Archives 2015

Desapegando das experiências espirituais.

Pare de se agarrar aos momentos de pico e abra-se para a verdadeira compreensão.

Experiências e Compreensões Espirituais

Haverá todo tipo de experiências no caminho espiritual. Períodos positivos de desenvolvimento — aqueles que são encorajadores e reconfortantes — são uma parte importante do processo. É importante compreender, entretanto, que até mesmo experiências positivas irão flutuar. Nós raramente, ou nunca, percebemos um desenvolvimento estável delas, precisamente porque as experiências são inconstantes por natureza. Desfrutar de uma série de boas experiências não garante que elas continuarão indefinidamente; elas podem cessar de súbito. Ainda assim, elas permanecem com uma parte importante da prática espiritual, pois elas ajudam a manter a nossa motivação para continuar praticando.

face1O modo que essas experiências surgem também varia enormemente. Você pode ter algumas experiências incrivelmente comoventes, algo como um despertar espiritual que parece surgir do nada. Na verdade, essas experiências realmente não surgem do nada; condições psíquicas sempre as precederão, embora pareçam independentes para nossa experiência consciente. Elas também podem desaparecer tão rapidamente como aparecem. Em outras ocasiões, certas experiências vão crescer ao longo de um período de tempo, atingirão o pico, e então gradualmente desaparecerão novamente.

Como praticantes espirituais, somos instruídos a não atribuir demasiada importância a estas experiências. O conselho é resistir à tentação de se fixar sobre as próprias experiências. Elas vêm e vão. É necessário abrir mão delas, ou a mente irá simplesmente se fechar e se fixar na experiência, deixando pouco ou nenhum espaço para novas experiências a surgirem. Isto porque a sua fixação incentivará preocupações e dúvidas que surgem na mente e interferirão com o processo de desenvolvimento. Se não houver fixação envolvida no processo, experiências espirituais positivas irão começar a levá-lo para compreensões espirituais.

No Budismo, podemos distinguir entre experiências espirituais e compreensões espirituais. As experiências espirituais são geralmente mais vivas e intensas do que as compreensões, porque elas são geralmente acompanhadas por mudanças fisiológicas e psicológicas. Compreensões, por outro lado, podem ser sentidas, mas sua experiência é menos pronunciada. Compreensão é sobre a aquisição de insight. Portanto, enquanto compreensões surgem de nossas experiências espirituais, elas não são idênticas. Compreensões espirituais são consideradas muito mais importantes, porque elas não podem flutuar.

A distinção entre experiências e compreensões espirituais é continuamente enfatizada no pensamento budista. Se evitarmos excessivamente fixar-se em nossas experiências, estaremos sob menos stress em nossa prática. Sem esse esforço, seremos mais capazes de lidar com qualquer coisa que surja, a possibilidade de sofrer de distúrbios psíquicos será bastante reduzida, e iremos notar uma mudança significativa na textura fundamental da nossa experiência.

Há muitos relatos na literatura budista tibetana de como podem surgir perturbações espirituais, mas tudo aponta para a fixação em experiências como a causa. Fixação em nossas experiências é visto como uma outra variação de fixação no self.

No contexto geral da jornada espiritual, é importante lembrar que a autotransformação é um processo contínuo, não um evento único. Não se pode dizer, “Eu costumava ser uma pessoa não espiritual, mas agora eu fui transformado em uma pessoa espiritual. Meu velho homem está morto. ” Estamos constantemente sendo transformado quando viajamos no caminho. Embora possamos ser a mesma pessoa em um nível, em outro nível que somos diferentes. Há sempre continuidade, e ainda em cada grande momento decisivo na jornada nós nos tornamos transformados porque abandonamos certos hábitos. A jornada espiritual é dinâmica e tende sempre para a frente, porque não estamos a fixar-se nas coisas.

Desapegando-se

A jornada espiritual, então, é uma jornada de desprendimento, um processo de aprender a desapegar. Todos os nossos problemas, misérias, e infelicidades são causados pela fixação — prendendo-nos em coisas e não sendo capazes de libera-las. Primeiro temos que nós desprender de coisas materiais. Isso não significa, necessariamente, descartar todas as nossas posses materiais, mas isso implica que não devemos olhar para as coisas materiais atrás da felicidade duradoura. Normalmente, a nossa posição na vida, nossa família, nossa posição na comunidade, e assim por diante, são percebidos como a fonte de nossa felicidade. Esta perspectiva tem de ser invertida, de acordo com os ensinamentos espirituais, abrindo mão de nossa fixação em coisas materiais.

Abrir mão da fixação é efetivamente um processo de aprender a ser livre, porque cada vez que deixamos algo ir, ficamos livres dele. O que quer que nós fixamos irá nos limitar porque a fixação nos torna dependentes de algo além de nós mesmos. Cada vez que abrimos mão de algo, nós experimentamos um outro nível de liberdade.

Eventualmente, a fim de sermos totalmente livres, aprendemos a abrir mão dos conceitos. Em última análise, precisamos abandonar nossa fixação na reificação de conceitos, de as coisas serem “isto” ou “aquilo”. Pensar nisso e naquilo nós prende a um modo particular de experimentar as coisas. Mesmo experiências espirituais não serão dadas como completas, espontâneas, sem intermédios, enquanto o tipo mais sutil de distinção conceitual estiver presente. A experiência ainda vai ser mediada, adulterada, e manchada por todos os tipos de conteúdo psíquico quando fazemos discriminações. Portanto, ele permanecerá sempre impossível de ser verdadeiramente livre.

O passo final no processo de desapego é abandonar a ideia de que a corrupção material e de liberdade espiritual são inequivocamente opostos um ao outro e que nós temos que abrir mão do primeiro para alcançar o último. Enquanto isso é uma distinção importante a observar no início da jornada espiritual, temos que superar essa dualidade. Temos que transcender tanto a sedução do prazer samsárico (N.T. Samsara, do sânscrito-devanagari: संसार: perambulação; pode ser descrito como o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos) — que acaba por ser tão ilusória — e a sedução de nosso objetivo espiritual que parece estar oferecendo a felicidade eterna. Uma vez que a atração entre estes dois polos esteja harmonizada e transcendida, estamos prontos para voltar para casa.

O desfrute do Caminho Espiritual

O objetivo final da jornada espiritual é compreender a união de sua mente e realidade final. Você descobre finalmente não apenas que você está na realidade, mas que você também incorpora essa realidade. Seu corpo comum torna-se o corpo de um buda (N.T. refere-se a palavra em sânscrito que significa “O Desperto” “O Iluminado”,e não propriamente a figura histórica, Siddharta Gautama, conhecido como O Buda), o seu discurso comum torna-se o discurso de um buda, e sua mente comum torna-se a mente de um buda. Esta é a grande transição que você tem que fazer, abandonando a sua fixação sobre a separação dos seres samsáricos e budas. Quando podemos falar sobre eles como sendo essencialmente os mesmos, quando essa transformação real ocorre dentro de um indivíduo, é verdadeiramente um grande acontecimento. É notável porque um ser comum, confuso, ainda mantém a preexistência contínua entre um ser comum e um ser iluminado, no sentido de que o que você se torna é o que você sempre foi. No final da jornada, você está simplesmente voltando para casa.

No entanto, a jornada em si era absolutamente necessária. Era necessário deixar o seu ambiente familiar e se aventurar através de vários testes e atribulações. Era necessário lidar com muitas coisas inesperadas, lutar com as suas forças demoníacas interiores. Era necessário seguir através da luta espiritual e se envolver em disciplinas vigorosas. A batalha espiritual é valiosa para a purificação da mente. Sua mente tem de purificar-se dos delírios e emoções conflitantes que são o produto de seu karma, o produto dos pensamentos e ações negativas que se acumularam em seu fluxo mental durante um longo período de tempo.

Depois de um ponto, no entanto, você tem que se afastar dessa luta. Conforme o progresso é feito no caminho, as qualidades positivas exigidas para um maior avanço se tornarão parte de você, e você vai gradualmente aprender a assimilar e se tornar essas qualidades positivas, ao invés de considerá-las como algo a ser atingido e possuído. Assim, após o foco inicial em aprender a substituir vícios com virtudes, devemos aprender a desapegarmos de nossa fixação em virtudes. Temos de parar de pensar em acumular virtudes, qualidades espirituais, experiências e compreensões como se fossem uma forma de riqueza. Nós não necessitamos de riqueza espiritual; além disso, a riqueza espiritual só pode ser acumulada pela não fixação. Todas as fixações só levam a todos os tipos de problemas — inveja, possessividade, e egoísmo, por exemplo. É então realmente que nós extraviamos e desviamos do caminho espiritual.

Conforme nossas qualidades virtuosas de amor, compaixão, alegria, coragem, determinação, resolução, mindfulness, consciência e sabedoria desenvolvem-se, nós progredimos ao longo do caminho. Em algum momento, nós temos que realizar um ato final de desapego, que é deixar de reificar todos os conceitos. Mesmo os conceitos de virtude e vício, redenção, karma e libertação tem que ser abandonados. A título de ilustração, eu gostaria de compartilhar uma história da tradição Zen.

Não é incomum para os alunos de meditação Zen manter-se em contato regular com os seus professores relativo ao seu progresso espiritual. Nesta história particular, um estudante Zen tem uma propensão para a escrever mensalmente para seu professor mensal com um relato de seu desenvolvimento. Suas cartas começaram a tomar um rumo místico, quando escreveu: “Eu estou experimentando uma unidade com o universo. ” Quando seu professor recebeu esta carta, ele apenas olhou e jogou fora. No mês seguinte, o aluno escreveu: “Descobri que o divino está presente em tudo. ” Seu professor usou essa carta para iniciar o fogo. Um mês depois, o estudante havia se tornado ainda mais em êxtase e escreveu: “O mistério do Um e Muitos se revelou para o meu espanto, ” em que seu professor bocejou. No mês seguinte, outra carta chegou, que simplesmente disse: “Não há nenhum self, ninguém nasce, e ninguém morre. ” Nesta, seu professor ergue as mãos em desespero. Após a quarta carta, o estudante parou de escrever para seu professor, e depois que um ano se passou, o professor começou a se sentir preocupado e escreveu a seu aluno, pedindo para ser mantido informado de seu progresso espiritual. O aluno escreveu de volta com as palavras “Quem se importa? ” Quando o professor leu isto, sorriu e disse: “Finalmente! Ele finalmente entendeu! ”

No final da jornada, você será capaz de se envolver em tudo, tanto o os planos materiais e espirituais, sem ser contaminado por eles, porque um ser espiritualmente compreendido não é mais afetado pelo mundo da mesma forma uma pessoa comum é. Sem passar pelos testes e tribulações desta jornada, no entanto, você nunca vai encontrar a sua casa. Você não pode simplesmente ficar em casa e dizer: “Eu já estou onde eu quero estar. ” É apenas a jornada que fará você perceber o seu verdadeiro potencial, e só no final da jornada você vai entender que o objetivo não é se separar do ponto de partida. Essa é a obtenção do estado de Buda, o estado natural de sua própria mente.


Texto escrito por Traleg Kaybgon Rinponche, presidente e diretor espiritual do Kagyu E-Vam Buddhist Institute, com sede em Melbourne Austrália. Retirado de Mind At Ease: Self-Liberation Through Mahamudra Meditation, © 2004 de Traleg Kyabgon.

Pesquisador Psicodélico: Como drogas como o LSD e cogumelos podem mudar a sua vida

Devemos a nós mesmos, à humanidade, perseguir este tipo de trabalho com ou sem financiamento federal.”

Traduzido do Original de Allegra Kirkland, da Alternet

Estamos atualmente experimentando uma renascença na pesquisa psicodélica, enquanto Michael Pollan escreveu em seu recente artigo no The New Yorker.. Substâncias alucinógenas, como psilocibina podem de fato ser usadas para tratar uma variedade de desordens de saúde mental, da ansiedade e o vício à depressão, e os pesquisadores das principais escolas médicas dos Estados Unidos querem descobrir todo o seu potencial terapêutico.

A Psilocibina está no grupo das drogas classificadas como “psicodélicos clássicos”, que também inclui LSD, Mescalina e DMT, e foram designadas substâncias proibidas desde que Nixon assinou o Ato de controle de Substâncias em 1971. Essa classificação (que definia a droga como tendo alto potencial de abuso e nenhum uso médico aceitável) tornou os psicodélicos muito difíceis de serem estudados em laboratório.

Mas nos últimos anos temos testemunhado uma enxurrada de novas pesquisas neste campo, a começar por um estudo de referência, por Roland Griffiths, um psicofarmacologista da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins. Em seu estudo, voluntários a quem foram administradas doses de psilocibina, sob uma estrita supervisão dos terapeutas, relataram experiências transformadoras, e melhoras de longo prazo no bem estar pessoal, satisfação com a vida e mudança positiva nos comportamentos. Dois terços dos participantes disseram que a sessão foi uma das “mais espiritualmente significantes experiências de suas vidas”. O trabalho de Griffiths, inspirou muitos outros experimentos, incluindo um estudo em curso na Universidade de Nova York, onde pacientes em estágio avançado de câncer passam por uma sessão terapêutica com psilocibina para ajudá-los a lidar com a ansiedade de fim de vida.

Em uma entrevista por telefone, Eu falei com Peter Hendricks, um professor da Universidade do Alabama na Escola Birmingham de Saúde Pública, sobre os entusiasmantes avanços acontecendo no campo. Em janeiro passado, Hendricks e seus colaboradores publicaram um estudo na Psychopharmacology sobre a associação do uso de psicodélicos clássicos e uma redução nas tensões psicológicas e tendências suicidas na população americana adulta. Hendricks compartilhou sua visão sobre a falta de fundamentação científica para a nossa lei de drogas, as peculiares ansiedades sociais provocadas pelos alucinógenos, e porque um novo mundo da pesquisa psicodélica está apenas começando.

Allegra Kirkland: Como Você ficou interessado em pesquisar os efeitos dos psicodélicos na saúde mental e bem-estar das pessoas?

Peter Hendricks: Minha base é na psicologia clínica, com foco no vício. Para as pessoas que trabalham no campo da saúde mental, existe uma motivação em ajudar os outros. Muitos de nós gostaríamos de ver estes problemas que tentamos desvendar desaparecerem por completo. Eu sei que pode soar muito otimista, mas com isso em mente, não é difícil ver porque as taxas de sucesso dos tratamentos existentes são tão desapontantes. A gama de intervenções que temos neste momento para tudo de depressão à vício não está ainda como gostaríamos que estivesse. Então estamos buscando melhorar o que já existe.

