respiração Holotrópica vai além do processo de entrega total onde abrimos não de estar do controle. Ele me levou ao descobrimento de uma consciência maior que transformou minha vida tanto pessoal como profissionalmente. Existe nela uma Liberdade maior que permite ao espírito trabalhar além da costumeira zona de conforto.”

FONTE RESET.ME

 


 

Se você gostou do que leu sobre a  Respiração Holotrópica, aqui está o contato dos responsáveis desta vivencia aqui no Brasil:

www.aljardim.com.br

 

Agradecemos imensamente a tradução feita pela colaboradora Denilce Luca .
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Os Psicodélicos Oferecem um Caminho para o Deus Interior?

“Se ligue, sintonize e caia fora” A famosa frase de Timothy Leary ainda influencia nossa visão sobre as substâncias psicodélicas ou alucinógenas. Podemos associar os psicodélicos com os excessos da contracultura dos anos 60, e com a estática visão “linha reta” da sociedade, inundada com a cultura do medo e mal-entendidos intencionais.

O psicólogo William A. Richards quer mudar isso.

Sacred Knowledge: Psychedelics and Religious Experiences William A. Richards Columbia University Press December 8, 2015

Richard passou maior parte da sua carreira pesquisando tais substâncias -que, em linha com uma literatura estabelecida, ele prefere chamar de “enteógenos” – e seus usos terapêuticos. Sacred Knowledge:Psychedelics and Religious Experience não é apenas um somatório de sua obra – que facilmente mistura os resultados de pesquisas científicas, estudos de casos, anotações e comentários interpretativos – mas sim uma apologia para o uso de enteógenos em ambientes controlados.

Richard com certeza não está só. A investigação sobre o uso médico e psicológico e o valor dos psicodélicos já teve seu início, mas parou na década de 1970. Há muitas razões para isso, mas a inclusão de vários psicodélicos no Ato de Controle de Substâncias de 1970 sob Anexo 1 certamente não ajudou. No entanto, a investigação tem tido um pequeno aumento desse o final dos anos 90, com inúmeras instituições de renome realizando ensaios clínicos com sucesso. Tais pesquisas permanecem fora do mainstream, mas nos últimos anos tem recebido uma quantidade razoável de cobertura na mídia popular.

É difícil não ser convencido pelos argumentos de Richard. Consistente com outros estudos, ele discute o benefícios do tratamento enteogênico para uma série de doenças, incluindo dependência, depressão, ansiedade, dores crônicas, e sintomas psicossomáticos associados a doenças e traumas. Os benefícios, além disso, não são apenas físicos (no sentido de que tomar alguns ibuprofenos aliviam dores), mas psicológicos e também religiosos.
Na verdade, na opinião de Richard, é o potencial dos psicodélicos em abrir a mente para uma dimensão mística ou religiosa da existência humana que fazem deles um medicamento eficaz.

Ele é largamente desconsiderado na tentativa de entender experiências e tradições religiosas em termos de linguística, social e cultural e, por isso, tende a desabar o estudo da religião em teologia. Esse ponto persiste durante o livro, mas é clareado quando ele discute as “Fronteiras Psicodélicas na Religião”, isto é, como os enteógenos podem nos levar a ter um “entendimento melhor da ‘Mente de Deus’ e os mistérios de nosso próprio ser”. Na verdade, o próprio uso do termo “enteógeno” que literalmente significa “ Gerar Deus dentro de si” dá margens até este viés em direção a unicidade da experiência religiosa.

Tal visão leva Richard a uma quebra de distinção entre tradições religiosas, como um meio de comparar os efeitos dos enteógenos com o “sagrado”. Com uma menção a Aldous Huxley, ele favorece, como ele mesmo diz logo no início do livro, uma “visão perenialista” da experiência religiosa, uma vez que este é o lugar para onde a evidência o leva. Afirmações como a seguinte são feitas no contexto de discutir como as substâncias psicodélicas podem produzir uma experiência de “consciência mística”, e ajudam a preencher seu relato:

“Todas as grandes religiões do mundo tem palavras que apontam em direção a esse estado altamente desejado e valorizado, como o Samadhi no Hinduísmo, Nirvana no Budismo, SekhelMufla no Judaísmo, a visão beatífica no Cristianismo, BaqáWaFaná no Islamismo, e Wu Wei no Taoismo.”

Como Richard relata, sua primeira experiência pessoal com psicodélicos, que ele relata no Prefácio, ocorreu enquanto ele era um estudante graduado em Teologia e Psiquiatria na Universidade de Göttigen em 1960. Enxergando sua própria mente como um “laboratório psicológico”, ele se voluntariou para participar de uma pesquisa sobre o estudo dos efeitos da psilocibina, o ingrediente ativo de vários cogumelos psicoativos. Ao receber sua primeira dose, ele teve uma experiência de perder sua “identidade usual” e “um brilho eterno de consciência mística”.

