Os Efeitos Paradoxais do LSD, explicados por cientistas

Uma renderização artística da experiência psicodélica. Cientistas dizem que o LSD tem efeitos psicológicos paradoxais.
Uma renderização artística da experiência psicodélica. Cientistas dizem que o LSD tem efeitos psicológicos paradoxais.

O LSD pode causar um estado de psicose temporário, mas também pode levar a um bem-estar mental melhorado.

Drogas psicodélicas como o LSD tem o poder de mudar radicalmente a consciência, dando surgimento a uma série de efeitos psicológicos que são positivos, negativos, místicos e simplesmente esquisitos.

As pesquisas da última década mostraram que a psicoterapia assistida com LSD pode potencialmente tratar uma série de doenças mentais, incluindo a depressão, o vício, e ansiedade no período final da vida. Por outro lado, os cientistas também usaram o LSD para replicar os efeitos da psicose.

Mas se o LSD reproduz as características de um estado mental não saudável – psicose de estágio inicial – como ele pode melhorar a saúde mental a longo prazo?

Novas pesquisas apontam para uma resposta. Um estudo do Imperial College London publicado no último dia 5 na revista Psychological Medicine confirma que o LSD produz efeitos paradoxos, incluindo sintomas semelhantes a psicoses e bem-estar psicológico. Esses efeitos podem ser o resultado da tendência que esse fármaco tem de causar “maleabilidade cognitiva”, a qual os pesquisadores descrevem como uma espécie de flexibilidade mental melhorada.

“Existe provavelmente um ponto chave no equilíbrio de pensar entre a flexibilidade de um lado – a habilidade de ser adaptativo e criativo – e no outro lado, ser capaz de focar e ser organizado”, disse ao Huffington Post o Dr. Robin Carhart-Harris, um pesquisador psicodélico e autor líder da publicação.

“De alguma maneira, é assim que a consciência comum age quando você está saudável – você atinge esse ponto chave. Talvez os psicodélicos tendam a empurrá-lo um pouco mais para o lado criativo e adaptativo”, ele falou.

Embora sua mente seja flexível, Carhart-Harris explicou, você pode correr o risco de psicose: “Ideias que estão sendo geradas sem ter uma ancoragem sólida na realidade ou na lógica.”

[su_pullquote]Talvez os psicodélicos tendam a empurrá-lo um pouco mais para o lado criativo e adaptativo”

Dr. Robin Carhart-Harris, do Imperial College London

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Os 20 indivíduos adultos saudáveis que participaram na pesquisa passaram por duas seção de laboratório separadas por um período de duas semanas. Todos receberam 75 microgramas durante uma seção e um placebo durante a outra seção.

Os pesquisadores utilizaram um questionário de estados alterados de consciência para medir as “experiências espirituais, ansiedades, imaginário complexo e outros efeitos comuns das drogas psicodélicas” de cada paciente. Eles também utilizaram um questionário separado para acompanhar os sintomas semelhantes à psicose.

Como previsto, o LSD aparentou produzir resultados psicológicos contraditórios e significativos nos participantes da pesquisa, aumentando sua flexibilidade mental e melhorando o seu humor ao mesmo tempo em que levou a alguns sintomas que lembraram psicoses.

Duas semanas após cada seção, os participantes preencheram dois questionários sobre suas personalidades e tendências em relação ao otimismo e à desilusão. Suas respostas sugerem que eles se tornaram mais otimistas e de mente aberta, expressando grande curiosidade intelectual e sede de conhecimento e experiência. O seu pensamento não pareceu se tornar mais ou menos delirante, os pesquisadores observaram.

O que está acontecendo com o cérebro para que esses resultados sejam observados? Em outro estudo recente, a mesma equipe de pesquisa no Imperial College examinou como o LSD leva à “perda do ego” e produz um estado semelhante à psicose. Suas descobertas mostraram que o LSD faz isso reduzindo a conectividade dentro das redes cerebrais, e aumenta a conectividade entre as redes cerebrais que normalmente não interagem.

Essas mudanças na conectividade podem ser a resposta para a “perda cognitiva” que os pesquisadores mencionam. Essas mudanças também podem ilustrar como os psicodélicos como o LSD e a psilocibina (encontrada nos cogumelos mágicos) podem ter efeitos terapêuticos a longo prazo, embora inicialmente pareçam produzir um estado mental de psicose.

Um estudo da John Hopkins mostrou que adicionalmente aos efeitos terapêuticos conhecidos de drogas psicodélicas para várias doenças mentais, uma sessão simples de psilocibina pode gerar experiências místicas que resultam em efeitos positivos permanentes na personalidade – notavelmente, uma maior abertura a novas experiências. Outros estudos sugerem que os psicodélicos podem ajudar a reduzir a ansiedade e as chances de suicídio.

“Seria errado exagerar na relação existente entre os psicodélicos e a psicose, por que durante o estado psicodélico agudo, pode haver uma clareza surpreendente”, Carhart-Harris notou. “As pessoas podem ter insights genuínos”.

A pesquisa foi conduzida pelo Beckley/Imperial Research Programme.

Fonte

Essas Abelhas Himalaias Produzem Mel Psicodélico!

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Nas profundezas das florestas nos Himalaias, vive a maior abelha do mundo, que passa a maior parte de sua vida produzindo um mel psicodélico que irá alterar a sua mente. Esse mel particular é muito valorizado pelos habitantes locais no Nepal e na China, e os coletores arriscam suas vidas para coletar e vender esse mel para os homens ricos da Ásia e os turistas curiosos que frequentam a área. O que torna esse mel psicodélico tão desejado e especial?

O mel psicodélico, que também é conhecido como mel vermelho, é o produto da abelha de penhascos Himalaia (Apis dorsata laboriosa) Essa abelha é a maior do mundo, tendo cerca de 3 centímetros, e são uma sub-espécie da abelha comum (Apis dorsata). Essa abelha de altitude é a única na região que tem acesso a flores de Rododendro, que produzem o mel psicodélico que depois é vendido na região.

Muitas espécies de Rododendros contém o que é chamado de toxina anon cinza, que as torna muito venenosas para os seres humanos. Porém, nas montanhas do Himalaia, que consistem de Yunnan (China), Butão, Nepal e Índia, essa abelha rara reside logo ao lado dos Rododendros (Rhododendron luteum e Rhododendron ponticum) que são as flores que elas tendem a coletar o néctar.

abelhas_psicodelicas_2O mel que é produzido do néctar que as abelhas obtém das flores de Rododendro tendem a vir com propriedades extremamente potentes. O mel vermelho, ou o que algumas pessoas chamam de mel da loucura, é conhecido por conter um alucinógeno extremamente potente que é utilizado como uma droga recreativa, mas também uma medicinal. Esse mel particular é conhecido por ter um efeito muito eficaz na cura de diabetes e performances sexuais pobres, até mesmo a hipertensão, mas somente se ingerido em pequenas doses. Se consumido em dosagem muito alta, esse mel alucinógeno pode se tornar extremamente tóxico e em alguns casos, até mesmo fatal.

Em doses baixas entretanto, o mel se torna um alucinógeno, dando sensações de tontura agradáveis e um relaxamento juntamente com uma sensação de formigamento. Mesmo tendo a propriedade de ser alucinógeno, não há muita literatura científica tratando dos efeitos do mel no organismo humano.

abelhas_psicodelicas_3Quando esse mel é consumido em altas doses, ele tende a causar envenenamento por Rododendro, ou intoxicação pelo mel, que é descrita como fraqueza muscular progressiva, irregularidades cardíacas e crises de vômito.

O exército do rei Mithridates no ano 67aC usava esse mel como uma espécie de arma química natural: deixavam grandes pedaços da colméia onde o exército romano invasor os pudessem encontrar. Não é necessário dizer que enquanto o exército invasor inteiro estava sob os efeitos do mel, eles eram facilmente derrotados.

Embora as propriedades do mel alucinógeno tendam a variar entre agradáveis e perigosas, todas elas são devido à toxina anon cinzas que estão contidas no mel, essas derivadas dos Rododendros locais.

O que são Toxinas Anon Cinzas no Mel Psicodélico?

Elas são um grupo de toxinas que tendem a ser produzidas pelos Rododendros e outras plantas da família da Ericaceae. Uma vez que esse tipo de mel tem efeitos intoxicantes e medicinais, ele tende a alcançar um preço muito alto, que algumas vezes chega a ser cinco ou quatro vezes o preço do mel comum.

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Embora as abelhas estejam em locais de difícil acesso para os habitantes locais, por causa das montanhas himalaias que atingem altitudes de mais de 2500 metros. As abelhas geralmente constroem ninhos gigantescos que são construídos em rochedos do Sul.

O tamanho desses ninhos pode se tornar extremamente grande e pode atingir até 1 metro e meio de diâmetro e conter aproximadamente 60kg de mel, o que aumenta a dificuldade na coleta do mel dos favos. Os locais geralmente coletam duas levas do mel, uma na primavera e outra no outono, entretanto somente o mel coletado na primavera é o que tende realmente a ter efeitos.

Abaixo, um documentário (sem legenda ainda – em tradução) nos ajuda a ter a perspectiva dos desafios que esses habitantes locais passam para obter e colher esse mel raro e altamente alucinógeno.

Traduzido de: eWAO

 

DMT e seus Efeitos – Análise Completa da Substância

DMT – Tudo sobre a molécula

A Molécula de DMT

Início dos Efeitos: 15 – 60 segundos
Duração: 5 – 20 minutos
Duração dos efeitos perceptíveis após o pico : 15 – 60 minutos

Dosagem limiar : 2 – 5 mg (2 – 5 miligramas)
Dosagem leve: 10 – 20 mg
Comum : 20 – 40 mg
Forte : 40- 60 mg
Pesada: 60+ mg

DMT é um psicodélico encontrado naturalmente da família da triptamina. Ele trabalha como um antagonista parcial para diversos receptores serotoninérgicos. o DMT tem uma alta afinidade com o receptor de serotonina 5-HT2A no cérebro onde ele imita os efeitos da serotonina (5-hydroxitriptamina, ou 5-HT). Sua presença é muito comum no reino das plantas e ocorre em quantidades de traço nos mamíferos (incluindo humanos) onde ele funciona como um neurotransmissor muito raro.

Ele trabalha como um psicodélico fumável de curta duração que gera uma viagem curta de somente cinco a dez minutos de duração. Apesar dessa curta duração, é ainda assim universalmente considerado por qualquer que o tenha experimentado em um ambiente positivo como uma das mais incríveis experiências que um ser humano poderia ter.

A experiência é vastamente diferente de tudo o que uma pessoa experimentou previamente, e as circunstâncias mais sóbrias possíveis nunca poderiam se assemelhar em termos de profundidade e intensidade.

O DMT  é degradado pela enzima monoamina oxidase através de um processo chamado desaminação, e portanto é uma molécula inativa se tomada oralmente, a não ser que combinada como um um inibidor da monoamina oxidase (MAOI) tais como a harmalina ou um inibidor reversível da monoamina oxidase A (RIMA) como por exemplo a harmina. É assim que o DMT é ingerido tradicionalmente nas tribos sul-americanas, através de um chá conhecido como Ayahuasca, que possui uma análise completa aqui (em breve).

A experiência como DMT contém uma gama completa e complexa de efeitos que são baseados no potencial dos efeitos subjetivos, que podem ser encontrados aqui. A molécula agora será descrita e analisada.

Efeitos Físicos do DMT

Os efeitos físicos do LSD podem ser divididos em dois componentes, em que ambos são progressivamente intensificados proporcionalmente à dosagem. Eles estão descritos abaixo e geralmente incluem:

  • Sensações táteis espontâneas – Os efeitos corporais do DMT podem ser descritos como um brilho agradável, quente e macio. Ele mantém uma presença consistente que rapidamente aumenta e atinge seu limite uma vez que o pico é atingido. Ele é capaz de se tornar muito poderoso em dosagens altas e permanece por até meia hora uma vez que a viagem tenha acabado.
  • Mudanças na gravidade – Em dosagens altas, sensações de ser catapultado por longas distâncias e em velocidades aceleradas são muito comuns.

Efeitos Cognitivos do DMT

Os efeitos mentais do DMT podem ser descritos como extremamente sóbrios e claros em seu estilo, quando comparados com outros psicodélicos comumente usados como o LSD, psilocina ou até mesmo Ayahuasca. Ele contém uma quantidade limitada de efeitos cognitivos típicos.

Os efeitos mais proeminentes geralmente incluem:

  • Aprimoramento do estado mental atual
  • Remoção do filtro cultural
  • Sensações de fascinação, importância e despertar
  • Rejuvenescimento
  • Comunicação direta com o subconsciente
  • Supressão, perda e morte do ego
  • Estados de união de interconexão.

O DMT em sua forma fumável é talvez o psicodélico psicologicamente menos intoxicante. É devido à essa falta de intoxicação mental que muitas pessoas descrevem essa molécula não como uma viagem induzida por uma substância, mas uma experiência genuína que está realmente acontecendo com eles. É interessante notar que muitas pessoas reportam que o DMT contém menos insights pessoais em comparação com psicodélicos oralmente ativos como ayahuasca, LSD e psilocibina, devido aos seus efeitos de curta duração.

Efeitos Visuais do DMT

Aprimoramentos

O DMT apresenta uma gama completa de aprimoramentos visuais que geralmente incluem:

  • Aumento na acuidade visual
  • Aprimoramento das cores
  • Aprimoramento do reconhecimento de padrões.

Distorções

Em relação às alterações e distorções visuais, os efeitos experimentados são detalhados abaixo:

  • Efeitos de distorção (Derretimento, Respirar, Fundir e Fluir) – Em comparação com outros psicodélicos, esse efeitos pode ser descrito como altamente detalhado. As distorções são lentas e suaves em seu movimento, e estáticas na sua aparência.
  • Rastros
  • Imagens persistentes
  • Repetição de texturas
  • Mudança de cores
  • Divisão do cenário

Geometria

A geometria visual que é apresentada durante a viagem pode ser descrita como mais similar em aparência à psilocibina que o LSD. Ela pode se compreensivelmente descrita como estruturada em sua organização, orgânica em seu estilo geométrico, intrincada em sua complexidade, maior em tamanho, mais rápida e fluida em movimento, colorida no esquema, brilhante nas cores, proporcionais e com bordas afiadas e com cantos angulares e arredondados. Em dosagens elevadas, a geometria tende a ser significativamente mais semelhante ao resultado dos estados visuais 7B do que 7A.

A geometria presente no DMT fumável é com frequência considerada a geometria mais profunda, intrincada e complexa encontrada em toda a experiência psicodélica. Em comparação com o DMT oralmente ativo (ayahuasca), elas são mais digitais em sua aparência e contém um esquema de cores que é similar ao LSD, mas são estruturadas em um estilo semelhante à altas dosagens de psilocibina.

O DMT é o mesmo princípio ativo da Ayahuasca, um chá consumido por índios sul-americanos.

Estados Alucinatórios

  • O DMT produz uma série de estados alucinatórios elevados que são mais consistentes e reproduzíveis do que qualquer outro psicodélico conhecido. Esses efeitos incluem:
  • Alucinações externas
  • Alucinações internas – Esse efeito particular contém normalmente alucinações com cenários, ambientes, conceitos e contatos com entidades autônomas. Eles são mais comuns em ambientes escruos e podem ser descritos como internos em sua manifestação, lúcidos em sua credibilidade, interativos em seu estilo e quase exclusivamente de natureza religiosa, espiritual, mística ou transcendental.

Efeitos Auditivos do DMT

Os efeitos auditivos do DMT são comuns em sua ocorrência e exibem uma gama completa de efeitos que comumente incluem:

  • Aprimoramentos
  • Distorções
  • Alucinações

Estágios Progressivos do DMT

Agora que o básico de toda viagem foi discutido, nós podemos adentrar nos quatro diferentes estágios de uma experiência com DMT e explicar como elas são.

O Primeiro Estágio: A Decolagem

O primeiro passo de uma viagem com DMT é o aumento da intensidade dos efeitos, até o rompimento com a realidade. Isso é algo que parece ter pelo menos alguns diferentes meios de se apresentar para um viajante assim que ele começa a fumar o DMT.

A primeira coisa que o usuário nota é uma gama de aprimoramentos visuais extremamente distintos e mais notavelmente, um aumento na acuidade visual e intensidade das cores.

Isso é seguido por efeitos de geometria nível 3, os efeitos corporais incluem seu corpo ser agradavelmente dobrado em todas as direções ao mesmo tempo a partir do interior.

Esse fenômeno é geralmente acompanhado por um som crepitante e um tom extenso que aumente de volume e frequência proporcionalmente à intensidade dos efeitos visuais. Esse som é apenas um entre outros efeitos de “decolagem” experimentados.

Entre eles:

  • sensações de ser repentinamente empurrado através de uma membrana;
  • o ambiente em que você está se divide em dois deixando um abismo infinito escancarado, cheio de efeitos visuais de movimentação extremamente rápida, assim que você se separa de seu corpo.
  • Aumento da geométrica visual até o ponto em que ela se torna tão envolvente que nada do ambiente é reconhecido mais.

Isso acontece no espaço de 30 segundos a um minuto, e leva diretamente para o segundo estágio de uma viagem de DMT. Uma aproximação do som crepitante e do tom agudo pode ser escutada abaixo:

O Segundo Estágio: A Sala de Espera

Quase que imediatamente após um usuário ter fumado DMT suficiente para “decolar”, ele com frequência se encontra passando um breve período de tempo no que é descrito como uma “sala de espera psicodélica”, ou uma “tela de carregamento”. Essa sala pode ter qualquer forma, mas geralmente toma a forma de um túnel ou um espaço limitado tomado de geometria visual que dura aproximadamente 10-20 segundos e passa uma sensação distintivamente diferente do resto da viagem.

