Podem os Cogumelos Mágicos Serem Usados no Tratamento da Ansiedade e da Depressão?

Matéria traduzida do blog do Smithsonian Institute

Nos anos de 1960 e início dos anos 70, pesquisadores como Timothy Leary, de Harvard, promoveram entusiasticamente o estudo dos tão conhecidos cogumelos “mágicos” (denominados formalmente como cogumelos psilocibínicos) e defenderam os benefícios em potencial dos mesmos para a psiquiatria. Por um breve momento, pareceu que experimentos controlados com cogumelos e outros psicodélicos entrariam para a corrente científica.

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Poderia ser a experiência psicodélica um tratamento psiquiátrico?

Mas recentemente, através dos últimos anos, o pêndulo balançou de volta para a outra direção. E agora, novas pesquisas com a substância alteradora da mente, a psilocibina – o ingrediente “mágico” nos cogumelos – indicam que controladas com cuidado, baixas dosagens dela podem ser um meio efetivo de tratar pessoas com depressão clínica e ansiedade. Então, tudo mudou. A repercursão contra a cultura de drogas de 1960 – inclusive contra o próprio Leary – que foi preso por posse de drogas – tornaram a pesquisa quase impossível. O governo federal criminalizou os cogumelos, e a pesquisa parou por cerca de 30 anos.

O último estudo, publicado semana passada no Experimental Brain Research, mostrou que administrando a roedores uma dose purificada de psilocibina reduziu os sinais exteriores de medo dos mesmos. Os roedores no estudo foram condicionados a associar um som em particular com a sensação de serem submetidos a choques elétricos, e todos os ratos do experimentos paralisavam de medo quando o som era tocado, mesmo quando o aparato elétrico estava desligado. Ratos que ingeriram baixas dosagens da droga, entretanto, mantiveram-se calmos muito mais cedo, indicando que eles foram capazes de desassociar o estímulo e a experiência negativa da dor mais facilmente.

É difícil perguntar para um rato torturado porque exatamente ele sente menos medo (e possivelmente ainda mais difícil quando um rato está no meio de uma viagem de cogumelos). Mas diversos outros estudos demonstraram efeitos promissores da psilocibina em um grupo de indivíduos mais comunicativos: Humanos.

Em 2011, um estudo publicado no Archives of General Psychiatry por pesquisadores da UCLA e outros lugares encontrou que baixas doses de psilocibina melhoraram os humores e reduziram a ansiedade de 12 pacientes com câncer terminal por um longo período. Esses eram pacientes de 36 a 58 anos que sofreram com depressão e não responderam às medicações convencionais.

Foi dada a cada paciente uma dose pura de psilocibina ou um placebo, e eles foram questionados sobre os seus níveis de depressão e ansiedade diversas vezes nos meses seguintes. Os que foram administrados com psilocibina tiveram níveis de ansiedade reduzidos começando entre um e três meses, e níveis reduzidos de depressão começando entre duas semanas após o tratamento e continuando por seis meses seguidos, o período inteiro coberto pelo estudo. Adicionalmente, administrando cuidadosamente baixas dosagens e controlando o ambiente preveniu qualquer participante de ter uma experiência negativa sob a influência da psilocibina. (coloquialmente conhecida como “bad trip”.)

Cogumelos Psilocybe cubensis, uma das espécies que contém psilocibina mais conhecidas mundialmente.
Cogumelos Psilocybe cubensis, uma das espécies que contém psilocibina mais conhecidas mundialmente.

Um grupo de pesquisadores de John Hopkins conduziu o estudo controlado dos efeitos da psilocibina mais longo, e as descobertas podem ser as mais promissoras de todas. Em 2006, eles deram a 36 usuários saudáveis (e que nunca tinham experimentado alucinógenos antes) uma dose da droga, e 60% reportaram “uma experiência mística completa”. 14 meses depois, a maioria reportou níveis maiores de bem-estar que antes, e classificaram tomar a psilocibina uma das cinco experiências mais significativas em suas vidas. Em 2011, a equipe conduziu um estudo com um grupo separado, e quando os membros desse grupo foram questionados um ano depois, os pesquisadores encontraram que de acordo com testes de personalidade, a abertura dos participantes para novas ideias e sentimentos aumentou significativamente – uma mudança muito rara em adultos.

Assim como muitas questões envolvendo o funcionamento da mente, cientistas estão ainda nos estágios iniciais de descobrir se e como a psilocibina desencadeia esses efeitos. Nós sabemos que logo após a ingestão da psilocibina (seja ela na forma pura ou através de cogumelos), ela é quebrada em psilocina, que estimula os receptores da serotonina, um neurotransmissor que acredita-se promover pensamentos positivos (também estimulados por anti-depressivos convencionais.)

“Psicodélicos são proibidos pois eles dissolvem as estruturas da opinião e dos modelos de comportamento culturalizados e até mesmo a forma como se processa informações.” -Terrence McKenna
“Psicodélicos são proibidos pois eles dissolvem as estruturas da opinião e dos modelos de comportamento culturalizados e até mesmo a forma como se processa informações.” -Terrence McKenna

O escaneamento do cérebro humano sob o efeito da psilocibina está somente nos estágios iniciais. Um estudo de 2012 em que voluntários foram administrados enquanto estavam em uma máquina de ressonância magnética de imagem funcional, que mede o fluxo de sangue para várias partes do cérebro, indicou que a droga diminuiu a atividade em um par de áreas de “hub” (o córtex pré-frontal médio e o córtex singulado posterior) que possuem densas concentrações de conexões com outras áreas do cérebro. “Esses “hubs” formam a experiência do mundo e a mantêm em ordem,” disse na época David Nutt, um autor e neurobiologista do Imperial College London. “Nós sabemos que desativando essas regiões somos levados a um estado em que a experiência do mundo ao nosso redor é estranha.” Não é claro como isso pode ajudar na ansiedade e na depressão, ou se é apenas uma consequência não relatada da droga que não tem nada a ver com os efeitos positivos.

Independentemente, o impulso para mais pesquisas nas aplicações potenciais de psilocibina e outros alucinógenos está claramente em andamento. A Wired recentemente citou os cerca de 1600 cientistas que participaram do Terceiro Encontro Anual da Ciência Psicodélica, muitos dos quais estão estudando a psilocibina – conjuntamente com outras drogas como o LSD (conhecido como ácido) e o MDMA (conhecido como ecstasy).

É claro, há um problema óbvio ao se usar cogumelos psilocibínicos como medicina – ou até mesmo pesquisá-los em um ambiente laboratorial. Atualmente, nos Estados Unidos, eles são listados como uma substância controlada, significando que é ilegal comprar, possuir, usar ou vender, e não podem ser prescrevidos por um doutor, porque eles não tem uso médico aceito. A pesquisa que ocorreu foi sob supervisão estrita do governo, e conseguir aprovação para novos estudos é visivelmente difícil.

Dito isso, o fato de a pesquisa estar ocorrendo acima de tudo é um sinal de que as coisas estão mudando lentamente. A ideia de que o uso medicinal da maconha poderia ser um dia permitido em dezenas de estados, o que antes parecia impossível, não é absurdo sugerir que os cogumelos medicinais podem vir em seguida.

Fonte

Os Psicodélicos Expandem a Mente Reduzindo a Atividade Cerebral?

O que você veria se pudesse olhar dentro de um cérebro em processo alucinatório? Apesar de décadas de investigação científica, nós ainda temos a falta de um entendimento claro de como drogas alucinógenas como o LSD (dietilamida do ácido lisérgico), mescalina e psilocibina (o principal ingrediente ativo em cogumelos mágicos) trabalham no cérebro. A ciência moderna demonstrou que alucinógenos ativam receptores da serotonina, um dos mensageiros químicos chave. Especificamente, dos 15 diferentes receptores de serotonina, o subtipo 2A (5-HT2A), parece ser o que produz alterações profundas do pensamento e da percepção. É incerto, entretanto, por que a ativação do receptor 5-HT2A pelos alucinógenos produz efeitos psicodélicos, mas muitos cientistas acreditam que os efeitos estão ligados a aumentos na atividade cerebral. Embora não seja conhecido porque essa ativação causaria profundas alterações da consciência, uma especulação é que um aumento espontâneo da atividade de algumas células do cérebro levariam a alterações sensoriais e perceptivas, ressurgimento incontrolado de memórias, e a projeção de “ruído” mental no olho da consciência.

 

atividade_cerebral_1O autor Inglês Aldous Huxley acreditava que o cérebro funciona como uma “válvula redutora”, que acabaria por restringir a consciência. Com mescalina e outros alucinógenos, é possível induzir efeitos psicodélicos inibindo esse mecanismo de filtragem. Huxley baseou essa explicação inteiramente em suas experiências pessoais com mescalina, que foi dada a ele por Humphrey Osmond, o psiquiatra que deu origem ao termo “psicodélico”. Apesar de Huxley ter proposto essa ideia em 1954,décadas antes do surgimento da ciência moderna do cérebro, ele pode estar correto. A maioria das opiniões é de que alucinógenos trabalham ativando o cérebro, ao invés de inibi-lo como Huxley disse. Os resultados de um estudo recente de imagens está desafiando essas explicações convencionais sobre a ativação da atividade cerebral.

O estudo em questão foi conduzido pelo Dr. Robin Carhart-Harris em conjunto com o professor David Nutt, um psiquiatra que era assessor científico do governo do Reino Unido na a política de drogas. O Doutor Carhart-Harris, Nutt, e colegas utilizaram ressonância magnética funcional para estudar os efeitos da psilocibina na atividade cerebral de 30 utilizadores experientes de psicodélicos. Nesse estudo, a administração intravenosa de 2mg de psilocibina induziu um estado psicodélico moderado que foi associado a reduções da atividade neural em regiões do cérebro, como o córtex pré-frontal medial e o córtex cingulado anterior.

Os dois córtex em questão estão extremamente inter-conectados com outras regiões do cérebro e acredita-se estarem envolvidos em funções como a regulação emocional, o processamento cognitivo, e a instrospecção. Baseado nas suas descobertas, os autores do estudo concluíram que alucinógenos reduzem atividades em regiões específicas do cérebro, diminuindo potencialmente a sua habilidade de coordenar o funcionamento de regiões cerebrais inferiores. De fato, a psilocibina aparenta inibir regiões do cérebro que são responsáveis por restringir a consciência dentro dos limites normais do estado desperto, uma interpretação que é notavelmente similar ao que Huxley propôs meio século atrás.

Os achados reportados pelo Dr. Carhart-Harris são notáveis porque eles vão de encontro aos resultados de estudos de imagens anteriores com alucinógenos. Geralmente, essas ressonâncias em humanos confirmaram o que estudos prévios em animais sugeriram: alucinógenos agem aumentando a atividade de certos tipos de células em diversas regiões do cérebro, ao invés de diminuir como indicado pelo estudo de ressonâncias do Dr. Nutt. Por exemplo, experimentos com tomografia por emissão de pósitrons conduzidos pelo Dr. Franz Vollenweider em Zurique (vide post: 10 Fatos Surpreendentes sobre Alucinógenos, Psicodélicos e Cogumelos Mágicos) demonstraram que a administração de psilocibina oralmente em humanos aumenta a atividade metabólica nos córtex descritos anteriormente, efeitos que acredita-se estarem correlacionados com a intensidade da resposta psicodélica. Estudos pré-clínicos, utilizando uma variedade de técnicas diferentes, mostraram que alucinógenos aumentam a atividade neural no córtex pré-frontal e em outras regiões corticais ativando neurônios excitatórios e inibitórios, levando a um aumento na liberação de neurotransmissores excitatórios e inibitórios.

Dado a esses achados anteriores, os dados colhidos pelas ressonâncias pelo Dr. Nutt são de certo modo supreendentes. Questões metodológicas (como rota de administração, dosagem, e o espectro e a extensão dos sintomas induzidos pela psilocibina) podem ser pelo menos parcialmente responsáveis por essas diferenças, devido ao processo não ser igualmente medido. É também importante considerar que o receptor 5HT2A não é o único receptor de serotonina que é ativado pela psilocibina. Os experimentos do Dr. Vollenweider confirmaram que o aumento da atividade metabólica detectada pelas tomografias é mediado pelo receptor 5HT2A (o receptor de serotonina responsável pelos efeitos psicodélicos da psilocibina). Como o grupo do Dr. Nutt não conduziu um teste similar para verificar que os efeitos que eles observaram foram mediados pelo receptor 5HT2A, esse com certeza é o próximo passo lógico.

Lophophora cactus flowering (Lophophora williamsii).
Lophophora cactus flowering (Lophophora williamsii).

Esperançosamente, estudos que se seguirão poderão providenciar uma explicação para esses achados discrepantes, e vão resolver o debate sobre se os alucinógenos funcionam reduzindo ou aumentando a atividade cerebral. Ensaios clínicos estão sendo conduzidos para investigar se os alucinógenos podem ser usados para aliviar o estresse e a ansiedade em pacientes com câncer terminal, para atenuar os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo, para reduzir a frequências de enxaquecas em salvas, entre outros (vide post), então é importante determinar o mecanismo para o efeito terapêutico dos alucinógenos. Além disso, parece haver alguma confusão entre os efeitos dos alucinógenos e os sintomas da psicose, então entendendo como os alucinógenos trabalham pode potencialmente providenciar insights sobre as causas da esquizofrenia e facilitar o desenvolvimento de tratamentos mais efetivos. Em qualquer evento, é importante notar que estudos identificaram que os córtex citados trabalham como peças-chaves na mediação dos efeitos dos alucinógenos. Na luz do que é conhecido sobre as funções base dessas regiões cerebrais, não é sem razão que eles poderiam estar envolvidos na mediação dos efeitos das drogas alucinógenas. Embora não esteja claro ainda se os alucinógenos trabalham na mente humana da maneira proposta por Huxley, parece que nós conseguimos identificar com sucesso algumas das regiões neurais chaves envolvidas nos efeitos desses agentes poderosos.

Traduzido da Scientific American

10 Fatos Surpreendentes sobre Alucinógenos, Psicodélicos e Cogumelos Mágicos

Ao contrário do cientificismo, a ciência no verdadeiro sentido da palavra é abrir para a investigação imparcial todo fenômeno existente.