É importante ressaltar, no entanto, que aquela experiência não veio do nada. Por sua própria vontade, ele adentrou preparado no terreno da substância . “Com base na piedade de minha criação Metodista” ele disse, “Eu silenciosamente afirmo a confiança de que Deus estaria comigo perante qualquer dificuldade em trazer de volta memórias da minha infância”

A pergunta persistente que eu tenho então é a dimensão do entendimento de Richard sobre o valor dos psicodélicos, incluindo o que eles fazem e como eles funcionam perante um entendimento particular da religião. Eu não acho que ele iria se recusar a responder tal pergunta. Embora Richards esteja ciente de que tais experiências podem ser interpretadas de formas diferentes, ele antecipa que seus entendimentos, e as categorias que ele usa para descrevê-los, se resumem a uma “escolha pessoal” em acreditar “na validade da consciência mística”.

Ao dizer isso, meu ponto não é necessariamente em lançar dúvidas sobre o trabalho de Richard. Eu estou extremamente convencido no valor terapêutico dos psicodélicos, e eu concordo com Richard de que os estudiosos da religião (e muitos teólogos) geralmente são muito céticos quando se trata de seu “objeto” de estudo, e no processo falham em ver a floresta proverbial para as árvores. Uma das coisas que Richard realiza então é em relembrar-nos a importância de estar aberto para experiências inesperadas, mesmo – ou talvez especialmente – quando elas são despertadas por psicodélicos ou qualquer número de outros materiais estranhos.

No entanto, seu entendimento sobre religião tem limitações significativas, não apenas no que se assume sobre a “religião”, mas também no que ele ignora, ou não pode dar conta.

Ao longo de “Sacred Knowledge”, por exemplo, Richard tende a minimizar as experiências negativas dos psicodélicos. Para colocá-lo em termos de sua própria estrutura, ele tende a encobrir o que Rudolf Otto chama de “mysterium tremendum” , concebendo a realidade de que os enteógenos fornecem acesso em última análise como fascinans, isto é, misericordioso e piedoso.

Na verdade, as condições nas quais os pesquisadores e profissionais da saúde administram psicodélicos dentro de um ambiente clínico suportam essa elisão: um grande cuidado é tomado para assegurar uma experiência positiva. Esta elisão, além disso, se encaixa com a sua tendência a igualar experiências autênticas de “consciência mística” com a produção de resultados psicológicos e morais. No âmbito do trabalho de Richard, os estados de consciência que os psicodélicos fornecem acesso devem levar a uma espécie de conversão no indivíduo.
Em vários pontos ele concebe os benefícios do uso “sábio” dos psicodélicos nos mais diversos termos cristão de pecado e salvação.

” … Não há práticas religiosas puras ou estados primordiais da consciência como tal, que Richards se refere como a mística. “

Tais limitações podem fazer bem para a medicina, é claro, mas determinar o que vem primeiro é como decidir em ambos o ovo ou a galinha: é melhor para ver o quadro e como as substâncias envolvidas se reforçam mutuamente.
Dito isto, apesar de eu ter problemas com a maneira putativa em que Richards articula as dimensões religiosas de uma experiência psicodélica, eu ainda acho que é possível levar o último a sério, caso ele adote uma visão diferente de trabalho.

Considere por um momento, uma sessão normal de psilocibina em um ambiente de pesquisa contemporânea. O participante, que foi analisado com antecedência de acordo com protocolos rigorosos, recebe uma dose de psilocibina sintética através de injeção. O participante então passa por sua experiência em um ambiente clínico, mas confortável. Assim, ele se deita em um sofá, geralmente usando uma máscara nos olhos, e escuta uma trilha sonora musical pré selecionada para a duração da experiência. Este tipo de controle sensorial é um componente importante. Richard diz “Pesquisas com enteógenos tendem a ser conduzidos em espaços interiores, onde o corpo pode descansar em um sofá de forma segura, e a mente pode se ver livre de “cuidar do corpo”.

Isso é muito diferente de uma cerimônia Mazatec tradicional de cogumelo, apesar de tudo. Embora o resultado de ambos, na superfície podem ser similares, não é o caso quando se aprofunda em ou outro.
Por exemplo, Maria Sabina, – a curandeira Mazateca que se tornou uma espécie de celebridade nos anos 60 entre aqueles que procuravam a iluminação induzida por químicos – foi relatado que a mesma negava aspectos enteogênicos da psilocibina, ou pelo menos os entendiam como secundários. Como Andy Letcher coloca em seu Shroom: A Cultural History of The Magic Mushroom, “Para achar Deus, Sabina como todo bom católico – ia à missa”.

Além disso, ainda não é claro que a mesma substância está sendo usada. Ao passo que os investigadores contemporâneos utilizam psilocibina sintética para alguém como Sabina, o cogumelo em si é essencial e não podem ser separados a partir de sua composição química. Ela referiu-se aos cogumelos como “os filhos dos santos”.