Essa sensação distinta leva a alguns usuários especularem que esse quarto, ou momento, é alguma forma de “carregamento” da viagem, e é durante esse momento que a viagem que você tem pela frente está sendo gerada e planejada.

O quarto de espera se constrói rápido mas imediatamente começa a desaparecer e se transformar no terceiro e mais importante estágio.

O Terceiro Estágio: O Outro Lado

Uma vez que o período de espera tenha acabado e a viagem tenha sido gerada, o usuário irá sentir que conseguiu passar para o “outro lado”. É aqui que literalmente qualquer coisa pode acontecer a você, mas apesar disso, a maioria das viagens parecem seguir alguns arquétipos e roteiros extremamente comuns que acontecem quase que universalmente com as pessoas que tenham experimentado DMT.

Esses geralmente consistem em visitar um realidade alternativa que é tão real que está melhor definida do que a vida real. Geralmente, isso se dá com entidades autônomas múltiplas que se apresentam diante de você. Essas entidades aparentam estar esperando por sua chegada, e não ficam impressionadas coma chegada do viajante em sua dimensão.

Elas imediatamente começam a recebê-lo e saudá-lo com braços abertos, passando um sentimento de profunda preocupação com o que precisa ser mostrado ao usuário no curto período de tempo até o final da trip.

Nesse ponto é muito comum que o viajante (a não ser que ele seja muito inexperiente) fique completamente fascinado pela natureza do que está acontecendo com eles apesar de se sentirem completamente sóbrios mentalmente, muitas vezes gritando de maravilhamento ao mesmo tempo em que as entidades lhe encorajam a ficar calmo, não cair no espanto e simplesmente tentar prestar atenção ao que está acontecendo. É aqui que eles começam a se comunicar com você usando uma variedade de diferentes métodos tais como manipular diretamente o que você pode ver e visualizar, transmitindo informações telepaticamente para você, utilizando uma linguagem visual de puro significado linguístico ou matemático, ou uma combinação dos dois. É através disso que eles ensinam a sua mensagem ou mostram o que eles querem para você.

O DMT tem profunda ação na psiquê humana.

Essa mensagem é com frequência algo pessoal para você ou algo que somente se aplica à lógica do universo em que ela foi ensinada, se tornando impossível aplicar o conhecimento em sua vida real. Essas entidades com frequência são oniscientes e podem tomar qualquer forma, mas algumas são de aparência comum a vários viajantes. Essas formas geralmente incluem humanóides extremamente inteligentes e sem corpo, alienígenas, elfos, insetóides, esferas gigante, seres de luz, plantas e máquinas robóticas complexas.

Com a mesma velocidade com que os efeitos começam, após alguns minutos eles começam a lhe deixar, no estágio final da viagem.

O Quarto Estágio: O Pouso

O estágio final é experimentado como a sensação de ser afastado cada vez mais do cenário em que você estava colocado, e as entidades com frequência acenam despedidas e o encorajam a voltar quando você tiver a chance.

Uma vez que esse efeito acaba, você acaba se encontrando imediatamente de volta na realidade com efeitos geométricos visuais fortes de nível 4 – 5. Isso é acompanhado por uma sensação de euforia incrível e uma admiração que satura todas as partes de seu corpo e mente. A geometria visual permanece por 1 – 15 minutos antes de desaparecer completamente, deixando efeitos corporais que permanecem por até uma hora. Esse afterglow é sentido como uma alegria quente, acompanhada de uma sensação de bem estar e claridade mental que pode permanecer por semanas após uma boa viagem.

Efeitos na Saúde, Potencial para Dependência e Tolerância

Similarmente a outras drogas psicodélicas, existem relativamente poucos efeitos colaterais físicos associados com a exposição adequada ao DMT. Vários estudos demonstraram que em doses razoáveis em um contexto cuidadoso, ele apresenta nenhuma consequência negativa, tanto em termos cognitivos, psiquiátricos ou tóxicos. Em ratos, a dose letal média (LD50) de MDT quando administrado intra venalmente é de 110 miligramas por quilo (mg/kg). Isso significa que 6,6 gramas de DMT puro deveriam ser fumados para que uma pessoa de 60 quilos atingisse a dosagem LD50 de 110mg/kg dos ratos. Isso é aproximadamente 110 vezes a dosagem usual de 60mg.

O DMT não é fisicamente viciante e muitos usuários apresentam uma auto-regulação para o uso da substância.

Em temos de tolerância, a do  DMT fumado aumenta rapidamente, mas também decai rapidamente. Você deve esperar pelo menos uma hora entre as viagens para aguardar a diminuição da tolerância.

Equívocos

Antes de finalizarmos esse artigo, vamos apontar alguns equívocos e misticismos extremamente comuns que envolvem essa substância por toda a internet. Esses equívocos envolvem a crença de que o DMT é naturalmente produzido na glândula pineal e é rotineiramente liberado todas as noites quando sonhamos, no momento do nascimento e no momento da morte. Não existe nenhuma evidência científica conclusiva que ele é liberado durante os sonhos, nascimento e morte. Apesar disso, muitas pessoas na internet afirmam essas informações com frequência.

Essas ideias foram hipotetizadas pela primeira vez por Rick Strassman no livro DMT: A Molécula do Espírito e foram então popularizadas por Terence Mckenna e Joe Rogan.

Isso não é algo que o consenso científico apóia, mas como mencionado anteriormente, foi provado conclusivamente que traços de DMT foram encontrados no sangue, urina e fluido espinal cerebral de alguns mamíferos incluindo os humanos. o DMT também foi encontrado nas glândulas pineais de ratos, mas isso não significa que temos qualquer motivo para acreditar que essa substância é liberada durante o nascimento, morte e sonhos.

Parar a disseminação da pseudociência e desinformação na comunidade psicodélica é importante se quisermos que nossa posição seja levada com seriedade, então isso é algo que não deve ser tolerado.

Conclusão

As coisas experimentadas com essa substância são incríveis e completamente desafiadoras da lógica, e se um objeto simples pudesse de alguma maneira ser trazido ao mundo real daquelas realidades, nada seria o mesmo devido à possibilidade de esse objeto romper a realidade instantaneamente.

DMT é a substância que as pessoas estão procurando quando compram Salvia divinorum sem saber o que esperar. Ela é como que o pináculo da experiência psicodélica, e apesar disso, poucas pessosa fora da comunidade psicodélica já ouviram falar dessa substância. É dito que o DMT não é somente mais forte do que você supõe, mas mais estranho do que você possa supor.

Fonte

Psicodélicos – Uso Responsável e Evitando Bad Trips

Esse artigo está escrito com ênfase em psicodélicos, mas é relevante para qualquer experiência com qualquer substância. Ele é dedicado a providenciar um guia de instruções compreensivas nas variedades de fatores que devem ser considerados antes de ter uma experiência com substâncias psicoativas de uma maneira segura e responsável. Esses fatores individuais são listados abaixo:

Efeitos dos Psicodélicos

É importante saber com antecedência e de forma detalhada e compreensível, a duração, farmacologia, efeitos subjetivos e potenciais efeitos adversos que a substância ou a mistura de substâncias poderá induzir. Existem muitas fontes online para o aprendizado e referências em relação a esse aspecto do uso de psicodélicos. Se uma análise completa de sua substância específica foi escrita, você irá encontrá-la na Biblioteca de Substâncias. Você também pode pesquisar alguns relatos de viagens em fóruns e grupos na internet.

Se você já conhece os efeitos exatos da droga com antecedência, então você já sabe o que esperar. Isso é algo que reduz significativamente as chances de uma experiência negativa através da prevenção de circunstâncias não esperadas.

Dosagem dos Psicodélicos

Uma regra extremamente importante quando se trata de usar psicodélicos com responsabilidade é evitar ao máximo dosagens com as quais você não está familiarizado ou confortável. Um usuário sem experiência deve sempre começar com baixas dosagens com o objetivo de aumentar para dosagens maiores gradativamente, assim que ele se sentir confortável para tanto. Isso deve ser feito aumentando levemente a dosagem em cada experiência separada, e não dando passos grandes para o desconhecido. Agir dessa maneira permite que as pessoas tenham uma sensação da substância que elas estão utilizando em um setting controlado antes que elas mergulhem em estados mais profundos. Isso minimiza o risco acidental de uma experiência negativa enormemente, e embora guias de dosagens existam, todo mundo reage de uma maneira diferente para cada substância dependendo de sua tolerância pessoal e neuroquímica.

Setting

Esse com certeza é um ótimo setting :)
Esse com certeza é um ótimo setting 🙂

Escolher um local apropriado e seguro para uma pessoa ter a experiência com a substância é extremamente importante e lidera um grande fator em determinar o resultado da viagem. O melhor local para um usuário sem experiência é um ambiente familiar, seguro e abrigado que é completamente livre de alguns fatores que podem causar uma influência negativa direta. Esses fatores incluem:

  • Ter certeza que o usuário esteja completamente livre de responsabilidades durante a experiência e no dia seguinte, uma vez que a tarefa mais simples irá se tornar extremamente difícil e algumas vezes estressantes sob a influência de certas substâncias. O usuário deve estar relaxado e permanecer confortável, sem realizar nenhuma atividade que exige concentração. Isso inclui dirigir e operar maquinaria pesada por razões óbvias.
  • Evitar pessoas que são irrelevantes e que não devem estar presentes durante a experiência. Isso inclui pais que estão dormindo na mesma casa e amigos que não são de extrema confiança e compreensão. A mera presença de pessoas pode ser uma indutora de ansiedade para muitos indivíduos.
  • Evitar ambientes potencialmente perigosos, barulhentos, não familiares, e ambientes públicos. Essa medida é muito óbvia, porém com frequência ignorada. Você como um usuário não-experiente não deve estar sob a influência de substâncias alteradoras da mente em um centro urbano, festas ou em bares sob nenhuma circunstância.
  • Evite vibrações negativas de qualquer tipo. Isso pode parecer óbvio, mas não assista a filmes assustadores ou desagradáveis, e não escute música desagradável. Se vibrações negativas estão envolvendo a experiência, elas podem ser suprimidas mudando-se rapidamente o ambiente. Por exemplo, se alguém estiver com a luz apagada, levante-se e ligue as luzes, mude a música ou mova-se para uma área diferente e pensamentos negativos serão imediatamente reduzidos.

Uma vez que a pessoa tenha se tornado familiar com a sua substância de escolha e consciente de seus próprios limites,  cabe inteiramente a ela como indivíduo decidir se elas estarão confortáveis viajando em ambientes mais recreativos como a natureza, encontros sociais, festar, raves, etc. O usuário sem experiência, entretanto, deve sempre procurar um quarto seguro e confortável, em sua própria casa ou na de amigos. A experiência deve ser privada, com músicas calmas, assentos confortáveis e comida/água disponíveis.

Estado da Mente

Um dos fatores mais importantes para serem considerados como um usuário inexperiente é o seu estado de mente atual. Muitos psicodélicos aumentam o estado mental, emoções e perspectiva geral do mundo do indivíduo, de formas que muitas vezes podem ir em uma direção positiva e eufórica, ou em uma direção negativa, terrível e cheia de ansiedade. É por causa disso que muitas substâncias não devem ser utilizadas pelo usuário sem experiência durante períodos estressantes ou negativos de sua vida, e os eles devem estar completamente conscientes dos meios em que psicodélicos e outras drogas, particularmente alucinógenos, consistentemente forçam a pessoa a encarar e lidar com os problemas introspectivos pessoas com os quais todos os seres humanos são atormentados.

Durante a experiência em si o usuário deve deixar ir e permitir que os efeitos tenham o controle. O usuário deve tomar o assento metafórico do passageiro, e nunca tentar controlar qualquer parte da experiência. É extremamente importante que as pessoas simplesmente relaxem e absorvam as coisas na medida em que surgem. O usuário deve entender que o ato de viajar é com frequência inefável e incompreensível em dosagens elevadas, o que significa que a aceitação de não ser capaz de entender o cenário completo do que está acontecendo deve estar presente todo o tempo. Deve-se abraçar o fato que os processos de pensamento, embora mais perspicazes em locais físicos, serão sempre prejudicados, juntamente com o controle motor, habilidades de conversação e funcionamento geral. Isso é algo que o usuário deve visualizar como normal e não se sentir auto-consciente ou inseguro na presença de outros.

Acompanhantes das viagens

A presença de um acompanhante sóbrio e responsável é fortemente recomendada quando um indivíduo inexperiente ou um grupo de indivíduos inexperientes experimentam com um psicodélico não-familiar. É responsabilidade dessa pessoa auxiliar o indivíduo ou o grupo mantendo um estado mental racional e responsável. Isso deve ser feito simplesmente assistindo os viajantes e calmamente os tranquilizando se eles experimentarem qualquer ansiedade ou estresse, ao mesmo tempo em que eles são prevenidos de acidentes ou ferimentos. Muitas vezes, acompanhar usuários de psicodélicos se assemelha muito a cuidar de crianças como uma babá, pois é uma responsabilidade que deve ser levada com a mesma seriedade.

Um bom acompanhante de viagens deve estar seguro de uma série de coisas durante a experiência. Eles devem permanecer sóbrios e devem ser capazes de simpatizar com a situação dos membros do grupo através de experiências pessoais com o psicodélico, substâncias similares ou pelo menos muita pesquisa sobre seus efeitos. É importante entender que quando uma pessoa está viajando, ela muitas vezes não poderá se comunicar como geralmente fazem. Além disso, o equilíbrio e localização espacial podem estar prejudicados, então dar assistência na realização de tarefas físicas pode reduzir a ansiedade.

Uma vez que o indivíduo tenha se familiarizado com a experiência, cabe a ele decidir se se sente confortável o suficiente para viajar sem a presença do acompanhante.

Âncoras

 

Algumas âncoras são visíveis em torno de Terence Mckenna.
Algumas âncoras são visíveis em torno de Terence Mckenna. Âncoras são objetos ancestrais na cultura dos psicodélicos.

Uma âncora, no contexto do uso de alucinógenos pode ser definida como uma atividade ou objeto físico que mantêm o indivíduo conectado à realidade durante momentos de alta supressão e distorção do senso de tempo, espaço, linguagem, ego e memórias de curto/longo prazo. Em dosagens mais elevadas, isso pode resultar em extrema desorientação e confusão. Âncoras são geralmente usadas para evitar esse fenômeno e manter o conceito de “situação real” , ou seja, mostrar para o viajante que ele está em outra realidade. Alguns exemplos de âncoras incluem:

Música familiar e animadora.

Um objeto ou gravura extremamente pessoal.

Repetição contínua de uma palavra ou som como um mantra.

Escrever um lembrete legível em um pedaço largo de papel e deixá-lo perto do campo de visão durante a viagem. Lembretes comuns incluem o nome da substância juntamente com a sua dosagem e frases como “Você está apenas viajando”. O mesmo princípio pode ser usado para escrever no corpo ao invés de pedaços de papel.

Um item da vestimenta ou acessório que somente é utilizado durante as viagens psicodélicas, e portanto está associado com o ato de viajar.

Tolerância e abuso

Se uma pessoa for utilizar um psicodélico responsavelmente, a frequência que ele utiliza deve ser monitorada com atenção, embora muitos dos psicodélicos clássicos são fisicamente benignos independentemente da frequência de uso, por que vêm com uma tolerância embutida que previne o uso mais frequente que uma vez por semana. Porém, isso não ocorre com todos os alucinógenos, delirantes e dissociativos e alguns psicodélicos podem vir com efeitos adversos na saúde. Esses psicodélicos por sua vez devem ser individualmente pesquisados antes do consumo. Sem mencionar que qualquer psicodélico pode causar problemas na saúde psicológica do indivíduo se usado com frequência. Lembre que o uso de substâncias se torna um vício quando os efeitos negativos começam a ofuscar os positivos, mas mesmo assim o usuário continua a utilizá-la.

É importante notar que o indivíduo deve prestar mais atenção em não somente ter a certeza que as drogas não fiquem no caminho de suas responsabilidades. O abuso de substâncias pode ser evitado entendendo que a vide não deve ser composta por um único interesse. Se a vida de uma pessoa se torna exclusivamente dedicada para qualquer coisa, incluindo drogas e tudo o mais, ela começa a se tornar sem sentido. O objetivo é se manter interessado nessas substâncias ao mesmo tempo garantindo que hobbies e interesses sejam ampliados para outras áreas, tais como a pessoal, intelectual e criativa. As drogas devem ser auxiliadoras na apreciação das coisas que já existem na vida, e não substituir as coisas que existem na vida.

Conclusão

Em resumo, uma consideração cuidadosa deve ser tomada antes de ingerir qualquer tipo de psicodélico. Seguindo essas instruções simples minimiza os riscos de uma forma efetiva, permitindo que as pessoas viajem responsavelmente e com pouca sensação de medo.

LSD e seus Efeitos – Análise Completa da Substância

LSD – Tudo sobre a molécula

Molécula do LSD

Início dos Efeitos: 60 – 120 mins
Duração: 6 – 12 hrs
Duração dos efeitos perceptíveis após o pico : 2 – 5 hrs

Dosagem limiar : 20 µg (20 microgramas)
Dosagem leve: 25 – 75 µg
Comum : 50 – 150 µg
Forte : 150 – 400 µg
Pesada: 400+ µg

LSD, ou Dietilamida do Ácido Lisérgico é uma droga semi-sintética da família das lisergamidas psicodélicas. Ele foi sintentizado pela primeira vez por Albert Hoffmann em 1938 a partir da ergotamina que é um químico derivado do ergot, um fungo que se desenvolve no centeio. Na sua forma pura,  é uma substância sem cheiro, e levemente sólida.

O LSD é tipicamente ingerido de forma oral, normalmente na forma líquida ou em um substrato como um papel absorvente que pode ser ingerido ou mastigado.