Stanislav Grof

Psilocybe mushrooms (Psilocybe coprophila) growing on dung. The gills on the underside of two mushrooms can be seen, these hold millions of spores, the reproductive cells of fungi. Photographed in October in Cornwall, UK.
Cogumelos Psilocybe (Psilocybe coprophila) crescendo no esterco. As lamelas, visíveis na foto, produzem milhões de esporos, as células reprodutoras do fungo.

O Instituto Tecnológico Biofarmacológico, que está localizado na companhia Promega em Madison, Wisconsin, recentemente hospedou o décimo Fórum Bioético Internacional chamado “Manifestando a Mente”. Diversos palestrantes notáveis deram apresentações em um assunto um tanto inesperado: o uso de alucinógenos como a psilocibina (encontrada por exemplo em cogumelos mágicos) para a melhor compreensão da natureza da consciência e até mesmo para o tratamento de doenças neuropsicológicas como a depressão, ansiedade e o vício em drogas.

A Psilocibina (O-fosforil-4-hidróxi-N,N-dimetiltriptamina), que é um dos ingredientes ativos nos cogumelos psicodélicos, tem sido utilizada há anos pelos povos indígenas das Américas; em fato, os Astecas chamaram esses cogumelos de teonanacatl, ou “carne dos deuses”. A Mescalina (o ingrediente psicoativo do cacto peyote) é um outro tipo de alucinógeno que foi amplamente utilizado pelos Nativos Americanos vivendo no que são agora partes da América do Sul e do México; até mesmo hoje o cactopeyote se apresenta de forma forte em rituais religiosos celebrados pelos Navajos e outras tribos indígenas. O LSD, (dietilamida do ácido lisérgico), outro tipo de alucinógeno, foi descoberto mais recentemente pelo Dr. Albert Hofmann em 1943 e então popularizado pelo movimento de “contracultura” da década de 1960.

O Estudo dos alucinógenos e seu modo de ação no cérebro humano é conduzido desde os anos de 1800. (1) Por volta de 1960, o estudo dos alucinógenos e seus efeitos na consciência se aceleraram dramaticamente. (2-4) Infelizmente, em vista das aventuras de entusiastas de drogas como o doutor Timothy Leary, o interesse público e científico além do suporte à pesquisa com alucinógenos essencialmente parou. Foi assim até meados da década de 1990, quando controles de estudo aprimorados puderam ser implementados, quando os pesquisadores puderam retomar a investigação das substâncias alucinógenas e o efeito desses agentes na mente e no corpo.

Atualmente, pesquisadores e doutores renovaram seu interesse em substâncias psicodélicas como a psilocibina porque foi descoberto que essas substâncias são efetivas no tratamento de diversos comportamentos e estados mentais desafiantes, como memórias reprimidas, (5), álcool, tabaco e vício em narcóticos (6), dores de cabeça e enxaquecas (7) e até mesmo a depressão, como um resultado de câncer terminal/em estágio avançado. (8) Depois de um estudo de candidatos potenciais com estabilidade mental e sem uso de alucinógenos anteriormente, esses pesquisadores e doutores administraram dosagens controladas da droga alucinógena Psilocibina. As reações dos participantes são então meticulosamente registradas e catalogadas. Em diversos casos, ressonâncias magnéticas ou tomografias por emissão de pósitrons são administradas durante a experiência psicodélica com o objetivo de avaliar a atividade cerebral. Alguns resultados intrigantes já foram coletados desses estudos, incluindo os 10 listados a seguir:

1.A Ausência da Dependência

Drogas narcóticas como a cocaína previnem a recaptação dos neurotransmissores de prazer/aprendizado como a dopamina, eventualmente levando à dependência devido à forte sensação de recompensa que os narcóticos criam. Alternadamente, a psilocibina age como um agonista (ativador) dos receptores 5-hidroxitriptamínicos (5-HT), 5-HT1A, 5-HT2A e 5-HT2C, se assemelhando grandemente ao receptor serotonínico natural 5-HT. A Serotonina, ao contrário da Dopamina, é mais associada com o bem-estar e a memória, e menos com prazeres temporários, uma diferença chave que acredita-se que remova essa substância do caminho da dependência.

Comparação entre a Psilocina (Psilocibina sem o radical fosfórico) e a Serotonina (Abaixo)
Comparação entre a Psilocina (Psilocibina sem o radical fosfórico) e a Serotonina (Abaixo)
Serotonina, principal neurotransmissor ligado à memória/aprendizado
Serotonina, principal neurotransmissor ligado à memória/aprendizado

2.Redução da Ansiedade

O Dr. Stephen Ross estudou a psicoterapia assistida com psilocibina como um método de tratamento para pacientes que estão sofrendo de sensações de ansiedade e depressão como resultado de um diagnóstico de câncer terminal/em estado avançado. As descobertas do NYU Psilocybin Cancer Project, no qual ele é o principal pesquisador, indicam que os pacientes com câncer terminal/em estado avançado se beneficiam da administração de psilocibina em termos do seu bem estar mental e espiritual, além de diminuir os níveis de ansiedade, depressão e dor. Isso não é surpreendente sob a luz das descobertas feitas pelo Dr. Franz X. Vollenweider, que descobriu que a psilocibina reduz o controle do córtex pré-frontal sobre a amídala, o tão chamado centro do medo no cérebro. Incidentalmente, o Dr. Vollenweider também publicou estudos na redução da depressão em pacientes que ingerem psilocibina regularmente.

3. A Mudança no Centro do Comportamento

A percepção geral da sociedade em relação à indivíduos que consomem substâncias psicodélicas é que eles são anti-sociais, desajustados e cabeças-dopadas. Entretando, a pesquisa que está sendo conduzida pelo Dr. Roland Griffiths na Universidade Johns Hopkins indica que ingerir psilocibina pode produzir mudanças positivas na personalidade, atitudes e comportamentos dos participantes. (10) Indivíduos que experimentaram a psilocibina reportaram que tiveram sentimentos de responsabilidade social, empatia com outros e uma compreensão fundamental da inter-conexão entre todas as formas vivas aprimorados e fortificados. As mudanças da percepção e da cognição incorridas durante o encontro com a psilocibina são creditadas em parte para essas mudanças no centro do comportamento.

4. As Experiências de Tipo Místico
10_fatos_4O Insituto das Ciências Intelectuais, de quem o Dr. Roland Griffiths participa, é ativo estudando as experiências místicas que são vividas por participantes que tomaram a psilocibina ou outros alucinógenos. Em muitos casos, respostas neurais e padrões de ondas cerebrais de participantes são extremamente semelhantes aos encontrados durante estados de jejum, oração, meditação ou outro êxtase religioso/espiritual. (11) Existe também um estudo colaborativo planejado entre o Dr. Roland Griffiths e Richard Davidson (Universidade de Wisconsin-Madison) para descobrir se alucinógenos podem ajudar indivíduos que são praticantes regulares e experientes de meditação em termos de foco, duração da sessão, e processo espiritual. Os participantes desse estudo serão selecionados na Universidade Johns Hopkins e então testados via Ressonância Magnética na Universidade Wisconsin-Madison.

5. Abandono do Vício em Tabaco

Estudos-piloto em curso na Universidade Johns Hopkins com psilocibina sugeriram que esse alucinógeno pode ajudar indivíduos superarem seu vício em nicotina. (6, 12) Até agora, dos três voluntários testados, 1 ficou em remissão de nicotina por pelo menos 6 meses enquanto dois outros ficaram em remissão por mais de 12 meses. A pesquisa atual é focada na busca do mecanismo por trás do tratamento do vício em nicotina com alucinógenos assim como vícios em outras drogas.

6. Significado Pessoal Profundo

Indivíduos que tomaram psilocibina reportaram que a experiência foi uma das cinco mais significantes entre as cinco principais de sua vida. Essa opinião continuou por até 14 meses depois da experiência com o alucinógeno (13), provando que a tão chamada “viajem psicodélica” não é algo para ser levado de forma leve ou passageira.

7. Neuroplasticidade

A Neuroplasticidade é definida como uma mudança neural que ocorre tipicamente em resposta a um estímulo, seja ele um hormônio, uma ação do ambiente ou comportamento. No caso da psilocibina, a exposição repetida do cérebro a essa substância pode induzir neuroplasticidade através da modulação discreta de circuitos neurais. O trabalho do Dr. Franz X. Vollenweider do Instituto de Pesquisas Heffter sugeriu que a psilocibina influencia a liberação do glutamato no córtex pré-frontal. O Glutamato ativa o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BDNF na sigla em inglês), um fator de crescimento de nervos que é a chave para o crescimento neural, desenvolvimento e sobrevivência. (14) As mudanças psicológicas que foram encontradas nos indivíduos que tomaram a psilocibina, tais como a redução da depressão, podem ser atribuídos ao glutamato elevado.

8. Tratamento do Transtorno Obessivo-Compulsivo

10_fatos_5O Dr. Francisco A. Moreno da Universidade do Arizona está explorando o tratamento do transtorno obsessivo-compulsivo, ou TOC, com a psilocibina. (15) Os resultados preliminares parecem promissores, com alguns pacientes ficando livres dos sintomas por dias seguindo-se ao tratamento. Um paciente ficou sem sintomas por quase 6 meses. Nenhum tratamento foi encontrado para aliviar os sintomas de TOC rapidamente como a psilocibina.

9. Tratamento de Cefaleias em Salvas

Cefaleias em Salvas são enxaquecas de intensidade incomum que duram aproximadamente de 15 minutos a 3 horas ou mais. Podem ocorrer em uma base periódica, mas também podem estar sujeitas a uma remissão espontânea. Ambas substâncias, psilocibina e LSD, foram descritas como um possível tratamento contra as cefaleias com um sucesso impressionante. (7)

10. Ressurgimento de Memórias Reprimidas

Em alguns casos, a ingestão de psilocibina permitiu que certos indivíduos retomassem memórias emocionais suprimidas. A Fundação Beckley, em colaboração com o especialistas em Ressonâncias Magnéticas, Dr. Karl Friston, estarão estudando indivíduos que ingeriram psilocibina para determinar se e como a psilocibina possibilita essas memórias virem à tona.

É claro, nem tudo são rosas quando se trata de alucinógenos. Roland Griffiths reportou que, mesmo sob supervisão cuidadosa por coordenadores do estudo, indivíduos que tomaram psilocibina experimentaram medo e ansiedade durante a experiência. De modo geral, 1/3 dos indivíduos tiveram sensações de medo e ansiedade quando administradas altas dosagens (30mg/70kg). Outros 9% dos participantes reportaram que a sessão inteira foi dominada por ansiedade, enquanto 26% tiveram pensamentos paranóicos leves e transitórios.

Há também poucas informações sobre os efeitos de longo prazo do uso de psilocibina. Efeitos de curto prazo, como a dependência ou a neurotoxidade/excitotoxicidade, não aparentam ser um problema; entretanto, não é certo que a regulação dos receptores de serotonina (por exemplo a tolerância), o acúmulo de sub-produtos, ou uma doença neurodegenerativa estejam fora de questão após o uso prolongado de alucinógenos. Esses efeitos paralelos podem levar décadas para se tornarem evidentes, e, portanto, não poderiam ser relatados em pesquisas realizadas apenas 15-20 anos atrás.

Enquanto todas as questões não foram respondidas sobre a psilocibina e outros alucinógenos, existem evidências sugerindo que podem haver potenciais terapêuticos para vários problemas mentais e de comportamento. Assim também, os tão famosos psicodélicos podem se tornar uma janela única para a alma humana.

Texto traduzido do blog promega.com

[hr]

  1. Mitchell SW. Remarks on the effects of Anhelonium lewinii (the mescal button). The British Medical Journal. Dec 5 1896, 1625–9.
  2. Huxley, Aldous. Drugs that Shape Men’s Minds.
  3. Cohen, S. (1960) Lysergic acid diethylamide: Side effects and complications. J. Nerv. MentDis130, 30–40.
  4. Unger, S. M. (1963) Mescaline, LSD, Psilocybin and Personality Change. Psychiatry: Journal for the Study of Interpersonal Processes. 26, May 1963.
  5. Psilocybin and Memory. The Beckley Foundation
  6. Psilocybin-Facilitated Treatment of Addiction – A Beckley Foundation/Johns Hopkins Collaboration
  7. Sewell, R.A., Halpern, J.H. and Pope, H.G. Jr. (2006) Response of cluster headache to psilocybin and LSD. Neurology 27 1920–22.
  8. Hallucinogens Have Doctors Tuning In Again http://www.nytimes.com/2010/04/12/science/12psychedelics.html?ref=science
  9. Grob, C.S. et al. (2011) Pilot study of psilocybin treatment for anxiety in patients with advanced-stage cancerArch Gen Psychiatry. Jan;68(1):71–8. Epub 2010 Sep 6.
  10. Psilocybin and quantum change in attitude and behavior” with Roland Griffiths
  11. Griffiths, R.R. et al. (2006) Psilocybin can occasion mystical-type experiences having substantial and sustained personal meaning and spiritual significance. Psychopharmacology (Berl). 187, 268–83; discussion 284-92. Epub 2006 Jul 7.
  12. Psilocybin in Smoking Cessation: A Pilot Study. Horizons 2010: Psilocybin in Smoking Cessation: A Pilot Study – Matthew W. Johnson, Ph.D. and Mary P. Cosimano, MSW
  13. Griffiths, R. et al. (2008) Mystical-type experiences occasioned by psilocybin mediate the attribution of personal meaning and spiritual significance 14 months laterJ Psychopharmacol. 22, 621–32. Epub 2008 Jul 1.
  14. Finsterwald, C. et al .(2010) Regulation of Dendritic Development by BDNF Requires Activation of CRTC1 by Glutamate J. Biol. Chem.285, 28587–95.
  15. Francisco, A. et alSafety, Tolerability, and Efficacy of Psilocybin in 9 Patients With Obsessive-Compulsive Disorder J Clin Psychiatry 2006;67:1735-1740.

DMT e a Pineal: fato ou ficção?

Excelente trabalho de tradução da Equipe DMT Brasil , enviado ao micélio
Somos imensamente gratos pelo suporte

Texto original: Hanna J. “DMT and the Pineal: Fact or Fiction? Jun 3 2010.
Fonte:  Erowid
Tradução: Equipe DMT Brasil
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Um fato bem conhecido entre os usuários de drogas psicodélicas é a idéia de que o DMT, ou outro psicoativo derivado da triptamina, é produzido pela glândula pineal.