O meu ponto não é dizer que Richard e outros pesquisadores usam tais substâncias de forma não autêntica, como se eles estivessem apenas se apropriando para seus próprios propósitos, tais práticas tradicionais. E é importante dizer que não há práticas religiosas puras ou estados primordiais de consciência as quais Richard refere como “O místico”.

O uso de psicodélicos de Richard em um ambiente clínico, certamente fornece acesso para algo, mas esse “algo” não é necessariamente a mesma coisa sempre que tais compostos são usados. Que Richard os vê em termos religiosos prova o ponto, se nós levarmos a sério as declarações de Sabina.

Os estados de consciência alcançados através do uso de psicodélicos então, não necessariamente pré-existem a experiência, mas são, ao invés disso, produzidas nisto. Psicodélicos, nesse sentido, não são tanto de revelação como são componentes de um conjunto: o que eles significam e fazem variam dependendo de outras tecnologias, objetos e práticas que eles são colocados em relação.

Novamente, isso não elimina os efeitos muito reais dos psicodélicos em ambientes clínicos. É só levar a sério a especificidade desse ambiente: a clínica não é uma aldeia remota no México. Ao fazê-lo, eu sugiro, iria complicar a nossa compreensão dos psicodélicos e da maneira que eles interagem com ambientes diferentes.

Acrescentando, isso iria complicar também nosso entendimento de religião. Estudiosos de religião por algum tempo tem questionado vários pressupostos que sustentam a noção de “religião”, mostrando como isso, como quase tudo, é um produto complexo de várias negociações culturais, sociais, políticas, psicológicas e econômicas. A tradução dos efeitos das substâncias psicodélicas em termos religiosos, médicos e psicológicos como vemos no “Sacred Knowledge”, mostra a produção de religião em ação. E Richard nos mostra isso no mais improvável dos lugares – a clínica de pesquisa.

FONTE religiondispatches.org

Agradecemos imensamente a tradução feita pelo colaborador Kaio Shimanski.
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A conexão entre Budismo e Psicodélicos

Daniel Pinchbeck discute Dharma, karma e iluminação enteogênica com o autor de Zig Zag Zen Allan Badiner

Escrito por DANIEL PINCHBECK

A discussão se o Budismo e psicodélicos se complementam ou se obstruem sempre foi vibrante. Beber Ayahuasca é um atalho para pular a meditação e ir para a Iluminação? Ou, se você é budista praticante, é uma boa ideia ocasionalmente fugir pra floresta com alguns amigos e uma sacola de Psilocybe semilanceata? Bom, agora tem uma nova geração de buscadores espirituais que querem saber a resposta.

Eu quero saber a resposta!

Um clássico instantâneo desde o primeiro momento que apareceu em 2002, Zig Zag Zen: Budismo e Psicodélicos é uma antologia de pensamentos de algumas das mentes mais brilhantes no assunto. Recentemente foi re-publicado em uma nova edição e seu autor, Allan Badiner, é um companheiro escritor e amigo meu (Zig Zag Zen foi lançado praticamente ao mesmo tempo de meu livro, Breaking Open the Head – A Psychedelic Journey into the Heart of Modern Shamanism).

Eu liguei para Allan uma tarde conforme me apressava numa chuva fraca em direção à New York Grand Central station pegar minha filha. Ele atendeu o telefone em Big Sur.

EBB AND FLOW, SUKHI BARBER, 2014
EBB AND FLOW, SUKHI BARBER, 2014

 

Daniel: Allan, qual é a conexão essencial entre Budismo e uso de psicodélicos?
Allan: Ambos compartilham um interesse na primazia da mente, e consciência do momento atual, mas eles são muito diferentes em si, e não tem muita história compartilhada – até recentemente. A Geração Beat, hippies e a revolução cultural dos anos 60 foram todos produtos tanto de sabedorias tradicionais do Oeste – do qual budismo é uma grande parte – quanto dos sacramentos: LSD, cogumelos e peyote. Professores daquela era como Alan Watts, Allen Ginsberg, Jack Kerouac, Ram Dass e outros, todos falavam sobre budismo e psicodélicos e eu acho que o relacionamento entre eles se manifesta no contexto da busca humana por evolução. Muitas pessoas procuram a sabedoria compassiva do Dharma (a comunidade e filosofia Budista), e também uma reconfiguração psíquica que algumas substâncias derivadas de plantas oferecem devido a seu poder transformativo. Um tipo de magia prática resulta quando ‘Zig’ cambaleia (Zag) até Zen, quando um sistema ético testado pelo tempo encontra mudanças assistidas por plantas na consciência.

D: Como se interessou primariamente pela área?
A: Aos 30 eu abandonei meu trabalho como agente de Hollywood e viajei para a Índia e Sri Lanka por um ano. Antes de retornar à América, eu fui aconselhado a fazer um retiro Budista de meditação de 2 semanas em Sri Lanka. Foi horrível. Sujo, insetos por todo lado, doía ficar sentado horas por dia, vegetais cozidos as 6 da manhã de café e os mesmos vegetais para o almoço. Sem jantar. 2 dias antes de acabar, tudo mudou. Eu senti uma maré de êxtase silencioso, cheio de gratidão profunda por estar vivo, simultaneamente vivendo como se cada momento pudesse claramente ser o último – mas agradecido que não era. Tive um sentimento forte de total conexão com todos, árvores, animais, até insetos, e a própria terra.