É uma das drogas mais potentes do mundo, o que significa que quantidades extremamente pequenas são necessárias para que os efeitos surjam. Uma dose simples flutua em torno de 100-500 microgramas (µg) – uma quantidade que é praticamente igual a um décimo do peso de um grão de areia.

O mecanismo que produz os efeitos psicodélicos do LSD é um resultado direto de sua ação como um antagonista do receptor de serotonina 5-HT2A no cérebro, um mecanismo de ação compartilhado por todas as outras triptaminas e fenetilaminas psicodélicas encontradas.

A experiência com essa molécula contém uma série de efeitos complexos que são baseados no potencial dos efeitos subjetivos, que podem ser encontrados aqui. A molécula agora será descrita e analisada.

Efeitos Físicos do LSD

Os efeitos físicos do LSD são moderados, porém são mais fortes do que outras substâncias psicodélicas da família das triptaminas.

Os efeitos físicos podem ser divididos em cinco componentes que são progressivamente intensificados proporcionalmente à dosagem. Eles estão descritos abaixo e geralmente incluem:

  • Sensações táticas expontâneas – Os efeitos corporais do LSD podem ser descritos como proporcionalmente muito intensos em comparação com seus efeitos visuais e cognitivos. O efeito se comporta como uma sensação eufórica, de movimentação rápida e específica a um local. Para alguns essas sensações são manifestadas espontaneamente em pontos diferentemente imprevisíveis durante a viagem, mas para outros elas são uma presença constante que aumenta gradativamente e atinge seu limite uma vez estando no pico da experiência. Em doses moderadas a elevadas de ácido lisérgico, essa sensação atingirá eu maior nível e se tornará tão impressionante que as pessoas podem ficar deitadas no chão em completo prazer.
  • Estímulos – Em termos dos efeitos nos níveis de energia física do usuário, o LSD é geralmente considerado muito energético e estimulante. Por exemplo, quando ingerido em qualquer ambiente, ele irá encorajar atividades f´siicas como corrida, caminhada, escalada ou danças. Em comparação, outros psicodélicos mais comumente utilizados como a são geralmente sedativos e relaxantes.
  • Náusea – Uma leve náusea é ocasionalmente reportada quando consumido em dosagens altas a moderadas e passam instantaneamente quando o usuário vomita ou desaparece gradualmente por si só quando o pico se aproxima.
  • Aumento do controle do corpo
  • Aumento da percepção do tato – Sensações aumentadas de tato são presentes consistentemente em níveis moderadas durante a maioria das viagens com LSD. Uma vez que o nível 7A dos efeitos visuais é atingido (leia mais sobre os efeitos visuais de uma experiência psicodélica aqui), uma sensação como de se tornar consciente de todas as terminações nervosas pelo corpo inteiro ao mesmo tempo é muito comum.

Efeitos Cognitivos do LSD

Os efeitos cognitivos do LSD podem ser divididos em dez componentes que são progressivamente intensificados proporcionalmente à dosagem. Em comparação com outros psicodélicos como a Psilocina, LSA e Ahayuasca, o LSD é significantemente mais estimulante em termos do estilo específico do fluxo de pensamentos que produz e contém um número muito grande de efeitos potenciais.

Os mais proeminentes desses efeitos cognitivos geralmente incluem:

  • Aprimoramento do estado mental comum
  • Aceleração do pensamento
  • Sentimentos de fascinação, importância e despertar
  • Distorção temporal
  • Instrospecção
  • Deja-Vu
  • Múltiplos fluxos de pensamento
  • Remoção do filtro cultural
  • Pensamentos conceituais
  • Supressão do ego, perda e morte do ego
  • Regressão de personalidade
  • Loops mentais e de pensamento
  • Sensações de opostos interdependentes
  • Delírios
  • Estados de união e interconectividade

Efeitos Visuais

Você pode encontrar um guia detalhado sobre os efeitos visuais de uma experiência psicodélica aqui.
Você pode encontrar um guia detalhado sobre os efeitos visuais de uma experiência psicodélica aqui.

Aprimoramentos

O LSD apresenta uma série extensa e completa de aprimoramentos visuais que geralmente incluem:

  • Aumento da acuidade visual
  • Aprimoramento das cores
  • Aumento no reconhecimento de padrões

Distorções

Para as distorções e alterações visuais, os efeitos experimentados são listados abaixo:

  • Efeitos de distorção (Derretimento, Respirar, Fundir e Fluir) – Em comparação com outros psicodélicos, esse efeitos pode ser descrito como mais detalhado porém cartunista em sua aparência. As distorções são lentas e suaves em seu movimento, e fugazes na sua aparência.
  • Rastros
  • Imagens persistentes
  • Repetição de texturas
  • Mudança de cores
  • Divisão do cenário

Geometria

A geometria visual que está presente durante a viagem pode ser descrita como mais similar em aparência às famílias do 2C-B e 2C-X do que a psilocina, LSA ou DMT. Elas podem ser compreensivelmente descritas como desestruturadas na sua organização, digitais e algorítmicas em seu estilo geométrico, com complexidade intrincada, grandes em tamanho, mais ápidas e suaves em movimento, multicoloridas, brilhantes e de cor única, com arestas definidas com ângulos muito grandes. Em dosagens elevadas elas consistentemente resultam em geometria visual de nível 7A.

Estados alucinatórios

O LSD é capaz de produzir uma gama completa de estados alucinatórios fortes e leves de uma forma que é significantemente menos consistente e reproduzível do que muitos outros psicodélicos conhecidos. Esses efeitos incluem:

  • Alucinações externas
  • Alucinações internas – Embora o ácido lisérgico seja tecnicamente capaz de produzir estados alucinatórios de uma forma que está alinhada com a psilocina e o DMT em sua vivicidade e intensidade, em comparação, esses efeitos são extremamente raros e inconsistentes. Enquanto psicodélicos tradicionais como o LSA, Ayahuasca e Mescalina irão induzir alucinações internas com níveis consistentes a um nível 5 para cima, o LSD irá diretamente para o nível 7A da geometria visual. Essa falta de coerência significa que para alguns, ele não gera uma experiência tão profunda como outros psicodélicos.

Efeitos auditivos

Os efeitos auditivos do LSD são comuns em sua ocorrência exibem uma gama grande de efeitos são comumente incluem:

  • Aprimoramentos
  • Distorções
  • Alucinações

Efeitos na Saúde, Potencial para Dependência e Tolerância:

O LSD é geralmente encontrado na forma de blotters.
O LSD é geralmente encontrado na forma de blotters.

Similarmente à outras substâncias psicodélicas, existem poucos efeitos físicos colaterais associados com a exposição adqueada ao LSD. Vários estudos demonstraram que doses razoáveis em um contexto cuidadoso, ele não apresenta nenhum efeito negativo, seja ele cognitivo, psiquiátrico ou fisicamente tóxico. A dose letal em que 50% dos pacientes morrem (LD50) do LSD para seres humanos nunca foi atingida em nenhum setting e é estimada por volta de 12.000 microgramas, baseado em estudos envolvendo ratos em que a dosagem ativa é de 100 a 500 microgramas. Isso significa que uma pessoa que possua blotters muito potentes, cada um com 200 microgramas, deveria consumir pelo menos 60 deles para atingir uma dosagem potencialmente letal. Mantenha em mente que a dosagem comum de LSD encontrada nas ruas é de 100 microgramas ou menos, e qualquer blotter mais forte é particularmente raro.

É importante notar que o LSD não gera hábito de consumo, e o efeito de o usar pode na verdade diminuir com o uso, e ele se torna auto-regulador. A tolerância ao LSD é adquirida imediatamente após a ingestão, prevenindo que você experimente seus efeitos totais mais frequentemente que a cada 4-7 dias (ao menos que você aumente a dose significativamente).

Conclusão

LSD é um dos psicodélicos mais antigos criados pelo homem. Ele pode gerar estados de introspecção profundos que podem ser benéficos. Ele é extremamente terapêutico, mas eventualmente perde seu brilho devido à sua completa falta de estados alucinatórios e efeitos visuais imutáveis de um modo que outros psicodélicos como os cogumelos mágicos não fazem.

O LSD é um psicodélico que eventualmente perde sua mágica, se tornando algo que pode ser melhor aproveitado como um aprimorados de atividades recreativas. Devido à sua natureza estimulante, eufórica e de longa duração, ele é o melhor psicodélico para esse propósito.

Por que os Psicodélicos são Ilegais?

Arte da civilização Minoica, que existiu de ~2700 a.C. até ~1450 a.C.

Terence McKenna via a cannabis, psilocibina, DMT, LSD, e outros psicodélicos como “catalisadores para uma divergência intelectual.” Em seu livro Retorno à Cultura Arcaica (1991), defende sua hipótese de que os psicodélicos sempre foram ilegais “não por causarem transtornos àqueles que se tem visões” mas porque “existe algo a respeito deles que levanta uma dúvida a cerca da realidade.” Isso torna difícil, observou McKenna, para que as sociedades – mesmo as democráticas e especialmente as “dominadoras” – os aceitem, e estamos por viver numa sociedade global do tipo “dominadora”.

McKenna costumava usar os termos “igualitária” e “dominadora” para se referir aos tipos de sociedades e relações. Riane Eisler, cujo trabalho McKenna sempre elogiou, surgiu com essas expressões. Em Retorno à Cultura Arcaica, McKenna escreveu:

[su_quote]Recentemente Riane Eisler na sua importante revisão da história, The Chalice and the Blade, destacou a importância da noção de que modelos de sociedade de “parceria” estão em competição e são oprimidos por formas de organização social “dominadoras”. As culturas dominadoras são hierárquicas, paternalistas, materialistas e de domínio masculino. Sua opinião é a de que a tensão entre essas duas formas de organização social e a superexpressão do modelo dominador são responsáveis pela nossa alienação. Concordo plenamente com os argumentos de Eisler.[/su_quote]

Para entender melhor a visão de McKenna sobre a ilegalidade dos psicodélicos, vamos examinar por que o mundo atual opera na forma dominadora ao invés da igualitária, e o que estes termos significam exatamente. Para isso, vamos partir do trabalho de Eisler, o qual (muito similar ao de McKenna, acredito) expõe de forma elaborada os aspectos da história e da natureza que são deliberadamente suprimidos. Em seu livro O Cálice e a Espada, Eisler argumenta que na maior parte dos últimos ~32.000 anos, os seres humanos viviam em sociedades igualitárias, dentro de uma cultura igualitária global – um modo de vida que é praticamente inimaginável nos dias de hoje.

O Cálice e a Espada (1987) por Riane Eisler

Eisler apresenta os termos igualitário e dominador em sua teoria da Transformação Cultural, a qual propõe que “sob a grande superfície da diversidade cultural humana estão dois modelos básicos de sociedade.” (1) No modelo dominador, metade da humanidade está colocada sobre a outra metade. Uma vez que este viés envolve “a diferença mais fundamental dentro de nossa espécie, entre masculino e feminino,” ele então se torna a base para todas as outras relações (e, eu acredito, até mesmo em experiências). (2) No modelo igualitário, a diversidade não é medida com inferioridade ou superioridade; ao invés de se criar uma hierarquia entre as características, se cria um vínculo.

Na visão de Eisler, a dicotomia dominador/igualitário não é específica de ideologias (tanto o capitalismo quanto o comunismo podem, e devem, ser operados sob os valores dominadores) nem de gênero – tanto homens quanto mulheres podem, e tomam, atitudes dominadoras. McKenna ressalta este aspecto em particular no trabalho de Eisler. Ele disse em The Evolutionary Mind (1998):

[su_quote]Eu não vejo isso como uma doença masculina. Eu acredito que todos aqui nessa sala tem um ego muito mais forte do que o necessário. Uma ótima coisa que Riane Eisler fez em seu livro O Cálice e a Espada para esta discussão, foi desatrelar as terminologias aos gêneros. Ao invés de falar sobre patriarcado e tudo mais, deveríamos falar sobre a sociedade dominadora versus a igualitária.[/su_quote]

Embora seja senso comum a ideia de que os homens são historicamente dominantes, o sexo opressivo – o que potencialmente iria desacreditar a teoria neutra dos gêneros de Eisler – está incorreto. Eisler mostrou que o modelo dominador que agora existe a nível global, e o qual é indiscutivelmente liderado pelos Estados Unidos, um país cujos 44 presidentes e vice-presidentes eram homens, é um evento recente. De ~35.000 a.C. (período estipulado de quando foram feitas as famosas estatuetas de Vênus) até ~5.000 a.C., os humanos viviam no modelo igualitário. Não havia nem patriarcado nem matriarcado. McKenna diz em seu livro Alimento dos Deuses (1992):

[su_quote]Eisler utilizou registros arqueológicos para argumentar que ao longo de vastas áreas e por muitos séculos as sociedades igualitárias do antigo Oriente Médio não enfrentavam guerras nem revoltas. A guerra e o patriarcado surgiram com o aparecimento dos valores dominadores.[/su_quote]

Evidências desse estilo igualitário foram descobertas, assim como em outros lugares, num local chamado Catal Huyuk na Anatólia. As escavações permitiram um estudo do período de ~7.500 a.C. (quando o livro de Eisler foi publicado, as escavações datavam de até ~6.500 a.C.) até ~5.700 a.C. Os arqueólogos encontraram “nenhuma evidência de desigualdade social”, uma organização social matrilinear e matrilocal, e que “a divina família de Catal Huyuk” era representada pela seguinte ordem de importância: mãe, filha, filho e pai. Mais de 40 dos 139 cômodos escavados entre 1961 e 1963 parecem ter exercido o papel de templos; “a religião da Grande Deusa parece ser a característica mais proeminente e importante da vida.” Eisler disse:

[su_quote]Também é verdade que em Catal Huyuk e outras sociedades neolíticas as representações antropomórficas da Deusa – a jovem Virgem, a Mãe Natureza, e a velha anciã, e todas as demais até chegarmos em Creatrix, são, como posteriormente observou o filósofo grego Pitágoras, projeções de vários estágios da vida de uma mulher. O que também sugere uma organização social matrilinear e matrilocal é que em Catal Huyuk o local onde se situavam as possessões pessoais das mulheres bem como sua cama ou divã era sempre no mesmo lugar, no lado leste do quarto. Já a parte do homem além de variável, é, de certa forma, menor.[/su_quote]

Eisler complementa:

[su_quote]Também é verdade que em Catal Huyuk e outras sociedades neolíticas as representações antropomórficas da Deusa – a jovem Virgem, a Mãe Natureza, e a velha anciã, e todas as demais até chegarmos em Creatrix, são, como posteriormente observou o filósofo grego Pitágoras, projeções de vários estágios da vida de uma mulher. O que também sugere uma organização social matrilinear e matrilocal é que em Catal Huyuk o local onde se situavam as possessões pessoais das mulheres bem como sua cama ou divã era sempre no mesmo lugar, no lado leste do quarto. Já a parte do homem além de variável, é, de certa forma, menor.[/su_quote]

Por que, então, ~7.000 anos atrás, quando o modelo dominador veio a existir, foram as mulheres – e não os homens – que sofreram opressão? A resposta, mostrou Eisler, está na percepção de que apenas as mulheres dão a luz. Humanos pré-históricos, ao notar que nova vida adentrava o mundo exclusivamente pelo corpo feminino – o qual também os nutria e cuidava para aquela nova vida – aparentemente desenvolveram uma religião/perspectiva que era centrada no culto à divindade feminina. Eisler usa a palavra “culto” com a ideia de que, “na pré-história e, num âmbito maior, outros tempos da história, religião era a vida, e a vida era religião.” Mulheres e homens cultuavam uma abstração feminina sem distinções, a qual Eisler chamou de Deusa. Isto persistiu até mesmo depois do desenvolvimento da agricultura e da criação das primeiras civilizações, ~10.000 anos atrás:

[su_quote]Também é verdade que em Catal Huyuk e outras sociedades neolíticas as representações antropomórficas da Deusa – a jovem Virgem, a Mãe Natureza, e a velha anciã, e todas as demais até chegarmos em Creatrix, são, como posteriormente observou o filósofo grego Pitágoras, projeções de vários estágios da vida de uma mulher. O que também sugere uma organização social matrilinear e matrilocal é que em Catal Huyuk o local onde se situavam as possessões pessoais das mulheres bem como sua cama ou divã era sempre no mesmo lugar, no lado leste do quarto. Já a parte do homem além de variável, é, de certa forma, menor.[/su_quote]

Durante 3.000 anos após a condensação da raça humana em civilizações, os povos continuavam a cultuar a Deusa e viviam de forma pacífica. Eisler observou que “praticamente todas as tecnologias materiais e sociais fundamentais para a civilização foram desenvolvidas antes da imposição da sociedade dominadora,” o que significa que a guerra evidentemente não é, contradizendo “o que um teórico do Pentágono defenderia,” necessária “para o avanço tecnológico, e por consequência, cultural.” Eisler chama isso de “um dos segredos da história mais bem guardados.”