Quando essa idéia se originou? Ela é realmente verdade?

DMT_spirit-moleculeDurante sua fala “Psychoactive Drugs Troughout Human History” (Drogas Psicoativas Através da História Humana), numa conferência em 1983 na Universidade da Califórnia em Santa Barbara, o pesquisador Andrew Weil mencionou em uma passagem: “A Dimetiltriptamina […] é quase certamente feita pela glândula pineal no cérebro”. Enquanto isso, na Universidade da Califórnia em San Diego, Rick Strassman começou a se perguntar se a pineal poderia ou não produzir compostos psicodélicos. No mesmo ano, em seu livro “Eros e a Pineal: O guia do leigo do cérebro solitário”, Albert Most afirmou que “Um par de enzinas que ocorrem naturalmente na pineal […] é capaz de converter a serotonina em vários alucinógenos potentes.” A maioria dos pesquisadores indica que a pineal pode transformar serotonina em 5-metoxi-N-metiltriptamina e em seguida fazer com que esse composto se transforme em N,N-dimetiltriptamina. Infelizmente, não há referências fornecidas para suportar a descrição dada por Albert Most para o metabolismo da pineal. No entanto, parece provável que esta linha geral de pensamento – a de que algumas triptaminas psicoativas são produzidas na pineal – nasceu no início dos anos 80.*

Demorou duas décadas para a notícia se espalhar pelo resto da cultura psicodélica, mais recentemente e rapidamente devido à Internet, e após a publicação em 2001 do popular livro do Dr. Rick Strassman: “DMT – A molécula do Espírito”. Considere a seguinte transcrição do discurso de rádio dado em 2005-2006, do ator e comediante Joe Rogan, apresentador do Fear Factor TV Show:

“É chamada dimetiltriptamina. É produzida pela glândula pineal. É realmente uma glândula […] está no centro de seu cérebro. É a droga mais louca de todas. É o mais potente psicodélico conhecido pelo homem. Literalmente. Mas a coisa mais bizarra é que ele é natural, e o seu cérebro produz a cada noite enquanto você dorme. Você sabia, quando você dorme, durante o tempo que você está em R.E.M profundo, dormindo… e quando você está a beira da morte, o seu cérebro produz quantidades bombásticas de dimetiltriptamina. Ninguém sabe o que o sono representa realmente. Ninguém sabe por que sonhar é importante. Mas sonhar é extremamente importante. Se você não sonhar, você vai ficar realmente louco e vai morrer. Enquanto você está sonhando, enquanto você está em sono REM profundo, você está passando por uma viagem psicodélica. E poucas pessoas sabem sobre isso. Mas tem sido documentado.

book DMT spirit moleculeHá um grande livro sobre ele chamado DMT: The Spirit Molecule escrito por um médico chamado Dr. Rick Strassman. E ele fez todos os estudos clínicos na Universidade do Novo México sobre ele. E você toma essa coisa, e, literalmente, você é transformado para uma outra dimensão extraordinária. Não quero dizer que é como se você se sentisse em outra dimensão, eu quero dizer, você está em outra dimensão. […] Há complexos padrões geométricos movendo-se sincronicamente por todo o ar em torno de você no espaço tridimensional; e é como se fossem artérias, exceto porque não há sangue pulsando dentro deles, eles são luzes pulsantes, luzes sem limites. E você realmente não consegue entender aquilo. E há uma comunicação alienígena comigo. Tem um garoto que se parece, se parece como um Buda Tailandês, exceto porque ele é completamente feito de energia e não há, não há como delineá-lo – ele é uma só coisa. E ele está concentrado em mim, e está me dizendo para eu não me assombrar. Relaxe simplesmente, e tente experienciar isso. E eu penso, ‘você só pode estar zombando de mim’. E eu sou um comediante de stand up, você sabe, como um comediante de stand up, nós nos orgulhamos em ser capazes de descrever as coisas. Então eu pensei, ‘Como diabos eu vou falar sobre isso?!'”

Rogan fez um excelente trabalho expressando vários pontos chaves do livro de Strassman de maneira bem humorada. Mas o problema é que nenhum desses pontos são comprovados verdadeiramente. E apesar do fato de Strassman claramente afirmar que as suas idéias sobre o DMT e a glândula pineal não são comprovadas**, muitas pessoas tem as aceitado como um fato. Até junho de 2010 não havia evidências científicas de que a glândula pineal produz DMT, muito menos evidências há sobre as especulações que Strassman fez sobre o DMT ser um modulador químico da alma humana. Quando Strassman examinou a glândula pineal de dez cérebros de pessoas falecidas, havia apenas um traço pequeno de DMT. Isso não invalida sua teoria, visto que o DMT é metabolizado rapidamente, e nenhum dos cérebros foi congelado rapidamente. Outros testes em cérebros frescos e congelados poderiam ser feitos. Algum dia haverá mais evidências de que o DMT é produzido na glândula pineal, mas tal dia ainda não chegou.

Até o final do seu livro, Strassman propõe que o DMT pode fornecer acesso a universos paralelos (e seres alienígenas) via computação quântica supercondutora no cérebro humano à temperatura ambiente, ou via interações com a matéria escura. Strassman afirma: “Porque eu sei tão pouco sobre física teórica, há menos constrangimento da minha parte em fazer tais especulações.” E para aqueles que não sabem virtualmente nada sobre nenhum dos tópicos, parece não haver restrições em fazer especulações. É exatamente por essa razão que as teorias de Strassman foram ambas aceitas como fato por muitas pessoas, e expandida criativamente em novas direções. Algumas teorias especulativas incluem a idéia que os antigos profetas produziram mais DMT, que os campos eletro-magnéticos aumentam a produção de DMT, que passando duas semanas na escuridão total aumenta a produção de DMT, e que água fluoretada suprime a produção de DMT. Uma busca na Internet vai mostrar como tem muito maluco querendo recompensas, o qual todos buscam nas especulações de Strassman os fatos por detrás do que dizem.

O DMT é realmente produzido pela glândula pineal? Talvez…

Addendum:

Rick Strassman RickStrassman“Eu fiz o possível no meu livro sobre DMT para diferenciar entre o que é conhecido e o que eu estava conjecturando (baseado no que é conhecido), relativo a certos aspectos da dinâmica do DMT. No entanto, é fantástico quão inefetivo meus esforços se fizeram. Assim muitas pessoas me escreveram, ou escreveram em algum lugar, sobre o DMT e a pineal, assumindo que as coisas que eu tinha conjecturado eram verdadeiras. Quando eu estava escrevendo o livro, eu pensei que estava sendo claro o suficiente, e ficar me repetindo isso teria se tornado tedioso.

Nós não sabemos se o DMT é feito na pineal. Eu reuni um grande grupo de evidências circunstanciais suportando a razão para olhar com calma e profundamente para a pineal, mas nós não sabemos ainda. Há estudos sugerindo aumento de DMT na urina de paciente psicóticos quando suas psicoses estão no pior grau. No entanto, nós não sabemos se o DMT aumenta durante os sonhos, meditação, experiências de quase-morte, morte, nascimento ou qualquer outro estado alterado endógeno. Na medida em que estes estados se assemelham àqueles produzidos pela ingestão de DMT, certamente faz sentido se você imaginar que o DMT endógeno possa estar envolvido, e se estiver, iria explicar muita coisa. Mas nós não sabemos ainda. Mesmo se a pineal não estiver envolvida, isso teria pouco impacto nas minhas teorias que sugerem um papel para o DMT nos estados alterados endógenos, porque nós já sabemos que o gene envolvido na síntese do DMT está presente em vários órgãos, especialmente do pulmão. Se a pineal também produz DMT, isso iria amarrar um monte de pontas soltas sobre este enigmático órgão. Apesar de que pessoas podem viver normalmente sem a glândula pineal, por exemplo quando ela teve que ser removida por causa de um tumor.

Em ambos os aspectos – a conexão DMT-pineal, e a dinâmica do DMT endógeno – nós saberemos muito mais com os próximos anos de estudos graças aos esforços de um grupo de pesquisa liderado por Steven Barker da Louisiana State University. Ele, junto com seu estudante de graduação Ethan McIlhenny estão desenvolvendo um estudo inovador para DMT, 5-MeO-DMT, bufotenina, e metabólitos. Esse estudo será capaz de detectar esses compostos muito mais sensivelmente do que as gerações anteriores de pesquisas. Eles estão olhando o nível de DMT normal em indivíduos acordados e sóbrios, para avaliar os valores iniciais desses compostos. Nós teremos alguns dados sobre esses ensaios em um ano. Eles também estarão olhando para o tecido da pineal. Uma vez que tenhamos alguns dados de base em humanos normais em estados de vigília, comparações podem ser feitas entre esses níveis e os níveis dos estados alterados endógenos, como sonhos, EQM, e outros.”

Rick Strassman

Notas:

* Albert Most é talvez mais conhecido pelo seu livro de 1984 Bufo alvarius: The Psychedelic Toad of the Sonoran Desert (Bufo alvarius: o sapo psicodélico do deserto de Sonora), no qual explica como coletar e fumar o 5-MeO-DMT- contido nas secreções deste animal. Coincidentemente, Most foi um dos dois primeiros voluntários na pesquisa do Rick Strassman com o DMT, iniciada em 1990 e terminada em 1995. E durante o período que Strassman estava pesquisando o DMT, Andrew Weil foi co-autor de dois artigos com Wade Davis sobre as secreções psicoativas do Bufo alvarius.

** Strassman comentando sobre o DMT na pineal:

Estas hipóteses não são confirmadas, mas elas derivam de estudos científicos combinados com observações e ensinamentos religiosos e espirituais. […]
A hipótese mais geral é que a pineal produz quantidades psicodélicas de DMT em momentos extraordinários da nossa vida. A produção de DMT na pineal é a representação física de processos energéticos não-materiais. Ele nos fornece o veículo para conscientemente experimentarmos o movimento da força vital nas suas mais extremas manifestações. Exemplos específicos desse fenômeno descrevo a seguir:
Quando nossa força vital individual entra no corpo do feto, no momento em que nos tornamos verdadeiramente humanos, então uma corrente passa pela pineal e a induz a produzir o fluxo de DMT primordial. De maneira óbvia, tudo que é mencionado é alcançado mais eficientemente com o uso de diversas estratégias de marketing, onde a gamificação é hoje um elemento inovador para envolvimento no processo de leitura, compra e uso. A Jogos Friv na liderança da implementação de técnicas de gamificação, justamente se destacou, com seu foco sendo o desenvolvimento de jogos online gratuitos e a promoção dos mesmos em sua plataforma de jogos.
Depois, no nascimento, a pineal produz mais DMT.
Em alguns de nós, o DMT da pineal media experiência de pico como meditação profunda, psicoses e experiências de quase morte.
Quando morremos, a força vital dos nossos corpos sai através da glândula pineal, provocando outra enxurrada dessa molécula psicodélica do espírito. (páginas 68-69, DMT: The Spirit Molecule, 2001)

v1.0 – Jun 3, 2010 – Jon Hanna – Does the pineal gland really produce psychoative tryptamines?
v1.1 – Jun 29, 2010 – Addendum por Rick Strassman


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Psilocibina: Possibilidades Terapêuticas do Psilocybe

Segue abaixo uma pesquisa sobre a Psilocibina realizada com o apoio do Departamento de Psicologia da Pontifícia Univercidade Católica (PUC) de Minas,  enviada ao micélio por Vinícius Ferraz e com a seguinte justificativa:

“Tendo em vista o complexo e intrigante fenômeno proporcionado pelos psicodélicos, ressalto a importância desta presente pesquisa, que ao investigar as possibilidades terapêuticas de uma destas substâncias, a Psilocibina, da margem a discussão sobre suas aplicações medicinais e propriedades curativas que podem vir a ser de grande préstimo a humanidade.

A pesquisa também contribuirá com o levantamento de material teórico, apresentando ao leitor o que houve de mais importante nos estudos desenvolvidos com psicodélicos na literatura e os modos de investigação e aplicação contemporâneos dessas substâncias, com ênfase na Psilocibina, que disponibilizará a pesquisadores e ao mundo científico informações adicionais para o estudo do tema. A importância deste estudo reside no crescente interesse científico que se apresenta no país com a investigação das mais diversas substâncias psicodélicas nos mais diferentes âmbitos.

Estudo este que é de grande relevância social levando em consideração tão antiga e intrínseca relação entre as substâncias psicodélicas e a humanidade no decorrer de sua história, sustentando a necessidade de elucidar e trazer a tona uma maior compreensão sobre o fenômeno para que a falta de esclarecimento sobre o tema não resulte na falta de critério e discernimento em seu uso e acabe por transformar uma possível ferramenta de pesquisa e terapia em um problema social.”

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Departamento de Psicologia
Psilocibina: Possibilidades terapêuticas do cogumelo psicodélico
Vinícius Ferraz
Caio de Azevedo
Belo Horizonte
2010

Psilocibina: Possibilidades terapêuticas do cogumelo psicodélico
Artigo Cientifico apresentado para o departamento de psicologia, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, unidade Coração Eucarístico.
Belo Horizonte

“Eu vejo a questão dos psicodélicos como uma parte da longa marcha em direção á liberdade humana, que tem certos marcos ao longo do caminho, como a abolição da escravatura, a conquista pelo direito de voto ás mulheres, a inclusão dos negros nos processos da sociedade democrática e agora, a necessidade do estabelecimento do direito universal das pessoas tomarem substâncias alteradoras de consciência.
Tudo se trata da marcha triunfante em direção á uma sociedade onde a dignidade do individuo é sempre o primeiro valor a ser honrado.
Não queremos ser governados pelos medos do fundamentalismo cristão, ou pela superficialidade do cientificismo, ou pelo sombrio vazio espiritual do materialismo.
Nós queremos nos conectar primeiro com nossos corpos, e através dos nossos corpos com o planeta É disso que os alucinógenos, as plantas psicoativas e as substancias psicodélicas se tratam.”
Terence McKenna

Psilocibina: Possibilidades terapêuticas do cogumelo psicodélico

1. Prefácio

As substâncias psicodélicas têm sido estudadas há pouco mais de um século, desde que a ciência ocidental descobriu os seus usos entre as culturas tradicionais. A partir desse período até nossos tempos de ciência contemporânea, diversos estudos foram realizados em campos diferentes de acordo com as décadas e com os interesses envolvidos no estudo dessas substâncias.