D: Quando os psicodélicos entraram na sua vida?
A: Depois que retornei da Índia, ainda no brilho meditativo, fui a uma festa onde uma amiga querida me disse para fechar os olhos e colocar a língua pra fora. Sabendo da minha aversão por drogas, ela disse pra não me preocupar e só curtir. Mais tarde, eu estava admirando a visão extensa de Los Angeles e comecei a conversar com alguém que eu conhecia, mas não gostava. Minha voz interna tentava me dizer pra fugir! Mas eu vi qualidades nela que nunca havia notado antes e estava curtindo imensamente sua companhia. Aquele sentimento de conexão poderosa retornou – me senti enraizado na Terra, consciente da minha respiração e troca de gases que isso envolve.

D: Parece ecstasy!
A: Sim, mas enquanto alguns podem argumentar que MDMA não é um psicodélico, certamente senti como se fosse. Eu estava escrevendo uma coluna chamada ‘Mente e Espírito’ para o LA Weekly na época, e o jornalista em mim tinha que saber mais sobre isso. Isso me levou a um encontro com o lendário químico psicodélico Sasha Shulgin. Sasha descobriu 2CB, e milhares de outros químicos, e também foi responsável pela re-descoberta do MDMA nos anos 70. Seu tufo de cabelo branco e sorriso sorridente reservado me lembraram de gurus na Índia. Eu entrevistei outros pensadores visionários, como Terence McKenna, e daí eu experimentei esporadicamente com cogumelos de psilocibina e tive meu primeiro e único encontro com Ayahuasca em 1987.

D: Muitos críticos argumentam que Budismo e psicodélicos são incompatíveis. O escrito budista Ken Wilber fala sobre a distinção entre “estados e traços”. Com psicodélicos, pode ser fácil mudar o primeiro, mas muito mais difícil mudar o segundo. A ideia é que o acesso repentino a estados alterados de consciência por meio de substâncias não leva a mudanças a longo prazo na personalidade.
A: Sim, o estudioso religioso Huston Smith que escreveu o prefácio em Zig Zag Zen, disse que “enquanto o uso de psicodélicos é totalmente sobre estados alterados, Budismo é totalmente sobre traços alterados, e um necessariamente não leva ao outro.” Apesar do fato que Zig Zag Zen também apresenta essas visões contraditórias, eu estava esperando que tivesse uma tempestade de críticas, com demonstrações Budistas nas ruas de Boulder, São Francisco, e Upper West Side – todos ajudando a aumentar as vendas. Mas os Budistas – até aqueles com B maiúsculo – disseram “Budismo, drogas…ok, sim. Próximo?”

“É interessante que até mesmo entre aqueles que criticam o uso de psicodélicos, se você consegue fazer com que falem sobre sua experiência pessoal com drogas expansoras de consciência, é incrível o quão bom suas jornadas parecem.”

Em uma conversa recente, Ken Wilber observou que “pessoas que usam psicodélicos com alguma forma de prática espiritual ou meditação conseguem um enorme benefício com isso – mais do que apenas com um ou outro.”

D: Se ouve muito da proibição das drogas no Budismo. Não existe um preceito Budista que proíbe o uso de substâncias que alteram a consciência?
A: Os preceitos não são regras estritas ou mandamentos mas princípios guias para que facilite o progresso no caminho. Budistas se abstêm de matar, pegar o que não lhe é dado, condutas sexuais impróprias e discurso incorreto. De acordo com Robert Thurman, da cadeira de Budismo da Universidade de Columbia, o quinto preceito se refere especificamente à álcool, que era um problema até na época de Buddha já que geralmente leva à falta de cuidado, e o usuário quebrar os outros quatro preceitos.

D: Você acha que Buddha usava psicodélicos?
A: Pergunta muito interessante. Sabemos que plantas psicoativas, particularmente Cannabis, eram abrangentemente usadas como parte de uma prática espiritual nos tempos de Buddha, e nenhuma atitude pejorativa ou desfavorável sobre o uso de cannabis existia na época. Também sabemos que na tradição Shaivite do Hinduísmo, em particular, tem uma plantação de cannabis crescendo atrás dos templos ao redor da Índia para uso apenas pelos homens sagrados ou sadhus.
Sabemos que Buddha tentou todas as estratégias disponíveis ao longo do caminho para a iluminação, incluindo ascetismo extremo – jejum por longos períodos, se manter no solo nu sem abrigo, ficar ao lado dos ghats em Varanasi onde corpos dos mortos eram cremados. As regras para monges aspirantes e freiras eram incrivelmente específicas e detalhadas sobre o que não fazer, e em nenhum lugar tem referência a plantas psicoativas encontradas entre eles. Então parece improvável que ele selecionou esse elemento para passar à frente durante seus muitos anos de procura.