Foi assim até que em ~5.000 a.C. o modelo dominador apareceu na forma de “grupos nômades” nas áreas periféricas que atacavam as civilizações preexistentes, as quais todas seguiam o modelo igualitário. Mecanismos de defesa como trincheiras e baluartes – que não existiam até então – foram gradualmente aparecendo. “Estas repetidas incursões, choques culturais e realocação de populações se concentraram em três grandes impulsos,” escreveu Eisler, chamando-as de “Onda No. 1” (4300-4200 a.C.), “Onda No 2” (3400-3200 a.C.), and “Onda No. 3” (3000-2900 a.C.). “No cerne do sistema dos invasores, se dava um valor maior à força que tira vidas, ao invés daquela que dá vidas,” observou Eisler. Assim que os dominadores conquistaram, passaram também a suprimir o antigo estilo de vida, o que significou suprimir o culto à Deusa e consequentemente acarretou uma marginalização das mulheres no geral. A Deusa, e também as mulheres, alega Eisler, “foram reduzidas a esposas ou concubinas. Gradualmente a dominância masculina, a guerra e a escravidão das mulheres e dos homens com jeitos mais “afeminados” se tornou a norma.” Eisler escreveu:

[su_quote]Depois do período inicial de destruição e caos, gradualmente emergiram sociedades que são celebradas nos livros das escolas e universidades como aquelas que marcam o princípio da civilização ocidental.[/su_quote]

A última sociedade igualitária foi a civilização Minóica, a qual, observou Eisler, não costuma ser citada em cursos sobre a civilização ocidental. Os precursores dos Minoicos chegaram na ilha de Creta em ~6.000 a.C., trazendo com eles o culto à Deusa. Por ~4.000 anos, a civilização Minoica prosperou, demonstrando “nenhum sinal de guerra” e “uma distribuição de riquezas equitativa.” Eles decoravam suas casas e espaços públicos com “uma tradição artística singular nos anais da civilização,” e tinham quatro formas de escrita. Na Creta Minoica, Eisler cita um estudioso em seu livro, “Para qualquer lado que olhe, pilares e símbolos lhe lembrarão da presença da Grande Deusa.” Se baseando em sua pesquisa, a Eisler pareceu que a mítica civilização de Atlântis, a qual Platão descreveu no século IV a.C., era “na verdade um resquício da memória popular, não de um continente perdido no Atlântico, mas sim da civilização Minoica de Creta.”

A arte minoica tinha seu foco na natureza e não retratava glorificações de brutalidade ou guerra.

Em 1100 a.C., de acordo com Eisler, “tudo se acaba.” O modelo dominador, na forma de patriarcado, assumiu totalmente o controle. As mulheres, até então iguais aos homens por pelo menos ~30.000 anos, repentinamente passam a experienciar um menor status. Elas eram marginalizadas na Grécia Antiga, cuja democracia “excluía a maior parte da população (que não permitia a participação de mulheres e escravos).” Na visão de Eisler, “muito do melhor” na Grécia Antiga – “o grande amor à arte, o intenso interesse pelos processos naturais, as ricas e variadas simbologias míticas de ambos feminino e masculino” – podem ser “traçadas de volta à era anterior” da Creta Minoica. Resquícios do culto à Deusa também sobreviveram na Grécia Antiga, na forma de muitas deusas gregas, mas todas subordinadas a Zeus. As coisas continuaram por se deteriorar até que chegaram a um ponto onde a Bíblia, no Antigo Testamento, explicitamente proclama, observou Eisler, que “é a vontade de Deus que as mulheres sejam governadas pelos homens.” Eisler diz:

[su_quote]Se lermos a Bíblia como uma literatura social normativa, a ausência da Deusa é a declaração mais importante sobre o tipo de ordem social que os homens, que por muitos séculos escreveram e reescreveram este documento religioso, se esforçaram para estabelecer e manter.[/su_quote]

Dos próximos ~2.000 anos até o presente, se pode ver uma recuperação gradual – com crescentes e perigosos recessos, uma vez que agora a guerra envolve armas de destruição massiva – da repentina infiltração do modelo dominador, o qual, desde seu surgimento, tem estado num processo constante, de forma tanto consciente quanto inconsciente, destruindo e abafando evidências da religião original da Deusa e suas várias revivificações ao longo da história.

*

Hoje, a menos que você seja membro de uma tribo indígena como os Kung no sul da África ou os Bambutino Congo, você vive firmemente dentro de uma cultura dominadora global. Eisler escreveu: “Para nós, depois de milhares de anos de uma severa doutrinação, isto é simplesmente a realidade, o jeito que as coisas são.” McKenna observa que, especialmente nas sociedades dominadoras, as pessoas não são encorajadas a questionarem seus comportamentos ou o porquê das coisas serem do jeito que são – questionamentos que, entre outros efeitos, são levantados com o uso de psicodélicos. Como McKenna disse em 1987:

[su_quote]Os psicodélicos são ilegais não porque tem um governo amoroso que está preocupado que você possa saltar para fora de uma janela do terceiro andar. . Psicodélicos são ilegais porque dissolvem as estruturas de opinião e culturalmente estabelecidos modelos de comportamento e processamento de informações. Eles abrem até a possibilidade de que tudo o que você sabe está errado.[/su_quote]

Seguindo essa linha, eu encorajo as pessoas a ficarem chapadas e lerem O Cálice e a Espada. Ou ficar chapado e ouvir Man & Woman at the End of History,” uma discussão de vários dias entre Eisler e McKenna e que foi transmitida no rádio em 1988. Na discussão, McKenna introduz o papel dos psicodélicos na teoria de Eisler que, por sua vez, compara o estilo da oratória de McKenna a fogos de artifício: “Você ilumina tantas coisas tão rapidamente e então passa de uma pra outra.” Vou terminar esta semana com um exemplo disso, da mesma discussão:

Estão nos dizendo que estamos no meio de uma crise política tremenda que age sob o rótulo de “o problema das drogas.” Mas o problema das drogas é o problema do vício. E o vício, na minha opinião, é o vício das agências de inteligência em vastas quantidades de dinheiro. Este é o vício que conduz o problema das drogas no mundo. Mas é claro que também existem dependências químicas. E existe uma coisa muito interessante sobre os seres humanos. Alguma coisa – e vou falar um pouco mais sobre isso amanhã – mas alguma coisa sobre nossa habilidade em ser onívoros, de comer todos os tipos de coisas, nos abriu para, talvez manipulação seja uma palavra muito forte, mas certamente para pressões seletivas da evolução que não estão ordinariamente presentes. A maioria dos animais comem poucos alimentos. Muito animais comem apenas um alimento. Nossa habilidade em ser onívoro nos expôs – nos últimos quatro, cinco milhões de anos – a um vasto número de compostos mutagênicos e sinérgicos que podem ter sido responsáveis por tais coisas como a prolongamento da adolescência em nossa espécie ou o modo como ocorre a lactação.

Uma Viagem de Cura: Como as Drogas Psicodélicas Podem Ajudar a Tratar a Depressão

Drugs
Voluntários em um estudo a ser realizado no ano que vem irão experimentar a euforia típica de sonhos, quando as cores, odores e sons forem sentidos de forma potencializada; a percepção do tempo for distorcida e a identificação com a própria persona começar a se dissolver. Foto: Fredrik Skold/Alamy

Se tudo correr como o previsto, doze pacientes com depressão clínica serão convidados a ir a um laboratório do Reino Unido onde receberão psilocibina – o ingrediente psicodélico encontrada nos cogumelos mágicos. Nas quatro ou cinco horas seguintes muitos desses voluntários vão experimentar a euforia típica de sonhos, quando as cores, odores e sons forem sentidos de forma potencializada, a percepção do tempo for distorcida e a identificação com a própria persona começar a se dissolver. Alguns poderão sentir uma onda de eletricidade através de seus corpos, uma súbita clareza de pensamento e alegria repentina. Outros poderão sentir ansiedade, confusão ou paranóia. Estes efeitos alucinógenos serão de curta duração, mas o impacto da droga sobre os voluntários pode ter uma duração bem mais longa.

Há evidências experimentais de que a psilocibina, junto com outras drogas psicodélicas, pode “redefinir” o funcionamento anormal do cérebro se dado de forma segura e controlada, como parte da terapia. Para quem foi criado com o dogma pós-década de 60, de que os cogumelos mágicos e LSD poderiam desencadear doenças mentais, flashbacks e causar alterações na personalidade, a idéia de que eles podem curar distúrbios do cérebro é, realmente, arrebatadora.

O estudo piloto envolverá pacientes que não responderam ao tratamento convencional e será comandado pelo professor David Nutt e pelo Dr. Robin Carhart-Harris, no Centro de Neuropsicofarmacologia do Imperial College, em Londres. Eles argumentam que as drogas psicodélicas podem ser benéficas para milhões de pessoas e que é hora de acabar com o estigma de 50 anos que impossibilita seu uso terapêutico. Nutt e Carhart-Harris já usaram ressonância magnética para estudar mudanças no cérebro de 15 voluntários, a quem foi dado psilocibina. Um estudo similar, com 20 voluntários que tomaram LSD, acaba de ser concluído.

“Como um não-médico, eu estava convencido só de ver, como a psilocibina afeta o cérebro”, diz Carhart-Harris. “Foi bastante flagrante como era semelhante aos tratamentos existentes para a depressão.” Os cientistas do Imperial College estão na vanguarda de um renascimento de pesquisa alucinógena e dizem que têm 50 anos de ciência para pôr em dia. Nos anos 50 e 60, mal se podia abrir uma revista psiquiátrica sem encontrar um trabalho sobre LSD. Em seguida, o LSD se tornou a última “substância da vez”, com potencial para tratar a depressão, vício e dores de cabeça. Entre o final da década de 1940 – quando foi disponibilizado para pesquisadores com o nome Delysid – e meados dos anos 60, haviam sido escritos mais de 1.000 trabalhos acadêmicos investigando seus efeitos em 40.000 pessoas.

Mas conforme a droga cresceu em popularidade entre os usuários recreativos – e tornou-se ligado à revolução contracultural e de protesto contra a guerra do Vietnã – a reação começou. No final dos anos 60, o LSD estava no centro de um completo pânico moral institucionalizado, e o governo dos EUA o reprimiu.

Nutt, que em 2009 foi controversamente demitido do cargo de presidente do Conselho Consultivo Sobre Má-utilização de Drogas do governo do Reino Unido por afirmar que a equitação era mais perigosa do que o Ecstasy (MDMA), afirma que a justificativa para a proibição de LSD e alucinógenos em geral era uma “mistura de mentiras” sobre o seu impactos na saúde, combinados com uma negação de seu potencial como ferramentas de pesquisa e como auxiliar em tratamentos.

“Foi, sem dúvida, uma das peças mais eficazes de desinformação na história da humanidade”, diz Nutt. “Isso fez com que um monte de pessoas acreditassem que essas drogas são mais prejudiciais do que de fato são. Elas não são drogas triviais, mas em comparação com as drogas que matam milhares de pessoas por ano, como o álcool, o tabaco e heroína, eles têm um histórico muito mais seguro e,até onde sabemos, ninguém morreu.”

Em 1971, entretanto, a convenção das Nações Unidas sobre substâncias psicotrópicas classificou o LSD e outros alucinógenos, e a maconha como uma droga de nível 1, ou seja: substâncias perigosas com nenhum benefício médico. Em contraste, a heroína – uma droga muito mais perigosa e que vicia – foi classificada como nível 2, menos restrito, porque a substância tem notórios efeitos analgésicos.

A fim de estudar uma droga nível 1, acadêmicos do Reino Unido precisam de uma licença especial para operar fora dos hospitais, que custa £ 3,000 e anos de preenchimento de formulários e burocracias. Eles também devem adquirir e fornecer suprimentos lícitos, e não podem adquirir quantidades da droga com valores elevados. A burocracia – e a necessidade de persuadir os céticos do comitê de ética da universidade – revelaram-se sufocantes para a pesquisa. “É um beco sem saída”, diz Carhart-Harris. “É difícil estudar o LSD e a psilocibina para ver se eles têm uso médico, porque eles são classificados como drogas de nível 1. E eles só são classificados como nível 1 porque são considerados como não tendo uso médico.”

Mas as coisas estão mudando. Os dois primeiros artigos sobre experiências de LSD desde os anos 1970 foram publicados este ano: um pela equipe do Imperial College; o outro por pesquisadores suíços, e que diz respeito a diminuir a ansiedade entre pacientes com câncer em estado terminal. No Reino Unido, o renascimento da pesquisa acadêmica entorno das drogas “recreativas” está sendo conduzido pelos cientistas do Imperial College em trabalho conjunto com a Fundação Beckley, uma instituição de caridade dirigida pela aristocrata inglesa Amanda Feilding, a Condessa de Wemyss. Depois de tomar LSD na década de 1960, ela tornou-se fascinada com o seu potencial para aumentar a criatividade e a mútua compreensão.

Sua Fundação apoia e promove pesquisas sobre substâncias psicoativas – incluindo o LSD, cogumelos mágicos e a cannabis, planta usada na medicina há milhares de anos. “Ao proibir a investigação sobre esta categoria de substância, por causa de um equívoco social, estão privando as pessoas doentes de um tratamento potencial que tem uma história muito longa”, diz ela. Os cientistas do Imperial College ressaltam que estão estudando drogas psicodélicas em ambientes seguros para reduzir o risco de experiências negativas. As drogas utilizadas são quimicamente puras e administradas em doses controladas.

“A automedicação é definitivamente algo desaconselhável, na minha perspectiva”, diz Carhart-Harris. “Essas drogas são poderosas e o modelo terapêutico que vamos aderir é bastante específico, e ele enfatiza que a droga deve ser tomada no ambiente certo e com o apoio certo. Temos psicoterapeutas profissionais lá que são treinados para compreender todas as eventualidades que poderiam acontecer, e por isso, eu acho que seria imprudente para as pessoas, tentar fazê-lo por si mesmos”.

LSD (dietilamida do ácido lisérgico)

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O químico suíço Albert Hoffman criou o LSD em 1938 a partir de uma substância no fungo parasita chamado de Ergot. Depois que suas propriedades alucinógenas foram descobertas por Hoffman em 1943, ele foi usado como uma ferramenta para modelagem de esquizofrenia em voluntários saudáveis e tomada por alguns psiquiatras para obter insights sobre essa doença mental. Até o início dos anos 60 ele estava sendo dada a pacientes que se tratavam com psicoterapia.

Muitos dos mais de 1.000 artigos acadêmicos escritos nesta época tratavam do uso da substância nos tratamentos contra a depressão. Mesmo assim, o Dr. Robin Carhart-Harris diz que a evidência da pesquisa histórica pode ser considerada fraca.

“A maior parte deste material era anedótico”, diz ele. “As sessões eram feitas sem um grupo de apoio e de controle e os resultados eram meio imprecisos”. Há evidências muito mais fortes de que o LSD pode tratar dependência química. Uma meta-análise feita em 2012, a partir de seis estudos controlados dos anos 50 e 60 demonstrou a eficiência clínica do LSD para o tratamento da dependência de álcool e revelou que a substância é tão eficaz quanto qualquer tratamento desenvolvido desde então. A substância mostrou-se eficiente também em ajudar os pacientes que estão em estado terminal a lidar melhor com a ideia de perecer. Os mecanismos do LSD, porém, ainda são pouco conhecidos. Ele parece imitar algumas ações da serotonina no cérebro, que está ligada à formação da memória, ao humor e a recompensa, porém não está claro ainda como ele desencadeia esses efeitos alterados tão poderosos. A pesquisa feita conjuntamente pela Imperial / Beckley com ressonância magnética mostrou que os cérebros dos voluntários sob os efeitos do LSD se tornam momentaneamente menos organizados e mais caóticos, enquanto partes do cérebro que normalmente não iriam se comunicar uns com os outros, acabam fazendo conexões. Neste estado de sonho desorganizado, o cérebro está aberto para novos saltos de criatividade e vôos de fantasia. O Dr. Carhart-Harris acredita que os alucinógenos podem temporariamente “afrouxar” as estruturas rígidas do cérebro, que se desenvolvem à medida que envelhecemos. Uma viagem de ácido é um pouco como sacudir um daqueles globos de neve comuns no natal norte-americano. Este afrouxamento poderia ajudar o cérebro a quebrar os ciclos da dependência e da depressão.

Há riscos envolvidos na utilização de LSD, é claro, mas o professor David Nutt diz que eles são muitas vezes exagerados. Os efeitos de tomar LSD são imprevisíveis: os usuários podem perder o senso de julgamento – e colocar-se em situações de risco. Uma minoria pode experimentar flashbacks algum tempo depois de utilizarem; em outros, a experiência pode desencadear problemas de saúde mental que já haviam passado despercebidos.

Cannabis

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A Cannabis foi usada medicinalmente durante milhares de anos. Foi usado no século 19 para tratar dores, espasmos, asma, distúrbio do sono, depressão e perda de apetite, e foi até recomendado pelo médico da rainha Victoria. Dois produtos químicos na cannabis atraem o interesse dos cientistas – o tetrahidrocanabinol (THC), principal composto psicoativo da planta, que tem algumas propriedades analgésicas, e o canabidiol (CBD), que parece conferir benefícios à saúde sem os efeitos psicoativos da droga.

Mais de 100 experimentos com a cannabis ou substâncias derivadas da maconha têm ocorrido desde os anos 1970. Um extrato da cannabis para pulverização via oral, comercializado com o nome de Sativex foi aprovado para uso no tratamento de esclerose múltipla em 2011 depois que um estudo demonstrou que a substância melhorava o sono, reduzia a espasticidade e o número de espasmos. Nos anos 1970 e 80, estudos mostraram que drogas derivadas da cannabis podem ajudar a atenuar náuseas em pacientes com câncer submetidos à quimioterapia. Na década de 1990, a pesquisa mostrou que poderia impedir a anorexia em pacientes com HIV. Há também evidências de que a maconha pode aliviar a dor crônica, quando tomado com outros medicamentos. Nos EUA, 20 estados permitem a posse e uso de cannabis por razões médicas, enquanto dois estados – Colorado e Washington – descriminalizaram a substância. Na Holanda, a maconha é legalizada para uso médico há mais de 25 anos.

Alguns pesquisadores acreditam que a cannabis tem potencial para tratar déficit de atenção e hiperatividade, estresse pós-traumático e insônia.