Quanto ao porquê de estudar psicodélicos, é uma uma história um tanto interessante. Quando eu era um pós-doc em 2006, publiquei minha dissertação em um jornal chamado Psychopharmacology. Eles me enviaram uma cópia complementar dessa publicação para que eu pudesse ver o meu artigo na impressão, e eu estava tão animado para vê-lo no dia em que chegou ao meu escritório. Mas o artigo que eu abri era, na verdade a peça fundamental do professor Johns Hopkins, Roland Griffiths, na pesquisa psicodélica.

AK: Michael Pollan descreve no New Yorker que pareceu que o artigo de Griffiths realmente marcou uma virada na aceitação pela comunidade científica da pesquisa psicodélica. Você concorda com isso?

PH: Concordo absolutamente. Foi grande. Eu nasci em 1976 então vivi por dento a guerra às drogas e, certamente, a campanha “Just Say No” dos anos 80. Como muitas pessoas, eu sempre assumi que informaçã que me era dada era precisa. Eu tinha todas as razões para acreditar e confiar no governo e em seus fundamentos para a proibição das drogas. Até aquele momento, eu pensava que alucinógenos eram perigosos, e que as razões para enquadrá-las nas “Substâncias de Categoria I” eram válidas. Mas quando eu li o estudo de Roland, foi um divisor de águas para mim. Não apenas mudou meu entendimento dos psicodélicos, como me encorajou a me aprofundar nas leis de drogas e nas razões por trás delas.. No curso de um ano ou dois, eu percebi que existe de fato um enorme potencial curativo nessas substâncias e o funamento legal para sua proibição é muito pobre.

Ainda assim, como um psicólogo, eu teria cuidado a não menosprezar aqueles que estão tendo dificuldade em entender a minha posição. Há um grande professor de Nova York chamado Jonathan Haidt, que estuda os fundamentos morais de conservadores e liberais e deu uma incrível palestra no TED sobre isso. Ele dizia que os liberais em geral, querem ver a mudança da sociedade e ir para a frente. Conservadores normalmente gostam que as coisas fiquem como estão. Ele enxerga essas duas forças como yin e yang; elas se complementam. Se todo mundo fosse um progressista, ele argumenta, a sociedade iria mudar muito rapidamente e poderia, no pior dos casos, mergulhar na anarquia. Por outro lado, se nós nunca mudarmos, então nunca vai evoluir: nós nunca veríamos os avanços em direitos humanos que temos visto ao longo dos últimos cem anos. Então, a mudança é boa. Mas eu consigo entender como uma mudança muito rápida pode ser um conceito assustador.

AK: Continue !

PH: Eu acho que no final dos anos 60, havia algumas mudanças bastante dramáticas ocorrendo. Eu não acho que as pessoas da minha idade conseguem realmente apreciar o quão monumentais algumas delas foram. O show do Elvis onde ele estava balançando os quadris foi considerado extremamente controverso e selvagem. E em apenas alguns anos, vimos hippies barbudos de cabelos compridos, queimando os seus cartões de pagamento e vivendo em comunas. Tivemos músicas de formas que nunca ouvimos antes, como o Grateful Dead e suas jam sessions de 45 minutos e as incríveis inovações de Jimi Hendrix. Acho que o LSD e os outros psicodélicos estavam sendo em boa parte o combustível dessa mudança. E numa posição de compreensão, eu posso ver como para um monte de gente, essas alterações foram assustadoras ou esmagadoras…. A razão médica ou científica para classificar essas drogas como Categoria I não estavam lá. Mas eu posso entender como as pessoas pensavam que era a melhor coisa para o nosso país.

AK: Você acha que em alguma parte o motivo das pessoas estarem mais abertas a este tipo de pesquisa agora é porque testemunhamos o fracasso da guerra às drogas e por percebermos que as pessoas vão usá-las sejam elas ilegais ou não? Isso é uma mudança cultural, que estamos enxergamos de forma mais natural a realidade do uso de drogas?

PH: Eu acho que a ciência e a cobertura midiática associada estão cumprindo um papel. Eu estive entre aqueles que achavam que sim, alucinógenos deveriam ser substâncias proibidas; sim, elas são drogas perigosas; não, não existem aplicações terapêuticas para elas. Eu acreditava nisso até que eu vi a ciência, até que eu vi que o estudo de Griffiths, em 2006, e os estudos que se seguiram, incluindo o estudo da UCLA sobre aliviar a ansiedade de fim de vida em pacientes com câncer avançado. As informações mostram que essas drogas podem ser muito terapêuticas e podem ocasionar talvez as experiências mais significativas na vida de um indivíduo. Por que nós não queremos olhar para como elas podem nos ajudar a fazer o que fazemos melhor? Por que nós não queremos usar estas substâncias para ajudar a aliviar o sofrimento humano? Eu não posso pensar em uma boa razão, especialmente quando você dar uma olhada nos dados. Os psicodélicos podem ser administrados com muita segurança nestas configurações controladas e levar a alguns resultados terapêuticos muito impressionantes.

AK: Seus colegas da universidade estão a bordo de suas ideias ou você precisa empurrá-las para serem aprovadas?

PH: Tem uma variedade de reações, mas eu acho que a maior parte dos meus colegas apoiam. Alguns são mais céticos, mas eu compreendo porque eu mesmo sempre fui cético.

AK: Toda essa pesquisa é bastante nova e as amostras ainda são pequenas. Então, mesmo sendo um tema excitante, tenho certeza que as pessoas tem suas reservas.

PH: Com certeza. E novamente, eu acho que a maioria de nós tínhamos todas as razões para acreditar que as leis sobre drogas eram baseadas em fundamentação científica sólida, que havia razão por trás disso. Eu estive entre os que acreditavam que havia motivos para manter estas drogas ilegais., há 10 anos atrás. Mas eu acho que a maioria dos meus colegas está se abrindo para ouvir os argumentos, para olhar para os novos estudos sendo realizados. Como cientistas, soms treinados para sermos céticos. Eu sempre espero que meus colegas sejam assim. Mas também somos treinados a sermos abertos a novas ideias, a ir onde a informação nos leva. Eu acho que neste caso a informação está nos levando persuasivamente em uma direção.

O comentário mais cínico que já recebi foi: Porque você buscaria uma área de pesquisa, que não tem financiamento federal? Esse é um comentário comum q eu recebo sobre a natureza e o foco das nossas posições. Eu entendo a preocupação. … Mas eu acho que há um sentimento entre as pessoas que fazem esta linha de trabalho que esta poderia ser a tal “mudança de jogo”, que nós devemos isso a nós mesmos, â humanidade, perseguir este tipo de trabalho com ou sem financiamento federal. … Obviamente que gostaríamos de ver o financiamento no futuro, porque é conveniente para executar o tipo de estudos de grande escala necessárias para determinar a eficácia dessas substâncias. Mas eu acho que para muitos de nós este é um trabalho de amor, e vamos prosseguir este trabalho com ou sem financiamento.

AK: Eu ia perguntar se você acha que Instituto Nacional da Saúde Mental irá algum dia financiar a pesquisa psicodélica. Você acha?

PH: Você sabe, eu certamente espero que sim e acho que há informação demais para ser ignorada por muito tempo. Ciência é um processo cumulativo e se com o passar do tempo, um estudo parece prover um padrão de resultados, ele ganha peso. Meu amigo e colega Matt Johnson acabou de conduzir um estudo de psilocibina para o abandono do cigarro e 80% dos participantes pararam de fumar! Ninguém fala disso! Não havia condição de controle neste estudo, mas mesmo assim, eu nunca ouvi falar em nenhuma intervenção que reportasse 80% de abstinência, depois de um acompanhamento de 6 meses. Há ainda alguns estudos que eu publiquei que são mais naturalistas, utilizando grandes amostras.

AK: Pode me contar mais sobre o estudo que você publicou em Janeiro sobre psicodélicos e a redução de tensões psicológicas e tendências suicidas.

PH: Todos os anos, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos realiza a Pesquisa Nacional sobre Uso de Drogas e Saúde. Um de seus funcionários vai bater à sua porta, perguntar se você quer participar, e se você disser que sim, você iria responder a perguntas em um computador que lhe será entregue. A pesquisa lhe pergunta sobre o uso de drogas atual, histórico de uso de drogas e uma série de questões relativas à saúde mental. Meu interesse era saber se havia ou não uma relação entre o uso ou não de um psicodélico clássico e as tendências suicidas. Com esses tipos de conjuntos de dados que estão disponíveis para o público, você tem que trabalhar com o que lhe dão. Eu não projetava os parâmetros do estudo e não havia um enorme número de perguntas sobre o uso dos psicodélicos. … Em todo o caso, queríamos ver se havia uma relação já ter utilizado um psicodélico e o sofrimento psicológico e pensamentos ou comportamento suicida.

A idéia aqui é que a experiência mística desencadeada pelos psicodelicos pode ser fator de mudança de vida ou de transformação. Você pode usar essas substâncias apenas uma vez e experimentar o que um dos meus psicólogos favoritos William Miller chama de “mudança quântica”: a idéia de que alguém pode mudar muito de repente, muito dramaticamente e de forma permanente. Então a pergunta é: poderia apenas uma experiência com essas subtâncias colocá-lo no caminho para uma melhor saúde mental?

AK: Então essa é uma característica especial dos psicodélicos em comparação à outras drogas? Nada mais tem esse efeito transformador nas pessoas?

PH: O meu melhor conhecimento indica que isso é correto. É uma característica particular dos psicodélicos, principalmente dos psicodélicos clássicos, promover esses tipos de experiência. Existem exemplos dessas experiências místicas transformadoras por todas as grandes religiões do mundo e na ficção… A metafísica disto está além da minha capacidade de comentar, mas sabemos que essas experiências de transformação acontece organicamente nas pessoas. E temos uma classe de substâncias que podem ocasionar este tipo de experiência em uma boa porcentagem daqueles que as utilizam… O que encontramos em nosso estudo é que aqueles que utilizaram psicodélicos estavam menos propensos a reportar tensões psicológicas, durante 1 mês e menos propensos a reportar pensamentos e tentativas suicidas por 1 ano.

AK: O artigo do New Yorker pintou uma imagem que existiria uma vasta diferença entre uma sessão psicodélica acompanhada por um doutor em um ambiente controlado e seguro, e alguém que tomasse um psicodélico para uma experiência recreativa. Que em ultimo caso, haveria muito mais espaço para coisas darem errado – seja ansiedade, seja essas experiências místicas não ocorrerem. O que você tem a dizer sobre isso?

PH: Isso é um ponto muito bom para trazer. Pesquisar essas substâncias não é fácil. Isso pode acontecer, e eu achei a FDA e todas as outras agências do governo que eu trabalhei muito agradáveis e prestativas. Mas ainda há um monte de burocracia envolvida, como você pode imaginar. Portanto, para aqueles de nós que estão interessados em explorar essas substâncias, estudos de levantamento na população permitem-nos um meio de levantar dados na ausência de realmente ser capaz de administrar a substância para as pessoas em um laboratório. … Além disso, embora eu ache que esses estudos laboratoriais são fantásticos e elegantes, e Ronald Griffiths é um cientista magistral, elas envolvem um pequeno número de participantes. Porque as condições são muito bem controladas, pode-se sempre fazer a crítica de que esse tipo de relacionamento só vai ser visto entre um seleto grupo de indivíduos em um ambiente muito “artificial”. … Então eu acho que olhar para esses diferentes tipos de abordagens em conjunto é fundamental.

Novamente, a ciência é cumulativa e nenhum estudo será perfeito. Mas eles todos se complementam de uma forma ou de outra. No caso de nosso estudo de levantamento, tínhamos uma amostra muito grande, quase 200,000 pessoas, e estávamos olhando para o uso naturalista em condições não laboratoriais. A questão é, o uso d epsicodélicos tem efeito benéfico nessas situações? I argumentaria que sim, ainda que o benefício seja certamente maior em contextos cuidadosamente controlados.

AK: Você ou seus colegas tem planos de fazer testes clínicos num futuro próximo?

PH: Com certeza temos! Estou realmente empolgado com isso. Estaremos investigando a eficácia da psicoterapia facilitada pela psilocibina, para a dependência de cocaína, aqui meso no Alabama… Eu ainda não tenho falado disso porque quero esperar até estarmos recrutando pessoas.

AK: Alguma consideração final que você queira compartilhar sobre a pesquisa psicodélica como área de estudo?

PH: Eu acho que uma parte fundamental do que estamos tentando fazer é mudar a opinião pública. É importante que as pessoas saibam que aqueles de nós que estão trabalhando nesta área são cientistas desapaixonados que estão tentando estudar este fenômeno de forma objetiva. … Nós não estamos interessados na legalização ou utilização generalizada.

Se você realmente pensar sobre isso, não há nada provocativo sobre o que estamos fazendo. Nós somos cientistas clínicos que gostariam de ver as intervenções que temos serem mais eficazes. Nós gostaríamos de ver um alívio do sofrimento humano, e os dados científicos sugerem que estas substâncias podem ser muito eficazes a este respeito. É simples assim. Estamos apenas seguindo uma linha de trabalho que pode fazer uma diferença real em termos de dor que as pessoas têm de suportar. Espero que todos concordem com a gente, a este respeito, certo? Estamos tentando fazer do mundo um lugar melhor.

Autismo e LSD-25

 LIBERTANDO MENTES APRISIONADAS?

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PESQUISA DA DÉCADA DE 60 SOBRE LSD E AUTISMO

Traduzido do original de Robin Rymarczuk, em erowid.org

No início dos anos sessenta, uma série de investigações clínicas controversas foram publicadas envolvendo a administração de LSD-25 (dietilamida do ácido lisérgico) para crianças pequenas diagnosticadas com formas graves de autismo ou esquizofrenia de início na infância (COS em inglês), que eram então consideradas intimamente relacionadas [1]. O motivo para a realização de estudos com crianças pequenas foi a semelhança entre o autismo e o suposto COS. Seguindo na direção dos resultados aparentes de estudos realizados com pacientes adultos catatônicos e mudos, tratados com LSD-25 por Cholden, Kurland, e Savage (1955), as hipóteses foram construídas para pesquisar uma possível utilidade terapêutica. “O objetivo desses esforços terapêuticos”, como disse Bender em um artigo publicado em Avanços Recentes em Psiquiatria Biológica (1962), “tem sido a de modificar a sintomatologia secundária associada ao comportamento deficiente, regressivo e perturbado de crianças”. A maior parte das crianças tratadas com LSD nestes estudos tinham entre seis e dez anos de idade e eram completamente indiferentes a todas as outras formas de tratamento. O fato de que as crianças não poderiam ser tratadas por outros meios serviu, em parte, para a justificação da utilização de uma poderosa substância psicoativa em experiências infantis. Certamente esta decisão teria sido criticada pela comissão ética hoje.