D: Por que existe hoje um interesse renovado em psicodélicos? Por que as pessoas parecem fascinadas por meditação e outras práticas esotéricas, e combinar essas práticas com psicodélicos?
A: Porque estamos oscilando na beira da destruição total dos sistemas que suportam a vida do planeta. Como o inventor do LSD Albert Hoffman disse, no ano antes de morrer aos 102 anos: “Alienação da natureza e a perda de experimentar ser parte da criação viva é a razão que causa devastação ecológica e mudança climática. Eu atribuo a importância máxima absoluta para a mudança de consciência, e eu considero os psicodélicos como catalisadores para isso.”. O Antropoceno, a era de mudanças feitas por humanos nos sistemas naturais da Terra, inaugurou um novo entusiasmo por ferramentas xamânicas e psicodélicas para a evolução.

“É uma questão legítima a se perguntar: poderiam os psicodélicos ser imperativos para a nossa sobrevivência?”

O que mais pode oferecer o tipo de potencial para evolução mental e mudança com a rapidez pedida pelo agravamento a saúde dos ecossistemas? Simultaneamente, estamos vivendo uma verdadeira revolução psicodélica na medicina. Substâncias antes consideradas sem uso médico e ilegais,agora estão sendo estudadas como terapêuticos potencialmente válidos. Como o psicólogo Ralph Metzner – contribuidor de Zig Zag Zen – observa: “Duas das mais potencialmente benéficas áreas para a aplicação de tecnologias psicodélicas é no tratamento de adições e preparação psico-espiritual para a transição final.”

D: Considerando que alguém queira experimentar psicodélicos de uma forma compatível com as práticas Budistas, tem algumas substâncias mais adequadas que outras?
A: Acho que o teste budista para a adequação de uma substância é esse: é razoavelmente esperado que ele produza mais compaixão, e um grau maior de noção de consciência? Exemplos de alguns materiais assim podem incluir Cannabis, haxixe, cogumelos de psilocibina, LSD, MDMA, ayahuasca ou peyote. Uma aproximação Budista seria empregar estratégias conhecidas de usuários experientes, como prestar uma atenção cuidadosa ao Set & Setting.
Set se refere ao estado da mente que vai entrar na experiência e a intenção do usuário em termos de quais resultados são esperados. Preparar-se espiritualmente para uma experiência psicodélica pode incluir ler as palavras de Buddha, meditar, praticar yoga ou fazer jejum. “Minha intenção é ter uma jornada inspiradora e significativa que me ajude a experienciar o amor de dar, não receber; ajude-me a trazer à tona a coragem e deixar pra trás o medo; e me ajudar a viver com a noção de que todas as coisas são conectadas no vasto organismo que chamamos de vida.”

D: Alguns locais ou situações são mais conducentes que outros?
A: Setting se refere ao local físico em que escolhemos ter a experiência, incluindo outras pessoas. Se a pessoa é inexperiente no uso de psicodélicos, pode ser uma boa ideia ter o que chamam de sitter – alguém que você confia, preocupa-se com você, para atender qualquer necessidade que você possa ter. Algumas pessoas podem apreciar estar em um local de festival com música que gostam e uma infinidade de amigos. Hidratação é sempre criticamente importante. 비트코인 베팅

Bom, isso foi informativo. Obrigada Allan, cheguei à estação. Vejo você em breve.

Zig Zag Zen: Buddhism and Psychedelics por Allan Badiner esta disponível em Synergetic Press.

 

Fonte Amuse

Agradecemos imensamente a tradução feita pela colaboradora Raphaela Lancellotti.
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Guia de Caça e Identificação – Psilocybe cubensis

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Cogumelos Mágicos? Cogumelos Venenosos? Brisa? Droga?

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Psilocibina

Na verdade estes cogumelos são realmente mágicos, e em muitas culturas ritualísticos, por serem portadores de Psilocibina. Estes cogumelos tem um histórico de uso xamânico e ritual de cerca de 9 mil anos, pelos povos da América Central. Com o passar do tempo e devido a nossa atual política de drogas, este conhecimento foi ficando difuso e rodeado de preconceitos quase ao ponto de o perdermos, e hoje este assunto virou uma espécie de lenda urbana, ficando de lado na sociedade. Esse fator acabou se tornando perigoso, pois os cogumelos são muito poderosos e devem ser lidados com cuidado e muito conhecimento. Se você é um curioso ou já estava procurando eles, você está no lugar certo. Este guia tem como exclusiva intenção a educação. Ensinar o público qual cogumelo coletar, quando, e o quanto ingerir para evitar enganos ou acidentes.