Uma das dificuldades com a pesquisa da cannabis é que a natureza da droga de rua mudou ao longo das últimas décadas – em parte em resposta à demanda dos usuários por um efeito, uma “onda”, mais forte. Estudos do Instituto de Psiquiatria do King College de Londres mostraram que o THC aumenta a ansiedade e sintomas psicóticos de curto prazo, enquanto a CBD – que parece ter a maior parte dos benefícios médicos – tem o efeito oposto. Variedades modernas de cannabis, ou skunk, que circulam nas ruas, são ricos em THC e apresentam níveis extremamente baixos de CBD.

Cogumelos Mágicos (Psilocibina)

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Como o LSD, cogumelos mágicos são alucinógenos. O composto ativo é a psilocibina e, como o LSD, pode ser útil no tratamento da depressão. Um estudo com 15 voluntários desenvolvido pelo Dr. Robin Carhart-Harris mostraram que o composto ajuda a suprimir a região do cérebro, muitas vezes hiperativa na depressão, chamada de córtex pré-frontal medial. Esta região está ligada à introspecção e ao pensamento obsessivo.

No entanto, ainda é muito cedo para dizer se os cogumelos mágicos podem tratar a depressão. Em 2013, os cientistas do Imperial College, foram premiados com uma bolsa do Conselho de Pesquisa Médica para estudar os efeitos da psilocibina em uma dúzia de pacientes com depressão. O estudo está sendo dificultado pela burocracia, mas deve começar no ano que vem.

A Psilocibina pode ser útil também no tratamento de dependência química. Um estudo financiado pela Fundação Beckley na Universidade Johns Hopkins deu a 15 pessoas que estavam tentando deixar de fumar, 2 a 3 rodadas da droga. Seis meses mais tarde, 12 permaneceram longe do cigarro – uma taxa de sucesso de 80%. Os melhores medicamentos para deixar de fumar são 35% eficazes. Embora promissor, é necessário um estudo muito maior. Alguns usuários de cogumelos mágicos afirmam que a psilocibina os ajuda a atenuar o transtorno obsessivo compulsivo. Até agora, houve apenas um ensaio clínico, envolvendo nove pessoas. Os resultados foram novamente promissores – mas são necessários estudos mais aprofundados.

Há também algumas evidências de que os cogumelos podem ajudar pacientes com câncer a aceitarem a sua condição. Segundo o professor David Nutt, os riscos associados ao uso de cogumelos mágicos são relativamente baixos em comparação com drogas como o álcool, tabaco ou heroína. Em uma escala de risco publicada no Lancet em 2010, cogumelos mágicos tinham risco inferior a 20 dos medicamentos mais comumente usados.

MDMA (Ecstasy)

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Primeiramente sintetizado há 100 anos, o MDMA foi usado na década de 1970 durante sessões de psicoterapia, mas explodiu na consciência pública, com a chegada da cultura da dança no final dos anos 1980.

Ele age aumentando a atividade de três neurotransmissores, ou mensageiros químicos, no cérebro: a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Os altos níveis de serotonina geram uma sensação de euforia,afeição e boa vontade.

Ele age aumentando a atividade de três neurotransmissores, ou mensageiros químicos, no cérebro: a serotonina, a dopamina e a noradrenalina. Os altos níveis de serotonina geram uma sensação de euforia,afeição e boa vontade.

Um pequeno estudo controlado feito nos EUA mostrou que 80% das pessoas com PTSD (Síndrome de Estresse Pós-Traumático) se beneficiaram com o uso de MDMA durante o tratamento terapêutico. O tratamento atual para a síndrome estimula os pacientes a revisitarem suas experiências estressantes e traumáticas. O MDMA parece funcionar, aumentando artificialmente o humor dos pacientes, e tornando mais fácil para elas se lembrar e discutir as experiências que causaram o PTSD. O Professor David Nutt diz que o MDMA também pode ter benefícios, como auxiliar nos tratamentos contra a ansiedade em pacientes terminais; e em terapia de casais. Ele também poderia ajudar a tratar a doença de Parkinson. Entretanto, mais pesquisas são necessárias sobre os riscos do uso do MDMA. Estudos em animais sugerem que a substância pode causar danos em longo prazo nos cérebros de ratos, mas a evidência nas pessoas é inconclusiva. Entre 1997 e 2012, 577 mortes foram ligadas ao ecstasy na Inglaterra e no País de Gales – principalmente de insolação, problemas cardíacos ou excesso de consumo de água.

Fonte: The Guardian

Uma Breve História da Psiquiatria Psicodélica

Cogumelos alucinógenos Liberty Caps, colhidos perto de Pulborough, West Sussex, no sudeste da Inglaterra. A psilocibina, o ingrediente psicoativo nestes e outros cogumelos ‘mágicos’, tem potencial terapêutico. Fotografia: Martin Bond / Alamy
Cogumelos alucinógenos Liberty Caps, colhidos perto de Pulborough, West Sussex, no sudeste da Inglaterra. A psilocibina, o ingrediente psicoativo nestes e outros cogumelos ‘mágicos’, tem potencial terapêutico. Fotografia: Martin Bond / Alamy

Em 05 de maio de 1953, o romancista Aldous Huxley dissolveu 0,4 g de mescalina em um copo de água, bebeu-o, e em seguida, sentou-se e esperou que a droga fizesse efeito. Huxley tomou a droga em sua casa na Califórnia, sob a supervisão direta do psiquiatra Humphry Osmond, a quem o próprio Huxley se ofereceu como “uma cobaia ávida e super interessada”.

Osmond fazia parte de um pequeno grupo de psiquiatras pioneiros que, no início da década de 50, começaram a usar LSD para tratar pacientes com alcoolismo e com diversos transtornos mentais. Foi Osmond que cunhou o termo “psicodélico”, que significa “mente manifestando-se” e, apesar de sua pesquisa sobre o potencial terapêutico do LSD ter produzido resultados iniciais promissores, ela foi interrompida durante a década de 1960, por razões sociais e políticas.

Nascido em Surrey em 1917, Osmond estudou medicina no Guy’s Hospital, em Londres. Ele serviu na Marinha como psiquiatra em um navio durante a Segunda Guerra Mundial, e depois trabalhou na unidade psiquiátrica do Hospital St. George, em Londres, onde se tornou um pesquisador sênior. Quando estava em St. George, Osmond e seu colega John Smythies ficaram sabendo sobre a descoberta de Albert Hoffman na Companhia Farmacêutica de Sandoz, em Bazel, Suíça, o LSD.

Osmond e Smythies começaram suas próprias investigações a respeito das propriedades dos alucinógenos e observaram que a mescalina produzia efeitos semelhantes aos sintomas da esquizofrenia, e que a sua estrutura química era muito semelhante a do hormônio e neurotransmissor, adrenalina. Isso os levou a postular que a esquizofrenia era causada por um desequilíbrio químico no cérebro, mas essas idéias não foram favoravelmente acolhidas por seus colegas.

Em 1951, Osmond assumiu o cargo de vice-diretor de psiquiatria no Hospital Psiquiátrico Weyburn em Saskatchewan, no Canadá e se mudou para este país com sua família. Dentro de um ano, ele começou a colaborar nas experiências com LSD lideradas por Abram Hoffer. Osmond experimentou LSD e concluiu que a droga pode produzir mudanças profundas na consciência. Osmond e Hoffer também recrutaram voluntários para tomar LSD e teorizaram que a droga seria capaz de induzir o usuário a um novo nível de autoconsciência e concluíram que a substância poderia ter um enorme potencial terapêutico.

Em 1953, eles começaram a dar LSD aos seus pacientes, começando com algumas pessoas diagnosticadas com alcoolismo. O primeiro estudo envolveu dois pacientes alcoólatras, a cada um dos quais, foi dada uma dose única de 200 microgramas da droga. Um deles parou de beber imediatamente após a experiência, ao passo que o outro, deixou o álcool seis meses mais tarde.

Vários anos depois, um colega deles chamado Colin Smith utilizou LSD para tratar mais 24 pacientes e, posteriormente, informou que 12 deles tinham ou “melhorado” ou “melhorado muito”, após se submeterem ao tratamento. “Nós temos a impressão de que estas substâncias são um complemento que podem ser muito úteis à psicoterapia”, escreveu Smith em um artigo de 1958, no qual apresenta seu estudo. “Os resultados parecem suficientemente encorajadores e merecem mais experimentações e pesquisas, mais extensas, e de preferência, controladas”.

Osmond e Hoffer estavam motivados com os resultados, e continuaram a administrar a droga para pacientes com alcoolismo. Até o final da década de 1960, eles haviam tratado cerca de 2.000 pacientes. Eles alegaram que os experimentos de Saskatchewan produziram de forma consistente, os mesmos resultados. Seus estudos pareciam mostrar que uma única dose grande, de LSD poderia ser considerada um tratamento eficaz para o alcoolismo, e relataram que entre 40 e 45% dos seus pacientes que receberam a droga, não tinham experimentado nenhuma recaída depois de um ano.

Humphry Osmond. Photo: Bettman/Corbis
Humphry Osmond. Photo: Bettman/Corbis

Por volta da mesma época, outro psiquiatra realizou experimentos similares no Reino Unido. Ronald Sandison nasceu em Shetland e ganhou uma bolsa para estudar medicina no King’s College Hospital. Em 1951, ele aceitou um cargo de consultor no Powick Hospital perto de Worcester, mas ao assumir o cargo percebeu que o estabelecimento encontrava-se superlotado e decrépito, com pacientes sendo submetidos a tratamentos invasivos e obsoletos hoje em dia, como o eletro-choque e a lobotomia.

Sandison introduziu o uso de psicoterapia, e outras formas de terapia inclusive envolvendo arte e música. Em 1952, ele visitou a Suíça, onde conheceu Albert Hoffman, e foi introduzido à idéia de usar LSD na clínica. Ele voltou para o Reino Unido com 100 frascos da droga – que a empresa farmacêutica Sandoz chamava de ‘Delysid “- e, depois de discutir o assunto com seus colegas, já no final de 1952, começou a tratar pacientes com a substância, como complemento da psicoterapia.

Sandison e seus colegas obtiveram resultados semelhantes aos dos Ensaios de Saskatchewan. Em 1954, eles relataram que “como resultado da terapia com LSD, 14 pacientes se recuperaram (após média de 10,4 sessões)… 1 apresentou melhora considerável (após 3 sessões), 6 apresentaram melhora moderada (após média de 2 sessões) e 2 não melhoraram (depois de 5 sessões).”

Estes resultados atraíram grande interesse da mídia internacional, e, como resultado, no ano seguinte, Sandison abriu a primeira clínica no mundo construída especificamente com o intuito de fazer tratamentos com LSD. A unidade, localizada no terreno do Powick Hospital, acomodava até cinco pacientes simultaneamente, que poderiam receber terapia de LSD. A cada paciente era dado um quarto próprio, equipado com uma cadeira, sofá e toca-discos. Os pacientes também se reuniam para discutir suas experiências em sessões de grupo diárias. (Mais tarde, o tiro saiu pela culatra já que, em 2002, o Serviço Nacional de Saúde concordou em pagar a 43 ex-pacientes de Sandison, um total de 195.000 libras em um acordo extrajudicial.)

Enquanto isso, no Canadá, o estilo de terapia com LSD de Osmond foi endossado pelo co-fundador do A.A. (Alcoólicos Anônimos) e diretor do Bureau de Saskatchewan sobre Alcoolismo. A Terapia com LSD atingiu o auge no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, e foi amplamente considerada como “a próxima grande novidade” em psiquiatria, que poderia substituir a terapia eletrocunvulsiva e a psico-cirurgia. Em certa altura, tratamentos com LSD foram populares entre estrelas de Hollywood, como Cary Grant.

Dois estilos de terapia com LSD se tornaram popular. Um deles, chamado terapia psicodélica, era baseado no trabalho de Osmond e de Hoffer, e envolvia uma única e elevada dose de LSD como complemento da psicoterapia convencional. Osmond e Hoffer acreditavam que os alucinógenos são benéficos terapeuticamente por causa de sua capacidade de fazer os pacientes verem a condição na qual se encontram por uma perspectiva totalmente nova.

O outro estilo, conhecido como terapia psicolítica, baseou-se no regime de Sandison, que utilizava várias doses menores, que iam gradualmente aumentando, mas também como complementação ao tratamento psicanalítico. As observações clínicas de Sandison o levaram a afirmar que o LSD pode ajudar a psicoterapia por induzir alucinações oníricas que refletem a mente inconsciente do paciente, permitindo-lhes reviver memórias perdidas há muito tempo, mas que continuam influenciando o comportamento do paciente.

Entre os anos de 1950 e 1965, cerca de 40.000 pacientes receberam prescrição para uma forma ou outra de terapia com LSD, para tratamento de neurose, esquizofrenia ou alguma outra psicopatia. O LSD chegou a ser prescrito para crianças com autismo. A investigação sobre os potenciais efeitos terapêuticos do LSD e outros alucinógenos produziu durante este período, mais de 1.000 artigos científicos e seis conferências internacionais. Entretanto, muitos destes estudos iniciais não foram particularmente robustos, e a alguns faltavam grupos de controle, por exemplo, e, outros foram acusados por pesquisadores de falharem no quesito isenção, já que dados negativos acabavam sendo excluídos das análises finais.

Mesmo assim, os resultados preliminares pareciam justificar uma investigação maior e mais detida sobre os benefícios terapêuticos das drogas alucinógenas. Porém, por motivações políticas, a pesquisa com alucinógenos logo sofreu uma interrupção abrupta. Em 1962, o Congresso dos EUA aprovou novas normas de segurança em relação às drogas, e a Food and Drug Administration, órgão que regula o setor de alimentos e drogas nos Estados Unidos, designou o LSD como uma droga experimental e começou a reprimir a pesquisa sobre seus efeitos. No ano seguinte, o LSD chegou às ruas em forma de líquido embebido em cubos de açúcar; sua popularidade cresceu rapidamente e no verão de 1967, a contracultura hippie estava no auge, alimentada pela substância.

Este artigo foi retirado de uma edição especial do periódico The Psychologist, dedicada às drogas alucinógenas.
Este artigo foi retirado de uma edição especial do periódico The Psychologist, dedicada às drogas alucinógenas.

Durante este período, o LSD cada vez mais passou a ser visto como uma droga de abuso. Passou ainda a ser associado às manifestações e motins estudantis contra a guerra do Vietnã e, portanto, foi proibida pelo governo federal dos Estados Unidos em 1968. Osmond e Hoffer responderam a esta nova legislação, comentando que “parece pertinente afirmar que agora há uma explosão de ressentimento contra alguns produtos químicos que podem lançar rapidamente um homem ao céu ou ao inferno.” Eles também criticaram a nova legislação, comparando-a com a reação Vitoriana aos anestésicos.

A década de 1990 testemunhou um renovado interesse pelos efeitos neurobiológicos e pelo potencial terapêutico das drogas alucinógenas. Agora compreendemos quantos deles funcionam a nível molecular, e vários grupos de pesquisa têm realizado experimentos com tomografia cerebral para tentar aprender mais sobre como as substâncias exercem seus efeitos. Uma série de ensaios clínicos também está sendo realizada para testar os benefícios potenciais da psilocibina, da cetamina e do MDMA para pacientes com depressão e outros transtornos do humor. No entanto, seu uso ainda é severamente restringido, o que leva muitas pessoas a criticar as leis antidrogas, argumentando que tais leis estão impedindo uma investigação que pode ser vital.

Huxley acreditava que as drogas alucinógenas produzem os seus efeitos característicos ao permitir a abertura de uma “válvula redutora” no cérebro que, em estados normais, limitariam a nossa percepção, e algumas pesquisas recentes parecem confirmar isso. Em 1963, em seu leito de morte, por conta de um câncer, Huxley pediu a sua esposa para injetar LSD nele. Também neste caso, parece que o autor de Admirável Mundo Novo foi profético: vários pequenos estudos sugerem que a cetamina alivia a depressão e a ansiedade em pacientes com câncer em estado terminal e, mais recentemente, o primeiro estudo americano a usar LSD em mais de 40 anos, concluiu que a substância, também, reduz a ansiedade em pacientes com outras doenças que ameaçam a vida.

Referências
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Este artigo aparece na edição de setembro de 2014  da revista The Psychologist e foi republicado aqui com permissão dos editores. A edição inteira é dedicada ao uso de drogas alucinógenas em terapias e pesquisas, e está disponível gratuitamente online. Fonte: The Guardian

Efeitos Cognitivos de Uma Experiência Psicodélica

Esse guia é uma tentativa de categorizar e descrever em termos simples os efeitos cognitivos específicos que drogas psicodélicas causam. Ele descreve não experiências pessoais, mas a universalidade de efeitos que foram sentidos e reportados pela maioria, senão todos os usuários de psicodélicos.

Ele está dividido em três diferentes seções:

I. Os efeitos visuais da experiência psicodélica.
II. Os efeitos cognitivos da experiência psicodélica.
III. Os efeitos diversos da experiência psicodélica.

O primeiro é uma descrição da experiência visual, o segundo é uma descrição da experiência mental e o terceiro é uma descrição dos componentes sensoriais que não se encaixam nem nos efeitos mentais, nem nos visuais. Ele é em referência a todos os psicodélicos clássicos e à grande variedade de modernos e obscuros “químicos de pesquisa” que estão se tornando cada vez mais prevalecentes. Mais especificamente essa lista inclui, mas não é limitada a: LSD, Cogumelos, DMT, Ayahuasca, LSA, Mescalina, Bufotenina, 5meoDMT, AMT, Harmina, Harmalina, MDA, a família 2Cx e a família DOx.

Este artigo procura destrinchar e descrever os efeitos cognitivos e comportamentais inerentes à experiência psicodélica, apresentando-os em tópicos simples, e de fácil compreensão, seguidos por descrições e sistemas de nivelamento. Aqui o faremos sem utilizar metáforas, analogias, e relatórios de “viagens” pessoais. O artigo seguirá num crescente; inicia-se com os efeitos mais simples, e, à medida que vai se desenvolvendo, abordará experiências mais e mais complexas.