A intervenção farmacológica por meio do LSD era na intenção de dito para “cutucar a maturação atrasada” (Bender, 1962) em um padrão de desenvolvimento (relativamente) normal. Como exatamente a administração de LSD iria realizar a “libertação das mentes aprisionadas” ainda era desconhecido (Mogar & Aldrich, 1969). Do LSD era esperado o seu sucesso em “romper os bloqueios do autista” (Bender, 1963), e desta forma ser excepcionalmente útil em “áreas que estão intimamente relacionados com o processo de psicoterapia” (Simmons et al., 1966). Alguns acreditavam que o LSD era especialmente útil para ajudar os pacientes a “desbloquear” o material subconsciente reprimido através de outros métodos psicoterapêuticos (Cohen, 1959). Terapeutas tomaram LSD para estabelecer uma conexão com a experiência de esquizofrenia. “Durante a fase de”modelo de psicose” da pesquisa LSD quando o estado psicodélico foi considerado uma ‘esquizofrenia’ quimicamente induzida”, diz o pesquisador pioneiro do LSD Stanislav Grof (1980), “sessões de LSD foram recomendados como viagens reversíveis para o mundo experiencial de psicóticos que tiveram um significado didático exclusivo “.

Alguns pesquisadores, como Freedman et al. (1963), estudavam o LSD por suas supostas propriedades psicotomiméticas, significando que a droga imitasse os sintomas de psicose, incluindo delírios e/ou delusões, ao contrário de apenas alucinações (Sewell et al., 2009). Uma exacerbação dos sintomas “típicos” significava uma oportunidade para estudar a condição esquizofrênica (em crianças). Outros pesquisadores (Bender et al, 1963;.. Rolo, et al, 1965), consideravam o mecanismo neurológico por trás do efeito de LSD, que na época ainda eram muito obscuro, como mais importante do que seu papel de facilitador do processo terapêutico. Por exemplo, o LSD atraiu interesse teórico como um inibidor da serotonina e um estimulante do sistema nervoso autônomo. Bender et al. (1963) concluiu que “LSD-25 administrado diariamente em doses orais de 100 mcg [2] para crianças (na pré puberdade) autistas esquizofrênicos parecia ser um estimulante eficaz do sistema nervoso autônomo e central”, e que essas mudanças “pareciam ser crônicas com administração contínua da substância”. A administração contínua consistia na administração diária ao longo de períodos prolongados de tempo, variando de dias a várias semanas. Os efeitos mais persistentes da terapia com LSD-25 que foram publicados incluíam comportamento de melhora na fala, o aumento da capacidade de resposta emocional, o humor positivo (risos), e uma diminuição de compulsões.

 

OS VELHOS RESULTADOS ESTÃO, EM MAIOR PARTE, INVÁLIDOS

Mas, infelizmente, por mais interessante e atraente que estes resultados pareciam ser – a evidência não colou. Estudos atuais sobre a relação de LSD e autismo não estão sendo realizados e os resultados antigos que foram produzidos são considerados como altamente controversos, se não são completamente repudiados. Isso foi em parte porque, em retrospecto, os estudos eram muito falhos. Os pesquisadores pareciam querer se livrar da controvérsia conceitual muito rapidamente, escolhendo “não lidar com as questões polêmicas relativas às definições e fatores etiológicos da esquizofrenia infantil (1) ou o padrão de reação autista (2)” (Bender et al., 1962). O debate sobre o lugar correto do diagnóstico de autismo (infantil) no DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) continua a ser problemático até o dia de hoje (DSM-V), mas o autismo tem saído debaixo do guarda-chuva da esquizofrenia. Embora ambos os transtornos compartilhem características clínicas, psicólogos e psiquiatras consideram o autismo como uma entidade separada da esquizofrenia. E porque LSD fora usado como uma droga para “intensificar a pré-existente sintomatologia” da esquizofrenia (Bender et al., 1962), um destacamento conceitual de autismo teria perturbado o fundamento dos resultados.

Autism-Research-and-EducationMesmo que os investigadores tivessem escolhido ‘lidar com a controvérsia “, em retrospectiva, a amostragem teria sido ainda mais problemática. As crianças tratadas eram demograficamente variadas e de ampla faixa etária. Uma significância conflitante é dada à relação entre a idade e a resposta à substância, mas Bender observou que “em contraste com pré-adolescentes, crianças mais jovens manifestaram consistentemente diferentes reações” (1962). Em contraste, Fisher e Castela concluiram que “as crianças mais velhas eram melhores candidatos para terapia psicodélica, pois a comunicação verbal era possível e também porque elas tendiam a ser menos “afastados”, mais esquizofrênicos que autistas, e a exibir sintomatologia mais flagrante” (Mogar & Aldrich, 1969) . Além da idade, também os sintomas das crianças tratadas foram heterogêneos e não foram corrigidos severamente. Não houve randomização, e a maioria dos estudos sofria de frequência de administração e dosagem flutuante. Por último, o “set & setting” dos experimentos variaram muito.

APESAR DAS FALHAS DE PESQUISA, ALGUMA UTILIDADE PODE EXISTIR

Embora os estudos realizados na década de sessenta tivessem grandes falhas a partir de um ponto de vista experimental e, portanto, não resistem a uma análise científica, Mogar e Aldrich argumentam, em um artigo publicado na Neuropsiquiatria Comportamental (1969) que os resultados considerados como um todo apontam para uma utilitade em administrar LSD para crianças autistas. “O significado dos resultados aparentemente contraditórios”, dizem Mogar e Aldrich, “tem sido muitas vezes obscurecidos pela busca persistente por reações estáticas específicas sobre LSD”. Este é um ponto interessante; apesar de os resultados não indicarem significância num sentido experimental, poderá haver ainda uma utilidade terapêutica. Mogar e Aldrich relatam que o maior benefício terapêutico estaria relacionada ao “(A) o grau de envolvimento ativo do terapeuta com o paciente; (B) a oportunidade de experimentar objetos significativos e atividades interpessoais, e (C) as configurações adequadas ​​que eram razoavelmente livres de artificialidade, restrições experimentais ou médicas e procedimentos administrados mecanicamente “(1969). Na prática, a terapia clínica está geralmente muito longe de teoria. Poderia ser que, testar LSD, sendo ele próprio uma droga altamente imprevisível, em combinação com a terapia dinâmica é algo muito difícil de substanciar. Mogar e Aldrich concluiram que “a administração de LSD está intrinsecamente inserida em um processo psicossocial maior, que deve ser otimizado de acordo com determinados objetivos do tratamento”.

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NOVOS ESTUDOS USAM MDMA EM AUTISTAS ADULTOS

350MdmaConsiderando o recente crescimento do interesse nessa área de pesquisa, estes estudos mais antigos e bastante obscuros merecem ser escavados a partir da literatura da pesquisa psicodélica. Pesquisadores da LA BioMed (Los Angeles Biomedical Research Institute) estão agora construindo um estudo dito para testar a relação terapêutica anedótica já estabelecida entre MDMA (3,4-metilenodioxi-N-metilamfetamina) e de ansiedade social em adultos autistas. Em contraste com muitos dos pesquisadores oldschool do LSD, esses pesquisadores não estão à procura de uma “cura”, mas procuraram desenvolver uma terapia psicodélica-assistida para reduzir a ansiedade social, auxiliar de uma abordagem de tratamento mais amplo. Ansiedade social reduzida é um dos efeitos mais pronunciados que a população geral de usuários de MDMA relatam e, estes resultados sugerem que ele pode ser extrapolados para os autistas. O estudo é o mais recente de um programa de expansão de pesquisas sobre o uso terapêutico do MDMA financiado pela Associação Multidisciplinar (sem fins lucrativos) para o Estudo de Psicodélicos (MAPS). “Este novo estudo vai nos dar uma chance”, diz Charles Grob principal pesquisador da LA BioMed (2014) “, de determinar os efeitos reais de doses de medicação que sabemos com certeza ser puro MDMA em adultos sob o espectro do autismo. Se os resultados do presente estudo ganharem uma investigação mais aprofundada, os dados poderão ser utilizados para projetar ensaios clínicos adicionais “. Agora que as limitações para investigação sobre a experiência psicodélica e seus efeitos terapêuticos estão sendo removidos e o LSD é mais uma vez um objeto de estudo, estes resultados publicados anteriormente poderiam servir para a produção de novas hipóteses para investigar a terapia psicodélica-assistida.

Postado originalmente por Danyel em 28 de fevereiro, 2015

Notas

  1. (Abramson, 1960; Bender, et al., 1962; Bender, et al., 1963; Fisher & Castile, 1963; Freedman, et al., 1962; Rolo, et al., 1965; Simmons, et al., 1966).

  2. A common psychedelic dosage of LSD ranges from 100 to 200 mcg, a strong dose being 200 to 600 mcg.

Referências

  1. Abramson, H.A. (Ed.) (1960). The Use of LSD in Psychotherapy. New York: Josiah Macy Foundation.

  2. Bender L, Faretra G, Cobrinik L. (1963). LSD and UM-L treatment of hospitalized disturbed children. Recent Advances in Biological Psychiatry, 5, 84-92.

  3. Bender L, Goldschmidt L, Sankar SDV. (1962). Treatment of autistic schizophrenic children with LSD-25 and UML-491. Recent Advances in Biological Psychiatry, 4, 170-177.

  4. Cholden L, Kurland A, Savage C. (1955). Clinical reactions and tolerance to LSD in chronic schizophrenia. Journal of Nervous and Mental Disease, 122, 211-216.

  5. Cohen S, Eisner BG. (1959). Use of lysergic acid diethylamide in a psychotherapeutic setting. AMA Archives of Neurology & Psychiatry, 81(5), 615-619.

  6. Freedman AM, Ebin EV, & Wilson, E.A. (1962). Autistic schizophrenic children: An experiment in the use of d-lysergic acid diethylamide (LSD-25). Archives of General Psychiatry, 6, 203-213.

Por que alguns comprimidos de Ecstasy estão tão fortes ultimamente?

Comentário sobre a matéria do DanceSafe:

Jornalista do Reino Unido Mike Power tem informações privilegiadas sobre porque os comprimidos de ecstasy na Europa e no Reino Unido são tão fortes nos dias de hoje. Produzido por um misterioso grupo na Holanda conhecido como Partyflock ou Q-dance, essas pílulas estão começando a aparecer nos EUA (variedades ou, pelo menos, imitações). Mas tenha cuidado! Alguns contêm super altas doses de MDMA (até 278 mg, que é mais do que o dobro de uma dose padrão). Como diz Power, “se você tem esses comprimidos, tome em metades ou em terços.”

Texto por Mike Power

Um lote de comprimidos superfortes prensados na forma do logotipo da empresa de entregas UPS, está atualmente em circulação no Reino Unido (e já chegando no mundo inteiro). Eles são tão fortes que fizeram manchetes neste último fim de semana. Inicialmente foi dado um aviso e depois noticiamos uma hospitalização de um grupo de amigos.

Alguns lotes recentes de comprimidos de “ecstasy” são perigosos, porque eles contêm ingredientes tóxicos, como o PMMA, e são vendidos por negociantes desonestos que dizem ser MDMA.

Mas as pílulas UPS podem ser potencialmente prejudiciais, pois elas estão com altas dosagens. Algumas pílulas UPS foram encontradas contendo até 278 mg de MDMA – que é mais de um quarto de um grama – ou três ou quatro vezes mais poderoso do que um padrão de pílula no Reino Unido (clique aqui para relatos de usuários).

Então, por que são tão fortes esses comprimidos em circulação?

Bem, nossas fontes dizem que o grupo responsável por estas UPS são os mesmos responsáveis pela criação de algumas das pílulas mais fortes que foram encontradas nos últimos anos. Conhecida como Partyflock ou Q-dance, outros comprimidos em seu portfólio são as balas: Q-Dance, Defqon, Speakers, Ferrari, Partyflock, Android, Tri-Force, e, mais recentemente, Heinekens e as barras de ouro (Gold). O comprimido a vir a seguir aparentemente vai ser as UPS Vermelhas (contém um corante alimentício na mistura).

Este grupo tem orgulho em produzir, com qualidade, comprimidos com detalhes difíceis de se falsificar pelas suas formas, desenhos, tamanhos e cores, geralmente contendo grandes doses de MDMA muito puro. Os usuários Holandeses que conhecem a “marca” tendem a usar apenas um quarto ou metades inicialmente.

As famosas balas de preço 10 Euros estão fazendo sucesso já por alguns verões na Europa. Mas os comprimidos que estão sendo produzidos agora são superfortes pois há mais MDMA pela Europa no momento do que jamais houve antes durante anos. Os preços também estão caindo, mais baixos do que nunca, com gramas disponíveis a nível de varejo por £25-£40 e os preços da onça (28gr) por em torno de £500. Olhando mais adiante na cadeia de abastecimento, quilogramas estão mais baratos do que têm sido nos últimos anos, em torno de £ 8.000. Há um excesso da droga em toda a Europa.

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Isso acontece devido a uma inovação de um precursor – novas maneiras de se fabricar MDMA foram descobertas, um químico holandês deste laboratório de ecstasy que me explicou. Os Holandeses descobriram uma nova receita – eles agora usam uma substância chamada PMK-glicidato, o qual é legal, ao invés do antes usado PMK (ilegal). Essa facilidade ao acesso da matéria-prima para produção, resultou em produtos de qualidade e puros por toda Europa.

Comprimidos com esta qualidade estão sendo vendidos com preços maiores, comparados às pílulas com baixa dosagem, e o time de holandeses que as fabrica são conhecidos pelas balas mais fortes nunca antes vistas e continuam a frente da concorrência.