 

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Durante todo o guia iremos introduzí-lo a termos e nomes usados no meio dos estudos dos fungos, para melhor entendimento e aprendizado. Não saia à caça antes de ler completamente este guia! Isto é muito importante, tenha paciência, a sua saúde depende dos seus estudos aqui iniciados.
Iremos nos aprofundar no cogumelo do gênero Psilocybe e a da espécie cubensis, ou mais
conhecido como Psilocybe cubensis. Antigamente também conhecido: Stropharia cubensis.
Fique a vontade para imprimir e compartilhar este guia.

 

 

 

 

 

De caráter apenas informativo, este material vem para sanar dúvidas e educar os interessados no assunto. Não estamos incentivando o abuso de drogas, pelo contrário, nossa intenção é conscientizar e informar.
O idealizador deste guia ou os membros dos fóruns de forma alguma incentivam o consumo de cogumelos sem prévio estudo e plena consciência do que se está fazendo. Todas as suas decisões após a leitura desse conteúdo, são sua responsabilidade. Novamente, este material é apenas educacional, para aprendizado e redução de danos. Todo o conhecimento aqui apresentado é resultado da combinação da experiência dos usuários do fórum:

www.cogumelosmagicos.org

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No Brasil, a Psilocibina e a Psilocina são substâncias controladas. No entanto, o cogumelo Psilocybe cubensis não é proibido no Brasil. Logo, a posse de Psilocibina ou Psilocina na forma extraída ou pura é crime, mas o porte e o cultivo de Psilocybe cubensis ou In Natura, não. Mas todo cuidado é pouco, o aprofundamento neste tema e requer comprometimento, maturidade, respeito e zelo.

Podemos muito bem sofrer algum acidente, que chame atenção da mídia, e logo esta lei pode ser alterada. E este guia trabalha para isso, educar quem está a procura desta experiência e clarear o caminho da melhor forma possível. Cuide bem deste conhecimento, o uso responsável, consciente e sagrado é a chave para conservarmos este bem cultural. Hoje, após dezenas de estudos clínicos, a psilocibina está sendo introduzida oficialmente como ferramenta no processo de psicoterapia. Devemos cuidar dos avanços já alcançados, para não darmos nenhum passo para trás.

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Por que alguns comprimidos de Ecstasy estão tão fortes ultimamente?

Comentário sobre a matéria do DanceSafe:

Jornalista do Reino Unido Mike Power tem informações privilegiadas sobre porque os comprimidos de ecstasy na Europa e no Reino Unido são tão fortes nos dias de hoje. Produzido por um misterioso grupo na Holanda conhecido como Partyflock ou Q-dance, essas pílulas estão começando a aparecer nos EUA (variedades ou, pelo menos, imitações). Mas tenha cuidado! Alguns contêm super altas doses de MDMA (até 278 mg, que é mais do que o dobro de uma dose padrão). Como diz Power, “se você tem esses comprimidos, tome em metades ou em terços.”

Texto por Mike Power

Um lote de comprimidos superfortes prensados na forma do logotipo da empresa de entregas UPS, está atualmente em circulação no Reino Unido (e já chegando no mundo inteiro). Eles são tão fortes que fizeram manchetes neste último fim de semana. Inicialmente foi dado um aviso e depois noticiamos uma hospitalização de um grupo de amigos.

Alguns lotes recentes de comprimidos de “ecstasy” são perigosos, porque eles contêm ingredientes tóxicos, como o PMMA, e são vendidos por negociantes desonestos que dizem ser MDMA.

Mas as pílulas UPS podem ser potencialmente prejudiciais, pois elas estão com altas dosagens. Algumas pílulas UPS foram encontradas contendo até 278 mg de MDMA – que é mais de um quarto de um grama – ou três ou quatro vezes mais poderoso do que um padrão de pílula no Reino Unido (clique aqui para relatos de usuários).

Então, por que são tão fortes esses comprimidos em circulação?

Bem, nossas fontes dizem que o grupo responsável por estas UPS são os mesmos responsáveis pela criação de algumas das pílulas mais fortes que foram encontradas nos últimos anos. Conhecida como Partyflock ou Q-dance, outros comprimidos em seu portfólio são as balas: Q-Dance, Defqon, Speakers, Ferrari, Partyflock, Android, Tri-Force, e, mais recentemente, Heinekens e as barras de ouro (Gold). O comprimido a vir a seguir aparentemente vai ser as UPS Vermelhas (contém um corante alimentício na mistura).

Este grupo tem orgulho em produzir, com qualidade, comprimidos com detalhes difíceis de se falsificar pelas suas formas, desenhos, tamanhos e cores, geralmente contendo grandes doses de MDMA muito puro. Os usuários Holandeses que conhecem a “marca” tendem a usar apenas um quarto ou metades inicialmente.