A psilocibina (alcalóide pertencente à família das triptaminas) é uma poderosa substância psicodélica encontrada naturalmente em uma diversidade de espécies de cogumelo dos gêneros Psilocybe, Stropharia, Conocybe e Panaeolus, das quais o Psilocybe cubensis e o Psilocybe mexicana são as mais conhecidas. Descoberta em 1953, pelo autor e pesquisador russo Gordon Wasson, a psilocibina é um psicodélico relativamente novo, em termos científicos, já que a sua entrada nos laboratórios foi posterior à descoberta de outras substâncias como a mescalina, 60 anos antes. Logo ganhou grande relevância científica, protagonizando uma série de estudos, principalmente relativos à prática psicoterápica auxiliada por psicodélicos, até cair no silêncio sufocante imposto pela política norte-americana da Guerra às Drogas.

Após um período de quase extinção como linha de pesquisa, o retorno ao interesse envolvido com o intrigante fenômeno proporcionado pelos psicodélicos ocorre no final do século XX (década de 90) e continua seu reflorescimento em pleno século XXI. Apesar dos milhares de estudos desenvolvidos até então, pouco se sabe e menos ainda é desenvolvido no Brasil, país que possui grande biodiversidade dessas substâncias e variabilidades em suas formas de uso social. A cultura de uso de psicodélicos no Brasil e na América em geral atrai os interesses de diversos grupos de pesquisas interessados nesse fenômeno, que têm gerado debates amplos nos campos da neurociência, da ciência cognitiva e das ciências sociais, principalmente da antropologia e etnologia.

A presente dissertação buscou apresentar ao leitor o que houve de mais importante nos estudos desenvolvidos com a psilocibina e o cogumelo psicodélico na literatura, contrastando os dois grandes momentos da psilocibina na ciência, de 1950 a 1960 e de 1990 a 2010, separados por um período marcado pela moratória científica arbitrariamente imposta pela política norte-americana de guerra as drogas. As pesquisas mais relevantes de cada um destes períodos, envolvendo a administração de psilocibina em seres humanos, foram levantadas e analisadas com intuito de investigar a natureza da alteração mental que a psilocibina induz no indivíduo e as possibilidades destas alterações produzirem efeitos terapêuticos. Foi apresentado também um breve histórico, onde se procurou situar historicamente o cogumelo psicodélico e sua relação com a vida e cultura humana.

Tendo em vista o complexo e intrigante fenômeno proporcionado pelos psicodélicos, ressalto a importância desta presente pesquisa, que ao investigar as possibilidades terapêuticas de uma destas substâncias, a Psilocibina, da margem a discussão sobre suas aplicações medicinais e propriedades curativas que podem vir a ser de grande préstimo a humanidade.

A pesquisa também contribuirá com o levantamento de material teórico, apresentando ao leitor o que houve de mais importante nos estudos desenvolvidos com a psilocibina na literatura e os modos de investigação e aplicação contemporâneos dessas substâncias, que disponibilizará a pesquisadores e ao mundo científico informações adicionais para o estudo do tema. A importância deste estudo reside no crescente interesse científico que se apresenta no país com a investigação das mais diversas substâncias psicodélicas nos mais diferentes âmbitos.

Estudo este que é de grande relevância social levando em consideração tão antiga e intrínseca relação entre as substâncias psicodélicas e a humanidade no decorrer de sua história, sustentando a necessidade de elucidar e trazer a tona uma maior compreensão sobre o fenômeno para que a falta de esclarecimento sobre o tema não resulte na falta de critério e discernimento em seu uso e acabe por transformar uma possível ferramenta de pesquisa e terapia em um problema social.

2. Os Cogumelos Psicodélicos e a Psilocibina

Figura 1. Cogumelo da espécie Psilocybe cubensis

2.1 Introdução

A prática humana de promover estados alterados, incomuns ou ampliados de consciência induzidos por substâncias psicoativas é bastante antiga, pré-data a história escrita e é atualmente empregada em várias culturas em diversos contextos socioculturais e ritualísticos (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001).

Diversas substâncias psicoativas conhecidas como alucinógenas verdadeiras, tais como psilocibina, ergotamina, DMT, mescalina, LSD, entre outras de mesma natureza química podem, de acordo com as diferentes descrições dos seus efeitos serem denominadas de substancias psicotomiméticas (substancias que mimetizam a psicose), de substâncias psicodélicas (substancias que manifestam a mente ou “aquele que manifesta o espírito”) ou enteógenos (substancias que induzem experiências de significado espiritual ou “aquele que desperta o divino interior”) (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001). Para os propósitos deste estudo utilizaremos o termo de substâncias psicodélicas, por ser a denominação mais utilizada nos artigos científicos de psicologia e que mais se enquadra nos objetivos desta investigação.

A psilocibina – alcalóide pertencente à família das triptaminas – é uma poderosa substância psicodélica encontrada naturalmente em uma diversidade de espécies de cogumelo dos gêneros Psilocybe, Stropharia, Conocybe e Panaeolus, das quais o Psilocybe cubensis e o Psilocybe mexicana são as mais conhecidas. Estas espécies são geralmente encontradas na América do Sul e na América Central, sendo endêmicos em países como o México e o Brasil, mas podem também ser verificados em outras regiões do globo, principalmente nas localizações equatoriais e tropicais (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001).

Alguns pesquisadores acreditam que a psilocibina abre uma porta para o subconsciente, permitindo que o mundo consciente seja encarado de uma perspectiva o de percepção sensorial ampliada: as cores se destacam, detalhes minúsculos dos objetos são revelados e estruturas coloridas cruzam o campo de visão. O efeito pode degenerar em desorientação, reações paranóicas, inabilidade para distinguir entre fantasia e realidade, pânico e depressão (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001).

2.2 Histórico

Os cogumelos psicodélicos tem sido parte integrante da história humana há muitos milênios e têm desempenhado papel importante em várias cerimônias religiosas. Os maias que habitavam a Guatemala há 3.500 anos utilizavam um fungo conhecido na língua nahuátl como Teonanácatl – a Carne de Deus. Esse Cogumelo provavelmente pertence ao Gênero Psilocybe, embora também possa ser relacionada a duas outras variedades: Conocybe ou Stropharia. O primeiro registro histórico do consumo do cogumelo Psilocybe data de 1502, durante a coroação do imperador Montezuma (Heim, 1972).

Com o início das grandes navegações e “descoberta” do novo continente surge o primeiro contato dos povos europeus com as culturas pré-colombianas que utilizavam o cogumelo em seus rituais. Despreparados e assustados pelos efeitos da droga, os conquistadores espanhóis tomaram a decisão de proibir a religião nativa e o uso dos fungos psicoativos, considerando estes cultos como “obra do diabo”. (Heim, 1972)

Não existe qualquer evidência do emprego cerimonial dos cogumelos ‘mágicos’ por culturas tradicionais na América do Sul, exceto achados arqueológicos no norte da Colômbia datando de 300-100 anos a.C., conquanto seu uso ritualístico ainda é observado em outras partes do continente americano, principalmente México e países vizinhos. Acredita-se que o ritual com cogumelos por povos indígenas no México exista há pelo menos 2.200 a 3000 anos, como demonstra a datação de achados arqueológicos de esculturas de pedra em forma de cogumelos (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001). Um estudo recente sugere que o uso de cogumelos ‘mágicos’, provavelmente Psilocybe cubensis, também tenha ocorrido na história do Egito antigo, utilizado ritualmente e descrito no Livro Egípcio dos Mortos (Berlant, 2005).

Não há dados na literatura acerca do uso de cogumelos no Brasil. A utilização contemporânea de cogumelos, na América do Sul e em diversas localidades do mundo, ocorre em sua maioria de maneira recreacional ou hedonística, devido à facilidade de comércio pela internet, inexistência de legislação reguladora (no caso do Brasil) e pela facilidade de serem encontrados em condições naturais (no estrume de bovinos).

O interesse dos cogumelos pela ciência aconteceu no início do século XX, quando o geógrafo alemão Carl Sapper descreveu em 1898 esculturas de pedra com formas de cogumelos (Figura 2), por ele interpretadas como representações fálicas, mais tarde evidenciadas por se tratarem dos cogumelos que há muito eram utilizados em rituais mágicos. O único conhecimento acerca do uso ritual de cogumelos consistia nas descrições de um guia de missionários de 1656 contra as idolatrias indígenas, incluindo a ingestão de cogumelos e recomendando sua extirpação (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001).

Figura 2. Deuses cogumelos de pedra. (A) Cogumelo de pedra Maya de El Salvador, período formativo em anos de 300 a.C. – 200 d.C. Altura de 33,5 cm. (Retirada de Schultes et al., 2001). (B) Cogumelos de pedra encontrados na Guatemala, datação em anos de 1000 a.C. – 500 d.C.

Figura 2. Deuses cogumelos de pedra. (A) Cogumelo de pedra Maya de El Salvador, período formativo em anos de 300 a.C. – 200 d.C. Altura de 33,5 cm. (Retirada de Schultes et al., 2001). (B) Cogumelos de pedra encontrados na Guatemala, datação em anos de 1000 a.C. – 500 d.C.

Outros documentos antigos que parecem citar o uso de cogumelos na antiguidade são o Rig Veda(Livro dos Hinos hindu) na Índia e o The Westcar Papyrus no Egito, também havendo possibilidade de os gregos terem utilizado (Berlant, 2005).

3. Estudos e pesquisas

3.1 Estudos e pesquisas de 1950 – 1960.

Os estudos científicos com os cogumelos Psilocybe têm origem na década de 50, através de expedições ao México com intuito de obter um maior conhecimento a cerca das culturas tradicionais da região, onde xamãs, através da ingestão de cogumelos psicodélicos em rituais sagrados extraordinários, induziam poderosas visões para curar e guiar o destino de seus povos.

Em 1953, o autor e pesquisador russo Gordon Wasson e sua esposa Valentina Pavlovna realizaram um estudo de expedição de campo para o México, para estudar o uso de cogumelos alucinógenos em rituais e cerimônias de cura. Esta expedição marca o inicio do estudo do cogumelo psicodélico pela ciência. Em 1955, eles se tornaram os primeiros estrangeiros a participar do ritual com cogumelos sagrados dos índios Mazatecas. Gordon Wasson fez muito para divulgar a sua descoberta, publicando o artigo sobre suas experiências em uma influente revista da época, a Life Magazine, em 1957 (Allen, 1987; Wasson, 1957).

O relato de Wasson sobre sua experiência com cogumelos provoca o interesse da comunidade cientifica sobre o fenômeno, descrevendo com fascinação seus efeitos:

“Tudo o que se vê naquela noite se banha na claridade da origem: a paisagem, as casas, os utensílios de uso diário, os animais, tudo é calmamente irradiado pela luz primordial; dir-se-ia que as coisas apenas acabam de serem produzidas pelo criador! Esta novidade total – a aurora da criação – o submerge e o envolve, o dissolve na sua beleza inexplicável (…) Seu espírito está livre, você vive uma eternidade numa noite, vê o infinito no grão de areia. O que você vê e escuta grava-se na sua memória, é gravado ali para sempre. Enfim, você conhece o inefável, sabe o que é o êxtase! (…) Uma simples planta abre as portas, libera o inefável, traz o êxtase. Não é a primeira vez na história da humanidade que as formas mais humildes de vida dão a luz ao divino. Por mais desconcertante que seja, a maravilha que anuncia merece ser ouvida pelos homens.” (Wasson, 1961, pag.8-12)

Auspiciado por Roger Heim, micologista e diretor do Museu Nacional de História Natural de Paris, Wasson desenvolve uma série de contribuições para os campos da botânica e antropologia realizando a identificação do cogumelo psicodélico através da colheita sistemática, cultura em laboratório e análise detalhada das diferentes espécies de cogumelos do gênero Psilocybe e seu uso ritualístico. Mais tarde Wasson e Heim se associam a Sandoz, uma empresa farmacêutica suíça, fornecendo amostras de cogumelos para uma pesquisa mais abrangente a cerca das propriedades químicas e farmacológicas (Forte, 1997; Heim, 1972).

Em 1958, cinco anos após a identificação por Wasson, o cientista suíço (e mais conhecido como o “pai” do LSD) Albert Hoffmann, investiga as propriedades químicas desse cogumelo e extrai a psilocibina e a psilocina, substância de propriedades psicotrópicas e alucinógenas que depois foram sintetizadas. A psilocibina é um psicodélico relativamente novo, em termos científicos, já que a sua entrada nos laboratórios foi posterior à descoberta de outras substâncias como a mescalina, 60 anos antes, e do LSD, anterior em uma década. Albert Hoffman foi o primeiro cientista a isolar o princípio ativo e a descrever sua estrutura molecular: o alcalóide de coloração azulada, na verdade eram dois deles e extremamente similares, foram batizados de Psilocibina e Psilocina, em alusão ao gênero Psilocybe: palavra de origem grega que significa cabeça (cybe) pelada (psilos). Os resultados, obtidos por Hoffman em colaboração com dois colegas (A. Brack e Dr. H. Kobel) e o professor Roger Heim, foram publicados, em março de 1958, em nota no jornal científico Experientia. Os mecanismos de ação, em fato, devem-se a um princípio único, visto que a psilocibina converte-se em psilocina dentro do próprio corpo através de um processo chamado desfoforilação, mas os dois compostos são naturalmente encontrados nos cogumelos, sendo o primeiro deles verificado em maior porcentagem (Hoffmann, Heim, Brack & Kobbel, 1958).

Posteriormente, em parceria com outros quatro colegas (A. J. Frey, H. Ott, T. Petrzilka e F. Troxler), Hoffman descobriu a síntese da psilocibina, cuja fórmula foi patenteada em 1963. Os resultados da pesquisa foram publicados em dezembro de 1958, também no jornal Experientia. A substância foi identificada como similar a outros químicos com o LSD, cujos intensos efeitos psíquicos denunciavam a urgência de novas frentes de pesquisa. A psilocibina entrou, decisivamente, para a família daqueles estranhos e misteriosos alcalóides que vinham desafiando a percepção sobre a natureza da mente humana. A partir da descoberta da sintetização, os laboratórios Sandoz, para o qual Hoffman trabalhava, passaram a disponibilizar a substância, assim como o LSD e outros psicodélicos, para as novas frentes de pesquisa que se disseminavam no início dos anos 60, principalmente norteados pelas vanguardas investigativas da Psiquiatria e Neurologia (Hoffmann, Frey, Ott, Petrzilka & Troxler, 1958).