Eles lançaram comprimidos atraentes pelas formas e tamanhos nunca antes vistos, e dominaram o mercado faz alguns meses – a ponto de que outros laboratórios estão lançando comprimidos falsos, fazendo o laboratório holandês criar novas e novas balas de ecstasy. Mas cuidado, estas réplicas falsificadas estarão com dosagem diferente. Apenas usando da popularidade do formato e cor da bala para aumentar suas vendas.

Mas comprimidos desta extrema qualidade tendem a não chegar ao Reino Unido. Não com essa força e quantia que chegou e certamente não em cidades menores como Middlesborough. Então, o que mudou?

A pista está no logo do comprimido: UPS (sigla para United Parcel Service – correio). É uma brincadeira proposital devido ao fato de muitos desses comprimidos estarem sendo vendidos pelos mercados escondidos na deepweb/darknet. Ou seja, se espalhando rapidamente por toda Europa, e até sendo encontrada nos EUA.

De cor amarela e consistência muito dura, com logotipo em relevo ao invés de uma impressão, estes comprimidos são muito bem produzidos, com um esmalte que sela a bala dando um brilho e as protegendo contra desintegração. Toque profissional que poucos laboratórios se preocupam. Ao invés de ser uma pastilha simples e redonda com sua marca impressa, esta é no formato de um escudo, com uma profunda marca para ser partida em dois na parte de trás.

E esta marca está ali por uma razão – se você possui este comprimido, quando for tomar, tome metade ou em quartos (1/4). Pelo fato de serem muito bem comprimidas, duras de se diluir, alguns usuários demoram um pouco mais para sentirem os primeiros efeitos, pois as balas demoram mais para se dissolverem no estômago. Então, em hipótese alguma faça re-dose acreditando que elas não estão funcionando. Espere 2 horas antes de fazer re-dose. Até mais tempo se estiver com estômago cheio. Existem muitos desses locais online, mas o melhor é o Pin Up Casino. Pin Up é um cassino online que vem operando com sucesso há 10 anos. Durante este tempo, Pin Up Casino pinup-casino-brasil.com conseguiu ganhar a confiança dos clientes e se tornar um dos líderes no mundo do jogo. O Pin Up – um estabelecimento legítimo que opera legalmente. Pin up Casino Brasil.

E, por hora, enquanto houver este grupo produzindo comprimidos de qualidade, sempre que for tomar, comece por baixas doses e vá de leve.

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Fotos via MDMA-Team

Originalmente por DanceSafe 

Traduzido e adaptado por Equipe Mundo Cogumelo

Terapia com psicodélicos pode estar disponível em uma década

Matthew Johnson na sala de terapia
Matthew Johnson na sala de terapia

Matthew Johnson faz parte da equipe da Universidade Johns Hopkins, que realiza pesquisa com psilocibina em um número crescente de áreas, que vão desde experiências místicas para o tratamento da ansiedade de fim de vida ao tratamento de vícios. O foco pessoal de Matthew encontra-se em tratamento da dependência, e seu mais recente artigo científico descreveu sua pesquisa usando a psilocibina para o abandono do vício do cigarro. Ele falou com a OPEN Foundation sobre seus estudos e para o futuro da ciência psicodélica.

Traduzido do original de Olivier Taymans

Open – Como você veio parar na pesquisa psicodélica? Este foi um antigo sonho seu, ou foi uma oportunidade única?

MJ – Bem, foi tanto um sonho antigo quanto um acontecimento fortuito. Cerca de 15 anos atrás, quando eu estava na faculdade, eu esperava fazer pesquisas com compostos psicodélicos, embora eu tivesse previsto que levaria muitas décadas antes de alcançar isso. Mas então eu tive a sorte de descobrir que o meu mentor de pós-doutorado, Roland Griffiths, tinha começado a pesquisa com psilocibina. Eu descobri isso bem na minha entrevista de pós-doutorado, então eu me infiltrei tanto quanto eu podia. Estou aqui na faculdade por muitos anos desde então.

Open – O que te interessou em primeiro lugar?

MJ – Bem, as perguntas que envolvem estes psicodélicos, estas interessantes questões muito abrangentes e filosóficas, foi o que realmente me intrigou. Quando eu tinha uns 19-20 anos, fiquei muito interessado em muitas das leituras sobre psicodélicos e sobre as pesquisas mais antigas com essas substâncias, as questões de conexões mente-corpo, a natureza da mente … não temos quaisquer respostas definitivas a essas perguntas, mas os psicodélicos parecem ser um bom ponto de partida quando você está interessado nelas.

Open – Você tem alguma dica para aqueles que gostariam de abraçar a mesma carreira?

MJ – O maior conselho que posso dar é para receber treinamento em algum tipo de disciplina que lhe permitirá realizar pesquisas: ou receber um diploma (MD ou PhD) para se tornar um pesquisador em alguma área da neurociência ou psicologia. Eu sugiro escolher uma área que se encaixa muito bem com os interesses mais em voga. Um pesquisador não encontrará uma posição onde ele possa se concentrar exclusivamente em psicodélicos. Eu, por exemplo, estudo o vício em geral, os efeitos agudos das drogas, a natureza do vício e tratamentos de dependência, e isso se encaixa muito bem com o meu interesse em psicodélicos no tratamento da dependência química. Dessa forma, essa outra área de trabalho é capaz de sustentar a minha posição, uma vez que o foco em psicodélicos não seria capaz de fazer isso por si só. Então entre em um assunto mais procurado que pode cruzar com o seu interesse em psicodélicos.

Open – Sobre à pesquisa que você conduziu, o seu mais recente artigo era sobre o seu estudo de abandono do tabagismo usando psilocibina em combinação com a terapia cognitivo-comportamental. Os resultados parecem muito promissores, como o artigo relata, uma taxa de sucesso 80% na amostra limitada do estudo. O que poderia ser o mecanismo de ação que ajuda as pessoas a chutar seu vício quando tratados com psicodélicos?

MJ – Até o momento, as evidências sugerem que há mecanismos psicológicos de ação em jogo. Por exemplo, as pessoas endossam que após as sessões de psilocibina, era mais fácil para elas para tomar decisões que estavam de melhor acordo com seu interesse de longo prazo, e eram menos propensas a tomar decisões com base em curto prazo ou desejos hedonistas. Elas também relataram um aumento da sua auto-eficácia, a sua confiança na sua capacidade de permanecer sem cigarro. Muitos dos participantes tiveram o que eles consideraram experiências espirituais ou de muito significado. Todos estes aspectos psicológicos são consistentes com as terapias de dependência. Certamente, há uma longa história de pessoas que informam que experiências ou conhecimentos espirituais os levaram a superar um vício. Acreditamos que também existem mecanismos biológicos os quais nós não exploramos ainda, nós estamos apenas começando esta próxima fase do estudo. Em última análise, eu acredito que a resposta vai cobrir muitos aspectos e revelar ambos os mecanismos psicológicos e biológicos.

Matthew em apresentação no PsychedelicScience2013
Matthew em apresentação no PsychedelicScience2013

OpenE sobre as três pessoas (de 15) que não foram capazes de parar de fumar? Você tem uma idéia do porquê?

MJ – Elas tendiam a ter experiências menos significativas em suas sessões de psilocibina. Nossa amostra é relativamente pequena, por isso, estamos cautelosos em exagerar as nossas conclusões, mas parece que a tendência é que as pessoas que tiveram experiências de sessões menos pessoal ou espiritualmente significativas estavam menos propensas a ter sucesso no longo prazo. E isso é consistente com outros dados coletados em outros estudos de psilocibina. A natureza da experiência, particularmente uma experiencia de natureza positiva e mística, parece ser o que está gerando uma mudança positiva na personalidade e nas atribuições de longo prazo dos benefícios.

Open – Se estes resultados interessantes puderem ser confirmados em uma escala maior, você acha que esse tipo de terapia pode se tornar disponível à população, e em caso afirmativo, quanto tempo pode demorar?

MJ – Sim, eu acredito que sim. Eu acho que seria pelo menos dez anos, eu estou esperançoso de que não seria muito mais tempo do que isso. A pesquisa com psilocibina nos Estados Unidos avançou muito relacionada ao tratamento da ansiedade e da depressão nos casos de câncer. Seria de se esperar, a aprovação inicial do FDA para a psilocibina como um medicamento prescrito provavelmente para a aflição relacionada ao câncer. Mas gostaríamos de antecipar, se os dados continuarem a se mostrar promissores, que uma prescrição para os vícios poderia vir logo depois disso. Eu acho que é absolutamente possível, e essa é a nossa esperança, que isso irá além da pesquisa, para o uso prescrito e aprovado. Acreditamos que as experiências seriam conduzidas em clínicas, de uma maneira semelhante à cirurgia ambulatória. Por isso, não seria como, “tome dois destes e apareça aqui pela manhã“, e mandaríamos o paciente para casa com a psilocibina para usar por conta própria. Envolveria uma preparação, assim como o que está acontecendo em nossa pesquisa. Triagem, seguida de algumas reuniões preparatórias com a equipe profissional, e, em seguida, uma ou algumas experiências de um dia inteiro em que a pessoa viria na parte da manhã e sairia às 5 ou 6h. Eles seriam entregue aos cuidados de um amigo ou um ente querido, de forma muito semelhante aos procedimentos que a cirurgia ambulatória é realizada.

Open – Os médicos precisam de uma licença especial para este tipo de prática?

MJ – Sim, eles podem precisar de algum treinamento especializado, algum certificado nos fundamentos da condução desses tipos de sessões. Os procedimentos que estão operando nas pesquisas atuais com psilocibina são muito eficazes, por isso seria, essencialmente, semelhante a estes, com mecanismos de segurança semelhantes.

Open – Você também já realizou uma pesquisa sobre experiências místicas, em outro estudo. Tudo parece indicar que essas experiências induzidas por drogas psicodélicas não podem ser diferenciadas das experiências místicas espontâneas ou que ocorrem naturalmente. Quais são as implicações disto, e o que isso significa para a pesquisa científica?

MJ – Eu acho que abre muitos caminhos. Haverá ainda um longo tempo antes que percebamos plenamente – talvez nunca – todo este potencial. A coisa mais interessante, talvez, é o que pode nos dizer sobre a biologia das experiências que ocorrem naturalmente. Mesmo aquelas que ocorrem sem o estímulo de uma substância externa, é possível que esteja algo muito semelhante acontecendo de forma endógena. Uma especulação que o Dr. Rick Strassman pôs diante é que a dimetiltriptamina (DMT), que ocorre naturalmente no cérebro, poderia ser responsável por experiências espontâneas extraordinárias deste tipo. Nós realmente não sabemos se é esse o caso, embora ele certamente pareça plausível neste momento. Mas eu acho que se encontrarmos uma base biológica semelhante ao que ocorre naturalmente nas experiências espirituais ou místicas e nas experiências veiculadas pelos psicodelicos, isto teria profundas implicações filosóficas na forma como vemos a experiência humana em geral, a idéia de que não há essa divisão dualista entre biologia e experiência subjetiva. Sugere que são sempre dois lados da mesma moeda.

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Open – O que você acha que poderíamos ganhar ou aprender com as experiências místicas? Elas poderiam ser úteis para a sociedade como um todo?

MJ – Tem sido especulado que o mundo seria um lugar melhor, em muitos aspectos, se mais pessoas tivessem tais experiências. Talvez seja uma ilusão pensar que estas experiências, por si só, salvariam o mundo. Mas faz sentido que, se mais pessoas têm verdadeiras experiências de abertura e de ligação com o resto da humanidade, que isso só pode ajudar – quer seja a partir de psicodélicos ou experiências que ocorrem espontaneamente, ou através do uso de outras técnicas. Eu me interesso na especulação de que essas experiências podem levar a um comportamento pró-social, o que pode ser bom para o mundo em geral, embora eu seja um pouco cauteloso. Eu certamente não diria que os psicodélicos são uma panaceia que, sozinha, vai salvar o mundo. Mas talvez, se usados com cautela, sob certas circunstâncias, eles poderiam ser parte e contribuir para um maior nível global de consciência. Em última análise, todos nós somos completamente dependentes uns dos outros, estamos neste planeta juntos, tentando descobrir como sobreviver e prosperar, e eu acho que essas experiências místicas profundas, mesmo induzidas, talvez possam ajudar a nos colocar na direção certa.

Open – Várias fontes, incluindo os próprios artigos científicos, pareciam sugerir que os indivíduos dos estudos sobre as experiências místicas eram altamente escolarizados, de alta função, e propensos a prática espiritual. Não existe um viés aqui que poderia impedir a prescrição para a população em geral?

MJ – Essa é uma questão interessante e um bom ponto. Através do grande número de estudos que temos realizado, nos tornamos menos específicos em nossa população-alvo. No primeiro estudo que Roland realizou, havia apenas pessoas que já tinham um interesse intenso e uma prática espiritual em curso de algum tipo. Em estudos posteriores, afrouxaram as nossas exigências dessa natureza, e agora está ficando mais perto de uma população geral. No início do estudo, antes que as pessoas entrassem no estudo, coletamos medidas de sua experiência de vida de efeitos do tipo místico, utilizando a escala de misticismo de Hood. Descobrimos que as pessoas em nossos estudos posteriores tinham uma pontuação muito mais baixa do que no estudo inicial. Em meu estudo do cigarro de 15 pessoas, eram pessoas muito “normais” a esse respeito. Alguns tinham interesse em espiritualidade, mas a maioria deles não tinha qualquer interesse particularmente forte. Em relação à escolaridade e especialização, eram sujeitos geralmente muito ativos, embora tendessem a serem um pouco mais da norma. Neste estudo de tabagismo, tivemos um professor de escola primária, tivemos um carpinteiro que conserta móveis, uma babá, bem como um advogado, por exemplo. Assim, embora alguns tivessem, nem todos eles tinham ocupações intelectuais. Além disso, não notamos qualquer diferença real em experiências entre indivíduos altamente intelectuais, ou pessoas com alto nível socioeconômico e as pessoas mais na linha da normatividade.

Open – Existem diferenças significativas de uma substância para outra, ou tudo gira em torno de ter a experiência psicodélica em si e por si, qualquer que seja a substância que provoca isso?