Intensificação do estado mental atual:

A intensificação do estado mental apresentado ao ingerir a substância é um efeito que altera o humor, mas que, diferentemente de certos componentes de efeito subjetivo como a euforia, não costuma levar necessariamente a estados de positividade sem levar em conta o estado de ânimo e a estabilidade mental da pessoa que as utiliza. Ao invés disso, a experiência psicodélica funciona amplificando e intensificando o estado de espírito que o usuário apresenta no momento, o que faz com que os efeitos possam ser positivos ou negativos, dependendo do estado de ânimo que ele apresente ao ingerir as substâncias.

É por esta razão que as pessoas costumam reagir às experiências alucinógenas de formas completamente diferentes. Por exemplo, indivíduos despreparados, ansiosos e mentalmente instáveis, têm grandes possibilidades de terem uma experiência alucinógena avassaladora, cheia de emoções negativas, paranoia e confusão. Este cenário é causado pelo estado emocional do próprio indivíduo, que são enormemente ampliados, a níveis pouco usuais. Por outro lado, pessoas preparadas, positivas, e mentalmente estáveis, ao ingerirem a mesma substância, e a mesma dosagem, tem grandes chances de ficarem extasiados e de serem tomados por estados inefáveis de um bem estar inebriante, seguido de profundas revelações e insights.

A exteriorização de sentimentos reprimidos através de uma explosão de emoções também é um efeito comum. Esta liberação pode ter um viés alegre e divertido na forma de danças e cânticos espontâneos ou podem se manifestar de forma desesperada, histérica, com crises de choro compulsivo e colapsos nervosos. Mesmo nestes casos, aparentemente negativos, o viajante costuma sair da experiência sentindo-se aliviado, como se um peso muito grande tivesse sido tirado de seus ombros.

Há uma diferença muito clara entre as emoções induzidas por substâncias e as emoções genuínas. Este componente não produz nenhuma emoção que não exista, ela meramente aprofunda e intensifica as emoções e sentimentos que já podem ser perceptíveis, em grau menor, sem a substância.

Aceleração da atividade mental:

A aceleração da atividade mental pode ser descrita como o aumento significativo do processamento dos pensamentos. É como se os pensamentos fossem gerados sucessivamente, um após o outro, numa intensa rajada.  Não só a velocidade dos pensamentos aumenta, mas a clareza mental da pessoa parece aumentar tremendamente, resultando em uma vastidão de novas ideias, perspicazes e inspiradoras.

Conectividade dos pensamentos:

A conectividade dos pensamentos pode ser descrita como a sensação de que os fluxos de pensamento passam a se caracterizar por um abstrato fluir de associações e ideias que vagueiam poderosamente e que se conectam profunda e mutuamente, ganhando sentido. Normalmente, a impressão é de que tênues devaneios e ideias aparentemente sem sentido se conectam uns aos outros por meio da incorporação de uma ideia ou conceito que já existia em pensamentos prévios, mas que agora são vistos por um ângulo completamente diferente.

Quando experimentado por longos períodos de tempo este efeito permite que a mente abarque todas as áreas da vida, não apenas as grandiosas e mais significativas, mas também as menores e menos importantes ou evidentes. É um processo que leva a uma intensa introspecção e ao aumento considerável dos níveis de criatividade e habilidades artísticas, já que o que a substância psicodélica faz, em essência, é remover os bloqueios criativos, permitindo que os pensamentos sigam seu fluxo, livremente.

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Sensações de fascínio, importância e espanto:

Sensações de fascínio, importância e espanto atribuídas ao ambiente externo e a tudo a ele relacionado são uma das características que mais bem definem as experiências psicodélicas e elas costumam ser bastante intensas. Estas manifestações são bem variadas, mas podem ser comparadas com a reação de fascínio que as crianças têm com as novas descobertas, só que com a noção de que tudo tem uma profundidade e uma importância avassaladoras, seja a natureza, o universo, ou objetos comuns do cotidiano de cada um de nós.

É esse tipo de efeito que faz com que as pessoas compreendam, considerem e apreciem as coisas a sua volta de uma forma muito mais profunda, com um nível de detalhes sem paralelo, se levarmos em conta a maneira que estamos acostumados a ver as coisas, quando sóbrios.

Em seu grau mais elevado, essas sensações podem se tornar tão intensas e profundas que algumas pessoas sentem como se a vida inteira delas tivesse vindo desenvolvendo-se com o intuito de desembocar neste instante e que, a partir de então, nada será como antes. Algumas pessoas costumam se referir a essas sensações dizendo que é como se elas tivessem passado a vida toda andando em um trem e agora finalmente poderão descer. É realmente uma perspectiva incrivelmente marcante e que costuma ser induzida durante estados positivos de geometria visual escala 7A.

Distorção do Tempo: 

efeitos_cognitivos_2Distorção do tempo é um efeito que faz com que seja difícil precisar quanto tempo se passou já que a percepção do tempo fica bastante alterada. Esta sensação pode ser sentida de duas formas distintas: ampliação do tempo ou compressão do tempo.

A mais comum delas, a ampliação do tempo, pode ser descrita como aquela sensação de que o tempo diminuiu o seu ritmo, consideravelmente. Esta distorção na percepção se deve ao fato de que, durante uma experiência alucinógena, a pessoa passa por uma quantidade anormal de experiências em um período relativamente curto de tempo. Isso faz com que a pessoa pense que muito mais tempo se passou do que na verdade ocorreu. Por exemplo, no final de certas experiências, a pessoa pode sentir que se passaram vários dias, semanas, meses ou anos e em casos mais agudos de expansão do tempo, pode parecer que o tempo simplesmente parou, o que é conhecido como um momento de eternidade.

O segundo tipo de distorção é a compressão do tempo. Ela é mais comum em substâncias estimulantes do que nas alucinógenas, mas ainda assim, é totalmente possível de ser sentida. É a sensação de que o tempo acelerou de forma notável e que está passando bem mais depressa do que deveria.

Introspecção:

Introspecção pode ser definida pelo estado de espírito que consiste em direcionar a atenção para uma profunda contemplação e análise a respeito da própria vida, seja como um todo ou em relação às partes que a integram. Isto promove uma capacidade incrível de dissecar e analisar racionalmente os problemas, permitindo um nível de resolução lógica e/ou de aceitação dos eventos passados; da situação atual; das possibilidades futuras, das inseguranças, medos, traumas e outros demônios pessoais.

O resultado comumente observado é a aparição de uma abundante quantidade de ideias, insights e conclusões capazes de mudar a forma de enxergar a vida e a relação da pessoa com os seres que ama e que fazem parte de sua jornada. Este fator é extremamente eficiente como agente facilitador do auto-aperfeiçoamento, e do crescimento pessoal, catalisando transformações sem paralelo em experiência congêneres, do dia-a-dia.

É importante ressaltar, porém, que nem todo mundo está pronto para encarar seus próprios fantasmas, resolver suas questões e seguir em frente. Algumas pessoas preferem ignorá-los e reprimi-los. É justamente a vontade da pessoa em encarar a verdade a respeito de sua própria vida que funciona como um fator determinante sobre se a pessoa será capaz de curtir e aproveitar a experiência que os alucinógenos podem oferecer. Algumas pessoas não se sentem bem com esta reação introspectiva, pois o mergulho em si mesmo traz à tona as inseguranças, os arrependimentos, traumas reprimidos, expondo-os à luz da consciência. Lutar contra essas revelações através da negação ou tentando reprimi-las costuma ser a receita certa para as experiências negativas, que podem ser evitadas, ou amenizadas quando o usuário não oferece resistência e se predispõe a se conhecer profundamente.

Outrospecção:

Outrospecção é um efeito subjetivo que pode ser considerado como o oposto da introspecção. Podemos descrever a outrospecção como a experimentação de um estado de espírito que constantemente direciona o foco da atenção para o ambiente externo, entrando numa profunda contemplação e análise daquilo que o cerca, seja abarcando-o como um todo ou focando de forma compartimentada, analisando as partes que formam este ambiente.  O resultado desta experiência são abundantes ideias inspiradoras e conclusões grandiosas pertencentes ao que podemos chamar de “The bigger picture”, em outras palavras, como se caísse a ficha em relação à vida ou a uma situação específica de modo que agora a pessoa é capaz de abarcá-la, de uma forma mais ampla.  Essas ideias geralmente envolvem (ainda que não se limitem a elas) uma visão diferenciada sobre temas filosóficos, a espiritualidade, a sociedade, o progresso universal, a humanidade e como todas essas coisas se encaixam através da história e no momento atual, assim como suas possibilidades futuras.

Rejuvenescimento:

Rejuvenescimento e sensações de extremo revigoramento são quase que uma reação universal nos dias e semanas que sucedem uma experiência alucinógena positiva. Elas podem ser mental e fisicamente revigorantes. O rejuvenescimento pode ser descrito como uma sensação duradoura de clareza mental, aumento da motivação, e da sensação de calma acompanhada de efeitos aqui citados, comomindfullness, aumento de motivação, supressão de filtros culturais e aumento do foco e da concentração. A sensação é a de que as conexões feitas no cérebro foram restauradas, fazendo com que alguns preconceitos e inclinações que definem o falso “Eu”, sejam “resetadas”.

Em um grau mais elevado, a sensação de rejuvenescimento pode se tornar tão intensa que ela começa a se manifestar como uma sensação profunda de renascimento. Esta sensação pode durar tanto algumas semanas como para o resto da vida, após uma experiência psicodélica intensa.

 Déjà-Vu:

Déjà-vu  é aquela expressão francesa que pode ser traduzida literalmente como “Já visto”. Trata-se de um fenômeno já bem documentado que pode ocorrer durante a sobriedade ou em estado alterados de consciência, sob efeito de alucinógenos. Em resumo, o Déjà-vu pode ser descrito como a sensação de que o evento atual ou a situação que está se passando agora, já foi vivida exatamente da mesma forma anteriormente, quando, na verdade, não foi.

Algumas substâncias costumam ser capazes de induzir o indivíduo a espontâneos e prolongados episódios de déjà-vu, tanto intensos quanto suaves. Este efeito faz com que o psiconauta possa ter uma sensação arrebatadora de já ter estado “ali” antes. Quando isso ocorre, é comum uma falsa sensação de familiaridade com os efeitos da substância em si, com o ambiente no qual a substância está sendo consumida, com as ações que estão sendo feitas, e com a situação como um todo.

O Déjà-Vu costuma ser desencadeado e sentido pelo viajante mesmo que ele esteja racionalmente ciente de que as circunstâncias de uma experiência prévia como aquela (quando, onde, e como o evento ocorreu) são incertas e mesmo que ele acredite que seria impossível aquele evento ter ocorrido alguma vez no passado.

Mindfullness (Atenção Plena):

O Mindfullness enquanto conceito psicológico é definido como as práticas contemplativas que integram corpo e mente colocando o foco da atenção e da consciência no aqui e agora, e se baseia no conceito de consciência plena e não-julgadora da meditação budista.

O primeiro componente da atenção plena pressupõe que o foco da atenção esteja completamente direcionado para as experiências imediatas, acalmando, desse modo, a narrativa interna, com a intenção de permitir o aumento da percepção dos eventos mentais do momento presente.

O segundo componente envolve adotar uma orientação pessoal em relação às próprias experiências no aqui e agora, cuidando para que esta relação com o momento presente seja caracterizada pela curiosidade, abertura, aceitação e ausência de julgamento.

Na meditação, este estado de consciência é praticado deliberadamente e é mantido por longos períodos de tempo, nos quais o foco manual e da consciência é colocado em um ponto focal específico, evitando dispersar-se em mil direções. No contexto dos alucinógenos, entretanto, este estado é induzido forçosamente por longos períodos de tempo sem nenhum esforço consciente e sem a necessidade de dominar os conhecimentos das técnicas meditativas.

Múltiplos fluxos de pensamento:

efeitos_cognitivos_3Múltiplos fluxos de pensamento podem ser definidos como o estado em que a pessoa tem mais do que uma narrativa interna ou mais que um fluxo de consciência acontecendo ao mesmo tempo dentro da mente.  Este estado pode gerar um sem número de fluxos de pensamento diferentes, cada um dos quais pode ser controlado da mesma maneira que um fluxo de pensamento normal de nosso dia-a-dia. Esta experiência permite que a pessoa pense, reflita e analise vários temas e conceitos diferentes, simultaneamente, o que pode ser uma fonte incrível de grandes insights.

Remoção do filtro cultural:

A Remoção do filtro cultural pode ser descrita como a supressão de uma série de preconceitos e ideias que não evoluem, determinadas pela cultura local e pelas tradições que são mantidas ao longo da vida inteira.

Estes preconceitos e o modo automático de levar a vida afetam nossa capacidade de avaliar o mundo a nossa volta de uma forma muito mais perniciosa do que a maioria das pessoas gostaria de admitir. Parece que a maneira de encarar o mundo é construída a partir de uma complexo conjunto de filtros, que se baseia em crenças pré-estabelecidas, experiências anteriores, medos, preconceitos, estereótipos, símbolos culturais, etc. Isto faz com que nós tenhamos tendências rígidas e modos inconscientes de perceber e dar significado àquilo que observamos e que confirmam nossas crenças culturais já existentes, à medida que vamos filtrando e racionalizando as observações que não confirmam nossas crenças culturais pré-existentes. Os filtros culturais nos forçam a olhar para o mundo, não como seres humanos, mas como uma falsa versão de nosso verdadeiro “Eu” – seja sendo uma mãe judia conservadora, uma dona de casa muçulmana, um aborígene, ou um homem europeu cínico e materialista, de criação cristã, com crenças ateístas.

Muitos têm dito que nós não vemos as coisas como elas são, e sim, como nós somos. A experiência de remoção dos filtros culturais, entretanto, parece dissolver completamente esses preconceitos culturais geográficos, mostrando às pessoas que a cultura é apenas uma forma engessada de se enxergar as coisas, e uma forma normalmente ilusória, diga-se de passagem, e não a realidade objetiva em si. Portanto, esta experiência pode gerar mudanças profundas naquela velha maneira de encarar o mundo, que a pessoa tem usado a vida inteira, à medida que vai fazendo-a entender que elas não são de fato aquilo se tornaram a partir da maneira com a qual foram criadas.

Sensações de pré-determinismo:

Sensações de pré-determinismo podem ser definidas como a sensação ou perspectiva repentina de que todos os eventos, incluindo as ações humanas, já estão pré-definidas ou pré-programadas por um agente causal prévio.

Esta é uma perspectiva que pode ser desencadeada de forma espontânea e pode ser sentida através de uma mudança inegável na forma em que os pensamentos são processados. Em termos de como é sentida, a perspectiva pode ser descrita como uma sensação de que o “livre-arbítrio” que o ego ou a narrativa interna parecem ter, estão agora suspensas, removidas e reveladas como ilusórias.

Esta revelação não se dá como um resultado de um insight cognitivo que leva a pessoa a entender isso na teoria, mas sim, uma compreensão que ocorre à força, por meio de uma repentina mudança de perspectiva. Isto cria uma sensação inegável de que suas escolhas pessoais, suas ações físicas, sua perspectiva atual diante das situações, e cada assunto subjetivo de seu fluxo de pensamento tem sido completamente pré-determinado e fora de seu controle. A essa altura fica claro que essas coisas não são alcançadas por meio de um processo consciente de tomada de decisão, ou que são frutos do planejamento do ego, e que na verdade, nunca foram em momento algum. Em vez disso, eles são revelados como sendo um amplo e complexo conjunto de atividades eletroquímicas instantaneamente decididas, pré-programadas e internamente armazenadas, que respondem aos estímulos sensoriais sobre os quais o sujeito não possui nenhum controle consciente.  Além disso, há uma sensação física muito intensa que faz com que o arranjo preciso do ambiente externo e os objetos a ele relacionados sejam percebidos como sendo a força que de fato está decidindo como você está se relacionando fisicamente com ele. Isto é feito instantaneamente desencadeando suas respostas e decisões em relação a esses objetos através da simples percepção da existência deles. Isto pode fazer com que você sinta, por exemplo, que não é você que está decidindo levantar a mão e pegar um objeto, mas sim que você precisa fazê-lo (independente de você ter colocado ou não alguma intenção em pegá-lo).

Quando a experiência está chegando ao fim, o usuário começa a restabelecer seu senso de liberdade e independência. Porém, o que acontece normalmente, é que ele retém muitas daquelas informações e percepções e assim, a experiência costuma ser interpretada como uma profunda revelação a respeito da ilusória natureza do livre-arbítrio.

Pensamento conceitual:

O Pensamento conceitual pode ser descrito como uma mudança forçada na percepção, a qual liberta o fluxo consciente de pensamentos da limitação de estar restrito apenas ao conteúdo linguístico, formado por palavras e rótulos. Este efeito permite ao usuário pensar não apenas por meio de descrições verbais, mas diretamente, por meio de conceitos armazenados internamente, e que estão por trás das palavras e rótulos. Por exemplo, se alguém pensar na palavra “internet”, durante este estado, ela não ouviria apenas a palavra como parte do seu fluxo mental, mas também, sentiria em um nível de detalhes bem abrangente, todos os códigos, dados e informações não-linguísticos que ela possa ter armazenada nela, internamente e que estão comprimidas naquele rótulo que específica o conceito que a pessoa tem para o vocábulo “internet”.

É como se os conceitos por trás das palavras e rótulos que surgem em nosso fluxo de pensamentos pudessem ser sentidos cognitivamente, em cada ponto de si mesmos concomitante ao pensamento relativo ao rótulo ou palavra que nós atribuímos a cada um desses conceitos. Além disso, esses conceitos também são percebidos simultaneamente através de manifestações visuais na forma de animações internas parciais ou completas.