Em 1959, a psilocibina já se tornava a protagonista de uma série de estudos científicos, principalmente relativos à prática psicoterápica auxiliada por psicodélicos. Uma pesquisa francesa intitulada Les Effets Psychiques de la Psilocybine et les Perspectives Thérapeutiques (Os Efeitos Psíquicos da Psilocibina e as Perspectivas Terapêuticas) liderada pelo médico Jean Delay, pioneiro da pesquisa sistemática da psilocibina nos domínios psiquiátricos, administrou a psilocibina em 13 pacientes saudáveis e em 30 pacientes diagnosticados com desordens mentais e concluiu que a substância, com efeito alucinógeno mais leve do que a mescalina e efeito despersonalizante menor do que o LSD, possuía um significativo potencial enquanto ferramenta terapêutica por sua capacidade de provocar melhor acessibilidade aos conteúdos do paciente, assim como desencadear efeito psicolítico, ou seja, liberar estes conteúdos na forma de revivências (geralmente da infância), estímulos da memória afetiva e eventos traumáticos (Delay, Pichot, Lempérière, Nicolas-Charles & Quétin, 1959). No mesmo ano, Delay, deu continuidade à investigação, publicando o artigo Premiers Essais de la Psilocybine en Psychiatrie (Primeiros Ensaios da Psilocibina na Psiquiatria) (Delay, Pichot & Nicolas-Charles, 1959).

Ainda em 1959, o psiquiatra alemão F. Gnirss desenvolveu uma pesquisa intitulada Untersuchungen mit Psilocybin, einem Phantastikum aus dem Mexikanischen Rauschpilz Psilocybe mexicana (Estudos com psilocibina, um psicodélico do cogumelo Psilocybe mexicana), através da qual administra o alcalóide em um grupo de 18 pacientes saudáveis, através deste estudo Gnirss identifica propriedades psicotrópicas na substância , que significa que a Psilocibina age no Sistema Nervoso Central (SNC) produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora sendo, portanto, passíveis de auto-administração. Conclui que a substância é de significativa importância teórica e possibilidade de utilização psicoterapêutica. (Gnirss, 1959).

Em 1960, outra pesquisa francesa, desenvolvida pelo psiquiatra A. M. Quétin, resultou em conclusões similares ao administrar o fármaco em um grupo de 32 pacientes saudáveis e 68 pacientes diagnosticados com quadros psicóticos com idades entre 16-66 (21 esquizofrênicos, 6 com delírios crônicos, 6 com psicoses maníaco-depressiva, 6 oligofrênicos, 29 com neuroses, incluindo 3 alcoólicos). Através da análise exaustiva Quétin afirmou que a droga é certamente de grande interesse para o diagnóstico e, provavelmente, também para a psicoterapia (Quétin, 1960).

Inspirado pelo artigo de Wasson na Life Magazine (Wasson, 1957), o psicólogo, neurocientista, escritor, Ph.D. e professor de Harvard, Timothy Leary, viajou para o México com o intuito de experimentar e pesquisar os cogumelos psicodélicos (Higgs, 2006). Em 1960, ao voltar para Harvard, os psicólogos Timothy Leary e Richard Alpert iniciaram o projeto intitulado de “Harvard Psilocybin Project”, do qual fizeram parte também o ensaísta filosófico e autor de Portas da Percepção Aldous Huxley, o Presidente da Associação Psiquiátrica Americana John Spiegel, o superior de Leary em Harvard David McClelland, o psicólogo e professor da Universidade da Califórnia Frank Barron e dois estudantes graduados que já haviam trabalhado em um projeto à cerca da mescalina. Durante o programa, que durou de 60 a 62, uma série de experimentos foi desenvolvida para investigar as implicações da psilocibina sobre a natureza dos distúrbios psicóticos, tratamento de desordens de personalidade e psicoterapia auxiliada pelo uso do químico. Este projeto fazia parte do programa de pesquisa psicodélica em Harvard (Harvard Psychedelic Drug Research Program) inaugurado em 1960 por 35 professores, instrutores e estudantes graduados que deram luz a várias pesquisas importantes com psicodélicos na época (Higgs, 2006; Leary, 1961).

Em 1961, foi conduzido um dos mais significativos estudos feitos pela Harvard Psilocybin Project intitulado de “Um novo programa de mudança de comportamento para infratores adultos usando psilocibina” (A New Behavior change program for adult offenders using psilocybin), mais conhecido como “A experiência da prisão de Concord”. O experimento foi realizado no período de 1961 a 1963 por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Harvard, sob a direção de Timothy Leary, dentro dos muros da Prisão Estadual de Concord, uma prisão de segurança máxima para jovens delinqüentes. O estudo envolveu a administração de psilocibina para auxiliar a psicoterapia de grupo para 32 presos, em um esforço para reduzir as taxas de reincidência criminal. Os registros da Prisão Estadual de Concord sugeriam que 64% dos 32 indivíduos voltariam para a prisão no prazo de seis meses após a liberdade condicional. No entanto, após seis meses, apenas 25% das pessoas em liberdade condicional retornaram a prisão, seis por causa de violação da condicional e dois para novos crimes. Estes resultados são ainda mais dramáticos quando a literatura correcional é pesquisada, poucos projetos de curto prazo com prisioneiros têm sido eficazes até mesmo em menor grau. Além disso, testes de personalidade indicaram uma mensurável mudança positiva no comportamento dos presos depois da experiência com a psilocibina, em comparação com os mesmo antes da experiência (Leary, Metzner, Presnell, Weil, Schwitzgebel & S. Kinne, 1965). Esta é apenas uma de várias pesquisas produzidas pelo Harvard Psilocybin Project nesta época.

O desenvolvimento do projeto, no entanto, foi significativamente prejudicado pela desenvoltura um tanto quanto anti-acadêmica de Timothy Leary, que extremamente fascinado pelas experiências de consciência desencadeadas por tais alcalóides, abandonou gradativamente a figura do pesquisador para investir-se da figura quase mística de um profeta do alucinógeno. Em 1963, Timothy Leary foi expulso de Harvard depois de ter promovido uma experiência psicotrópica com uma turma inteira de estudantes de psicologia (com o consentimento destes, naturalmente) sem monitoramento laboratorial ou intuito de pesquisa. Aos poucos foi se desfazendo da característica científica para tornar-se, anos mais tarde, uma espécie de guru da cultura psicodélica que vinha incitando os fluxos intensos da contracultura. (Higgs, 2006; Leary, 1963) A popularização de enteógenos promovida por Robert Wasson, Timothy Leary, Terence McKenna, entre outros autores e pesquisadores, levou a uma explosão no uso de cogumelos contendo Psilocibina por todo o mundo.

Até o momento drástico em que os psicodélicos escaparam dos laboratórios e tornaram-se os protagonistas de uma batalha política e, em função da política norte-americana da Guerra às Drogas, foram terminantemente proibidos, inclusive no universo científico. Até o final dos anos 60 e início dos 70, quando os Estados Unidos responderam violentamente aos questionamentos da Contracultura, movimento do qual fazia parte expressiva a utilização destas drogas, os principais estudos concentravam-se em traçar paralelos entre as três principais substâncias do grupo – LSD, mescalina e psilocibina – e em examinar a potencialidade psicoterapêutica e possível relação entre os estados alterados de consciência provocados pela adição destes alcalóides e os distúrbios mentais. Com a medida que pôs fim às pesquisas, e através da qual o governo norte-americano arbitrariamente revogou toda e qualquer qualidade científica dos psicodélicos, a psilocibina foi, assim como os demais, silenciada, apenas voltando aos laboratórios após quase trinta anos de moratória (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001).

3.2 Estudos e pesquisas de 1990 – 2010.

De 1953 ao final dos anos 60 as substâncias psicodélicas, como a psilocibina, foram o centro de diversas pesquisas, já citadas anteriormente, até caírem no silêncio sufocante imposto pela política norte-americana da Guerra às Drogas. Aproximadamente três décadas após o período marcado pela moratória científica arbitrariamente fixada, os psicodélicos iniciaram um expressivo movimento de retorno aos domínios científicos (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001). Somente na década de 90 se reiniciaram seriamente as pesquisas com psicodélicos em humanos, principalmente devido aos esforços do Dr. Rick Strassman, da Universidade do Novo México, nos EUA, e do Dr. Franz Vollenweider, da Universidade Psiquiátrica Hospital Zürich, na Suíça (Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001). A partir deste momento e até os dias de hoje, a psilocibina tornou-se novamente o centro de diversos estudos.

Em 2004, o psiquiatra norte-americano Charles Grob, da Universidade da Califórnia, desenvolveu a pesquisa intitulada “Pilot Study of Psilocybin Treatment for Anxiety in Patients With Advanced-Stage Cancer” (Estudo Piloto de Tratamento de psilocibina para ansiedade em pacientes com câncer em estágio avançado) que investigou a substância enquanto fator terapêutico em pacientes com câncer em estado terminal explorando a sua segurança e eficácia. O estudo incluiu a administração de uma pequena dose (0,2 mg/kg) de psilocibina em 12 pacientes adultos – dos quais 11 eram mulheres – com câncer em estágio avançado e ansiedade, que ficaram deitados, com os olhos vendados, e ouvindo música a seu gosto durante seis horas sob supervisão de terapeutas treinados. A freqüência cardíaca, a pressão arterial e a temperatura dos voluntários foram monitoradas ao longo de cada tratamento. Os investigadores também verificaram os níveis de depressão, ansiedade e humor em cada um deles. Duas semanas após a experiência com a psilocibina, os voluntários reportaram que se sentiam menos deprimidos e ansiosos. Seis meses depois, o nível de depressão tinha diminuído 30%, conforme os resultados publicados na Archives of General Psychiatry. Alguns voluntários relataram estados de consciência ligeiramente alterados após receber a psilocibina, mas os pesquisadores não notaram efeitos adversos fisiológicos, ainda não foram identificados possíveis efeitos maléficos na utilização de psilocibina. Ainda assim, outros testes são necessários para examinar a segurança e a eficácia do cogumelo. O estudo, que procurava a redução do estresse e dor, obteve resultados animadores no aumento da qualidade de vida dos pacientes e os dados revelaram um aspecto promissor na utilização terapêutica da substância (Grob, Danforth, Chopra, Hagerty, McKay, Halberstadt & Greer, 2010).

Em 2006, o psiquiatra Francisco Moreno, da Universidade do Arizona, iniciou uma pesquisa sobre o uso terapêutico da substância em pacientes diagnosticados com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) que resistiram a outros tipos de tratamento, assim como para fins de teste de segurança do alcalóide no organismo. Em uma clínica com ambiente controlado, a psilocibina foi usada com segurança em pacientes com TOC e foi associado a reduções agudas no TOC sintomas básicos em vários indivíduos. As conclusões reportaram que todos os pacientes, da amostra de nove, experienciaram melhorias nos quadros obsessivos compulsivos durante o período da experiência. Apesar de ser uma pequena pesquisa, com uma amostra e um alcance não tão significativos, Moreno reportou seu ânimo diante da potencialidade da substância: “O que vimos foi uma drástica diminuição dos sintomas durante um período de tempo. As pessoas diziam que não se sentiam tão bem há anos” (Moreno, Wiegand, Taitano & Delgado, 2006).

Em outro estudo, em 2006, o neurocientista Roland Griffiths, da Universidade Johns Hopkins, administrou psilocibina em 36 voluntários saudáveis, que participavam regularmente de atividades religiosas ou espirituais, com o objetivo de investigar os mecanismos da experiência mística/espiritual induzida pela psilocibina. Foram realizadas três sessões em intervalos de dois meses onde a psilocibina foi administrada via oral aos voluntários em doses altas (30 mg/70 kg). Nas sessões de 8 horas, realizadas individualmente, os voluntários eram encorajados a fechar os olhos e dirigir a sua atenção para seu interior. O comportamento dos voluntários foi monitorado e avaliado durante as sessões e questionários foram preenchidos imediatamente após e dois meses após as sessões, avaliando os efeitos da substancia e as características da experiência. Cerca de dois terços dos voluntários relatou haver vivenciado uma completa experiência mística, caracterizada por uma sensação de unidade com todo o universo. Entre os resultados foram relatados uma série de grandes alterações na percepção, experiência subjetiva e humor lábil – incluindo ansiedade – dos participantes. Em dois meses, os voluntários classificaram a experiência como possuidora de substancial sentido pessoal e significado espiritual, além de atribuírem a psilocibina as mudanças positivas em suas atitudes e comportamentos, coerentes com observações e avaliações cientificas (Griffiths, Richards, McCann & Jesse, 2006). Griffiths continuou monitorando os voluntários de sua pesquisa por quatorze meses após este estudo, através de entrevistas periódicas com intuito de avaliar os efeitos agudos e persistentes da administração das doses de psilocibina. Dentre os resultados obtidos pode se observar que os voluntários ainda atribuíam à experiência a causa de seus altos níveis de satisfação com a vida e a associaram ao crescente bem-estar que sentiam desde então. Foi relatado pela maioria dos participantes que seu humor, suas atitudes e comportamentos mudaram para melhor. Entrevistas estruturadas com familiares, amigos e colegas de trabalho em geral, confirmaram as observações dos sujeitos. Testes psicológicos e relatórios dos próprios sujeitos não mostraram nenhum dano aos participantes do estudo, embora alguns admitiram ansiedade extrema ou outros efeitos desagradáveis nas primeiras horas após a administração da psilocibina. Além disto, não foram observadas dependência física ou intoxicações proporcionadas pela substância. Griffiths conclui que sob condições bem definidas, com uma preparação cuidadosa, se pode gerar de forma segura e bastante confiável uma experiência mística que pode trazer mudanças positivas a uma pessoa. Afirma também que seu estudo é um passo inicial de uma série de trabalhos científicos com a psilocibina que acabará por ajudar pessoas (Griffiths, Richards, Johnson, McCann & Jesse, 2008).