MJ – Nós não sabemos ainda. Muito do recente ressurgimento de interesse em psicodélicos foi na pesquisa feita com psilocibina. Nossa presunção com muitas dessas questões de investigação é que resultados semelhantes seriam obtidos com LSD, mescalina e os outros psicodélicos clássicos. Mas isso é apenas uma suposição. Nós sabemos que eles têm caminhos biológicos comuns. Eu acho que há potencial para ambas as possibilidades. Quando comparamos a nossa investigação com a pesquisa mais antiga com LSD, e quando você compara essas experiencias com psilocibina às ocorrências naturais, às experiências misticas não ocasionadas por drogas, você vê semelhança substancial. Mas, ao mesmo tempo, sabemos que estas várias drogas psicodélicas têm tons diferentes de efeitos, mesmo que os psicodélicos clássicos tenham todos efeito no mesmo receptor 2A de serotonina. Sabemos também que eles diferem em seus efeitos em uma variedade de outros locais do receptor, e é provável que representem algumas das diferenças mais sutis em efeitos subjetivos que as pessoas vão relatar. Às vezes, os efeitos podem ser específicos para o individuo: algumas pessoas relatam que por exemplo, psilocibina é psicologicamente mais suave, e que o LSD é mais intenso, e as outras pessoas vão relatar exatamente o oposto. Tudo isso está informando do uso anedótico ou recreativo. Todas essas perguntas devem ser examinadas em laboratório sob condições duplo-cegos para realmente validá-los. Existe uma grande quantidade de excitação que, se houver qualquer investigação da psilocibina ou um ou alguns destes compostos psicodélicos, temos toda uma biblioteca de centenas de compostos à espera, muito do trabalho que Sasha Shulgin e David Nichols e outros que trabalharam para criar dezenas de compostos que são derivados da triptamina ou da estrutura da feniletilamina. Vai ser realmente emocionante acompanhar essa pesquisa inicial com psilocibina com uma grande variedade de compostos. Pode ser que eles generalizem muito, mas – Estou apenas especulando aqui – talvez uma dessas outras triptaminas substitutas podem ser tão eficazes para a ansiedade relacionada ao câncer como a psilocibina, mas talvez tenha menor chance de difíceis experiências intensas , ou talvez seja de duração mais curta ou mais longa, de uma forma que se torne mais ideal para o tratamento. Eu acho que há um grande potencial, e nós estamos em nossa infância em examinar essas coisas, por isso há um monte de coisas interessantes para vir à frente.

Magic Mushroom
Psilocybe cubensis

Open – Você tem uma idéia por que a psilocibina é tão proeminente agora?

MJ – Sim, para o nosso grupo na Universidade Johns Hopkins e para uma série de outros pesquisadores que reiniciaram a pesquisa na última década, eu acho que havia um senso que politicamente queriamos ficar longe do LSD. Em virtude das pessoas que ficariam de cabelo em pé e reagiriam de forma sensacionalista ao ouvir sobre a pesquisa, o LSD poderia ter um mau começo, porque iria levantar todas as preocupações sobre Tim Leary e sobre a contracultura dos anos sessenta. Em certo sentido, a psilocibina foi um pouco mais segura politicamente porque não era um psicodélico proeminentemente utilizado para fins recreativos na década de 60 – que era principalmente o LSD. Sabemos também que, ao lado do LSD e da mescalina, a psilocibina é um dos psicodélicos clássicos que receberam a maior parte das pesquisas, na era das investigações psicodélicas, a partir dos anos 50 até os anos 70, por isso não havia um bom background sobre a toxicologia e farmacologia básicas. Se estivéssemos começando com um novo composto de marca que nunca foi administrado aos seres humanos, haveria muitos estudos básicos de segurança que precisariam ser feitos em animais e em estudos iniciais com seres humanos. Então a psilocibina coube na conta muito bem, e também, o seu curso de tempo passa a ser bastante conveniente: cinco a seis horas. Ela se encaixa em um dia de trabalho terapêutico um pouco mais fácil do que as experiências 10-12 horas podemos ter com LSD ou mescalina.

Open – Houve algumas campanhas recentes para uma mudança legislativa sobre os psicodélicos ( Nature Reviews Neuroscience em junho de 2013, a Scientific American, em fevereiro de 2014). Existem esforços concretos feitos para baixas essas substâncias de categoria de riscos, a fim de facilitar a pesquisa?

MJ – O esforço mais concreto seria avançar para a fase 3 do estudo para a ansiedade e depressão relacionada ao câncer. Isso é algo que um certo número de grupos de pesquisa nos EUA têm falado, e estamos nos preparando para entrar na fase 3 de investigação após o nosso estudo de fase 2 e um estudo na Universidade de NY (NYU) estarem concluídos. Nós já completamos todos as etapas, então vai ser em breve. Se a fase 3 for bem sucedida em termos de segurança e eficácia, conduzirá à possibilidade de uma mudança de programação. Isso seria um caminho dentro do sistema atual para chegar a uma mudança de programação, muito especificamente para um composto e uma indicação. No momento, um monte dos editoriais que você já citou, também estão levantando preocupações de forma mais ampla, indiferentes à fase 3 da pesquisa que solicita o reavaliação de um composto particular. Existe a preocupação de que a colocação de muitos desses compostos na Categoria I, e as pesadas restrições que temos para tal categoria, pode limitar seu potencial de desenvolvimento clínico. Um aspecto disso é que não há empresas farmacêuticas interessadas em desenvolver estes compostos, e uma das razões para isso é porque eles estão na Categoria 2, de modo que é uma aposta muito ruim para investir milhões de dólares em um composto terapeutico se ele já está no mais alto nível de restrição e se não parece haver esperança de que isso vai mudar. Isso também torna a pesquisa muito mais difícil por ter uma substância de Categoria I em face a outras categorias. É irônico que possa ser muito mais difícil fazer a pesquisa com psilocibina ou com cannabis, que são drogas de Categoria I, nos EUA, do que com a cocaína, metanfetamina e muitos dos opióides, porque estes são de Categoria II ou de categorias menos restritivas. Assim, mesmo que um determinado composto não tenha passado por todas as etapas para merecer aprovação clínica, ainda há essa noção – e eu concordo com ela – que o nível de regulação é demasiadamente pesado, e que o sistema não está incentivando o bastante a exploração científica cuidadosa destes compostos diferentes. Há uma noção geral em toda a psiquiatria que em algum grau atingimos o nosso limite em muitos dos métodos de tratamento convencionais, e por isso temos de ser mais abertos, e ter um sistema mais flexível para a realização de pesquisas seguras com alguns destes compostos atualmente muito restrito.

James Fadiman: Abrindo as Portas da Percepção

Taduzido do original de James Fadiman

fadimanA data é no início de 1966. Quatro de nós estão sentados em torno de uma mesa, chamados para fora da sala de sessão por um momento para responder ao conteúdo de uma carta de entrega especial. De volta ao quarto, quatro homens estão deitados em sofás e almofadas, de óculos escuros para bloquear a luz do dia, ouvindo um quarteto de cordas de Beethoven em fones de ouvido estéreo. Cada homem, um cientista sênior, havia tomado 25 microgramas de LSD-25 – uma dose muito baixa – cerca duas horas antes. Dois desses homens estão trabalhando em projetos diferentes para o Instituto de Pesquisa de Stanford, outro para a Hewlett Packard, e o último é um arquiteto. Eles são altamente qualificados, altamente respeitados e altamente motivados para resolver problemas técnicos. Cada um deles trouxe a esta sessão vários problemas que ele têm encontrado nos seus trabalhos, pelo menos nos últimos três meses e tinham sido incapazes de resolver. Nenhum deles tinha qualquer experiência anterior com psicodélicos. Nas próximas duas horas, o plano é levantar seus óculos de sol, tirar seus fones de ouvido, desligar a música, e oferecer-lhes tira-gostos e salgadinhos, que eles provavelmente nem vão tocar. Vamos ajudá-los a concentrar-se nos problemas que eles vieram para resolver. Eles são o quinto ou sexto grupo que temos realizado. O governo federal aprovou este estudo. É um uso experimental de uma “nova droga”, uma droga ainda em análise e não comercialmente disponível.

Em 1966, havia cerca de 60 projetos em todo o país investigando ativamente LSD-25. Alguns eram estudos terapêuticos: um na UCLA mostrou notável sucesso permitindo que crianças autistas se comunicassem novamente; outros estavam trabalhando com animais de macacos a ratos, de peixes até mesmo insetos.

Teias feitas por aranhas sob efeito do LSD, Mescalina, Haxixe e Cafeína

Sobre as aranhas, descobriu-se que faziam arquiteturas radicalmente diferentes de teia quando dado diferentes psicodélicos. Um ou dois anos antes tinha havido uma experiência desastrosa quando psiquiatra Jolly West deu a um elefante uma dose de LSD suficiente, é justo dizer, para matar um elefante. E matou. A dose foi de centenas de milhares de vezes maior do que qualquer ser humano já tinha tomado nem sequer tomaria. Uma breve repercussão midiática deste caso na mídia não pareceu parar a investigação e as pesquisas em curso em todo o mundo. A Sandoz Farmacêutica em Basel na Suíça, o desenvolvedor do LSD- 25, tinha feito recentemente resumos disponíveis dos primeiros 1000 estudos humanos. LSD-25 foi a droga psicoativa mais estudados no mundo. Era notável em duas maneiras. Uma delas, que era eficaz em doses muito baixas, microgramas (milionésimos de grama). Isso a tornava uma das substâncias conhecidas mais potentes já descobertos. Dois, ele parecia ter o efeito de mudar radicalmente a percepção, a consciência, e a cognição, mas não de qualquer maneira previsível. Estes resultados parecem ser dependente não só dos efeitos da substância, mas igualmente da situação do sujeito – o que lhes havia sido dito sobre a droga que estavam indo experimentar e, ainda mais interessante para a ciência, a mentalidade de pesquisador, se ela comunicou ou não um ponto de vista para os sujeitos em determinado estudo.

first-lucid-dreamEm resumo, tínhamos aqui uma substância cujos efeitos dependiam, em parte, das expectativas mentais de ambos, sujeito e pesquisador. Muitas vezes as pessoas nos estudos tiveram experiências que pareciam ser profundamente terapêuticas, abençoadas, transformadoras, de conteúdo religioso ou místico, mas eles também podiam ter experiências que eram profundamente perturbadoras, confusas ou aterrorizantes. Os efeitos posteriores da experiência pareciam mais com um aprendizado do que simplesmente a passagem de um produto químico através do cérebro e do corpo. O LSD era o gênio da garrafa e havia garrafas do mesmo em todo o país e um número crescente fora laboratórios e instituições de pesquisa também.

Quando a carta especial da FDA (Food and Drug Administration) chegou, nenhum de nós sabia ainda que muitas das primeiras conferências de pesquisadores do LSD tinham sido patrocinadas por fundações que foram secretamente financiadas pela CIA, ou que o Exército dos Estados Unidos vinha dando substâncias psicoativas aos membros corajosos do corpo militar, prisioneiros, até mesmo alguns dos seus próprios funcionários. Também não sabíamos que cada projeto no país, exceto aqueles executados pelas agências militares ou de inteligência, tinham recebido uma carta semelhante, no mesmo dia. Sentado em Menlo Park, nos escritórios da Fundação Internacional de Estudos Avançados, nós quatro, mais uma pequena equipe de apoio estávamos executando o único estudo projetado para testar a hipótese de que esse material pode melhorar o funcionamento do racional e as partes analíticas da mente . Estávamos tentando descobrir se, em vez de ser desviado para a paisagem interior incrível de cores e formas ou nas aventuras de exploração mística ou terror psicopatológico, LSD-25 poderia ser usado para melhorar a criatividade pessoal de uma forma que pudesse ser medida.

Houve uma série de estudos de muito sucesso no Canadá que mostraram que, o LSD administrado em um ambiente seguro e com apoio, levou a uma alta taxa de abandono da bebida em alcoólatras de longo prazo ». Outros estudos realizados no sul da Califórnia, por Oscar Janniger, mostraram que o trabalho dos artistas mudou radicalmente durante uma sessão de LSD e muitas vezes foi alterado de forma permanente. No entanto, havia muita discussão no mundo da arte e o mundo da ciência, se essa arte era de fato “melhor”.

A carta da FDA foi breve. Nos informou que ao momento da recepção da presente carta, a nossa permissão de uso desses materiais, o nosso protocolo de pesquisa, e nossa habilitação para trabalhar com estes materiais de qualquer forma, ou método foi encerrada.

Eu era, de longe, o mais novo membro da equipe de pesquisa, um estudante de pós-graduação na Universidade de Stanford em um departamento de psicologia que não tinha me informado sobre esta pesquisa. Dois dos outros eram professores catedráticos de engenharia na Universidade de Stanford em dois departamentos diferentes, e o quarto foi o fundador e diretor da fundação, um cientista em seu próprio direito de se aposentar cedo e criar um instituto sem fins lucrativos, para entender melhor a interação entre a consciência, as profundas experiências pessoais e espirituais, e estas substâncias.

Human hand with medicine pill. Horizontal.Muito em breve teríamos de voltar para aquela sala onde os quatro homens estavam, literalmente, com suas mentes em expansão. Eu disse: “Eu acho que nós precisamos concordar que recebemos esta carta amanhã.” E Voltamos para os nossos assuntos, que agora eram o último grupo de pessoas que seria permitido o privilégio de trabalhar com estes materiais sob sua livre escolha, com o apoio legal e supervisão do governo legal, pelo menos pelos próximos 40 anos.

Um exemplo dos tipos de resultados que estávamos vendo, veio da última sessão. O arquiteto trabalhava um projeto para construir um pequeno centro comercial. O cliente não tinha gostado de seus projetos anteriores e ele estava de mãos atadas. Na sessão, ele viu o projeto, concluído, e sua mente era capaz não apenas de imaginar isso, mas de andar dentro dele, para ver o tamanho e formas de parafusos, para contar o número de lugares de estacionamento, etc. O design ele elaborou foi aprovado pelo seu cliente e ele passou as próximas semanas fazendo os desenhos que correspondiam ao projeto que ele já tinha visto em seu estado final.

Como eu cheguei a estar naquela sala da Fundação Internacional de Estudos Avançados, quando apenas alguns anos antes eu tinha sido um escritor, vivendo em Paris no sexto andar (de escadas), vivendo com tão pouco quanto possível, dormindo nas estações de trem e albergues quando viajava e ficando com quem quiser me abrigar e alimentar? Como foi dito de muitas das nossas vidas, foi uma longa e estranha viagem.