Esta experiência promove a impressão de que é possível sentir precisamente quais as limitações, consequencias e posição de cada conceito em particular. Estas sensações costumam ser descritas como um “nível superior de entendimento” e provavelmente assim são sentidas, por revelarem a linguagem humana como sendo intrinsecamente autolimitada na maneira com a qual se expressa, afinal as palavras podem atuar apenas como meros atalhos para os conceitos que estas mesmas palavras tentam descrever.

Em níveis menos intensos, esses estados de pensamentos conceituais, podem ser descritos especificamente como fluxos de pensamentos. O que significa que os conceitos que estão sendo sentidos, vistos e “entendidos” são exclusivamente relevantes para as palavras que você está pensando naquele momento. Isso será sentido de forma idêntica, em termos de comportamento estilístico, quer o conceito tenha surgido por um simples vagar dos pensamentos ou se tiverem sido desencadeados por meio da experiência de um conceito ou objeto percebido no ambiente externo.

Talvez, o exemplo mais comum desta sensação, e com a qual qualquer pessoa poderá se identificar, é a experiência de olhar para uma planta de qualquer tipo e sentir internamente (assim como a percebe visualmente) tudo que você sabe sobre plantas, fotossíntese, e evolução dos vegetais, (não importa quão vagas sejam as suas noções sobre cada um desses temas).

Em níveis mais avançados, esses estados de pensamento conceitual deixam de ser especificamente relacionados às palavras contidas em seu fluxo de pensamento e começam a abranger cada pedacinho de conhecimento que o usuário tenha armazenado em seu acervo interno até então.

Essa sensação faz com que o usuário sinta algo que comumente é interpretado como um novo nível de “total e completo entendimento”, à medida que as consequencias, limitações, e posições dentro deste universo, formado por cada conceito que o usuário antes conhecia apenas na teoria, por meio de descrições, pudessem agora ser sentidas por uma perspectiva emocionalmente intuitiva e inegavelmente real.

Talvez, o exemplo mais comum com o qual a comunidade de psiconautas possa se relacionar seja a sensação de total e profundo entendimento em relação (mas não limitado a isso) aos temas e arquétipos listados abaixo:

  • Princípios científicos gerais
  • Cuidados com a própria saúde
  • Seu papel na natureza e nos sistemas de ordem superiores
  • As consequencias de suas ações e sua responsabilidade em relação a elas
  • A civilização humana como o maior avanço da complexidade física
  • Viver em equilíbrio com a natureza com o melhor de suas habilidades
  • A inevitabilidade da morte
  • A completa improbabilidade da própria existência

efeitos_cognitivos_4É através da direta experiência dos conceitos por trás de nosso conhecimento linguístico que uma nova vida com mudanças de perspectiva podem ser sentidas de uma maneira inequívoca. Esses novos pontos de vista – que surgem da experiência – raramente são considerados pelo usuário como a criação proveniente de uma nova ideia individual ou de um insight criativo. Em vez disso, eles nada mais são do que a integração de conhecimentos prévios, que já haviam sido entendidos intelectualmente, na teoria, e que agora são absorvidos por um sistema que os sente diretamente em um formato que permite experimentá-los física e emocionalmente, de uma nova maneira, de modo que esses pontos de vista podem ser claramente compreendidos.

Comunicação direta com o subconsciente:

A comunicação direta com o subconsciente pode ser definida genericamente como aquela em que a pessoa se engaja em uma conversação linguística articulada e cheia de significado com uma voz alheia e incorpórea, de origem desconhecida, e que vive dentro da mente do usuário. De um modo geral, no que diz respeito à coerência e a inteligibilidade linguística em termos de detalhes, o estilo de conversação que ocorre entre a voz e o indivíduo que a hospeda, pode ser descrita como sendo essencialmente idêntica a uma conversa propriamente dita, que ocorre corriqueiramente na vida cotidiana.

Existem, porém, algumas diferenças sutis, mas identificáveis, entre esta conversa psicodélica e as que são frutos da interação humana diária. Cada uma delas resulta do importante fato de que o conjunto específico de conhecimento, memórias e experiências particulares de um indivíduo é idêntico aos da voz com a qual ele se comunica. Este importante fator permite que a conversa seja de tal maneira, que ambos participantes compartilham de um vocabulário pessoal notavelmente idêntico, seja nas gírias e coloquialismos ou nas sutilezas dos maneirismos individuais. Além disso, é importante salientar que diferentemente das conversas do dia-a-dia, não importa quão profunda ou detalhista a conversa se torne, nenhuma informação completamente nova é trocada entre os dois interlocutores. Em vez disso, a discussão foca primeiramente em construir um incrível, extremo e profundamente intuitivo e criativo conjunto de novas opiniões ou perspectivas a partir de velhas ideias, ou seja, em relação ao conteúdo previamente estabelecido durante a vida do indivíduo. Essas opiniões normalmente ganham uma nova abordagem, destituída de apegos emocionais, preconceitos, e irracionalidades que normalmente contaminam os processos cognitivos de tomadas de decisão, típicos de nosso estado de consciência comum.

Todos esses resultados provem da interação com uma consciência outra que não a do usuário, e que, por isso, costuma ser percebido como uma figura que assume o papel de guia espiritual, mestre, xamã ou algo do gênero. Para corroborar com esse objetivo de se apresentar como algo além da própria consciência do indivíduo, a voz muitas vezes é capaz de manipular diretamente vários aspectos e os níveis de intensidade da viagem e, ou vão explicar claramente a lógica por trás de suas decisões ou irão mantê-la em segredo, como mistério.

De um modo geral, o efeito como um todo pode ser dividido em 4 níveis de intensidade progressiva, cada um dos quais, está listado abaixo.

  1. Sentir a presença de uma outra consciência – este nível pode ser definido como a sensação característica de que uma nova forma de consciência está presente internamente, ao lado daquela que o indivíduo normalmente identifica como sendo a sua própria consciência.
  1. Respostas internas geradas mutuamente – Este nível pode ser definido como respostas linguísticas, internas, que interagem com os pensamentos e sentimentos do psiconauta, que são sentidos como se fossem parcialmente gerados pelo próprio fluxo de pensamento, e, ao mesmo tempo, gerados por um fluxo de pensamentos separado.
  1. Respostas internas geradas separadamente – Este nível pode ser definido por respostas linguísticas internas ao fluxo de pensamentos e sentimentos do usuário, que são sentidas por ele como sendo geradas por uma outra fonte de pensamentos, completamente separada da dele.
  1. Respostas internas audíveis geradas separadamente – Este nível pode ser definido como as respostas linguísticas internas, que são sentidas como sendo provenientes de outro fluxo de pensamentos, a parte daquele do indivíduo, e que são ouvidos claramente, de forma bem definida, como uma voz que fala dentro de sua cabeça. Esta voz pode tomar uma variedade de tons, sotaques e dialetos, mas normalmente soam de forma idêntica à própria voz do usuário. Dependendo do tom, a voz que se comunica com o usuário pode ser percebida como sendo a voz do próprio subconsciente; a voz da própria substância ingerida; ou até mesmo como sendo proveniente de seres conceitualmente sobrenaturais, como Deus, espíritos ou de ancestrais.

Supressão, perda ou morte do ego:

Supressão, perda ou morte do ego, é um componente extremamente profundo e abrangente. O ego pode ser definido como o conceito ou o senso de identidade que uma pessoa tem, normalmente confundido com o próprio Ser, o “Eu”, como agente separado do ambiente externo. É essencialmente, a consciência do indivíduo ou a capacidade de ser auto-consciente, possibilitado pela sua habilidade de recordar e manter um entendimento geral e o reconhecimento dos conceitos que se tem arquivado internamente, e que servem para preservar aquilo que é considerado como a própria identidade.

Com quaisquer alucinógenos, a habilidade individual de reter, recordar, sentir e entender conceitos como o próprio sentido do eu, assim como outras noções fundamentais pertencentes à existência básica do ser humano, são parcialmente ou completamente atenuadas, dependendo da dosagem. Este é o resultado de um estado progressivo e abrangente de supressão da memória. É um processo que podemos destrinchar em três níveis básicos:

  1. Supressão do ego – Pode ser descrita como um colapso parcial e provisório da memória recente. Normalmente, pode ser sentida pelo aumento da distração, perda de foco e pela dificuldade de processar qualquer pensamento que não seja ligada ao presente, ao aqui e agora.
  1. Perda do ego – Este é o colapso completo, mas provisório, da memória de curto prazo. Pode ser descrito como se a pessoa se tornasse completamente incapaz de se recordar de quaisquer detalhes específicos relacionados à presente situação, por mais de um ou dois segundos. Esta sensação geralmente resulta numa desorientação, repetição de pensamentos, perda do controle e confusão para os que não estão acostumados a ingerir substâncias enteógenas. A memória de longo prazo, entretanto, permanece quase que inteiramente intacta, e o indivíduo é perfeitamente capaz de lembrar-se do próprio nome, a data de aniversário, onde estudou na infância, etc.
  2. Morte do ego – Este nível se caracteriza pelo completo (mas provisório) colapso da memória de longo prazo. A morte do ego pode ser descrita como a total perda de controle, na qual a pessoa se torna completamente incapaz de se recordar até mesmo dos mais fundamentais conceitos armazenados em sua memória de longo prazo, o que inclui o próprio nome, quem você é, onde nasceu; não sabe que ingeriu alguma substância, não sabe o que são drogas, o que são seres humanos, o que é a vida, o que é a existência, ou qualquer outra coisa. A morte do ego permite a profunda experimentação de que não existe mais o “eu”, o indivíduo que está sob efeito de uma intensa viagem provocada por uma substância, mas apenas a própria viagem em si. A própria viagem é tudo que existe.

Regressão pessoal:

Regressão pessoal é um estado mental incomum e espontâneo que frequentemente acompanham a morte do ego. Pode ser descrita como o estado mental no qual o indivíduo adota a personalidade idêntica, os maneirismos e o comportamento de quem ele já foi, em fases pregressas da vida. Esta sensação costuma ser capaz de fazer a pessoa acreditar que é uma criança, por exemplo, e a agir como tal.

Pensamentos repetitivos:

Os loops de pensamento podem ser descritos como a experiência de ficar preso em uma corrente de sensações, ações e pensamentos repetitivos, em um ciclo que segue um determinado padrão que se repete. Este componente é mais comum em estados de perda do ego, nos quais a memória recente entra em colapso. Isso significa que os padrões repetitivos de pensamento são o resultado da incapacidade dos processos cognitivos de se manterem por períodos de tempo apropriados devido a lapsos de memória recente, resultados por sua vez, das tentativas do processo de pensamento de recomeçarem lá do início, para mais uma vez se confirmarem incapazes de chegar ao fim, e então, dando início a mais um ciclo perpétuo. Esta sensação pode ser extremamente desorientadora e pode desencadear estados de progressiva ansiedade, em indivíduos que não estiverem familiarizados com a experiência. A melhor maneira de interromper esses ciclos é simplesmente sentar, se acalmar, e deixar que eles cessem, naturalmente.

Sensação de opostos interdependentes:

Sensação de opostos interdependentes é o estado mental que normalmente acompanha a morte do ego. Ela pode ser descrito como uma sensação poderosa na qual o indivíduo vê, entende e sente fisicamente que a realidade se baseia em um sistema na qual a existência ou a identidade de todos os conceitos e situações dependem da co-existência de pelo menos duas condições, que são antagônicas entre si, ainda que dependentes uma da outra, à medida que as pressupõe como equivalentes logicamente necessários. Esta experiência costuma proporcionar um profundo mergulho na natureza fundamental da realidade e resulta na percepção de que conceitos como vida, morte, alto e baixo, luz e trevas, bom e ruim, matéria e antimatéria, prazer e sofrimento, sim e não, ser e não-ser, etc., existem como estados necessários e harmônicos para o contraste de sua força antagônica, ou seja, de que os opostos são interdependentes.

Delírios:

Delírios são sensações espontâneas mantidas internamente como grandes convicções. No contexto das drogas alucinógenas os delírios são perspectivas temporárias nas quais o indivíduo pode adentrar durante viagens com altas dosagens. Elas são mais fáceis de ocorrer durante estados de ego-perda ou morte do ego, mas de nenhuma forma, são permanentes como nos casos de delírios esquizofrênicos, ainda que tenham alguns temas e elementos em comum. Esses delírios podem ser desfeitos quando se tem evidências que provam o contrário ou quando a pessoa já está sóbria o suficiente para analisar a situação com o filtro da lógica.

Tipos

Os delírios podem ser divididos em quatro grupos:

  • Delírios bizarros: Este tipo de delírio é bastante estranho e completamente implausível. Um exemplo de delírio bizarro é achar que alienígenas retiraram o cérebro do usuário.
  • Delírios não-bizarros: Este é um delírio que, embora falso, é ao menos possível, uma vez que o usuário acredita equivocadamente, que está, por exemplo, sob vigilância policial contínua.
  • Delírio de humor-congruente: Este é qualquer delírio que tenha um conteúdo congruente com um estado depressivo ou de ansiedade. Por exemplo, uma pessoa deprimida pode acreditar que o âncora do jornal televisivo está explicitamente desaprovando-o, ou, uma pessoa em estado maníaco, ou de euforia, pode acreditar que ela é uma poderosa deidade.
  • Delírio de humor-neutro: Este delírio ocorre sem levar em consideração o estado emocional do usuário. Por exemplo, suponhamos que o indivíduo acredita que um membro extra está nascendo atrás de sua cabeça, esta impressão independe de a pessoa estar em euforia ou em depressão. Ou seja, não, é necessariamente, fruto de um estado, nem de outro.

Temas

Além dessas categorias, os delírios costumam se manifestar de acordo com temas recorrentes. Ainda que os delírios possam ter temáticas muito variadas, certos temas são frequentemente descritos. Alguns deles são:

  • Delírio de controle: caracterizado pela falsa percepção de que outra pessoa, um grupo de pessoas, ou uma força externa está controlando seus pensamentos, impulsos,sensações e o comportamento de um modo geral.
  • Delírios de morte: Esta é uma falsa impressão de que se está pra morrer, de que está morrendo, de que jã não mais existe ou de que já está morto.
  • Delírios relativos à culpa ou pecado (ou delírio de auto-acusação): Este é um sentimento de remorso sem fundamento, ou um sentimento de culpa desmedido, de intensidade delirante, na qual a pessoa se julga culpada por ter desempenhado um ato antiético.
  • Delírios de que a mente está sendo lida: trata-se da falsa impressão de que outras pessoas estão lendo seus pensamentos.
  • Delírios com inserção de pensamentos: Aqui, a impressão é a de que outra pessoa pensa por meio da sua mente. Esta sensação faz com que o usuário não consiga distinguir entre seus próprios pensamentos e aqueles inseridos em sua mente.
  • Delírios de referência: A pessoa tem a falsa impressão de que comentários, eventos ou objetos insignificantes do ambiente em que o usuário se encontra, possuem um significado ou uma importância que eles não têm. Por exemplo, a pessoa sob efeito da substância psicodélica pode achar que as pessoas que a aparecem na televisão ou no rádio estão falando especificamente com elas e pra elas.
  • Delírios com extravagâncias de viés religioso: Nesse caso, o usuário acredita ser uma espécie de deus ou que foi escolhido para atuar como um deus. A pessoa pode se convencer de que tem poderes, habilidades ou talentos especiais. Às vezes, o indivíduo pode achar que é uma pessoa famosa ou influente como Jesus Cristo. Por outro lado, pode ser também que a pessoa tenha insights filosóficos ao se alcançar altos níveis num estado de unidade e interconexão o qual não é necessariamente um delírio, mas uma perspectiva metafísica discutível.

Sensação de Unidade e interconectividade:

Estados de unidade e interconexão começam com uma mudança de perspectiva que normalmente é interpretada como a remoção de uma ilusão bem abrangente e bastante arraigada. A destruição desta aparente ilusão costuma levar o usuário a sensações que normalmente são interpretadas como um tipo de profundo “despertar” ou como se estivessem “iluminados”.  Uma vez removida, esta ilusão de separação é sentida como se sempre estivesse em vigor, forçando uma visão de mundo baseada em conceitos como “Eu”, “Mim”, “Meu”, com a qual ela se identificava, e que era responsável por perpetuar duas leis fundamentais. A primeira delas é que o “Eu” está inerentemente separado do ambiente externo e que não pode se estender ou mesclar-se com ele. A segunda é que o “Eu” é especificamente limitado não apenas ao corpo físico, mas exclusivamente às narrativas e imagens internas de sua própria personalidade, as quais foram construídas através das interações sociais com outras pessoas.

A ausência desta aparente ilusão leva as pessoas a sensações que normalmente são descritas como estados de completa unidade, de união com o todo, de interconectividade entre sua percepção do Eu e os conceitos ou sistemas externos, que antes eram percebidos como partes inerentemente separadas de sua própria identidade, de si mesmo.

Dependendo do grau de colapso desta ilusão de separação, a pessoa pode atingir cinco níveis de intensidades cognitivas com efeitos cuja complexidade aumentam progressivamente. Cada um desses níveis é perfeitamente capaz de sustentar espontaneamente suas perspectivas por semanas, meses ou até mesmo por anos após a experiência psicodélica em si. Este níveis podem ser descritos da seguinte maneira:

Unidade entre sistemas externos específicos

Podemos nos referir ao nível mais baixo e menos complexo como um estado de união entre “sistemas externos específicos”. Este é o único nível de intensidade no qual a experiência subjetiva de unidade não envolve um estado de interconectividade entre o self e o externo. Em vez disso, ele pode ser descrito como uma sensação de unidade entre dois ou mais sistemas dentro do ambiente externo, os quais – durante a vida cotidiana – costumam ser vistos como sendo separados, tanto do Eu, quanto um em relação ao outro.