As famosas balas de preço 10 Euros estão fazendo sucesso já por alguns verões na Europa. Mas os comprimidos que estão sendo produzidos agora são superfortes pois há mais MDMA pela Europa no momento do que jamais houve antes durante anos. Os preços também estão caindo, mais baixos do que nunca, com gramas disponíveis a nível de varejo por £25-£40 e os preços da onça (28gr) por em torno de £500. Olhando mais adiante na cadeia de abastecimento, quilogramas estão mais baratos do que têm sido nos últimos anos, em torno de £ 8.000. Há um excesso da droga em toda a Europa.

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Isso acontece devido a uma inovação de um precursor – novas maneiras de se fabricar MDMA foram descobertas, um químico holandês deste laboratório de ecstasy que me explicou. Os Holandeses descobriram uma nova receita – eles agora usam uma substância chamada PMK-glicidato, o qual é legal, ao invés do antes usado PMK (ilegal). Essa facilidade ao acesso da matéria-prima para produção, resultou em produtos de qualidade e puros por toda Europa.

Comprimidos com esta qualidade estão sendo vendidos com preços maiores, comparados às pílulas com baixa dosagem, e o time de holandeses que as fabrica são conhecidos pelas balas mais fortes nunca antes vistas e continuam a frente da concorrência.

Eles lançaram comprimidos atraentes pelas formas e tamanhos nunca antes vistos, e dominaram o mercado faz alguns meses – a ponto de que outros laboratórios estão lançando comprimidos falsos, fazendo o laboratório holandês criar novas e novas balas de ecstasy. Mas cuidado, estas réplicas falsificadas estarão com dosagem diferente. Apenas usando da popularidade do formato e cor da bala para aumentar suas vendas.

Mas comprimidos desta extrema qualidade tendem a não chegar ao Reino Unido. Não com essa força e quantia que chegou e certamente não em cidades menores como Middlesborough. Então, o que mudou?

A pista está no logo do comprimido: UPS (sigla para United Parcel Service – correio). É uma brincadeira proposital devido ao fato de muitos desses comprimidos estarem sendo vendidos pelos mercados escondidos na deepweb/darknet. Ou seja, se espalhando rapidamente por toda Europa, e até sendo encontrada nos EUA.

De cor amarela e consistência muito dura, com logotipo em relevo ao invés de uma impressão, estes comprimidos são muito bem produzidos, com um esmalte que sela a bala dando um brilho e as protegendo contra desintegração. Toque profissional que poucos laboratórios se preocupam. Ao invés de ser uma pastilha simples e redonda com sua marca impressa, esta é no formato de um escudo, com uma profunda marca para ser partida em dois na parte de trás.

E esta marca está ali por uma razão – se você possui este comprimido, quando for tomar, tome metade ou em quartos (1/4). Pelo fato de serem muito bem comprimidas, duras de se diluir, alguns usuários demoram um pouco mais para sentirem os primeiros efeitos, pois as balas demoram mais para se dissolverem no estômago. Então, em hipótese alguma faça re-dose acreditando que elas não estão funcionando. Espere 2 horas antes de fazer re-dose. Até mais tempo se estiver com estômago cheio. Existem muitos desses locais online, mas o melhor é o Pin Up Casino. Pin Up é um cassino online que vem operando com sucesso há 10 anos. Durante este tempo, Pin Up Casino pinup-casino-brasil.com conseguiu ganhar a confiança dos clientes e se tornar um dos líderes no mundo do jogo. O Pin Up – um estabelecimento legítimo que opera legalmente. Pin up Casino Brasil.

E, por hora, enquanto houver este grupo produzindo comprimidos de qualidade, sempre que for tomar, comece por baixas doses e vá de leve.

upsers

Fotos via MDMA-Team

Originalmente por DanceSafe 

Traduzido e adaptado por Equipe Mundo Cogumelo

Arte Visionária de Pablo Amaringo

[su_quote]“As próprias imagens tem mensagens e ensinamentos que treinam a mente para ver o que pode ter acontecido no passado e o que pode acontecer no futuro. Elas abrem outros meios de visualizar, que você pode chamar de sagrado ou divino. Eu gostaria que os meus quadros inspirassem uma ideia diferente de religião, uma que não é dada em retorno por algo mas que é de graça.”   (Pablo Amaringo)[/su_quote]

Unicornio Dorado por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Unicornio Dorado por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.

Pablo Amaringo nasceu em 1938 em Loreto, Peru. Seus trabalhos de arte são conhecidos no mundo todo e ele é considerado um dos mais influentes pintores peruanos na história. Suas pinturas mostram o mundo que lhe é familiar, pintando a floresta da região Amazônica com as muitas plantas e criaturas que lá vivem. Suas pinturas também ilustram o mundo espiritual conhecido das pessoas dessa região. O mundo espiritual é acessado por meio de rezas e pelo uso de plantas visionárias, mais comumente a Ayahuasca. O mundo espiritual inclui seres espirituais de todos os tipos, aliens, serpentes gigantes, anjos, cidades luminosas existindo em outro plano de consciência; é isso que Pablo Amaringo chama de divino ou realidade sagrada. Cada objeto, ser inteligente e motivo têm significados específicos que são revelados no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As Visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”). Essas pinturas dão uma vislumbrada no mundo não visto de curadores peruanos, xamãs e pessoas comuns.