O que me enviou de Paris para Stanford e de cabeça para a pesquisa psicodélica não foi apenas uma visita de meu professor da faculdade favorito, Richard Alpert (mais tarde conhecido como Ram Dass) e seu amigo, Timothy Leary, mas também uma nota cordial do Serviço de Alistamento perguntando sobre meu paradeiro. Percebi que havia uma M-1 me esperando para abraçá-la, e meus cotovelos rastejavam na lama e vegetação úmida no Vietnã enquanto projéteis e balas estavam sendo disparados em ambos os sentidos, me dando a chance de morrer por fogo inimigo ou amigo. Na minha mente, nenhuma dessas escolhas fazia sentido, então voltei para os Estados Unidos, para o abrigo do projeto de adiamento da pós-graduação.

Para o bem dos militares e para a nação, eu estava seguro, e ainda estou, de que me manter fora foi a melhor alternativa. Quando você tem um longa histórico no ensino fundamental e do ensino médio de ser escolhido por último para esportes de equipe, não pense que você vai prosperar na infantaria, e muito menos despertará maior aptidão e competência necessária no combate real. Eu vi minha parceria com o governo em estudar a psicologia. Era melhor para os militares manter-me para fora do que lidar com quaisquer riscos potenciais para os outros e para mim.

Por que eu mergulhado em pesquisa psicodélica, no entanto, teve início com a visita de Alpert e a primeira noite que gastamos juntos.

Richard Alpert (Ram Dass)
Richard Alpert (Ram Dass)

Paris, 1961. Estou sentado à noite, em um café no Boulevard St. Michael, observando todas as pessoas que por sua vez, me observam de volta. Tenho vinte e um e acabei de tomar psilocibina, pela primeira vez, e eu não tenho nenhuma idéia o que é ou faz, mas eu sei que o homem sentado ao meu lado é meu professor favorito, Dr. Richard Alpert, que me deu a substância como um presente. As cores estão ficando mais brilhantes, os olhos das pessoas estão piscando em luz quando eles olham para mim, há um ruído dentro de mim como uma transmissão multi-canal. Eu digo, tão regularmente quanto a minha voz trêmula permite, “É um pouco demais para mim.” Richard Alpert sorri para mim do outro lado da pequena mesa de vidro redonda. “Pra mim também, e eu não tomei nada.

Voltamos para o meu apartamento a poucos quarteirões de distância. O hotel exibe uma placa ao lado da porta da frente que diz que Freud se hospedou ali. Eu estou escrevendo um romance e, por vezes imagino que, no futuro, eles vão adicionar uma segunda placa ali. Mas não esta noite.

Deito-me na minha cama, Alpert toma uma cadeira . (Que consome o espaço da sala.) Eu vejo minha mente descobrindo novos aspectos de si mesma. Alpert continua me dizendo que tudo o que minha mente está fazendo é seguro e que tudo está bem. Parte de mim não tem certeza sobre o que ele está falando, outra parte sabe o quão profundamente certo ele está, uma outra parte de mim espera que ele esteja.

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Richard Alpert e Timothy Leary

Uma semana depois, eu deixei Paris e segui Alpert e Leary para Amsterdã, onde eles se juntaram Aldous Huxley para apresentar em conjunto um artigo para um congresso internacional. Leary e Alpert estavam trabalhando juntos ensinando psicologia em Harvard e já estavam em meio a polêmica sobre dar psicodélicos para estudantes de graduação e de outros membros da comunidade acadêmica. Seis semanas após a sua conferência, eu estava voando para a Califórnia para começar o trabalho de pós-graduação em psicologia.

Quando estava na Universidade de Stanford, eu tinha três vidas. Na primeira vida, eu usava um casaco esporte e gravata, e eu tinha que comparecer todos os dias no departamento de psicologia, visivelmente um estudante fazendo o que podia para aprender com os lábios dos mestres. Na minha segunda vida, dois dias por semana, eu era um assistente de pesquisa na Fundação Internacional de Estudos Avançados (extra campus). Lá eu participei de um dia inteiro, de sessões terapêuticas (legais) de alta dosagem de LSD. Cada participante tinha, pelo menos, duas pessoas que auxiliavam em sua experiência durante o dia. Um homem e uma mulher ficaram com cada participante (energia masculina e feminina parecia útil), além disso, havia um médico que participava da sessão de vez em quando, e estava lá, se necessário. Não me lembro quando nós tivemos quaisquer necessidades médicas, mas isso agregava ao sentimento de total apoio e confiança que fazia as sessões de LSD mais benéficas. Além disso, um psicanalista freudiano se reunia com cada cliente na primeira vez que ele ou ela se oferecesse para o nosso programa, para determinar quais pessoas selecionadas estavam mais susceptíveis a se beneficiar e quais mais prováveis de terem problemas que iriam além da sua capacidade de lidar. Dada postura arisca do governo na época, o analista nos disse que precisávamos de ter perto de uma taxa de cura de 100%, algo que não era alcançado por qualquer outra terapia. Minha terceira vida foi gasta com as pessoas que giravam em torno de Ken Kesey. Eles usavam psicodélicos de todos os tipos, assim como estimulantes, calmantes, maconha, até mesmo álcool e cigarros. Um membro trabalhava para uma cadeia farmacêutica e chegava em qualquer evento com os bolsos recheados de amostras.

Ken Kesey

Era um grupo de foras-da-lei, mas não como criminosos, mais como destruidores de paradigma. O LSD e muitos dos outros medicamentos não eram ilegais no início dos 60, mas a sua utilização, especialmente fora de qualquer contexto de investigação ou médico, não era socialmente aceitável. Esses exploradores do espaço interior estavam fazendo pesquisa de campo, explorando com livre acesso a estes medicamentos fora de qualquer controle ou restrição, exceto a autopreservação. Durante estes tempos, quando essas drogas iam abrindo portas por toda a mente,  Kesey e seu grupo usavam psicodélicos enquanto jogavam, cantavam, desenhavam, viam televisão, cozinhavam, comiam, faziam amor, olhando o giro e a dança das estrelas, e perguntando em voz alta todos os tipos de perguntas que suas experiências traziam:

  • Quem somos nós, realmente?

  • É a alma, mortal ou imortal?

  • O que Blake, Van Gogh ou Platão realmente experimentaram?

  • É a minha identidade dentro do meu corpo ou será que se interpenetram o meu corpo e seu?

  • O que é comum à minha mente e à árvore pau-brasil mais próxima?

  • Tempo e espaço são subjetivos?

  • O que foi corrigido? O que mudou?

  • O que permaneceu constante de sessão para sessão (isto é, o que foi lembrado)?

  • O que aconteceu em um grupo onde todas as mentes se abriram, francamente ligadas, e aparentemente em comunicação telepática com o outro? Quando alguém em tal grupo fica aterrorizado, não é o resto do grupo sugado para essa onda ruim? Ou pode o peso combinado das outras mentes trazer de volta aquele que caiu?

 

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Estas e outras questões estiveram no centro da experiência do grupo de Kesey. Não foras da lei, mas fora das linhas. Melhor pensar neles não como os ícones culturais que eventualmente se tornaram, mas como pessoas que tinham transcendido as limitações das leis e desenvolviam furiosamente um conjunto maior de leis para trazer ordem à sua própria esfera maior de comportamento e experiência. Isso soa filosófico e era, mas também tinha todo o imediatismo cru de colocar o seu braço ao redor da garganta de um afogado para que ele ou ela não entre em pânico, e te arraste para debaixo d’água, matando os dois.

Para mim, um momento crítico aconteceu a uma manhã à beira do lixão da cidade Pescadero. Pescadero é uma pequena cidade a duas milhas da costa da Califórnia cerca de 15 quilômetros de Stanford. O lixão é uma encosta, cuja base estava cheia, mas o topo e as laterais foram cobertas com trepadeiras ostentando pequenas manchas de flores silvestres. Numa madrugada Eu fui lá com Ken Kesey e sua namorada na época, Dorothy, uma mulher que se tornaria mais tarde a minha esposa (após 40 anos de casamento, pensamos que provavelmente deve durar). Na noite anterior, ela tinha tomado LSD (“tinha dropado ácido”, para dizer na forma como foi) e estava em um estado de admiração encantado com as descobertas pessoais que ela estava fazendo sobre sua própria consciência e como ela formava e reformulava seu mundo. Ken tinha nos levado para Pescadero, porque era um lugar maravilhoso para assistir ao amanhecer. É correto dizer que ele levou Dorothy lá, mas porque eu vinha guiando-a através de partes da noite, ela me queria por perto.

Eu não estava no círculo interno do mundo de Kesey. Eu era muito certinho e muito indisposto a tomar medicamentos com qualquer um. Nenhuma das mulheres no grupo estava interessada em mim, e eu não tinha muito em comum com qualquer um dos homens. No entanto, como eu trabalhava com LSD durante o dia e legalmente, eu era bem-vindo como um ornamento estranho; como alguém pra se ter por perto que treinava tigres ou mastigava vidro quebrado.

Dorothy lembrou que o momento decisivo quando o amanhecer veio, ela estava prestes a pisar em uma pequena flor. Em vez disso, ela se deitou no caminho e olhou para a flor. Sugeri que ela deixasse a flor fazer a comunicação. Eis que ela viu – não pensou ou contemplou, mas viu, tal era o poder curioso do LSD – a flor se abrir totalmente para cima, ir através do seu ciclo e murchar, mas ela também assistiu a flor reverter esse mesmo fluxo, se recuperando de seu estado seco, reflorescendo e voltando a ser um broto. Ela podia vê-lo ir em ambas as direções, para frente e para trás no tempo, dançando seu próprio nascimento e sua própria morte. Quando ela disse o que estava vendo, eu confirmei que sua experiência foi como os outros tinham compartilhado. Aliviada, ela voltou para sua contemplação da planta.

Ela olhou para o Ken – bonito, robusto, talentoso, um líder natural, possuidor de uma enorme energia e poder. Também casado. Ken tinha dois filhos; ele estava totalmente comprometido com o casamento mas também a tê-lo aberto a outros parceiros. Dorothy olhou para mim. Eu estava comprometido, mas minha noiva estava a 6000 km de distância, na Escócia. O que ela viu foi que eu parecia muito experiente, confortável até, sobre o seu mundo interior recém-descoberto. A partir do momento do encontro com a flor, seu giroscópio começou a girar para longe de Ken e voltar-se para mim. Nosso namoro e casamento não acontecem neste momento do tempo, mas como se pode traçar um rio de volta para uma pequena nascente que vem de uma fenda na rocha em uma montanha, as nossas três vidas mudaram naquele dia através das lições que surgiram a partir do encontro de Dorothy com uma única flor.

E quanto a minha pesquisa legal? Como foi a experiência de fazer investigação legal de drogas? Desde os anos sessenta, na maioria dos campi universitários, não é difícil encontrar uma droga psicodélica, tomá-la, ter um passeio selvagem, e se perguntar sobre tudo. Ministrar às pessoas em um ambiente tão favorável que 80% dos nossos participantes relataram que era o evento mais importante de suas vidas, ah, isso era um tempo diferente. Por mais de dois anos, enquanto os experimentos foram acontecendo, eu escapava das aulas de Stanford quando eu podia e sentava-me com as pessoas que estavam tendo sua introdução aos psicodélicos e, através dos psicodélicos, a outros níveis de consciência, e talvez a outros níveis da realidade.

Uma vez que eu era geralmente apresentado como “um estudante de graduação que estará conosco hoje”, eu não era o principal responsável pela realização da sessão. Eu era um colaborador e podia observar, por vezes, ajudar, e às vezes gravar o que as pessoas relatavam sobre como eles passavam os acontecimentos do dia. Às vezes eu só iria aparecer no final da tarde, e levava uma pessoa para a casa à noite. Descobrimos que, enquanto os efeitos do LSD iam desaparecendo depois de 8 horas, a capacidade recém-descoberta de uma pessoa para entrar e sair de diferentes realidades ia diminuindo, mas não paravam até que o participante estivesse cansado demais para ficar acordado. Eu sempre tive o prazer de estar com as pessoas enquanto elas se intrigavam com os grandes eventos ou insights do dia. Eu também ajudei a lidar com suas famílias, que geralmente ficavam confusas sobre combinação de contos de experiências interiores bizarras e a sensação de estar com alguém, um marido ou uma esposa, que era tão completamente abertx, amável e cuidadosx, que muitas vezes trouxe o cônjuge às lágrimas de alegria.

Por dia, em meus estudos de pós-graduação, eu estava sendo ensinado uma psicologia que me pareceu cobrir apenas um pequeno fragmento da mente. Eu me senti como se eu estivesse estudando física com professores que não tinham idéia de que a eletricidade, a energia atômica e a televisão existiam. Eu ouviria, tomaria notas, faria perguntas apropriadas e tentaria aparecer como se eu não estivesse aturdido pelos pequenos aperitivos que meus instrutores pareciam assumir que eram o conjunto da maçã do conhecimento. À noite, depois de ter concluído os meus trabalhos de escola, eu lia livros que me ajudaram a juntar as peças do mundo maior para o qual eu tinha sido aberto: “O livro tibetano dos mortos”, o “I Ching”, as obras de William Blake, ensinamentos místicos cristãos e budistas, especialmente aqueles dos mestres zen cujo clareza direta e cortante era maravilhosamente refrescante. Eu também lutei com textos tibetanos que eram difíceis de compreender, mas é evidente que tinham sido escritos por pessoas que sabiam sobre o que eu estava descobrindo. Eu sentaria e leria os livros envolvidos em outras capas, como alguém já envolveu quadrinhos sujos na revista Look no colégio, para ocultar as imagens de mulheres de seios grandes da vista dos professores.

dc1824981e1f09116c91e8590d26f6a1_viewQuando eu não conseguia mais acompanhar os textos eu me sentava, de pernas cruzadas, no chão de linóleo do meu “escritório” de estudante da pós-graduação, que estava em um trailer temporariamente transformado em sala de aula. O espaço era ainda menor do que o meu quarto em Paris. Eu olhava pela porta de correr de vidro para um pequeno pinheiro plantado para negar o fato de que estávamos em um trailer temporário no meio de um grande estacionamento. Gostaria de respirar e olhar, respirar e olhar até que a árvore começasse a respirar comigo. Ela não se movia nem balançava, mas começaria a brilhar com uma iluminação invisível o fato de que estava extremamente viva. Ela iria crescer e encolher diante dos meus olhos, um movimento muito pequeno, mas que lembra a flor no lixão de Pescadero. Eu me sintonizava com essa árvore até que sentia equilibrado novamente e, em seguida, ir para casa dormir.