Este efeito pode se manifestar de uma variedade de formas diferentes, mas os exemplos mais comuns incluem:

  • Um senso de unidade entre seres vivos específicos, como a unidade entre animais ou plantas e os ecossistemas que os cercam.
  • Um senso de unidade entre certos seres humanos e os objetos com os quais eles interagem.
  • Um senso de unidade entre uma quantidade qualquer de objetos animados agora perceptíveis.
  • Um senso de unidade entre o Homem e a Natureza.
  • Um senso de unidade entre o Eu e, literalmente, qualquer combinação de sistemas e conceitos externos.

O segundo desses níveis pode ser descrito como um estado de “união entre o Eu e  sistemas externos específicos”. Ele pode ser definido como a experiência de dissolução de fronteiras que antes separavam o senso pessoal de identidade do mundo externo, que agora passam a incluir o ponto central do foco cognitivo.
Este efeito pode se manifestar em um sem número de formas diferentes, mas alguns exemplos comuns são:

  • Se tornar um com um objeto especifico com o qual você está interagindo
  • Se tornar um com uma pessoa especificamente, com a qual você está interagindo. (particularmente comum, quando se está tendo relações sexuais ou amorosas, com esta pessoa)
  • Se tornar um com a totalidade de seu corpo físico
  • Se tornar um com uma enorme quantidade de pessoas, (particularmente, em raves e festivais de música)
  • Se tornar um com o ambiente externo, mas não com as pessoas nele presentes

Isto cria a sensação que normalmente é descrita pelas pessoas como a experiência de se tornar inextricavelmente conectadas, ou de se tornarem “um com”, “o mesmo que”, ou “unificadas com” seja lá qual for o sistema ou ambiente que é normalmente percebido como sendo externo, separado de nós.

União entre o “Eu” e todos os sistemas externos perceptíveis 
[O terceiro desses cinco níveis de intensidade pode ser descrito como um “estado de unidade entre o “Eu” e todos os sistemas externos perceptíveis”. Costuma-se referir a este estado como se as fronteiras entre o senso pessoal do “Eu” e todo o resto do ambiente externo perceptível fossem dissolvidas. A experiência, de um modo geral, se encaixa na frase comumente ouvida de que a pessoa “se tornou um com o entorno”.

Isto acontece quando o senso central do “Eu” passa a não estar mais atribuído apenas à narrativa interna do Ego, mas, na mesma medida, ao corpo e a tudo aquilo que está fisicamente conectado com ele através dos sentidos. Quando esta sensação é sentida, ela cria uma perspectiva inegável de que você é o ambiente externo, que se auto-experimenta, através de um ponto específico dentro dele, e no qual esta percepção sensorial física e os pensamentos conscientes do corpo na verdade residem dentro do ambiente externo, como sendo parte dele.

É nesse nível que um componente-chave da experiência de unidade se torna um fator extremamente notável. Uma vez que o senso de “Eu” da pessoa passa a ser atribuído ao todo que o cerca, esta nova perspectiva transforma completamente como ele interage com aquilo que antes era para ele um ambiente alheio, externo. Por exemplo, ao interagir com um objeto no dia-a-dia, é muito comum achar que nós somos o agente central, organizando o mundo a nossa volta. Entretanto, quando se está vibrando em um estado de unidade com o ambiente, e o entrono, a interação com um objeto normalmente passa a ser sentido como se o sistema como um todo estivesse autonomamente se organizando e se desenvolvendo e que você não é mais um agente central operando o processo de interação. Mas sim, que o processo, de repente, se torna totalmente descentralizado e mútuo diagonalmente, conforme o ambiente de maneira autônoma, mecânica e harmoniosa responde a si mesmo, para desempenhar as funções pré-determinadas de uma interação em particular.

União entre o Ser e todos os sistemas externos

Podemos nos referir ao quarto, desses cinco níveis de intensidade como o “estado de unidade entre o Ser e todos os sistemas externos”. Ele pode ser definido como o colapso entre todas as fronteiras existentes entre o “Eu”, o ambiente externo perceptível, e tudo aquilo que a pessoa sabe existir fora dele por meio do modelo de realidade que ele tem armazenado dentro dele. A sensação é de que seu senso de identidade não é atribuído apenas ao ambiente externo, mas a toda a humanidade, a natureza, e o universo, na forma com que eles se apresentam em sua totalidade.  A sensação normalmente é descrita com a frase “senti como se eu fosse um com o universo”.

Quando experimentada, esta perspectiva cria a sensação repentina e inegável de que você é – quase que literalmente – o universo inteiro, experimentando a si mesmo e atuando naquele ponto específico no espaço no qual o seu ego e a percepção consciente hoje reside. Geralmente, todos que passam por esta experiência imediata, universalmente sentem que esta sensação é inata e inegavelmente verdadeira!

União entre o Ser e a Criação de todos os ambientes Externos

O quinto nível de intensidade, o mais profundo deles, pode ser descrito como o “estado de unidade entre o Ser e a Criação de todos os sistemas externos”. Ele pode ser explicado como a experiência de colapso das fronteiras perceptíveis entre o senso de identidade da pessoa e todos os sistemas de comportamento externos. Isto inclui não apenas os sistemas conforme eles se apresentam no momento presente, mas como também, como cada ponto da existência através dos tempos – passado, presente e futuro – de acordo com o modelo de realidade que a pessoa tenha armazenado dentro de si.

Quando experimentado, este estado faz com que o seu senso de identidade passe a ser vinculado a todo o espaço e tempo incluindo todo e qualquer evento passado e futuro, como a criação do universo e a destruição da existência. Esta é uma perspectiva que costuma levar o viajante a sentir uma revelação que o torna consciente de que você, em termos do seu verdadeiro “Ser” (tudo que existe) é responsável pessoal e conscientemente, por tudo que é criado e desenvolvido no próprio universo.

É nesse estado em que algumas pessoas costumam reportar sub-perspectivas que se intrincam e se mesclam e em que, intrinsecamente, conclusões de natureza religiosa ou matafísica começam a surgir. Este estado inclui, mas não se resume a:

  • A aceitação completa e repentina em relação à morte, como um componente fundamental da vida da pessoa. Isto ocorre, pois a morte passa a não ser a destruição do Eu (do self), mas em vez disso, apenas o fim deste ponto específico de consciência, que em sua ampla maioria sempre existiu e continuará existindo, em todas as outras coisas no qual esta consciência reside.
  • Uma perspectiva na qual a pessoa se sente pessoalmente responsável por desenvolver, planejar e implementar cada detalhe específico e cada elemento da própria vida, da história da humanidade e do universo como um todo. Isto normalmente inclui uma sensação de culpa pela humanidade estar sofrendo e cometendo tantas falhas, mas também incluem atos de amor e de ter alcançado grandes feitos.
  • A realização espiritual e religiosa que a pessoa tinha formado para si por meio de suas noções pré-concebidas e por conceitos que tem de Deus, ou da Essência Divina, passam agora por uma total e forçosa transformação na maneira que é percebida, assim como muda a natureza interna da pessoa que passou por esta experiência. Esta nova percepção é normalmente alcançada por meio de uma conclusão subconsciente de que os conceitos quase que antagônicos do “Eu” e de “Deus” passam a ser, ambos, definidos de forma idêntica, já que tudo é criação onisciente, onipresente e onipotente, que sustenta toda a existência.

Os Efeitos Diversos de Uma Experiência Psicodélica

Esse guia é uma tentativa de categorizar e descrever em termos simples os efeitos diversos específicos que drogas psicodélicas causam. Ele descreve não experiências pessoais, mas a universalidade de efeitos que foram sentidos e reportados pela maioria, senão todos os usuários de psicodélicos.

Ele está dividido em três diferentes seções:

I. Os efeitos visuais da experiência psicodélica.
II. Os efeitos cognitivos da experiência psicodélica.
III. Os efeitos diversos da experiência psicodélica.

O primeiro é uma descrição da experiência visual, o segundo é uma descrição da experiência mental e o terceiro é uma descrição dos componentes sensoriais que não se encaixam nem nos efeitos mentais, nem nos visuais. Ele é em referência a todos os psicodélicos clássicos e à grande variedade de modernos e obscuros “químicos de pesquisa” que estão se tornando cada vez mais prevalecentes. Mais especificamente essa lista inclui, mas não é limitada a: LSD, Cogumelos, DMT, Ayahuasca, LSA, Mescalina, Bufotenina, 5meoDMT, AMT, Harmina, Harmalina, MDA, a família 2Cx e a família DOx.
Esta seção do artigo procura destrinchar os efeitos diversos: auditivos, físicos e multissensoriais típicos da experiência psicodélica apresentando-os em tópicos simples, e de fácil compreensão, seguidos por descrições e sistemas de nivelamento. Aqui o faremos, sem utilizar metáforas, analogias, e relatórios de “viagens” pessoais.

Efeitos auditivos:

Intensificação

O aumento da capacidade auditiva pode ser descrito como a sensação de estar extremamente consciente de todos os sons ao seu redor e com uma capacidade maior de identificar exatamente de onde cada camada de som está vindo, uma vez que o som se torna muito mais nítido e bem definido do que foi jamais sentido em situações normais, durante a sobriedade.

A manifestação mais interessante deste componente é o aumento da capacidade de perceber e apreciar música, possibilitando, por exemplo, que pessoas que ouviram as mesmas músicas a vida toda possam experimentá-las em um nível de detalhe que é simplesmente incomparável ao que jamais experimentaram em outras oportunidades. É como se cada uma das camadas que compõem uma música estivesse sendo trazida à tona e apresentada de modo a ser ouvida com uma compreensão perfeita. A diferença é tanta que muitas pessoas afirmam que uma pessoa não pode dizer que ouviu – de fato – em sua totalidade, a música em questão, até que tenha ouvido sob influência de substâncias que favoreçam esta intensificação da percepção auditiva.

Distorções

As distorções auditivas podem se manifestar de muitas maneiras distintas, mas muitas vezes, tomam a forma de ecos ou murmúrios crescentes na esteira de cada som, acompanhados por distorções na percepção da velocidade, do batimento, da música. As distorções aumentam proporcionalmente à dosagem até o ponto em que a música e os sons são seguidos por uma reverberação contínua e consistente, conforme os sons vão começando a saltar em crescentes velocidades pelas paredes de seu cérebro de forma sucessiva, muitas vezes deixando o som original completamente irreconhecível, até que o ruído seja interrompido ou alterado, quando então, retorna ao nível inicial antes de começar um novo ciclo de distorções.
Este efeito pode ser dividido em três diferentes níveis de intensidade:
Suave – Estes são efeitos sutis e espontâneos de reverberação e eco, assim como mudanças no pitch (na velocidade da música) atribuídas a ruídos no ambiente externo. Eles são fugazes em sua manifestação, abaixo do esperado em sua intensidade, e fácil de ignorar.
Nítido – Os efeitos tornam-se extremamente óbvios e espontâneos, mas são, ocasionalmente, efeitos de eco e reverberação consistentes, assim como mudanças no pitch, atribuídas a ruídos no ambiente externo. Eles podem ser altos e arrastarem-se por tempo suficiente em suas manifestações, de maneira que se tornam impossíveis de ignorar.
Abrangente – Neste ponto, as distorções de áudio tornam-se constantes em sua manifestação e impossíveis de ignorar. As alterações tornam-se tão complexas que o som original se torna rapidamente irreconhecível.

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Alucinações

As alucinações auditivas são, em essência, o equivalente sonoro das alucinações visuais, através de imagens e visões que se tem, de olhos abertos. Elas podem ser descritas como ruídos imaginários espontâneos, acionados de forma completamente aleatória ou que são manifestados no lugar dos sons que, subconscientemente, espera-se ter. Os exemplos mais comuns de alucinações sonoras se manifestam na forma de trechos de canções e conversas, e, portanto, são ouvidas vozes e partes da melodias, que estão na sua imaginação e memória, assim como uma infinita variedade de sons que se encontram armazenadas dentro do cérebro e são, de alguma forma, acessadas nesses estados.
A alucinação auditiva mais comum relatada por quem utiliza substâncias alucinógenas são reproduções do que está arquivado na memória recente, em que partes da música ou das conversas que foram armazenadas horas antes, são novamente tocadas espontaneamente e sem sentido aparente, em forma de clipes de áudios, ou pequenos trechos, nos quais é possível ouvir as respectivas vozes e os sons. Essas alucinações podem se repetir ao longo de várias horas após o consumo de determinadas substâncias.
Este efeito pode ser dividido em:
Alucinações integradas, parcialmente definidas – Neste nível, os sons são indefinidos, não muito claros, ou seja, soam de forma pouco abafada e difícil de decifrar. As alucinações desse tipo são ouvidas dentro dos sons reais, e estão estritamente incorporadas aos sons produzidos no ambiente externo que circunda o psiconauta. Um exemplo seria ouvir música a partir dos sons do vento, dos carros, e da chuva.
Alucinações separadas, parcialmente definidas – Neste nível, os sons permanecem apenas parcialmente definidos, com pouca nitidez, mas podem ser ouvidos em uma camada separada, própria, em vez de apenas se manifestar dentro de outros ruídos externos.
Alucinações separadas, totalmente definidas – Neste nível, os sons tornam-se totalmente definidos em sua clareza, o que significa que as palavras específicas que estão sendo faladas ou o conteúdo musical da alucinação pode ser reconhecido e compreendido perfeitamente.
Alucinações separadas, bem definidas e Interativas – Neste nível, os sons permanecem totalmente definidos em sua clareza, mas tornam-se parcialmente ou totalmente interativos, o que significa que as vozes podem se engajar numa conversa com o usuário e os ruídos espontâneos ou sinfonias musicais podem ser, por ele, controladas.

Efeitos físicos:

Intensificação da sensibilidade táctil

Este aumento da sensibilidade do toque pode ser descrito como uma intensificação global do tato e das sensações que derivam dele, acompanhada de um aumento na consciência geral das atividades das terminações nervosas de todo o seu corpo. No nível mais elevado, isso se torna cada vez mais extremo até que a exata localização e a sensação corrente de cada terminação nervosa em cada parte da pele do usuário podem ser identificadas, sentidas e compreendidas em sua totalidade. Já em um estado de consciência normal, de sobriedade, nossa consciência imediata só consegue manter a consciência das sensações táteis que são relevantes para a atividade específica que está sendo desempenhada em cada momento.
Se por um lado o efeito pode levar a uma intensificação do prazer, derivado das sensações táteis experimentadas ao tocar, abraçar, beijar, transar, etc., por outro lado, o super incremento da sensibilidade pode fazer com que esses mesmos contatos se tornem desconfortáveis e indesejáveis.

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Aumento do controle corporal

O aumento do controle corporal é aquele que induz a um aumento dramático no nível de domínio que uma pessoa tem sobre o seu corpo físico. Este aumento pode ser descrito como a sensação de ser capaz de controlar com precisão, cada músculo do corpo com o mais ínfimo dos gatilhos mentais, deixando o usuário sentindo-se extremamente ativo e ágil. Esta sensação é comumente interpretada como uma estranha percepção corporal, profunda e primitiva, como se o usuário tivesse sido colocado novamente em contato com o corpo animal.

Sensações táteis espontâneas

Sensações táteis espontâneas são um componente comumente referido dentro da comunidade psiconauta como um “body high” pode ser descrito como uma espécie de ativação das terminações nervosas em todo o corpo, e que ocorrem sem qualquer gatilho físico óbvio ou imediato. A experiência resulta em sentimentos de ruído tátil distinto e aleatório, acompanhado por sensações de formigamento. Estas sensações variam muito, de acordo com a substância consumida, mas podem ser divididas em quatro níveis básicos de intensidade:
Suave – A forma mais básica de body high pode ser descrito como uma sensação leve de formigamento fugaz em todo o corpo, suave o bastante a ponto de não prejudicarem o controle motor físico e, essencialmente, podem ser ignorados pelo psiconauta caso ele deseje. É comum a sensação de calafrios ou calor ocasional por todo o corpo.
Nítido – Neste nível, o body high torna-se impossível de ignorar. Ele pode ser descrito como nítidas sensações de formigamento, intensas o suficiente para afetar parcialmente o controle motor fazendo com que uma grande porção da atenção do usuário seja direcionada para essas sensações.
Avassalador – O nível mais alto ocorre no ponto em que as sensações de formigamento aumentam o suficiente a ponto de tomarem o foco da atenção, de forma poderosa e incontrolável. A essa altura, as sensações são completamente irresistíveis, e o controle motor do usuário é afetado de tal forma que deixa-o deitado ou sentado, incapaz de levantar-se, contorcendo-se de acordo com as sensações que agora se tornam mais abrangentes.

Variações
As diferenças entre cada estilo diferente de body high pode ser dividida em cinco sensações opostas, básicas:
Móveis vs Estáticas – as sensações de formigamento nas terminações nervosas ou irão mover-se com fluidez por várias partes do corpo, em direções aleatórias e espontâneas, ou então permanecerão consistentes, estáticas, em suas posições.
Constantes vs Espontâneas – As sensações de ruído tátil serão presença constante ao longo de uma parte significativa da viagem ou serão espontâneas, manifestando-se em pontos aleatórios, de forma intermitente, em fases diferentes da viagem.
Agudas vs Suaves – A sensação de formigamento nas terminações nervosas poderá ser suave, leve, e morna ou aguda e fria.
Abrangentes vs Específicas – As sensações de ruído tátil podem ser sentidas por cada centímetro quadrado de pele ou em locais muito específicos, tais como as extremidades dos dedos das mãos e dos pés, subindo e descendo a coluna vertebral, ou passando de um lado a outro da cabeça.
Eufóricas vs Disfóricas – Em doses devidamente elevadas, sensações de ruído tátil e formigamento das terminações nervosas podem ser interpretadas como imensamente e esmagadoramente prazerosas ou podem ir no sentido oposto e tornarem-se extremamente desconfortáveis.