Ainda em 2006, o psiquiatra John Halpern, da Universidade de Harvard, liderou um estudo com intuito de investigar os efeitos terapêuticos da psilocibina em pacientes diagnosticados com uma enxaqueca intensa conhecida como cefaléia em salvas. Considerada como a mais forte dor de cabeça que se conhece, a cefaléia em salvas é extremamente dolorosa e de ocorrência rara. É caracterizada por uma dor unilateral que atinge a zona ocular ou temporal, sua duração varia de 15 minutos a 3 horas podendo apresentar de uma até oito crises por dia, a dor é tão insuportável que muitos pensam em suicídio e alguns de fato o cometem. Com o objetivo de trazer alívio para suas excruciantes dores de cabeça, Bob Wold, depois de ter tomado sem eficácia mais de 75 medicamentos prescritos, em mais de 100 combinações diferentes e tendo como ultimo recurso quatro opções cirúrgicas, algumas de alto risco, e todas sem promessa de resultado definitivo, Wold conheceu dois médicos que sabiam que Albert Hofmann, quando sintetizou o LSD, procurava tratamentos para hemorragias durante o parto e para dores de cabeça. Devido à ilegalidade do LSD em todo o mundo e sua difícil síntese, os médicos e Wold decidiram tentar um tratamento com psilocibina. O resultado foi tão expressivo e marcante que Bob se viu, pela primeira vez em duas décadas, livre de suas dores. Bob Wold fundou uma organização, a Clusterbusters, para ajudar pacientes com a mesma condição e estudar os efeitos da psilocibina como tratamento, através da qual mantêm contato com cerca de 200 vitimas, de onde Wold pode levantar uma série imensa de informações – adquiridas em forma de questionários – que foram apresentadas à Harvard. A organização chamou atenção da universidade, que iniciou um estudo, onde seus autores entrevistaram 53 vítimas de cefaléia em salvas que experimentaram psilocibina ou LSD para tratar de sua condição. Vinte e dois dos 26 pacientes em que a psilocibina foi administrada reportaram diminuição dos ataques e alguns até mesmo a remissão por períodos extensos. A associação cresceu e hoje conta com apoio de pesquisadores em instituições formais de pesquisa, ajudando dezenas de pacientes na mesma condição (Sewell, Halpern & Pope, 2006).

As pesquisas atuais têm apontado, com dados promissores, que psicodélicos possuem uma potencialidade ainda pouco conhecida pelos cientistas e que jamais deveriam ter sido condenados a repressão durante longas décadas. Os novos estudos têm inspirado um honesto retorno de alcalóides como a psilocibina aos domínios da ciência e desmentindo a deturpada imagem pintada pelas políticas antidrogas norte-americanas nos anos 60.

4. Metodologia

O estudo foi realizado através de revisões bibliográficas de artigos científicos que tratam sobre o tema. As revisões estão divididas em duas partes: de 1950-1960 e de 1990-2010.

Coletamos os resultados de 8 pesquisas, 4 de cada época, de diversos pesquisadores que administraram psilocibina em humanos. Os resultados foram analisados e separados por tópicos de acordo com a natureza dos efeitos produzidos pela psilocibina (como humor, cognição e comportamento), buscando nestes efeitos as possibilidades do uso da substância em tratamentos, investigando sua eficácia, segurança e contra-indicações.

5. Resultados

1950-1960
1959 – Os Efeitos Psíquicos da Psilocibina e as Perspectivas Terapêuticas.
Autoria: Delay
Objetivo: Pesquisar sistemáticamente os efeitos psíquicos da psilocibina e suas perspectivas terapêuticas.
Metodologia: Administração de psilocibina em 13 indivíduos normais e 30 portadores de transtornos mentais.
Resultados:

  • Humor: Alteração no humor, com predominio de euforia e váriações para sentimentos de desconforto, apreensão ou ansiedade acentuada.
  • Cognição: Disturbios de atenção, ideação, alteração na noção subjetiva de tempo, afastamento da realidade ou isolamento do individuo, pensamentos delirantes.
  •  Comportamento: Excitação, com movimentos compulsivos e gargalhadas sem motivos aparentes, alternando para desânimo e indiferença.
  • Percepção: Alteração na intensidade das impressões sensoriais (predominantemente visuais, mas também acústicas e gustativas), ilusão, alucinação, distorção da imagem corporal, disturbios de propriocepção, despersonalização e interpretação antagonista do ambiente.
  • Memória: Estimulação da memoria da infância, incluindo experiencias traumáticas, acesso ao material esquecido e liberação de inibições (ab-reação emocional).

Conclusão: Para os autores o acesso ao material esquecido e a liberação de inibições (ab-reação emocional) poderia ter grande valor terapêutico e interesse para a psicologia e psiquiatria.
Referência: Delay, Pichot, Lempérière, Nicolas-Charles & Quétin, 1959

1959 – Estudos com psilocibina, um psicodélico do cogumelo Psilocybe mexicana.
Autoria: Gnirss
Objetivo: Verificar os efeitos da substância em populações humanas.
Metodologia: Administração de psilocibina em 18 pacientes saudáveis.
Resultados:

  • Humor: Alteração no humor, com predomínio de euforia.
  • Comportamento: Possui ação direta no Sistema Nervoso Central, produzindo alterações de comportamento, com efeitos iniciais de atividades reduzidas e variando para uma segunda fase com o aumento da atividade e excitação.
  • Percepção: Alterações da imagem corporal, sentimentos de despersonalização e distúrbios de percepção sensorial.
  • Efeitos somáticos: Foram relatadas alterações no funcionamento do sistema nervoso autônomo como bradicardia, aumento da pressão arterial, diminuição da freqüência respiratória e aumento do volume respiratório, dor de cabeça, vertigem e dessincronização do EEG.

Conclusão: O autor afirma que a psilocibina possui ação direta no Sistema Nervoso Central, produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande propriedade reforçadora sendo, passíveis de auto-administração.
Referência: Gnirss,1959

1960 – A Psilocibina na psiquiatria e clínica experimental.
Autoria: Quétin
Objetivo:
Metodologia: Administração de psilocibina em 32 pessoas saudáveis, com idade entre 25-35 anos e 68 pacientes diagnosticados com quadros psicóticos.
Resultados:

  • Humor: Não houve mudança
  • Memória: Liberação de memórias reprimidas.
  • Efeitos somáticos: Produz bradicardia, hipoglicemia e uma pequena alteração na esfera psíquica.

Conclusão: O efeito da psilocibina é comparável à do LSD e mescalina, mas difere em manifestações somáticas e não há nenhuma mudança na contagem de leucócitos. O modo de ação é complexo e ainda não esclarecido. A droga é certamente de grande interesse para o diagnóstico e, provavelmente, também para a psicoterapia. A reação dos indivíduos saudáveis podem às vezes ser previsíveis se o tipo de personalidade é conhecido: estudos psicométricos devem ser feitos.
Referência: Quétin,1960

1965 – Um novo programa de mudança de comportamento para infratores adultos usando psilocibina.
Autoria: Leary
Objetivo: Reduzir as taxas de reincidência criminal.
Metodologia: Administração de psilocibina em 32 presos, para auxiliar a psicoterapia de grupo.
Resultados:

  • Comportamento: Houve uma mudança positiva no comportamento dos presos depois da experiência com a psilocibina, em comparação com os mesmos antes da experiência.

Conclusão: O estudo concluiu que o novo programa de psicoterapia de grupo, auxiliada pela administração de psilocibina, e programas de pós-libertação carcerária, reduziria significativamente os índices de reincidência criminal. Os registros da Prisão Estadual de Concord sugeriam que 64% dos 32 indivíduos voltariam para a prisão no prazo de seis meses após a liberdade condicional. No entanto, após seis meses, apenas 25% das pessoas em liberdade condicional retornaram a prisão, seis por causa de violação da condicional e dois por novos crimes.
Referência: Leary, Metzner, Presnell, Weil, Schwitzgebel & S. Kinne, 1965

1990-2010
2006 – Segurança, tolerância e eficácia da psilocibina em 9 pacientes com Transtorno Obsessivo-Compulsivo.
Autoria: Moreno
Objetivo: Uso terapêutico da psilocibina em pacientes diagnosticados com TOC, que resistiram a outros tipos de tratamentos.
Metodologia: Administração de psilocibina em 9 pacientes portadores de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
Resultados:

  • Comportamento: Foi observada uma diminuição acentuada dos sintomas de TOC em todos os pacientes. A diminuição dos sintomas em pacientes que sofrem de transtorno obsessivo-compulsivo durou após as primeiras 24 horas após a ingestão da psilocibina.
  • Efeitos somáticos: Um indivíduo apresentou hipertensão transitória.

Conclusão: As conclusões reportaram que a psilocibina foi usada com segurança em todos os pacientes, da amostra de nove, que experienciaram reduções agudas nos sintomas básicos do TOC e melhorias nos quadros obsessivos compulsivos durante o período da experiência.
Referência: Moreno, Wiegand, Taitano & Delgado, 2006

2006 – Reação da cefaléia em salvas à psilocibina e ao LSD.
Autoria: Halpern
Objetivo: Investigar os efeitos terapêuticos da psilocibina e do LSD em pacientes diagnosticados com uma enxaqueca intensa, conhecida como cefaléia em salvas.
Metodologia: Administração de psilocibina em 53 pacientes com cefaléia em salvas.
Conclusão: Foi confirmada a eficácia completa (definida como a causa da parada total dos ataques) ou a eficácia parcial (definida como diminuição da intensidade ou freqüência dos ataques, mas não a extinção dos mesmos) da psilocibina neste tratamento em 42% dos 53 indivíduos.
Referência: Sewell, Halpern & Pope, 2006

2006 – A psilocibina pode ocasionar experiências místicas possuindo substancial sentido pessoal e significado espiritual.
Autoria: Griffiths
Objetivo: Investigar os mecanismos da experiência mística/espiritual induzida pela psilocibina e avaliar os efeitos psicológicos, agudos e de longo prazo, proporcionados por uma dose alta de psilocibina.
Metodologia: Administração de psilocibina em 36 voluntarios adultos saudaveis, que participavam regularmente de atividades religiosas ou espirituais.
Resultados:

  • Humor: Humor lábil, com sentimentos de transcendência, tristeza, alegria, e/ou ansiedade. Redução de ansiedade de longo prazo após experiencia.
  • Cognição: Senso de significado e/ou idéias de referência. Sensação de bem estar ou satisfação com a vida.
  • Comportamento: Resultados mais elevados de estimulação/excitação e de atividade motora espontânea, sonolência muito baixa, agitação e maior contato físico com os monitores. Mudanças positivas duradouras nas atitudes e comportamentos dos sujeitos.
  • Percepção: Alteração perceptivas como pseudo-alucinações visual, ilusões, e sinestesias.

Conclusão: O estudo, constata que as modificações sofridas no humor, afeto e cognição dos sujeitos, após a expreriência com a psilocibina, são típicas desta substância e produzem uma série de grandes alterações na percepção, experiência subjetiva e humor lábil, incluindo ansiedade, dos participantes. Maiores elevações, a longo prazo, nos índices de atitudes positivas, bom humor, sociabilidade e comportamentos assertivos. Experiência classificada pelos sujeitos como estando dentre as cinco experiências mais significativas de sua vida, considerando-a como possuidora de substancial sentido pessoal e significado espiritual.
Referência: Griffiths, Richards, McCann & Jesse, 2006

2010 – Estudo Piloto de Tratamento de psilocibina para ansiedade em pacientes com câncer em estágio avançado.
Autoria: Grob
Objetivo: Investigar a segurança e eficácia terapêutica da psilocibina para pacientes com câncer terminal
Metodologia: Administração de psilocibina em 12 indivíduos adultos com câncer em estágio avançado e ansiedade.
Resultados:

  • Humor: Melhora de humor que atingiu significância de seis meses, com redução da ansiedade no tempo de até três meses após o tratamento.

Conclusão: O estudo, que procurava a redução do estresse e dor, obteve resultados animadores no aumento da qualidade de vida e melhora do humor e ansiedade dos pacientes e os dados revelaram um aspecto promissor na utilização terapêutica da substância, estabelecendo a viabilidade e segurança da administração de doses moderadas de psilocibina para pacientes.
Referência: Grob, Danforth, Chopra, Hagerty, McKay, Halberstadt & Greer, 2010.

6. Discussão e análise dos dados

A partir da análise dos resultados obtidos nestas 8 pesquisas realizadas através da administração de psilocibina, entre outros conhecimentos sobre o tema, podemos observar alguns aspectos que devem ser levados em consideração:

Em relação aos efeitos somáticos produzidos pela psilocibina, que são divulgados mais amplamente em 3 pesquisas, que consiste nas alterações no funcionamento do sistema nervoso autônomo como bradicardia, aumento da pressão arterial, diminuição da freqüência respiratória e aumento do volume respiratório, dor de cabeça, vertigem e hipoglicemia podem representar riscos para algumas pessoas, necessitando de acompanhamento médico. Outros efeitos somáticos observados como midríase, hipotensão, congestão facial, suor, astenia e sono são aparentemente os mesmos, tanto em pessoas com transtornos mentais quanto em pessoas normais. Andar ébrio e tremores acontecem paralelamente.

Em relação aos efeitos psíquicos, são caracterizados em primeiro lugar por perturbações do humor, como euforia e sensação de bem-estar, é interessante notar uma inversão do humor nos melancólicos. A agitação é freqüente, variando muitas vezes de um estado eufórico para sentimentos de desconforto, mal-estar geral, fadiga com apreensão, perplexidade e até mesmo ansiedade, nos mostrando o quão sensível para emoções a psilocibina deixa o paciente.

O comportamento é alterado, geralmente há uma grande excitação com o uso da substância, podendo ocorrer, por exemplo, movimentos compulsivos que se alternam para desânimo e indiferença. Porém a longo prazo pode ser constatado uma melhora significativa nos comportamentos e atitudes do sujeito.

A cognição é afetada por distúrbios de atenção, alteração na noção subjetiva de tempo, afastamento da realidade, isolamento do indivíduo e ocorre pensamento delirantes. Os fenômenos intelectuais apresentam déficit, como perturbações de concentração, às vezes são de um tipo onírico que pode ser ansioso, e até erótico.