UM MOMENTO DE REFLEXÃO

Poucos meses depois que nós terminamos nosso programa de investigação, a Califórnia aprovou uma lei declarando a posse, ou distribuição de LSD um crime. A política federal a respeito do LSD foi posteriormente consolidada com a promulgação da Prevenção ao Abuso de Drogas e A Lei de Controle (Control Act) de 1970.

Por que a nossa pesquisa com drogas assustou tão profundamente as instituições? Por que ela ainda as assustá? Talvez, porque fomos capazes de descer (ou de sermos atirados para fora) da esteira de coisas cotidianas e ver todo o sistema de morte e vida. Dissemos que tínhamos descoberto que o amor é a energia fundamental do universo e nós não íamos calar a boca sobre isso.

O cristianismo, por exemplo, diz que “vem ao Pai através de mim, e sereis perdoados de os pecados (mesmo aqueles que você não tinha cometido) e será amado sem reservas.” GRÁTIS. GRÁTIS. GRÁTIS (como se isso por si só não fizesse você olhar por baixo para ver onde o preço está escondido).

Depois de ter declarado a si mesmo como um cristão, no entanto, você encontra as autoridades da Igreja dizendo que o preço real de sermos perdoados inclui admitir que você não é apenas indigno, mas você é muito, muito indigno e não há nenhuma forma de você chegar a digno da sua própria maneira.

O que descobrimos foi que o amor está lá, o perdão é lá, e a compreensão e compaixão estão lá. Mas como a água de um peixe ou ar para o pássaro, eles estão lá, em todo lugar e sem nenhum esforço de nossa parte. Não há necessidade do Pai, do Filho, do Buda, dos santos, da Torá, dos livros, dos sinos, das velas, dos sacerdotes, dos rituais, ou mesmo da sabedoria. Apenas está lá – tão difuso e sem fim que é impossível ver, enquanto você estiver no mundo menor de pessoas separadas umas das outras… Não é de se admirar que a iluminação seja sempre um crime.

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Postado originalmente por Danyel em 7, fevereiro, 2015


James Fadiman Ph.D é psicólogo e escritor. Conhecido pelo seu extenso trabalho no campo da pesquisa psicodélica. É co-fundador junto com Robert Frager, do Instituto de Psicologia Transpssoal que mais tarde se tornaria Universidade de Sofia (California). Fadiman nasceu em Los Angeles e viveu em Westwood. É autor dos livros:

  • jimfadimanThe Psychedelic Explorer’s Guide: Safe, Therapeutic, and Sacred Journeys Paperback (2011)
  • Be Love Now (com Rameshwar Das) (2010)
  • Personality and Personal Growth (7th Edition) (with Robert Frager) (2012)
  • The Other Side of Haight: A Novel (2004)
  • Essential Sufism (1998) Castle Books
  • Unlimit Your Life: Setting and Getting Goals (1989)
  • Motivation and Personality (with Robert Frager and Abraham Harold Maslow) (1987)
  • Transpersonal Education: A Curriculum for Feeling and Being (1976)

Nova espécie psicodélica de líquen é descoberta: Dictyonema huaorani

Uma nova espécie de líquen foi descoberta na floresta amazônica equatoriana, de acordo com um artigo recente publicado no “The Bryologist”. Pesquisadores liderados pela autora Michaela Schmull identificaram triptaminas como, psilocibina, e 5-MeO-DMT no líquen, dentre outras substâncias.

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A história é um tanto incomum. Há apenas uma amostra conhecida do líquen em toda a ciência ocidental, e foi coletada em 1981 pelos etnobotânicos Wade Davis e Jim Yost durante a realização de pesquisas no Equador. Em um artigo em 1983 descrevendo sua descoberta deste líquen, Davis e Yost escreveram:

Na primavera de 1981, enquanto estávamos envolvidos em estudos etnobotânicos no leste do Equador, a nossa atenção foi atraída para um uso mais peculiar de alucinógenos pelos índios Waorani, um pequeno grupo isolado de cerca de 600 índios. … Entre a maioria das tribos amazônicas, intoxicação alucinógena é considerada uma viagem coletiva ao subconsciente e, como tal, é um evento essencialmente social. … Os Waorani, no entanto, consideram o uso de alucinógenos como um ato anti-social agressivo; de modo que o xamã, ou “ido”, que desejar lançar uma maldição toma a droga sozinho ou acompanhado apenas de sua mulher durante a noite, no âmago da floresta ou em uma casa bem isolada. …

De particular interesse botânico é o fato de que esta prática cultural peculiar envolve plantas alucinógenas, uma raramente usada e uma, até agora, sequer catalogada. Os Waorani tem dois alucinógenos: Banisteriopsisniun muricata e um basidiolíquen ainda não catalogado do gênero Dictyonema. O primeiro é morfologicamente muito semelhante a outros vulgarmente utilizados … espécies como a Banisieriopsis Caapi da ayahuasca … Por outro lado, nunca até agora um basidiolíquen havia sido relatado com propriedades alucinógenas. [grifo meu]

Nesse artigo, Davis e Yost descrevem a nova espécie de líquen como “extremamente rara.” Tão rara, na verdade, que Yost tinha “ouvido falar dela por mais de sete anos antes de encontrá-la na floresta.” Imagine ser um explorador, dedicando sua vida a estudar as pessoas e plantas de regiões distantes, e, finalmente, a descoberta de um indescritível líquen psicodélico que você tem ouvido falar por sete anos.

Mesmo os índios Waorani não têm à mão espécimes desse líquen, que eles chamam nɇnɇndapɇ. Os nativos disseram aos pesquisadores que seu último conhecido uso xamânico foi “há cerca de quatro gerações atrás – cerca de 80 anos – quando um xamã mau o comeu para enviar uma maldição para que outro xamã Waorani morresse’”, Wade Davis e Jim Yost tornaram-se os primeiros ocidentais conhecidos a encontrar nɇnɇndapɇ, e preservaram a amostra para análise futura.Wade_Davis

Trinta anos depois, em 2014, Michaela Schmull e seus colegas analisaram o DNA da amostra e determinaram que era uma espécie nova, que deram o nome deDictyonema Huaorani. (Huaorani é uma grafia alternativa de Waorani, os “descobridores” originais desta espécie.) A equipe de Schmull examinou um extrato do líquen usando técnicas de espectrometria de cromatografia de massa líquida (LC-MS), e identificou triptaminas como psilocibina, e 5-MeO -DMT, bem como 5-metoxitriptamina (5-Meot), 5-MeO-NMT, e 5-metoxitriptamina (5-MT).

liquen2Os líquens são organismos incomuns e fascinantes – na verdade, um líquen não é um único organismo, mas uma parceria simbiótica entre um fungo e uma alga. O fungo fornece a estrutura filamentosa, que protege, hidrata, e ancora a alga; a alga fotossintetiza os açúcares que ambos os organismos necessitam para viver. Os líquenes são excepcionalmente adaptáveis e são encontrados em quase todos os climas da Terra, o que não pode ser dito de seus componentes individuais que vivem em isolamento. A parceria beneficia ambas as partes e amplia enormemente os habitats onde eles podem prosperar.

O gênero de Dictyonema é incomum, mesmo entre os líquens. Na maioria dos líquens, o componente fúngico é um ascomiceto, porém cerca de 1% dos líquens são compostos de um fungo basidiomiceto. A parceiria das algas também varia – em cerca de 10% dos líquens, o parceiro fotossintetizante não é uma alga de fato, mas uma cianobactéria. Os membros do Dictyonema são muito estranhos, porque eles combinam ambas as variações, uma cianobactéria e um fungo basidiomiceto, no mesmo líquen.

Adicione a isso às qualidades aparentemente psicodélicas de Dictyonema Huaorani e você tem uma espécie extremamente original!

No que diz respeito à identificação de psilocibina, e 5-MeO-DMT no líquen, os pesquisadores ofereceram uma qualificação:

Devido a nossa incapacidade de utilizar compostos de referência puros e a escassa quantidade de amostras para a identificação dos compostos, nossas análises não foram capazes de determinar de forma conclusiva a presença de substâncias alucinógenas.

Para a escassez de a amostra não há solução. A indisponibilidade de “compostos de referência puros”, no entanto, é um problema inteiramente artificial, resultado da guerra contra as drogas que suspendeu pesquisa psicodélica há mais de 40 anos e continua a impedir o seu progresso. Se estas substâncias não tivessem seu acesso tão arbitrariamente dificultados aos pesquisadores, já poderíamos ter uma identificação conclusiva dos agentes psicodélicos presentes nesta espécie recém-descoberta.

Traduzido de: PsychedelicFrontier

Referências

Schmull, Michaela. “Dictyonema huaorani (Agaricales: Hygrophoraceae), a new lichenized basidiomycete from Amazonian Ecuador with presumed hallucinogenic properties.” The Bryologist 117(4):386-394. 2014.

UBC Botanical Garden and Centre for Plant Research

Davis, E. Wade. “The Ethnobotany of the Waorani of Eastern Ecuador.” Botanical Museum LeafletsHarvard University. Vol. 29, No. 3 (1983): 159-217.

Davis, E. Wade. “Novel Hallucinogens from Eastern Ecuador.” Botanical Museum Leaflets Harvard University. Vol. 29, No. 3 (1983): 291-95.

Por que os Psicodélicos são Ilegais?

Arte da civilização Minoica, que existiu de ~2700 a.C. até ~1450 a.C.

Terence McKenna via a cannabis, psilocibina, DMT, LSD, e outros psicodélicos como “catalisadores para uma divergência intelectual.” Em seu livro Retorno à Cultura Arcaica (1991), defende sua hipótese de que os psicodélicos sempre foram ilegais “não por causarem transtornos àqueles que se tem visões” mas porque “existe algo a respeito deles que levanta uma dúvida a cerca da realidade.” Isso torna difícil, observou McKenna, para que as sociedades – mesmo as democráticas e especialmente as “dominadoras” – os aceitem, e estamos por viver numa sociedade global do tipo “dominadora”.

McKenna costumava usar os termos “igualitária” e “dominadora” para se referir aos tipos de sociedades e relações. Riane Eisler, cujo trabalho McKenna sempre elogiou, surgiu com essas expressões. Em Retorno à Cultura Arcaica, McKenna escreveu:

[su_quote]Recentemente Riane Eisler na sua importante revisão da história, The Chalice and the Blade, destacou a importância da noção de que modelos de sociedade de “parceria” estão em competição e são oprimidos por formas de organização social “dominadoras”. As culturas dominadoras são hierárquicas, paternalistas, materialistas e de domínio masculino. Sua opinião é a de que a tensão entre essas duas formas de organização social e a superexpressão do modelo dominador são responsáveis pela nossa alienação. Concordo plenamente com os argumentos de Eisler.[/su_quote]

Para entender melhor a visão de McKenna sobre a ilegalidade dos psicodélicos, vamos examinar por que o mundo atual opera na forma dominadora ao invés da igualitária, e o que estes termos significam exatamente. Para isso, vamos partir do trabalho de Eisler, o qual (muito similar ao de McKenna, acredito) expõe de forma elaborada os aspectos da história e da natureza que são deliberadamente suprimidos. Em seu livro O Cálice e a Espada, Eisler argumenta que na maior parte dos últimos ~32.000 anos, os seres humanos viviam em sociedades igualitárias, dentro de uma cultura igualitária global – um modo de vida que é praticamente inimaginável nos dias de hoje.

O Cálice e a Espada (1987) por Riane Eisler

Eisler apresenta os termos igualitário e dominador em sua teoria da Transformação Cultural, a qual propõe que “sob a grande superfície da diversidade cultural humana estão dois modelos básicos de sociedade.” (1) No modelo dominador, metade da humanidade está colocada sobre a outra metade. Uma vez que este viés envolve “a diferença mais fundamental dentro de nossa espécie, entre masculino e feminino,” ele então se torna a base para todas as outras relações (e, eu acredito, até mesmo em experiências). (2) No modelo igualitário, a diversidade não é medida com inferioridade ou superioridade; ao invés de se criar uma hierarquia entre as características, se cria um vínculo.