Pablo Amaringo tomou Ayahuasca pela primeira vez com seu avô quando tinha 10 anos de idade, pois ouviu falar de outros que tomaram e ficou curioso. Ele entrou no mundo espiritual e perdeu sentido do seu corpo. Ele sentiu um pouco de medo mas viu espíritos geralmente conhecidos na região. Ayahuasca foi e ainda é um sacramento sagrado que conecta a pessoa ao mundo espiritual. Ayahuasca é uma combinação de plantas preparadas de um jeito específico e contém compostos psicodélicos. Há muitas igrejas de Ayahuasca, ambas indígenas e cristãs, por toda a América do Sul e é comumente usada para cura e propósitos espirituais.

Transformacion Del Chaman em Aguila por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Transformacion Del Chaman em Aguila por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.

Pablo Amaringo enfrentou uma intensa doença após sua família ter morrido em um acidente de carro. Ele foi até a casa de seu pai e foi curado com Ayahuasca nos anos 1970. Pablo disse “eu achava que a Ayahuasca era uma boa medicina porque funcionava pra mim – eu tinha visões, e até hoje me lembro de tudo que vi.” Após sua recuperação ele percebeu “a vida não tem sentido ao menos que alguém olhe para o espiritual, seja por meio de tomar plantas ou por seguir uma religião.”

Ayahuasca Raura por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Ayahuasca Raura por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.

Pablo Amaringo foi um artista, espiritualista e curandeiro. Ele fez trabalhos de arte que retrata o mundo espiritual de seu povo, o qual ele acessou com Ayahuasca. Ele fez a fusão de pinturas com ícaros, ou encantamentos mágicos. Ele diz “se você se concentrar e meditar nas pinturas vai receber energia espiritual.” Howard Charing escreveu “embora ele tenha parado de tomar Ayahuasca muitos anos antes, ele tinha a habilidade de se lembrar perfeitamente de cada uma de suas visões. Em uma ocasião ele disse pra mim ‘eu não preciso tomar novamente; Ayahuasca me conectou ao mundo espiritual.’”

Jehua Supai – Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Jehua Supai – Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.

Ele chegou a conduzir cerimônias de cura com ayahuasca como homem da medicina ou xamã. Ele parou devido a ameaças por feiticeiros. Os feiticeiros são os que usam Ayahuasca e o mundo espiritual para fazer mal a outros. Ele depois parou de fazer cura para as pessoas alegando que até as curas são um tipo de feitiçaria. Ele começou a dar aulas de arte e abriu uma escola para ensinar peruanos a pintar e desenhar. Ele sentiu que a arte era a busca maior. Ele pintou visões de Ayahuasca, mas também pintou muitos cenários cheios das mais diversas plantas e animais da Amazônia. Colecionadores do mundo todo tem ido ao Peru procurar trabalhos feitos por Pablo, assim como também de artistas imitando e desenvolvendo seu estilo.

Pagoda Dorada por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Pagoda Dorada por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.

Pablo diz “a melhor coisa que você pode deixar é uma semente para que outros possam trabalhar. Eu não sou apenas uma pessoa, eu sou uma pessoa espiritual. Eu sempre me comunico com a grande força universal, a qual é a fundação da perfeição – Dios – que eu vi em minhas visões de Ayahuasca e que sempre conversaram comigo.”

Nukno Maschashka By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Nukno Maschashka By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Llullon Llaki Supai por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Llullon Llaki Supai por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.

Nukno maschashka faz as pessoas ecoarem cânticos em uma cerimônia na base e mostra como rezas e músicas são enviadas até as mais altas esferas do cosmos. Um cântico é uma música adquirida pelos espíritos em um local quieto na floresta. Cada uma das plantas, pessoas, animais e espíritos representados são seres específicos e objetos com um significado mais profundo para a imagem toda. Uma pessoa pode ver anjos, mulheres curandeiras da medicina, cerimônia, serpentes da sabedoria, plantas curadoras e os altos patamares do mundo espiritual repercutindo com a música. A cerimônia de cura e os cânticos de cura são carregados pelos espíritos até o mundo espiritual.

Sumac Icaro By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Sumac Icaro By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Yana Huarman By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Yana Huarman By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Angeles Avatares por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Angeles Avatares por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Templo Sacrosanto por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Templo Sacrosanto por Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Alli Mariri By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Alli Mariri By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
La Principa de la Vida by Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
La Principa de la Vida by Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Ondas de la Ayahuasca by Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Ondas de la Ayahuasca by Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo” (“As visões de Ayahuasca de Pablo Amaringo”) por Howard G. Charing.
Los Grados del Curandero By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo
Los Grados del Curandero By Pablo Amaringo. Aparece no livro “The Ayahuasca Visions of Pablo Amaringo

Agradecimentos a Raphaela Lancellotti pela tradução do texto.

FONTE