A percepção é alterada, ocorrendo alteração na intensidade das impressões sensoriais, distorção da imagem corporal e podendo ocorrer ilusões e sinestesias. Os contatos com o mundo exterior traduzem modificações que levam, por exemplo, os melancólicos a sorrir, os catatônicos a procurar contato. Às vezes desaparece a timidez e um fenômeno nomeado por um dos autores como reticências, que diz da “omissão voluntária do que se poderia dizer”. Sentimentos de despersonalização não são raros.

A memória é afetada através da estimulação da memória da infância, da liberação de inibições (ab-reação emocional) e liberação de memórias reprimidas. As manifestações mais interessantes aplicam-se as evocações, permitindo aos pacientes reviver suas crises de angústia ou cenas que podem tê-los marcado. A supressão das inibições permanece também como um dos resultados mais dignos de atenção.

Podemos considerar, de um modo geral, que existe grande semelhança entre os efeitos da psilocibina nos sujeitos normais e nos doentes mentais.
A liberação de memórias reprimidas ocorre igualmente a ambos, entretanto, nas pessoas normais são recordações de infância geralmente não penosas, enquanto que nos doentes mentais são, mais freqüentemente, cenas traumatizantes.

Convém separar os efeitos da psilocibina conforme a condição psíquica do sujeito, se ele é psicótico ou neurótico. Nos esquizofrênicos crônicos, nos dementes, toda possibilidade de resposta afetiva parece abolida, os risos discordantes sem nenhum motivo ou razão são freqüentes. Nos paranóicos de evolução recente as reações são violentas, as vezes provocadas por poderosas recordações nas quais as testemunhas presentes podem ser identificadas a personagens ligadas a cenas do passado do doente, que as reencontra, sob o efeito da substância. Assim sendo, a agressividade deste em relação a certas pessoas de seu ambiente renascerá, devido a esta lembrança provocada, necessitando de maio cuidado neste ponto.

Nos casos de neurose, determina-se o interesse da aplicação da psilocibina. Nos psicopatas, a atitude se revelará teatral ou pueril. As lembranças afluem, o sujeito registra-as com todo o cortejo afetivo: reivindicações, frustrações, invejas, culpabilidade (Quétin, 1960). Assim sendo, a supressão das inibições e dos recalques acelera-se, fixa-se. Em alguns casos, essas modificações chegam a uma verdadeira tomada de consciência intelectual do paciente sobre seu estado, o que pode levar a uma espécie de euforia, a qual aguçaria, por exemplo, seu “apetite” renovador, levando o sujeito a novas atitudes.

Nos histéricos, enfim, numa primeira fase ansiosa acentuada pela desconfiança, sucederá um desaparecimento progressivo da hostilidade em relação às testemunhas. Pouco a pouco, as lembranças longínquas se reconstituem, acumulam, as circunstâncias do passado tornam a juntar-se. Também nos portadores de transtorno obsessivo-compulsivo o sentimento de culpa pode exteriorizar-se, fazendo nascer os elementos que permitirão que talvez se desenhem — definidas pelo próprio doente — as etapas sucessivas de sua despersonalização, trazendo uma grande melhora para sua vida e redução, com raros casos de extinção, dos sintomas.

Este efeito sobre a memória humana, provocando o acesso a memórias reprimidas, é de grande interesse para a psicologia, se mostrando um método eficaz no tratamento de algumas desordens mentais e outros transtornos, provocando uma significativa melhora na vida dos pacientes e se mostrando segura para sua aplicação, se mediante a um acompanhamento profissional e um direcionamento terapêutico.

7. Considerações finais

Os efeitos únicos produzidos pela psilocibina fornecem panoramas para o estudo da mente em geral e da consciência humana em particular. Permitem a exploração de diversos parâmetros e mecanismos atrelados ao processo consciente, como a percepção sensorial e a autoconsciência.
Nas mãos do terapeuta, a psilocibina não apenas pode agir francamente sobre o ressurgimento de lembranças reprimidas como também despertar um desejo de aproximação entre o paciente e o terapeuta, formando um vínculo onde seja possível uma colaboração maior de ambas as partes para a revelação da origem das perturbações mentais.

Mostrando-se então uma eficaz ferramenta terapêutica, e comprovando minhas hipóteses de que a proibição desta substância advém antes de uma arbitrariedade preconceituosa de pretextos hediondos do que de um real risco a vida ou bem-estar do ser humano. Porém, para uma aplicação segura e com resultados benéficos da psilocibina, como uma ferramenta auxiliar em processos terapêuticos, mais estudos são necessários.

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Leary, 1961; Leary, T. F. 1961. A program of research with consciousness-altering substances. Harvard University, Center for Research in Personality. Undated (Spring or Summer of 1961). Covering the academic year of 1960-1961. Mimeographed.
Leary, 1963; Leary, T. F. 1963. Report on the Harvard Psilocybin Project. Unpublished. January 15.
Leary, Metzner, Presnell, Weil, Schwitzgebel & S. Kinne, 1965; Leary, T. F., Metzner, R., Presnell, M., Weil, G., Schwitzgebel, R., and S. Kinne. A New Behavior change program for adult offenders using psilocybin. Psychotherapy: Therapy, Research, and Practice vol. 2(2). July. Chicago, Illinois, 1965.
Moreno, Wiegand, Taitano & Delgado, 2006; Moreno FA, Wiegand CB, Taitano EK, Delgado PL. “Safety, Tolerability, and Efficacy of Psilocybin in 9 Patients with Obsessive-Compulsive Disorder”. J Clin Psychiatry, 2006.
Quétin, 1960; Quétin AM. “La Psilocibina en Psychiatrie et clinique expérimentale”. Tese de Doutorado. 1960 10 de junho.
Schultes, Hofmann & Ratsch, 2001; Schultes, R. E., Hofmann, A., Rätsch, C. Plants of the gods – their sacred, healing and hallucinogenic powers. 2º edição, Rochester-Vermont, Healing Arts Press, 2001.
Sewell, Halpern & Pope, 2006; Sewell RA, Halpern JH, Pope HG Jr. Response of cluster headache to psilocybin and LSD. Neurology.27 June 2006.
Wasson, 1957; Wasson, R. Gordon. Seeking the magic mushrooms. Life Magazine, 1957.
Wasson, 1961; Wasson, R. Gordon. The Hallucinogenic Fungi Of Mexico – An Inquiry Into The Origins of The Religious Idea Among Primitive Peoples. Botanical Museum Leaflets, Harvard University, 1961.

Alucinógenos que podem curar

Matéria publicada em Janeiro pela ” Scientific American Brasil“, nos foi direcionada por Vinícius Costa.

Em horas, substâncias psicoativas são capazes de induzir realinhamentos psicológicos profundos que exigiriam décadas para serem alcançados no divã.
por Roland R. Griffiths e Charles S. Grob

SANDY LUNDAHL, EDUCADORA EM SAÚDE DE 50 ANOS DE IDADE, chegou ao centro de estudos biológicos comportamentais na Johns Hopkins University School of Medicine em uma manhã de primavera de 2004. Ela se ofereceu para participar de um dos primeiros estudos com drogas alucinógenas nos Estados Unidos em mais de três décadas. Preencheu questionários, conversou com os dois monitores que estariam com ela pelas próximas oito horas e se ajeitou no confortável espaço parecido com uma sala de estar em que a sessão aconteceria. Então, engoliu duas cápsulas azuis e reclinou-se em um sofá. Para ajudá-la a relaxar e focar seu interior, ela usava tapa-olhos e fones de ouvido, que transmitiam música clássica especialmente selecionada.

As cápsulas continham um a alta dose de psilocibina, principal componente dos cogumelos “mágicos”, que, como o LSD e a mescalina, produzem alterações de humor e percepção, mas muito raramente alucinações. Ao final da sessão, quando os efeitos haviam se dissipado, Sandy, que nunca havia tomado um alucinógeno antes, preencheu mais questionários. Suas respostas indicavam que, durante o tempo em que ficou na sala, havia passado por uma profunda
experiência mística.

Em uma visita de acompanhamento mais de um ano depois, ela disse que continuava a pensar na experiência diariamente e – o mais notável – que ela a considerava o evento mais pessoal e espiritualmente significativo de sua vida. Ela sentia que aquilo trouxera mudanças positivas em seu humor, atitudes, comportamento e uma perceptível melhora em sua satisfação com a vida como um todo. “Parece que a experiência levou a uma aceleração do meu desdobramento ou desenvolvimento espiritual”, descreveu. “Lampejos de introspecção ainda ocorrem… Sou muito mais amorosa – compensando as feridas que causei no passado… Sou cada vez mais capaz de perceber as pessoas como tendo a luz do divino fluindo por elas.”

Sandy foi uma de 36 participantes de um estudo conduzido por um de nós de (Griffiths) na Johns Hopkins que começou em 2001 e foi publicado em 2006, seguido por um relatório que saiu dois anos depois. Quando o primeiro trabalho apareceu no periódico Psychopharmacology, muitos membros da comunidade científica saudaram a ressurreição de uma área de pesquisas que estava dormente havia um bom tempo. Os estudos com a psilocibina na universidade continuam por dois caminhos: um explora os efeitos psicoespirituais da droga em voluntários saudáveis. O outro estuda se os estados de consciência alterada induzidos por alucinógenos – e, em particular, experiências místicas – poderiam mitigar os efeitos de vários problemas psiquiátricos e comportamentais, incluindo alguns para os quais as terapias atuais não chegam a ser efetivas. A principal droga usada nesses estudos é a psilocibina, que integra os chamados alucinógenos clássicos. Assim como as outras drogas dessa classe – psilocina, mescalina, DMT e LSD –, a psilocibina age nos receptores de serotonina das células cerebrais. Confusamente, substâncias de outras classes que exercem efeitos farmacológicos diferentes desses dos alucinógenos clássicos também são rotuladas como alucinógenos” pela mídia e por relatórios epidemiológicos. Esses compostos, alguns dos quais também podem oferecer potencial terapêutico, incluem a quetamina, o MDMA (popularizado como “ecstasy”), salviorina A e ibogaína, entre outros.

SUPERANDO LEARY

A PESQUISA TERAPÊUTICA com os alucinógenos se vale de evidências promissoras observadas em estudos iniciados nos anos 50 que, coletivamente, envolveram milhares de participantes. Alguns desses estudos sugeriam que os alucinógenos poderiam ajudar a tratar a dependência química e a aliviar o sofrimento psicológico das doenças terminais. Essa pesquisa parou no início dos anos 70, quando o uso recreativo dos alucinógenos, principalmente o LSD, cresceu e atraiu uma cobertura sensacionalista da mídia. Esse campo de investigação também foi afetado pela demissão amplamente divulgada de Timothy Leary e Richard Alpert da Harvard University em 1963, em resposta à preocupação sobre métodos heterodoxos de pesquisa usando alucinógenos, incluindo, no caso de Alpert, oferecer psilocibina a um estudante fora do campus.

O crescente uso sem supervisão de substâncias pouco compreendidas, em parte resultado do apoio dado a elas pelo carismático Leary, ganhou repercussão. O Ato de Substâncias Controladas, de 1970, pôs os alucinógenos comuns na Lista 1, a categoria mais restritiva. Novas limitações foram impostas à pesquisa com humanos, a subvenção estatal foi suspensa e os pesquisadores envolvidos nessa linha de pesquisa se viram profi ssionalmente marginalizados.

Décadas se passaram antes que as atitudes que bloquearam as pesquisas arrefecessem o bastante para permitir estudos rigorosos com humanos envolvendo o uso dessas substâncias. As experiências místicas permitidas pelos alucinógenos interessam os pesquisadores particularmente porque têm o potencial de produzir mudanças positivas rápidas e duradouras no humor e comportamento – alterações que podem demandar anos de esforço na psicoterapia convencional.

O trabalho feito na Johns Hopkins é emocionante porque demonstra que essas experiências podem ser produzidas em laboratório na maioria das pessoas estudadas. Ele permite, pela primeira vez, pesquisas científi cas rigorosas e avaliações que registram os voluntários antes e depois do uso da droga. Esse tipo de estudo permite aos pesquisadores examinar as causas e efeitos psicológicos e comportamentais dessas experiências extraordinárias.

Pesquisadores da Johns Hopkins usaram questionários originalmente desenvolvidos para avaliar experiências místicas que ocorriam sem drogas. Eles também analisaram os estados psicológicos gerais dos participantes entre dois e 14 meses após a sessão com psilocibina. Os dados mostraram que os participantes experimentaram um aumento na autoconfiança, maior sensação de contentamento interior, melhor capacidade de tolerar frustrações, diminuição do nervosismo e aumento no bem-estar geral. Um comentário típico de um participante: “A sensação de que tudo é Um, que eu experimentei a essência do Universo e o saber que Deus não nos pede nada, exceto receber amor. Não estou sozinho. Não temo a morte. Sou mais paciente comigo mesmo”. Outra participante ficou tão inspirada que escreveu um livro sobre as experiências.

ALÍVIO DO SOFRIMENTO

QUANDO A PESQUISA SOBRE a terapia baseada em alucinógenos foi suspensa, há cerca de 40 anos, deixou uma lista de tarefas que incluía o tratamento do alcoolismo e outras dependências, a ansiedade associada ao câncer, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de estresse pós- traumático, desordens psicossomáticas, transtornos severos de personalidade e autismo.

No câncer, os pacientes frequentemente se confrontam com ansiedade severa e depressão, e antidepressivos e drogas redutoras de ansiedade podem ter uma atuação limitada para amenizar esses casos. Nos anos 60 e início dos 70, mais de 200 pacientes de câncer receberam alucinógenos clássicos em uma série de estudos clínicos. Em 1964, Eric Kast, da Chicago Medical School, que administrou LSD a pacientes terminais com dores severas, relatou que os pacientes desenvolveram um “desprezo peculiar pela gravidade de sua situação e conversavam livremente sobre sua morte iminente com uma característica considerada não usual pelos costumes ocidentais, mas muito benéfica aos seus estados mentais.” Estudos posteriores, produzidos por Stanislav Grof, William Richards e seus colegas do Spring Grove Psychiatric Hospital próximo a Baltimore (e mais tarde no Maryland Psychiatric Research Center) usaram LSD e outro alucinógeno clássico, o DPT (dipropiltriptamina). Os testes mostraram diminuição na depressão, ansiedade e medo da morte. E pacientes com experiências místicas mostram as melhoras mais significativas na medição psicológica de bem-estar.