Na visão de Eisler, a dicotomia dominador/igualitário não é específica de ideologias (tanto o capitalismo quanto o comunismo podem, e devem, ser operados sob os valores dominadores) nem de gênero – tanto homens quanto mulheres podem, e tomam, atitudes dominadoras. McKenna ressalta este aspecto em particular no trabalho de Eisler. Ele disse em The Evolutionary Mind (1998):

[su_quote]Eu não vejo isso como uma doença masculina. Eu acredito que todos aqui nessa sala tem um ego muito mais forte do que o necessário. Uma ótima coisa que Riane Eisler fez em seu livro O Cálice e a Espada para esta discussão, foi desatrelar as terminologias aos gêneros. Ao invés de falar sobre patriarcado e tudo mais, deveríamos falar sobre a sociedade dominadora versus a igualitária.[/su_quote]

Embora seja senso comum a ideia de que os homens são historicamente dominantes, o sexo opressivo – o que potencialmente iria desacreditar a teoria neutra dos gêneros de Eisler – está incorreto. Eisler mostrou que o modelo dominador que agora existe a nível global, e o qual é indiscutivelmente liderado pelos Estados Unidos, um país cujos 44 presidentes e vice-presidentes eram homens, é um evento recente. De ~35.000 a.C. (período estipulado de quando foram feitas as famosas estatuetas de Vênus) até ~5.000 a.C., os humanos viviam no modelo igualitário. Não havia nem patriarcado nem matriarcado. McKenna diz em seu livro Alimento dos Deuses (1992):

[su_quote]Eisler utilizou registros arqueológicos para argumentar que ao longo de vastas áreas e por muitos séculos as sociedades igualitárias do antigo Oriente Médio não enfrentavam guerras nem revoltas. A guerra e o patriarcado surgiram com o aparecimento dos valores dominadores.[/su_quote]

Evidências desse estilo igualitário foram descobertas, assim como em outros lugares, num local chamado Catal Huyuk na Anatólia. As escavações permitiram um estudo do período de ~7.500 a.C. (quando o livro de Eisler foi publicado, as escavações datavam de até ~6.500 a.C.) até ~5.700 a.C. Os arqueólogos encontraram “nenhuma evidência de desigualdade social”, uma organização social matrilinear e matrilocal, e que “a divina família de Catal Huyuk” era representada pela seguinte ordem de importância: mãe, filha, filho e pai. Mais de 40 dos 139 cômodos escavados entre 1961 e 1963 parecem ter exercido o papel de templos; “a religião da Grande Deusa parece ser a característica mais proeminente e importante da vida.” Eisler disse:

[su_quote]Também é verdade que em Catal Huyuk e outras sociedades neolíticas as representações antropomórficas da Deusa – a jovem Virgem, a Mãe Natureza, e a velha anciã, e todas as demais até chegarmos em Creatrix, são, como posteriormente observou o filósofo grego Pitágoras, projeções de vários estágios da vida de uma mulher. O que também sugere uma organização social matrilinear e matrilocal é que em Catal Huyuk o local onde se situavam as possessões pessoais das mulheres bem como sua cama ou divã era sempre no mesmo lugar, no lado leste do quarto. Já a parte do homem além de variável, é, de certa forma, menor.[/su_quote]

Eisler complementa:

[su_quote]Também é verdade que em Catal Huyuk e outras sociedades neolíticas as representações antropomórficas da Deusa – a jovem Virgem, a Mãe Natureza, e a velha anciã, e todas as demais até chegarmos em Creatrix, são, como posteriormente observou o filósofo grego Pitágoras, projeções de vários estágios da vida de uma mulher. O que também sugere uma organização social matrilinear e matrilocal é que em Catal Huyuk o local onde se situavam as possessões pessoais das mulheres bem como sua cama ou divã era sempre no mesmo lugar, no lado leste do quarto. Já a parte do homem além de variável, é, de certa forma, menor.[/su_quote]

Por que, então, ~7.000 anos atrás, quando o modelo dominador veio a existir, foram as mulheres – e não os homens – que sofreram opressão? A resposta, mostrou Eisler, está na percepção de que apenas as mulheres dão a luz. Humanos pré-históricos, ao notar que nova vida adentrava o mundo exclusivamente pelo corpo feminino – o qual também os nutria e cuidava para aquela nova vida – aparentemente desenvolveram uma religião/perspectiva que era centrada no culto à divindade feminina. Eisler usa a palavra “culto” com a ideia de que, “na pré-história e, num âmbito maior, outros tempos da história, religião era a vida, e a vida era religião.” Mulheres e homens cultuavam uma abstração feminina sem distinções, a qual Eisler chamou de Deusa. Isto persistiu até mesmo depois do desenvolvimento da agricultura e da criação das primeiras civilizações, ~10.000 anos atrás:

[su_quote]Também é verdade que em Catal Huyuk e outras sociedades neolíticas as representações antropomórficas da Deusa – a jovem Virgem, a Mãe Natureza, e a velha anciã, e todas as demais até chegarmos em Creatrix, são, como posteriormente observou o filósofo grego Pitágoras, projeções de vários estágios da vida de uma mulher. O que também sugere uma organização social matrilinear e matrilocal é que em Catal Huyuk o local onde se situavam as possessões pessoais das mulheres bem como sua cama ou divã era sempre no mesmo lugar, no lado leste do quarto. Já a parte do homem além de variável, é, de certa forma, menor.[/su_quote]

Durante 3.000 anos após a condensação da raça humana em civilizações, os povos continuavam a cultuar a Deusa e viviam de forma pacífica. Eisler observou que “praticamente todas as tecnologias materiais e sociais fundamentais para a civilização foram desenvolvidas antes da imposição da sociedade dominadora,” o que significa que a guerra evidentemente não é, contradizendo “o que um teórico do Pentágono defenderia,” necessária “para o avanço tecnológico, e por consequência, cultural.” Eisler chama isso de “um dos segredos da história mais bem guardados.”

Foi assim até que em ~5.000 a.C. o modelo dominador apareceu na forma de “grupos nômades” nas áreas periféricas que atacavam as civilizações preexistentes, as quais todas seguiam o modelo igualitário. Mecanismos de defesa como trincheiras e baluartes – que não existiam até então – foram gradualmente aparecendo. “Estas repetidas incursões, choques culturais e realocação de populações se concentraram em três grandes impulsos,” escreveu Eisler, chamando-as de “Onda No. 1” (4300-4200 a.C.), “Onda No 2” (3400-3200 a.C.), and “Onda No. 3” (3000-2900 a.C.). “No cerne do sistema dos invasores, se dava um valor maior à força que tira vidas, ao invés daquela que dá vidas,” observou Eisler. Assim que os dominadores conquistaram, passaram também a suprimir o antigo estilo de vida, o que significou suprimir o culto à Deusa e consequentemente acarretou uma marginalização das mulheres no geral. A Deusa, e também as mulheres, alega Eisler, “foram reduzidas a esposas ou concubinas. Gradualmente a dominância masculina, a guerra e a escravidão das mulheres e dos homens com jeitos mais “afeminados” se tornou a norma.” Eisler escreveu:

[su_quote]Depois do período inicial de destruição e caos, gradualmente emergiram sociedades que são celebradas nos livros das escolas e universidades como aquelas que marcam o princípio da civilização ocidental.[/su_quote]

A última sociedade igualitária foi a civilização Minóica, a qual, observou Eisler, não costuma ser citada em cursos sobre a civilização ocidental. Os precursores dos Minoicos chegaram na ilha de Creta em ~6.000 a.C., trazendo com eles o culto à Deusa. Por ~4.000 anos, a civilização Minoica prosperou, demonstrando “nenhum sinal de guerra” e “uma distribuição de riquezas equitativa.” Eles decoravam suas casas e espaços públicos com “uma tradição artística singular nos anais da civilização,” e tinham quatro formas de escrita. Na Creta Minoica, Eisler cita um estudioso em seu livro, “Para qualquer lado que olhe, pilares e símbolos lhe lembrarão da presença da Grande Deusa.” Se baseando em sua pesquisa, a Eisler pareceu que a mítica civilização de Atlântis, a qual Platão descreveu no século IV a.C., era “na verdade um resquício da memória popular, não de um continente perdido no Atlântico, mas sim da civilização Minoica de Creta.”

A arte minoica tinha seu foco na natureza e não retratava glorificações de brutalidade ou guerra.

Em 1100 a.C., de acordo com Eisler, “tudo se acaba.” O modelo dominador, na forma de patriarcado, assumiu totalmente o controle. As mulheres, até então iguais aos homens por pelo menos ~30.000 anos, repentinamente passam a experienciar um menor status. Elas eram marginalizadas na Grécia Antiga, cuja democracia “excluía a maior parte da população (que não permitia a participação de mulheres e escravos).” Na visão de Eisler, “muito do melhor” na Grécia Antiga – “o grande amor à arte, o intenso interesse pelos processos naturais, as ricas e variadas simbologias míticas de ambos feminino e masculino” – podem ser “traçadas de volta à era anterior” da Creta Minoica. Resquícios do culto à Deusa também sobreviveram na Grécia Antiga, na forma de muitas deusas gregas, mas todas subordinadas a Zeus. As coisas continuaram por se deteriorar até que chegaram a um ponto onde a Bíblia, no Antigo Testamento, explicitamente proclama, observou Eisler, que “é a vontade de Deus que as mulheres sejam governadas pelos homens.” Eisler diz:

[su_quote]Se lermos a Bíblia como uma literatura social normativa, a ausência da Deusa é a declaração mais importante sobre o tipo de ordem social que os homens, que por muitos séculos escreveram e reescreveram este documento religioso, se esforçaram para estabelecer e manter.[/su_quote]

Dos próximos ~2.000 anos até o presente, se pode ver uma recuperação gradual – com crescentes e perigosos recessos, uma vez que agora a guerra envolve armas de destruição massiva – da repentina infiltração do modelo dominador, o qual, desde seu surgimento, tem estado num processo constante, de forma tanto consciente quanto inconsciente, destruindo e abafando evidências da religião original da Deusa e suas várias revivificações ao longo da história.

*

Hoje, a menos que você seja membro de uma tribo indígena como os Kung no sul da África ou os Bambutino Congo, você vive firmemente dentro de uma cultura dominadora global. Eisler escreveu: “Para nós, depois de milhares de anos de uma severa doutrinação, isto é simplesmente a realidade, o jeito que as coisas são.” McKenna observa que, especialmente nas sociedades dominadoras, as pessoas não são encorajadas a questionarem seus comportamentos ou o porquê das coisas serem do jeito que são – questionamentos que, entre outros efeitos, são levantados com o uso de psicodélicos. Como McKenna disse em 1987:

[su_quote]Os psicodélicos são ilegais não porque tem um governo amoroso que está preocupado que você possa saltar para fora de uma janela do terceiro andar. . Psicodélicos são ilegais porque dissolvem as estruturas de opinião e culturalmente estabelecidos modelos de comportamento e processamento de informações. Eles abrem até a possibilidade de que tudo o que você sabe está errado.[/su_quote]

Seguindo essa linha, eu encorajo as pessoas a ficarem chapadas e lerem O Cálice e a Espada. Ou ficar chapado e ouvir Man & Woman at the End of History,” uma discussão de vários dias entre Eisler e McKenna e que foi transmitida no rádio em 1988. Na discussão, McKenna introduz o papel dos psicodélicos na teoria de Eisler que, por sua vez, compara o estilo da oratória de McKenna a fogos de artifício: “Você ilumina tantas coisas tão rapidamente e então passa de uma pra outra.” Vou terminar esta semana com um exemplo disso, da mesma discussão:

Estão nos dizendo que estamos no meio de uma crise política tremenda que age sob o rótulo de “o problema das drogas.” Mas o problema das drogas é o problema do vício. E o vício, na minha opinião, é o vício das agências de inteligência em vastas quantidades de dinheiro. Este é o vício que conduz o problema das drogas no mundo. Mas é claro que também existem dependências químicas. E existe uma coisa muito interessante sobre os seres humanos. Alguma coisa – e vou falar um pouco mais sobre isso amanhã – mas alguma coisa sobre nossa habilidade em ser onívoros, de comer todos os tipos de coisas, nos abriu para, talvez manipulação seja uma palavra muito forte, mas certamente para pressões seletivas da evolução que não estão ordinariamente presentes. A maioria dos animais comem poucos alimentos. Muito animais comem apenas um alimento. Nossa habilidade em ser onívoro nos expôs – nos últimos quatro, cinco milhões de anos – a um vasto número de compostos mutagênicos e sinérgicos que podem ter sido responsáveis por tais coisas como a prolongamento da adolescência em nossa espécie ou o modo como ocorre a lactação.

Teoria sugere explicação para vida após a morte e a alma

Por Steven Bancarz | Traduzido pela equipe mundocogumelo

Recentemente publiquei um estudo científico que valida as experiências fora do corpo. Há uma grande variedade de dados existentes que seriam melhor explicados ao inferirmos a existência de uma alma não física. Um grande tabu que as pessoas eventualmente batem de fente, está agora tentando ser elucidado para entender como a alma poderia caber em nossa compreensão científica da consciência. Felizmente, agora temos um modelo teórico que explica a existência da alma e até mesmo da vida após a morte.

De acordo com o Dr. Stuart Hameroff, professor da Universidade do Arizona, uma experiência de quase-morte acontece quando a informação quântica que habita o sistema nervoso deixa o corpo e se dissipa no universo. Contrariando o que contam os materialistas da consciência, Dr. Hameroff oferece uma explicação alternativa de que consciência pode, talvez, ser pauta de ambas, mente científica racional e intuições pessoais.

A consciência reside, de acordo com Stuart, o físico britânico Sir Roger Penrose, (e também Robert Lanza (diretor científico da Advanced Cell Technology Company)) ; nos microtúbulos das células cerebrais, que são os sítios primários do processamento quântico. Após a morte, esta informação é liberada de seu corpo, o que significa que a sua consciência vai com ele. Eles argumentam que a nossa experiência da consciência é o resultado dos efeitos da gravidade quântica nesses microtúbulos, uma teoria que eles (Hameroff e Penrose) batizaram redução objetiva orquestrada (Orch-OR).

A consciência, ou, pelo menos, proto-consciência, é teorizada por eles como uma propriedade fundamental do universo, presente até mesmo no primeiro momento do universo durante o Big Bang. “Em um esquema desses, a experiência da proto consciencia é uma propriedade básica da realidade física, acessível por um processo quântico associado com a atividade cerebral.”

Nossas almas são de fato construídas a partir do próprio tecido do universo – e podem ter existido desde o início dos tempos. Nossos cérebros são apenas receptores e amplificadores para a proto-consciência que é intrínseca ao tecido do espaço-tempo. Então, há realmente uma parte de sua consciência que é imaterial e vai viver após a morte de seu corpo físico?

maxresdefaultDr Hameroff disse no documentário “Through the Wormhole” do ‘Science Channel’: “Vamos dizer que o coração para de bater, o sangue para de fluir, os microtúbulos perdem seu estado quântico. A informação quântica dentro dos microtúbulos não é destruída, ela não pode ser destruída, ele só se espalha e se dissipa com o universo em geral.

Se o paciente sofre uma ressuscitação, esta informação quântica pode voltar para os microtúbulos e o paciente diz: “Eu tive uma experiência de quase morte“.

Ele acrescenta: “Se o paciente não for ressuscitado e morrer, é possível que esta informação quântica possa existir fora do corpo, talvez indefinidamente, como uma alma.”

Esta conta de consciência quântica sugere uma explicação para coisas como experiências de quase morte, projeção astral, experiências fora do corpo, e até mesmo a reencarnação (que eu considero ser a mais forte evidência científica para a existência de uma alma) sem a necessidade de recorrer à ideologia religiosa. Em cima de evidências anedóticas, argumentos filosóficos, e evidência científica, agora também temos um quadro teórico que possa acomodar a existência da alma.

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A energia da sua consciência se afasta do seu veículo físico no momento da morte, da mesma forma que um pianista pode se levantar e caminhar para longe do piano. Para onde vai a informação quântica e o que ela experimenta uma vez que deixa o corpo na morte está aberto para especulação e maior investigação científica.

Aqui está uma entrevista incrível Deepak Chopra fez com Stuart Hameroff sobre sua teoria da consciência quântica:
(em inglês)

Fontes:

SpiritScienceAndMetaphysics

Redução Objetiva Orquestrada (Orch-OR)

PsychologyToday