Um de nós (Grob) atualizou esse trabalho. Em setembro passando, um ensaio no periódico Archives of General Psychiatry relatou um estudo piloto realizado entre 2004 e 2008 no Harbor-Ucla Medical Center para avaliar se as sessões com psilocibina reduziam a ansiedade em 12 pacientes terminais de câncer. Apesar de o estudo ser pequeno demais para permitir conclusões mais significativas, foi encorajador: os pacientes mostraram diminuição na ansiedade e melhora no humor, mesmo vários meses após a sessão.

Alcoólatras, fumantes e outros dependentes químicos podem relatar vitória sobre suas dependências após uma experiência mística que os afetou profundamente e ocorreu de forma espontânea, sem uso de drogas. A primeira onda de pesquisas clínicas com alucinógenos reconheceu o potencial terapêutico dessas experiências transformadoras. Mais de 1.300 pacientes participaram de estudos sobre dependência que originaram mais de duas dúzias de publicações décadas atrás. Em alguns desses estudos foram administradas altas doses em pacientes pouco preparados e reduzido apoio psicológico, alguns fisicamente presos ao leito. Pesquisadores que compreendiam a importância da preparação e deram apoio a seus pacientes tendiam a obter melhores resultados. Esse trabalho antigo trouxe resultados
promissores, mas inconclusivos.

A nova geração de pesquisa com alucinógenos, com melhores metodologias, deve ser capaz de determinar se essas drogas podem de fato ajudar as pessoas a superar dependências. Além do tratamento da dependência, os estudos mais recentemente começaram a testar se a psilocibina pode mitigar os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo. Outras substâncias controladas com mecanismos diferentes de ação também estão mostrando potencial terapêutico. Pesquisas evidenciam que a quetamina, administrada em baixas doses (é normalmente usada como anestésico), poderia dar um alívio mais rápido da depressão que os antidepressivos tradicionais, caso do Prozac. Um teste recente, na Carolina do Sul, usou o MDMA para tratar com sucesso o transtorno de estresse pós-traumático em pacientes em que as terapias convencionais não produziram efeito. Testes similares com o MDMA estão a caminho na Suíça e em Israel.

A ESTRADA À FRENTE

PARA QUE AS TERAPIAS COM USO de alucinógenos clássicos ganhem aceitação, terão de superar preocupações que emergiram com os excessos dos “psicodélicos anos 60”. Os alucinógenos podem, às vezes, induzir à ansiedade, paranoia ou pânico, que, em ambientes sem supervisão, podem produzir ferimentos acidentais ou mesmo suicídio. No estudo feito na Johns Hopkins, mesmo após cuidadosa seleção, e ao menos oito horas de preparação com um psicólogo clínico, cerca de um terço dos participantes experimentaram algum período de medo significativo e cerca de um quinto sentiram paranoia em algum momento durante a sessão. Mas no ambiente acolhedor oferecido pelo centro de pesquisas e com a constante presença de guias treinados, os participantes não demonstraram efeitos negativos duradouros.

Outros riscos potenciais dos alucinógenos incluem psicose prolongada, aflição psicológica, distúrbios na visão ou nos outros sentidos, com duração de dias ou mais. Esses efeitos, no entanto, não são muito frequentes e se mostram ainda mais raros em voluntários preparados psicologicamente. Apesar do eventual abuso na utilização dos alucinógenos clássicos (usados de forma a pôr em risco a segurança dos usuários ou de outros), eles não são tipicamente considerados drogas viciantes, porque não levam ao uso compulsivo nem produzem síndrome de abstinência. Para ajudar a minimizar as reações adversas, os pesquisadores da Johns Hopkins publicaram recentemente um conjunto de normas de segurança para a realização de estudos com altas dosagens de alucinógenos. Em função da habilidade dos pesquisadores em tratar com os riscos das drogas, sentimos que os estudos dessas substâncias devem continuar devido ao seu potencial para transformar a vida, digamos, de um paciente de câncer ou dependente químico. Se elas se mostrarem úteis no tratamento do abuso químico, ou da ansiedade existencial associada a doenças que põem a vida em risco, pesquisas posteriores poderiam ser beneficiadas. Os benefícios também podem vir da neuroimagem e de técnicas farmacológicas que não existiam nos anos 60 e que fornecem uma melhor compreensão de como essas drogas atuam.

A visualização das áreas do cérebro envolvidas nas emoções e pensamentos intensos que as pessoas têm sob a influência das drogas dará uma janela para a psicologia por trás das experiências místicas produzidas pelos alucinógenos. Pesquisas adicionais também poderão trazer abordagens não farmacológicas mais eficientes se comparadas às práticas espirituais tradicionais, como meditação ou jejum para produzir experiências místicas e mudanças comportamentais desejadas.

A compreensão sobre como as experiências místicas podem levar a atitudes benevolentes em relação a si mesmo e aos outros deve ajudar a explicar o bem documentado papel de proteção da espiritualidade no bem-estar e saúde psicológica. As experiências místicas podem originar um senso profundo e duradouro da interconexão entre pessoas e coisas – perspectiva que está por trás dos ensinamentos éticos das tradições religiosas e espirituais. Assim, uma compreensão da biologia dos alucinógenos clássicos poderia ajudar a esclarecer os mecanismos por trás do comportamento ético e cooperativo humano – conhecimento que, acreditamos, poderá vir a ser crucial para sobrevivência da nossa espécie.

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Roland R. Griffiths é professor nos departamentos de psiquiatria e neurociências da Johns Hopkins University School of Medicine. Seus principais focos de pesquisa têm sido os efeitos comportamentais e subjetivos das drogas que alteram o humor. Ele é o líder de pesquisas com a psilocibina na Johns Hopkins.

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Charles S. Grob é professor de psiquiatria e pediatria da David Geff em School of Medicine da Ucla e diretor de Divisão de Psiquiatria Infantil e Adolescente no Harbor-Ucla Medical Center. Ele conduziu testes clínicos com várias drogas alucinógenas, incluindo o uso da psilocibina no tratamento da ansiedade em pacientes com câncer.

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Agregado ao Micélio


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Duo Ouro Negro

Inaugurando a categoria “Micélio“, onde iremos postar apenas matérias enviadas por colaboradores voluntários, estamos publicando hoje um artigo que nos foi enviado de Portugal por Fernando Castro,  sobre o papel dos fungos na absorção de poluentes pesados como o petróleo

Colaborador : Fernando Castro
E-mail: fernandomrcastro@gmail.com
Blog:
http://thedarksideoftheshroom.blogspot.com/

Originalmente postado em:
http://thedarksideoftheshroom.blogspot.com/2010/03/duo-ouro-negro.html

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Et voilá (como diz o outro), depois do óleo derramado, aparecem algumas curiosas soluções.

Em 2007 houve um derrame de petróleo em S. Francisco e tentaram-se arranjar soluções para remediar a situação.
Foi feita uma parceria entre Lisa Gautier e Paul Stamets.
Através da doação de discos de cabelo humano para ensopar o petróleo, restou a pergunta: O que fazer com ele?

É aqui que entram os fungos:

O género Pleurotus, sendo de boa boca, como se costuma dizer, adapta-se e decompõe quase todos os substratos orgânicos imagináveis, não sendo, contudo, o petróleo um problema para este organismo.

Assim, depois de absorvido o petróleo, fez-se uma lasanha de spawn (semente do cogumelo), palha e o cabelo ensopado de óleo que serviram de substrato para o fungo se desenvolver, transformando-o em pura matéria orgânica.

Os vídeos clarificam tudo isto:


  • + Links

Biorremediação

Fungos da Amazônia podem descontaminar o solo após vazamentos de petróleo

informação enviada por comentário pelo Alexandre  (09/04/2010)

Nem todo mundo fala.

Quando você tinha 8 anos, quantas pessoas você achava que usava maconha? Eu achava que NINGUEM normal usava maconha, apenas os ladrões e assassinos. Pior que isso, eu acha que as pessoas que usavam maconha ficavam agressivas.  O que falar sobre LSD? PIOROU! Minha mãe me disse, quando eu tinha 14 anos, que LSD era a pior DROGA do mundo, que era COMA instantaneo. Tomou comou. Hoje em dia, com 21 anos, vejo que é um pouco diferente. Cada vez mais, vejo como as pessoas mostram que usam psicoativos de forma subiliminar. Irei fazer algumas referencias a obras lisergicas.

Super Mário Bros.

Vcs obviamente se lembram do classico Mario Bros pro NES… Mas poucos tiveram a chance de olhar o encarte do jogo… E tem uma coisa que me faz olha-lo com certa desconfianca… Quando no encarte fala das coisas que ajudam o Mario no jogo esta escrito:

1. “When Mario eats a mushroom he gets HIGHER”… BOm… Considerando que vcs tem um bom nivel de ingles vcs podem notar que NAO esta escrito que ele fica mais alto… Porque se fosse pra ficar mais alto seria “He gets taller”… E “getting High” eh uma giria pra ficar doido… Entao “he gets HIGHER” quer dizer que quando ele come o cogumelo ele fica MAIS doido… E porque ele teria que comer o cogumelo? Pra quem nao sabe, cogumelo nao precisa so fazer cha pra ativar não… Pode ser comendo tb… Hmmmmmmmmm… Muito estranho…

2. “When he gets a flower he can throw fireballs”… Ate que nao acho nada de estranho nisso… A nao ser do simples fato que o Mario NAO come a flor pra jogar bolas de fogo… Porque que ele precisa comer So cogumelo e nao a flor??? Estranho tb… E eu li aqui na comunidade alguem falando que a flor poderia ser a papoula… Nao concordo muito ja que nao eh uma droga tao popular assim pra poder ter essa conexao… Mas minha suposicao eh so um pouco diferente… Pra quem nao sabe, Quando se fuma maconha vc nao fuma as folhas, pode ate fumar mas nao contem tanto THC (a substancia que deixa todo mundo “feliz”) quanto a Flor da maconha… O famoso “Bud”… Entao quando se fuma maconha, vc esta fumando na verdade as flores da planta… Pode ate nao ter relacao nenhuma com o jogo mas a maconha eh a droga mais usada no Mundo e com sua explosao na decada de 60 e 70 nao me impressionaria que um adolescente maconheiro do final da decada de 60 inicio da decada de 70 tivesse algum tipo de “inspiracao” pra esse fantastico jogo na decada de 80…

3. Os cogumelos malvados do jogo… Pra quem prestou atencao as aulas de biologia (ou tomaram muitos cogumelos) sabem que existe uma diferenca entre os cogumelos alucinogenos e os venenosos…

Alice no País das Maravilhas:

Alice mergulha em mundo um fantástico e nada comum, onde perde a essência e a identidade (ao não ter certeza sobre o nome), a noção de tempo. Vivencia um mundo de efeitos e mais efeitos, uma vida que é repleta de devir e de maravilhas. Vivencia o sentido como atributo do estado das coisas.

Smurfs:

Os paranóicos de plantão garantem que o desenho dos Smurfs é sobre psicoativos. Gargamel seria um usuário de LSD e chá de cogumelo (os Smurfs moram em cogumelos) que, em seus delírios, vê homenzinhos azuis com roupas brancas.

Beatles:

A própria música Lucy in the Sky with Diamonds, remete as siglas LSD.

Pink Floyd:

Apenas ouça o CD

Textos adaptados da internet.

Drogas nem morto!


DROGAS, NEM MORTO. Essa é uma das campanhas publicitárias mais idiotas que eu já vi. Pior que isso são as pessoas que apoiam essa merda de campanha. Existe uma comunidade no orkut.
As pessoas conseguem ser extremas e superficiais. Irei dar uma prévia aqui do fórum de discursão.

R.A.F.A.E.L

vc prefere morrer ou usar drogas? 7/30/2005 12:32 AM
eu prefiro morrer
__

Chuck

MorreR? 9/29/2005 6:46 PM

prefiro morre dignamente trabalhando e vicendo, do que morrer drogadu, fumanu erva…..
__

Anônimo

Morrer ou usar drogas? 10/24/2005 7:11 AM

Prefiro morrer dignamente do q ser escravo das drogas e desonrrar a minha família. A droga só tras coisas ruins pra gente mais olha só:
se eu morrer, vou acabar com a minha família do mmsmo jeito
mais se eu usar drogas, eu posso tentar parar e não vou deixar tantas mágoas para a minha família

To em duvida, não sei.
__

Dulce Carolzinha

meu!   4/16/2006 10:27 AM

é lógico que é morrer!
sabem pq??
pq dos dois jeitos vc morre!
eu prefiro morrer normalmente.
pq morrer com drogas é mto pior!
pelo menos vc morre em paz sem usar drogas!

________
Mr.Sandino: A palavra DROGA já é errada por si própria.
O que é DROGA? Bem, deixa-me procurar no dicionário.

droga
dro.ga
sf (fr drogue) 1 Designação comum a todas as substâncias ou ingredientes aplicados em tinturaria, química ou farmácia.
2 gír Coisa ruim, imprestável.
3 Reg (Nordeste) Diabo.
interj Excla­mação que exprime frustração no que se está fazendo.
Dar em drogas: dar em nada; ter mau êxito; arruinar-se; malograr-se.

sf (fr drogue) 1 Designação comum a todas as substâncias ou ingredientes aplicados em tinturaria, química ou farmácia. : Ou seja, nada de novalginas, cebions, aspirinas e nem pensem em pintar suas casas
com tinta coral.
Ao pé da letra: Remédios, nem morto!

2 gír Coisa ruim, imprestável. : Isso é tão amplo e relativo. Uma coisa ruim pode variar de nazismo até o pai da sua namorada, porém a sua namorada adora o pai dela. Depende do interpretador e do objeto em questão.
Ao pé da letra: Coisa ruim, nem morto.

3 Reg (Nordeste) Diabo. : Sem comentários.
Ao pé da letra: Diabo, nem morto.

Conclusão: Como vocês puderam ver, a palavra droga já meio fora de contexto e desvirtuada. Dizer que Cogumelo e Cocaína são DROGAS é querer deixar tudo muito igual,
seria o mesmo que falar que, Coelho e Urubu são iguais pois são ANIMAIS.